Ação
empresas contra o desmatamento é fator de proteção ao lucro.
Levantamento global do CDP aponta riscos aos
quais grandes corporações e suas cadeias de valores estão expostas por não
conduzir atividades em uma economia de baixo carbono.
Sim, nós temos informação. Vasta, clara,
abrangente e que dá a exata medida de para aonde caminhamos como espécie
humana. Já sabemos que 15% das emissões de gás do efeito estufa vêm de
desmatamento, que o cerrado brasileiro está ameaçado pela agropecuária, que as
queimadas em Portugal originadas pelas fabricantes de papel e celulose podem
causar desequilíbrios no mundo todo.
Mas até que ponto o setor produtivo está
realmente comprometido em construir uma agenda prática que reverta gradual e
sustentavelmente a atividade, permanecendo lucrativa mas que possibilite a vida
humana em 2050? A resposta pode ser óbvia: o ponto de inflexão está no risco ao
negócio e na perda da lucratividade. E já estamos nesta etapa.
O relatório “Do risco para a receita: a
oportunidade de investimento para enfrentar o desmatamento corporativo”,
divulgado nesta terça-feira (21) pela plataforma de divulgação ambiental global
sem fins lucrativos, CDP, aponta crescimento do prejuízo das empresas listadas
em bolsa que perderam US$ 941 bilhões em volume de negócios neste ano ante
perda de US$ 906 bilhões no ano passado (alta de 3,8%). Os quase US$ 1 trilhão
em volumes de negócios foram perdidos por empresas de capital aberto de 2016
para 2017 que tinham suas operações vinculadas às commodities que mais
alimentam o desmatamento no mundo – pecuária, soja, madeira e óleo de palma.
Neste cenário, o Brasil ganha importância
negativa, pois é o segundo maior produtor de pecuária e de soja no mundo, atrás
apenas dos Estados Unidos, segundo dados do Ministério da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Caso essas empresas e seus stakeholders ainda não estejam se movimentando para
modificar o caminho que fazem e a forma que atuam, esses dados desenham um
futuro próximo no qual a longevidade delas fica comprometida. Em resumo, o
ponto da virada chegou no Brasil e no mundo todo.
Dados do relatório mostram que a região na qual
as empresas têm o maior percentual de riscos diretos nos negócios ligados às
commodities é a América Latina, com 67% das empresas com amplos riscos diretos
na cadeia de operações. A região é seguida pelo grupo Europa, Oriente Médio e
África (57%), Ásia/Pacífico (33%) e América do Norte (26%). De acordo com os
dados do CDP, as empresas dependem das florestas e reconhecem que os impactos
ambientais e sociais do desmatamento ameaçam reduzir lucros e aumentar os
riscos. Ao afetar as avaliações da empresa e a capacidade delas de reembolsar a
dívida, esses riscos são suportados pelos investidores, ao mesmo tempo que os
afasta.
O CDP é uma organização
internacional sem fins lucrativos, formada por grandes investidores
interessados na avaliação do desempenho das empresas em função dos desafios ambientais
de mudanças climáticas, recursos hídricos e florestas. Atualmente é formada por
827 investidores que administram um total de US$ 100 trilhões em ativos. A
organização tem ainda em sua base de respondentes mais de 570 cidades no mundo
todo reportando seus dados em 2017. A partir desses dados, são produzidos
materiais que reportam regularmente a evolução no uso de recursos hídricos e
ambientais pelas empresas e cidades signatárias, como este sobre desmatamento.
No relatório de hoje sobre desmatamento, 87% das
empresas que responderam ao questionamento reconhecem pelo menos um risco – e
32% já experimentaram impactos – associados à produção ou ao consumo de
commodities de risco florestal.
As decisões que estão sendo tomadas hoje
determinarão se seremos capazes de fazer uma transição para uma economia
próspera, que trabalhe para as pessoas e para o planeta a longo prazo.
Acreditando na possível e urgente mudança de cenário, o CDP Latin America
realiza no dia 30 de novembro, em São Paulo, o Conexão CDP, evento que vai
promover um diálogo com essa ótica entre investidores, empresas, cidades e
governo, oferecendo protótipos de ideias e soluções para materializar a mudança
que desejamos ver no mundo.
Além disso, neste ano será apresentado um
infográfico inédito – que apresenta indicadores e dados de empresas e cidades
na América Latina sobre como se preparam, monitoram e gerenciam seus recursos.
Por meio dessa ferramenta será possível visualizar quais são as empresas que
lideram em sustentabilidade na região e que tipo de estratégias elas utilizam
ou estão desenhando para embarcar no único futuro possível, o da economia de
baixo carbono.
Fonte: ENVOLVERDE
Nenhum comentário:
Postar um comentário