América Latina e Caribe despejam
30% de seu lixo em locais inadequados.
ONU
A geração diária de resíduos sólidos urbanos nos
países da América Latina e do Caribe atingiu cerca de 540 mil toneladas, e a
expectativa é de que, até 2050, o lixo gerado na região alcançará 671 mil
toneladas por dia. É o que revelam dados apresentados pela ONU Meio Ambiente em
evento realizado esta semana (21) pela Associação Brasileira de Empresas de
Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE), em São Paulo.
De acordo com a agência das Nações Unidas, mais
de 145 mil toneladas de lixo, ou cerca de 30% do total, são destinadas a locais
inadequados diariamente na região.
A geração diária de resíduos sólidos urbanos nos
países da América Latina e do Caribe atingiu cerca de 540 mil toneladas, e a
expectativa é de que, até 2050, o lixo gerado na região alcançará 671 mil
toneladas por dia. É o que revelam dados apresentados pela ONU Meio Ambiente em
evento realizado esta semana (21) pela Associação Brasileira de Empresas de
Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE), em São Paulo.
O levantamento, que faz parte do Atlas de
Resíduos da América Latina, relatório da ONU Meio Ambiente que será lançado em
breve, mostra que, em média, a cobertura da coleta na região da América Latina
e Caribe supera 90%, mas pode variar de acordo com o país, e diminui
sensivelmente nas periferias e áreas rurais.
De acordo com Jordi Pon, coordenador regional de
resíduos e químicos da ONU Meio Ambiente e coordenador do estudo, “a região tem
apresentado vários avanços na gestão de resíduos sólidos, porém, em relação à
disposição final, ainda existe um déficit considerável, com mais de 145 mil
toneladas de lixo, cerca de 30% do total, destinados para locais inadequados
diariamente.
O tema da poluição, incluindo a causada pelos
resíduos, faz parte de uma agenda mundial e é o principal tópico da Terceira
Assembleia da ONU para o Meio Ambiente, que acontecerá em Nairóbi, no Quênia,
de 4 a 6 de dezembro. Como fórum decisório mundial de mais alto nível sobre
questões ambientais, a assembleia reunirá governos, líderes empresariais,
sociedade civil e outras partes interessadas em compartilhar ideias e se
comprometer com ações contra a poluição.
Na ocasião, o novo relatório “Rumo a
um planeta sem poluição“, do diretor-executivo da ONU Meio Ambiente, Erik
Solheim, que traz um panorama atual de todos os continentes, permitirá examinar
o que sabemos sobre a poluição e delinear elementos-chave de um quadro
abrangente de ações para combatê-la.
“Os dados apresentados pela ONU Meio Ambiente
mostram que, mesmo com algumas melhorias alcançadas nos últimos anos, cerca de
170 milhões de pessoas ainda estão expostas às consequências desse problema em
decorrência dos graves impactos causados ao meio ambiente (solo, ar e água) e à
saúde da população”, disse Carlos Silva Filho, diretor-presidente da ABRELPE e
membro do Comitê Diretivo do Atlas de Resíduos.
Na apresentação dos dados, Jordi Pon também
destacou que o relatório faz uma análise sobre a composição dos resíduos
sólidos urbanos. A fração orgânica, por exemplo, representa mais da metade de
todo resíduo descartado nas cidades latino-americanas, índice que varia
bastante de acordo com a renda do país. “Enquanto em países de baixa renda, 75%
do lixo descartado é proveniente de matéria orgânica, em países com renda mais
elevada esse índice é de 36%”, comentou Pon.
As informações apresentadas mostram ainda que é
comum encontrar resíduos perigosos no lixo doméstico, como baterias,
equipamentos elétricos e eletrônicos, remédios vencidos, entre outros. Já a
fração restante é composta pelos chamados resíduos secos, como metais, papéis,
papelão, plásticos, vidro e têxteis. De modo geral, as iniciativas de
reciclagem atingem o índice de 20% em determinadas regiões da América Latina,
em grande parte graças à contribuição do setor informal.
Pon também observa que praticamente todos os
países da região contam com disposições e normas legais para serem cumpridas
pelos geradores e manipuladores de resíduos, bem como penalidades por
descumprimento, mas o quadro institucional é fraco. “Isso cria um vácuo de
responsabilidades governamentais, com poucas ações de acompanhamento e
monitoramento, resultando, entre outras coisas, em uma aplicação deficiente da
lei tanto no setor público quanto no privado”, explicou o coordenador da ONU
Meio Ambiente.
Outro tópico abordado pelo estudo diz respeito
aos níveis de investimento público e privado em gestão de resíduos, apontando
que os mesmos não são suficientes para financiar a infraestrutura necessária
para mitigar as principais deficiências, como ampliação da cobertura de coleta,
baixas taxas de reciclagem e disposição final inadequada.
“O estudo mostra que o financiamento é uma
questão fundamental para a melhoria e sustentabilidade dos mecanismos de gestão
de resíduos, especialmente na América Latina e no Caribe, onde os modelos
financiados por recursos municipais prevalecem e, em muitos casos, os custos
dos serviços não são recuperados em sua totalidade”, disse Carlos Silva Filho,
concluindo que “ainda não há uma consciência clara do fato de que o custo
econômico dos impactos negativos causados pela gestão inadequada dos resíduos
(o custo da inação) é maior do que o custo de investimento em um sistema
adequado”.
Os dados apresentados fazem parte de um projeto
da ONU Meio Ambiente, originado a partir do lançamento do Altas Global de
Gestão de Resíduos em 2016, e incluem relatórios sobre a situação dos resíduos
sólidos na América Latina e Caribe, Ásia, Ásia Central, África, Regiões
Montanhosas e Pequenas Ilhas-estado (SIDS).
Fonte: ONU Brasil
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