quarta-feira, 29 de novembro de 2017
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Ação
empresas contra o desmatamento é fator de proteção ao lucro.
Levantamento global do CDP aponta riscos aos
quais grandes corporações e suas cadeias de valores estão expostas por não
conduzir atividades em uma economia de baixo carbono.
Sim, nós temos informação. Vasta, clara,
abrangente e que dá a exata medida de para aonde caminhamos como espécie
humana. Já sabemos que 15% das emissões de gás do efeito estufa vêm de
desmatamento, que o cerrado brasileiro está ameaçado pela agropecuária, que as
queimadas em Portugal originadas pelas fabricantes de papel e celulose podem
causar desequilíbrios no mundo todo.
Mas até que ponto o setor produtivo está
realmente comprometido em construir uma agenda prática que reverta gradual e
sustentavelmente a atividade, permanecendo lucrativa mas que possibilite a vida
humana em 2050? A resposta pode ser óbvia: o ponto de inflexão está no risco ao
negócio e na perda da lucratividade. E já estamos nesta etapa.
O relatório “Do risco para a receita: a
oportunidade de investimento para enfrentar o desmatamento corporativo”,
divulgado nesta terça-feira (21) pela plataforma de divulgação ambiental global
sem fins lucrativos, CDP, aponta crescimento do prejuízo das empresas listadas
em bolsa que perderam US$ 941 bilhões em volume de negócios neste ano ante
perda de US$ 906 bilhões no ano passado (alta de 3,8%). Os quase US$ 1 trilhão
em volumes de negócios foram perdidos por empresas de capital aberto de 2016
para 2017 que tinham suas operações vinculadas às commodities que mais
alimentam o desmatamento no mundo – pecuária, soja, madeira e óleo de palma.
Neste cenário, o Brasil ganha importância
negativa, pois é o segundo maior produtor de pecuária e de soja no mundo, atrás
apenas dos Estados Unidos, segundo dados do Ministério da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Caso essas empresas e seus stakeholders ainda não estejam se movimentando para
modificar o caminho que fazem e a forma que atuam, esses dados desenham um
futuro próximo no qual a longevidade delas fica comprometida. Em resumo, o
ponto da virada chegou no Brasil e no mundo todo.
Dados do relatório mostram que a região na qual
as empresas têm o maior percentual de riscos diretos nos negócios ligados às
commodities é a América Latina, com 67% das empresas com amplos riscos diretos
na cadeia de operações. A região é seguida pelo grupo Europa, Oriente Médio e
África (57%), Ásia/Pacífico (33%) e América do Norte (26%). De acordo com os
dados do CDP, as empresas dependem das florestas e reconhecem que os impactos
ambientais e sociais do desmatamento ameaçam reduzir lucros e aumentar os
riscos. Ao afetar as avaliações da empresa e a capacidade delas de reembolsar a
dívida, esses riscos são suportados pelos investidores, ao mesmo tempo que os
afasta.
O CDP é uma organização
internacional sem fins lucrativos, formada por grandes investidores
interessados na avaliação do desempenho das empresas em função dos desafios ambientais
de mudanças climáticas, recursos hídricos e florestas. Atualmente é formada por
827 investidores que administram um total de US$ 100 trilhões em ativos. A
organização tem ainda em sua base de respondentes mais de 570 cidades no mundo
todo reportando seus dados em 2017. A partir desses dados, são produzidos
materiais que reportam regularmente a evolução no uso de recursos hídricos e
ambientais pelas empresas e cidades signatárias, como este sobre desmatamento.
No relatório de hoje sobre desmatamento, 87% das
empresas que responderam ao questionamento reconhecem pelo menos um risco – e
32% já experimentaram impactos – associados à produção ou ao consumo de
commodities de risco florestal.
As decisões que estão sendo tomadas hoje
determinarão se seremos capazes de fazer uma transição para uma economia
próspera, que trabalhe para as pessoas e para o planeta a longo prazo.
Acreditando na possível e urgente mudança de cenário, o CDP Latin America
realiza no dia 30 de novembro, em São Paulo, o Conexão CDP, evento que vai
promover um diálogo com essa ótica entre investidores, empresas, cidades e
governo, oferecendo protótipos de ideias e soluções para materializar a mudança
que desejamos ver no mundo.
Além disso, neste ano será apresentado um
infográfico inédito – que apresenta indicadores e dados de empresas e cidades
na América Latina sobre como se preparam, monitoram e gerenciam seus recursos.
Por meio dessa ferramenta será possível visualizar quais são as empresas que
lideram em sustentabilidade na região e que tipo de estratégias elas utilizam
ou estão desenhando para embarcar no único futuro possível, o da economia de
baixo carbono.
Fonte: ENVOLVERDE
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Dificuldades
de leitura e escrita expõem a fragilidade dos processos de alfabetização.
Avaliação nacional aponta que mais da metade
dos alunos na faixa dos oito anos não têm bom desempenho na leitura. Programa
orienta professores e promove engajamento dos alunos para reverter esse cenário.
Um dos principais problemas da Educação Básica no
país, a dificuldade de leitura e escrita é motivo constante de preocupação
entre os educadores. Dados da Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA) mostram
que mais da metade dos alunos do 3º ano do Ensino Fundamental da rede pública
têm níveis de leitura considerados insuficientes. Quando se trata da escrita,
mais de um terço estão defasados. São estudantes que estão matriculados e
frequentam a escola diariamente, mas não sabem ler e escrever como deveriam. Em
alguns casos, sabem ler, mas não compreendem o que lêem; em outros, escrevem,
mas cometem erros básicos de ortografia e gramática.
A avaliação nacional, realizada em 2016 com mais
de 2 milhões de crianças, aponta que 55% dos alunos tiveram desempenho
insuficiente em leitura e 34% em escrita. Especialistas afirmam que os
problemas começam com processos inadequados de alfabetização. A supervisora
editorial da Editora Positivo, Silvia Dumont, afirma que a alfabetização deve
ser construída por meio de atividades que levem à reflexão sobre a língua,
sobre seu uso, criando significados que façam sentido para a criança.
“Escola e
professores devem criar novos contextos para a aprendizagem da leitura e da
escrita, situações que valorizem o sentido dessas práticas culturais, bem como
os interesses, as linguagens e as culturas infantis”, explica Silvia. Segundo
ela, é preciso construir um ambiente de letramento, de imersão e diálogo
criativo com a cultura escrita, no qual ela seja alvo de interesse, pesquisa e
muitas reflexões por parte das crianças.
Não existe solução mágica, a não ser envolver
professores e alunos, fazendo com que os primeiros entendam que a alfabetização
não deve ser um mero processo mecânico de decodificação da língua, mas que é
preciso atrair as crianças, despertando a visão crítica e fazendo com que elas
compreendam o que estão lendo e escrevendo. E, para ajudar a melhorar esse
cenário e obter os resultados esperados, a Editora Positivo lança um programa
de letramento e alfabetização voltado para alunos que ainda não estão
alfabetizados ou que apresentam defasagem de alfabetização. O Letrix oferece às
escolas assessoria pedagógica para envolver os professores nessa missão. As
instituições que contratarem o programa terão acesso a orientações voltadas
para os docentes por meio de 40 vídeo-aulas específicas sobre as unidades dos
livros, webcursos, avaliações de entrada e de saída, além de suporte online e
via telefone.
Um dos diferenciais do programa é estar alinhado
às novas gerações de estudantes. Tanto a proposta pedagógica, quanto o projeto
gráfico, conversam com o universo de jogos e elementos presentes no dia a dia
dos alunos, nativos digitais, com algum acesso, mesmo que mínimo, às
tecnologias digitais.O projeto gráfico do material, de vanguarda, aproxima o
conteúdo dos alunos. “A Editora Positivo trouxe a gameficação para dentro das
páginas dos livros, o que deve despertar o interesse por parte dos alunos e
engaja-los no processo de aprendizagem da leitura”, destaca Damila Bonato,
Gerente de Produtos. Com as orientações em vídeos, os professores poderão se
preparar para as aulas e traçar novas estratégias.
Podendo ser adotado por escolas públicas e
privadas, o programa está dividido em duas etapas. O Letrix 1 propõe um trabalho
de letramento mais simples: os gêneros trabalhados apresentam menor
complexidade, as propostas de leitura e compreensão dos textos também são menos
desafiadoras. O foco é maior na alfabetização, na compreensão do sistema
alfabético de escrita. Já o Letrix 2 mantém as atividades de reflexão sobre a
escrita e sistematização desse sistema. Além disso, propõe um trabalho mais
intenso de letramento, com textos de gêneros mais complexos e propostas de
leitura e compreensão progressivamente mais desafiadores. “Dessa forma, sendo
desafiado, o aluno com dificuldade acaba encontrando motivação para avançar e
alcançar melhores desempenhos”, garante Silvia.
Fonte: ENVOLVERDE
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Jovens
representam mais de 35% dos desempregados do mundo, alerta OIT.
A juventude
representa mais de 35% da população desempregada em todo o mundo, segundo
relatório lançado nesta segunda-feira (20) pela Organização Internacional do
Trabalho (OIT). Apesar de o número estimado de 70,9 milhões de jovens
desempregados este ano representar uma melhora frente ao auge da crise em 2009,
a OIT estima que esse volume deve aumentar em mais 200 mil em 2018, atingindo
um total de 71,1 milhões.
Globalmente, os aumentos consideráveis nas taxas
de desemprego juvenil observadas entre 2010 e 2016 no norte da África, nos
Estados árabes e na América Latina e no Caribe foram compensados por melhorias
nos mercados de trabalho juvenil na Europa, na América do Norte e na África
subsaariana.
O crescimento econômico geral continua
desconectado do crescimento do emprego e a instabilidade econômica ameaça
reverter os avanços observados no emprego juvenil. A diferença nas taxas de
desemprego entre jovens e adultos quase não mudou na última década, ilustrando
as desvantagens enraizadas e extensivas que a juventude enfrenta no mercado de
trabalho.
O relatório também destaca as vulnerabilidades
contínuas das mulheres jovens no mercado de trabalho. Em 2017, a taxa global de
participação delas na força de trabalho é 16,6 pontos percentuais menor que a
dos homens jovens.
As taxas de desemprego das mulheres jovens também
são significativamente maiores do que as dos homens jovens. Além disso, a
diferença de gênero na taxa de jovens que não estão trabalhando nem estudando
ou recebendo treinamento é ainda maior: globalmente, essa taxa é de 34,4% das
mulheres jovens, comparado a 9,8% dos homens jovens.
Em 2017, 39% dos 160,8 milhões de jovens
trabalhadores no mundo emergente e em desenvolvimento vivem em pobreza moderada
ou extrema, ou seja, com menos de 3,10 dólares por dia.
Atualmente, mais de dois em cada cinco jovens na
força de trabalho estão desempregados ou estão trabalhando enquanto continuam
na pobreza, uma realidade impressionante que afeta sociedades do mundo todo.
Para muitos deles, presente e futuro estão na
economia informal. Três em cada quatro jovens mulheres e homens empregados
estão no emprego informal, em comparação com três em cada cinco adultos. Nos
países em desenvolvimento, essa proporção chega a 19 em cada 20 jovens mulheres
e homens.
O desafio do emprego juvenil não é, portanto,
apenas sobre a criação de emprego, mas também — e principalmente — sobre a
qualidade do trabalho e empregos decentes para a juventude.
“Lidar com esses persistentes desafios sociais e
do mercado de trabalho enfrentados por jovens mulheres e homens é crucial, não
só para alcançar um crescimento sustentável e inclusivo, mas também para o
futuro do trabalho e a coesão social”, disse a diretora-geral adjunta para
políticas da OIT, Deborah Greenfield.
Outros resultados
Outros resultados
O relatório também revela que os setores com
algumas das maiores taxas de crescimento de emprego juvenil na última década
incluem finanças, comércio e saúde.
Os jovens são relativamente mais fluentes em
tecnologia do que os trabalhadores mais velhos e aproveitam isso cada vez mais
para ganhar a vida, embora existam diferenças entre as regiões, dependendo da
taxa de difusão e do acesso digital.
As habilidades demandadas também estão mudando.
Houve um declínio na busca por capacidades de nível médio, enquanto a procura
por trabalhadores altamente qualificados e menos qualificados está crescendo,
contribuindo para uma maior polarização no mercado de trabalho.
A demanda por jovens altamente qualificados
cresceu fortemente em países de renda alta, enquanto nos países em
desenvolvimento e emergentes houve um aumento no trabalho de baixa habilidade.
O emprego de jovens trabalhadores
semiqualificados diminuiu na maioria dos países, em todos os níveis de
desenvolvimento. Essa tendência de polarização do trabalho pode ser acentuada
pelas novas tecnologias e potencialmente exacerbar as desigualdades existentes.
Um número crescente de jovens à procura de
emprego e de jovens empreendedores está recorrendo à Internet — ou seja, à
economia sob demanda das plataformas digitais, conhecida como gig economy —
onde encontram formas novas e diversas de emprego.
Um exemplo disso é o crowd-work realizado
remotamente através de plataformas online, que pode oferecer flexibilidade e
expandir as oportunidades de obtenção de renda. No entanto, existem riscos
importantes, incluindo baixos rendimentos, nenhuma garantia de continuidade no
emprego ou de renda e falta de acesso a benefícios relacionados ao trabalho.
Os jovens muitas vezes iniciam suas vidas
profissionais em empregos temporários, sabendo que talvez nunca consigam
conquistar “segurança no trabalho”.
Eles são mais propensos a fazerem a transição
para empregos estáveis e satisfatórios nas economias desenvolvidas e emergentes
do que nos países em desenvolvimento.
Mais investimentos em educação de qualidade e
desenvolvimento de habilidades são críticos, pois quanto mais tempo uma pessoa
jovem estuda, menor é o tempo de transição para o emprego, mostrou o relatório.
O documento também destaca a necessidade de
políticas que levem em conta as rápidas mudanças nas características do mundo
do trabalho, impulsionadas pela tecnologia, e que permitam que mulheres e
homens jovens estejam à frente da curva.
“Investir em mecanismos de aprendizagem ao longo
da vida, habilidades digitais e estratégias setoriais que expandam o trabalho
decente e abordem as vulnerabilidades dos mais desfavorecidos deve ser a prioridade
das políticas nacionais”, disse a diretora do Departamento de Políticas de
Emprego da OIT, Azita Berar Awad.
O relatório fez ainda um chamado por parcerias
estratégicas com múltiplos atores no âmbito da Iniciativa Global sobre Empregos
Decentes para a Juventude e da plataforma da Agenda 2030 de Desenvolvimento
Sustentável, no sentido de aumentar a ação e o impacto sobre o emprego juvenil.
Acesse o relatório:
- Resumo
executivo em inglês: http://www.ilo.org/
global/about-the-ilo/newsroom/ news/WCMS_597065/lang–en/ index.htm - Resumo
executivo em francês: http://www.ilo.org/
global/about-the-ilo/newsroom/ news/WCMS_597466/lang–fr/ index.htm - Resumo
executivo em espanhol: http://www.ilo.org/
global/about-the-ilo/newsroom/ news/WCMS_598665/lang–es/ index.htm - Relatório
completo (somente em inglês): http://www.ilo.org/
global/publications/books/ global-employment-trends/WCMS_ 598669/lang–en/index.htm
Fonte: ENVOLVERDE
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Longevidade
das empresas depende da transição à economia de baixo carbono.
por Juliana Lopes, diretora do
CDP Latin America –
Adaptação e tomada de decisões com foco de
longo prazo vão garatir investimentos e mudança de patamar de empresas que já
têm estratégia para se perpetuar.
O que você quer ser quando crescer? Essa pergunta
feita inúmeras vezes para crianças de regiões diferentes no mundo todo deve ser
adaptada aos empresários e executivos hoje, pois é urgente ter um plano cuja
meta seja a longevidade. Pensar desta forma é uma espécie de garantia da
existência de seu negócio dentro da nova economia e passa obrigatoriamente pelo
comprometimento com a transição para a economia de baixo carbono – que
pavimentará nossa existência futura à medida que dermos passos objetivos para
mitigar os impactos das mudanças climáticas e do aquecimento global.
É esse
diferencial, olhar para o todo e não apenas para o resultado de curto prazo, a
linha de corte de quem vai se perpetuar ou não.
Uma empresa dentro da nova economia, assim como a
criança que sonha ser bombeira ou astronauta, pensa nos passos que precisa dar
para chegar ao seu objetivo. Ela sonha. Ela sonha, cria uma visão de futuro e
age. A empresa que hoje sonha traça um caminho que possibilite ter a capacidade
de regenerar a degradação que vivemos, em como se adaptar. Pensa na sua
resiliência que nada mais é que manter aquela criança viva, seus objetivos no
radar sem se seduzir pelos lucros do curto prazo. A empresa não ignora os fatos
e dados, mas atua de forma transparente em suas operações. Esse é o
comportamento que os investidores estão analisando, procurando entender por
exemplo a exposição de seus portfólios de ativos e investimentos a riscos
climáticos.
A procura desses agentes financeiros que
movimentam trilhões de dólares e euros em mercados diversos é por companhias
com estratégias de negócios resilientes às mudanças climáticas porque esse é o
fato que consideram que possibilitará a atividade futura de corporações,
mercados. É como se pensassem que essas empresas precisarão se manter vivas
para que recebam investimentos futuros. É um pouco óbvio, sabemos, mas tem
muita instituição desatenta com uma questão tão elementar e vital. Mas as
holografias são muitas no caminho, como o fato de o presidente da maior
economia global realizar um grande desserviço ao mundo pensando apenas no curto
prazo e ignorando o Acordo de Paris, para ficarmos apenas em um exemplo.
Impactos além da produção
O momento agora é de ir além da eficiência
durante a produção, sendo capazes de entender os impactos ao longo de todo o
ciclo de vida dos produtos e serviços. Trata-se de um nível de demanda
diferente em termos de performance socioambiental. Para atingi-lo, as empresas
devem refletir se as suas ações estão tendo escala no setor em que atuam e na
economia como um todo. Essa é a única forma de serem verdadeiramente
sustentáveis. Pensar em rede. Observar e interferir positivamente na cadeia de
valores.
As empresas devem se preparar para conduzir suas
estratégias por trajetórias de descarbonização, o que exigirá inovação
disruptiva e mudanças nos modelos de negócios. Elas precisarão se perguntar
qual a natureza da sua atividade e quais as reais necessidades sociais
atendidas por seus produtos e serviços. E assim, encontrar um modelo para que
operem e prosperem dentro de limites ambientais e sociais seguros.
Uma empresa da nova economia não busca apenas
gerenciar seus impactos ambientais e sociais, mas também ter impactos positivos
ao orientar suas estratégias para oferecer soluções para os principais desafios
de nossos tempos. Mudanças climáticas, mobilidade, desmatamento e declínio de
serviços ecossistêmicos, segurança alimentar são alguns deles. Endereçar esses
desafios representa novas oportunidades de negócios.
Como um exercício pedagógico de indicação de
caminhos possíveis para a transição para a nova economia, o CDP desenvolve uma
série de ações voltadas ao mercado financeiro, que acreditamos ser o grande
catalisador da mudança necessária. As empresas devem se preparar para um
escrutínio cada vez maior dos diferentes stakeholders em relação ao impacto
ambiental dos negócios ao longo de toda a cadeia, notadamente a pegada de
carbono, uma vez que será necessária uma redução drástica das emissões globais.
Para manter o aumento da temperatura em 2°C em relação aos níveis
pré-industriais, limite considerado seguro, a comunidade científica adverte que
até 2050 as emissões devem ser reduzidas entre 41% e 72% em relação aos níveis
de 2010. Isso resulta em um orçamento de aproximadamente 1000 giga toneladas
disponíveis para serem “gastos”. Mantendo o nível atual de emissões de 49 giga
toneladas ao ano, esse orçamento será gasto em 20 anos.
É crescente o entendimento dos investidores de
que as mudanças climáticas podem impactar a estabilidade financeira. À exemplo
disso, o Financial Stability Board – FSB divulgou em junho deste ano um
conjunto de recomendações da Task Force on Climate Financial-Related Disclosure
para reporte de informações sobre os riscos de transição das mudanças
climáticas nos informes financeira. Por riscos de transição entende-se que as
mudanças políticas, legais, tecnológicas e de mercado devem ser extensivas para
atender aos requisitos de mitigação e adaptação relacionados às mudanças
climáticas. Dependendo da natureza, velocidade e foco dessas mudanças, os
riscos de transição podem representar níveis variáveis de risco financeiro e de
reputação para as organizações.
Transparência sobre riscos climáticos
A TCFD reforça que a transparência sobre riscos
climáticos é crucial para uma boa governança e para a perenidade do negócio,
agenda que o CDP vem trabalhando nos últimos 15 anos com as principais forças
do mercado com o respaldo de uma rede de investidores e clientes
internacionais. A gestão corporativa de riscos climática tem agora o potencial
de se tornar uma norma para se fazer negócios, por se tratar de uma iniciativa
liderada pela indústria financeira como é o caso do FSB.
O CDP é uma organização
internacional sem fins lucrativos, formada por grandes investidores
interessados na avaliação do desempenho das empresas em função dos desafios
ambientais de mudanças climáticas, recursos hídricos e florestas. Atualmente é
formada por 827 investidores que administram um total de US$ 100 trilhões em
ativos. A organização tem ainda em sua base de respondentes mais de 570 cidades
no mundo todo reportando seus dados em 2017. A partir desses dados, são
produzidos materiais que reportam regularmente a evolução no uso de recursos
hídricos e ambientais pelas empresas e cidades signatárias, como este sobre
desmatamento.
As decisões que estão sendo tomadas hoje
determinarão se seremos capazes de fazer uma transição para uma economia
próspera, que trabalhe para as pessoas e para o planeta a longo prazo.
Acreditando na possível e urgente mudança de cenário, o CDP Latin America
realiza no dia 30 de novembro, em São Paulo, o Conexão CDP, evento que vai
promover um diálogo com essa ótica entre investidores, empresas, cidades e
governo, oferecendo protótipos de ideias e soluções para materializar a mudança
que desejamos ver no mundo.
Além disso, neste ano será apresentado um
infográfico inédito – que apresenta indicadores e dados de empresas e cidades
na América Latina sobre como se preparam, monitoram e gerenciam seus recursos.
Por meio dessa ferramenta será possível visualizar quais são as empresas que
lideram em sustentabilidade na região e que tipo de estratégias elas utilizam
ou estão desenhando para embarcar no único futuro possível, o da economia de
baixo carbono. Contamos com o apoio de todos os setores da sociedade!
Serviço: Conexão CDP 2017
Data: 30 de novembro
Local: Teatro Vivo – Av. Dr. Chucri Zaidan, 2460
– Vila Cordeiro, em São Paulo
Horário: 8h30 – 13h30 – atividade aberta ao
público geral
13h30 – 15h – atividade exclusiva para as
empresas inscritas na rodada de negócios
Inscrições: https://goo.gl/seZsjb
#ConexaoCDP #EconomiaEmTransicao
Juliana Lopes é graduada em jornalismo, com
um MBA em Marketing e Mestrado em Administração pela FEI na linha de pesquisa
em sustentabilidade. Como diretora do CDP Latin America, é responsável pelas
atividades da organização na região. Atuando há 12 anos na área de
sustentabilidade, Juliana começou sua carreira no terceiro setor, onde liderou
projetos de capacitação para empoderar a sociedade civil para uma gestão mais
participativa e eficiente da água. Foi editora da revista Ideia Sustentável, a
primeira revista brasileira especializada em Responsabilidade Social
Corporativa, onde também coordenou projetos de estudos e pesquisas, bem como de
consultoria estratégica em sustentabilidade. Trabalhou em empresas
multinacionais como BASF e Bridgestone-Firestone na área de comunicação
corporativa. Também se dedicou a elaboração e implementação de campanhas de
comunicação da sustentabilidade para clientes corporativos e organizações
internacionais como WWF. Integra o Grupo de pesquisa internacional sobre
Licença social para operar.
Fonte: ENVOLVERDE
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Evento
Conexão CDP discute economia em transição na América Latina.
Evento que ocorre no dia 30 de novembro, em
São Paulo, propõe a elaboração conjunta de projetos que inovem e encaminhem
atividade para economia de baixo carbono.
São Paulo, novembro de 2017 – As
decisões que estão sendo tomadas hoje determinarão se seremos capazes de fazer
uma transição para uma economia próspera, que trabalhe para as pessoas e para o
planeta a longo prazo? No dia 30 de novembro o Conexão CDP vai promover um
diálogo com essa ótica entre investidores, empresas, cidades e governo,
oferecendo protótipos de ideias e soluções para materializar a mudança que
desejamos ver no mundo.
Além disso, neste ano será apresentado um
infográfico inédito – que apresenta indicadores e dados de empresas e cidades
na América Latina sobre como se preparam, monitoram e gerenciam seus recursos.
Por meio dessa ferramenta será possível visualizar quais são as empresas que
lideram em sustentabilidade na região.
O evento será dividido em duas partes. Durante a
manhã, será apresentado o infográfico inédito do CDP, haverá uma rodada de
diálogo e apresentação de experiências inovadoras de empresas e cidades. E
também contará com uma apresentação no formato TED do Head Global de
iniciativas com investidores do CDP, Rick Stathers. Na segunda parte, após o
brunch, o evento será fechado para uma rodada de negócios entre empresas
inscritas.
A emissão
de carbono para deslocamento do público e realização do
evento será compensada. As inscrições podem ser feitas pelo link https://goo.gl/seZsjb.
O credenciamento de
imprensa deve ser feito pelo e-mail maira.teixeira@cdp.net .
Serviço
Data: 30 de novembro
Local: Teatro Vivo – Av.
Dr. Chucri Zaidan, 2460 – Vila Cordeiro, em São Paulo
Horário: 8h30 – 13h30 – atividade aberta ao
público geral
13h30 – 15h – atividade exclusiva para as
empresas inscritas na rodada de negócios
#ConexaoCDP #EconomiaEmTransicao
O CDP é
uma organização internacional sem fins lucrativos, formada por grandes
investidores interessados na avaliação do desempenho das empresas em função dos
desafios ambientais de mudanças climáticas, recursos hídricos e florestas.
Atualmente é formada por 827 investidores que administram um total de US$ 100
trilhões em ativos. A organização tem ainda em sua base de respondentes mais de
570 cidades no mundo todo reportando seus dados em 2017. A partir desses dados,
são produzidos materiais que reportam regularmente a evolução no uso de
recursos hídricos e ambientais pelas empresas e cidades signatárias.
Fonte: ENVOLVERDE
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sexta-feira, 24 de novembro de 2017
Operação de combate de
irregularidades na aplicação de agrotóxicos contabiliza multas de R$ 2,9
milhões e 23 aeronaves interditadas.
Dados são preliminares, tendo em vista que o
trabalho de fiscalização, iniciado no dia 20, prossegue
Deflagrada na última segunda-feira (20) e com
ações previstas até a próxima sexta-feira (24), a Operação Deriva II, voltada
ao combate de irregularidades na aplicação de agrotóxicos por empresas de
aviação agrícola, já contabiliza R$ 2,9 milhões em multas e 23 aeronaves
interditadas. A operação acontece simultaneamente nos estados de Mato Grosso do
Sul, Mato Grosso e Paraná, sob coordenação dos Ministérios Públicos Federal, do
Trabalho e Estaduais.
A fiscalização conjunta conta ainda com a
participação da Polícia Militar Ambiental (PMA), Polícia Rodoviária Federal
(PRF), Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Delegacia de Combate ao
Crime Organizado (Deco) e Instituto de Criminalística da Polícia Civil (PC),
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) do governo federal e
Agências Estaduais de Defesa Sanitária Agropecuária de Mato Grosso (Indea) e
Mato Grosso do Sul (Iagro).
Em Mato Grosso do Sul, nos dois primeiros dias de
operação, 13 aeronaves foram interditadas pela Anac, sendo que uma delas acabou
apreendida criminalmente pela Delegacia Especializada de Combate ao Crime
Organizado (Deco). Nove empresas foram fiscalizadas e oito autos de infração
foram expedidos, totalizando R$ 1.865.672,00 em multas.
No estado de Mato Grosso, seis aeronaves
utilizadas na aplicação de agrotóxicos foram interditadas. Quatro empresas
foram fiscalizadas no município de Primavera do Leste, que tem a maior frota
agrícola do país. As aeronaves interditadas apresentavam problemas como falta
de documentação e irregularidades na manutenção dos aviões. Quatro empresas
foram notificadas por não possuir Cadastro Técnico Federal.
Já no Paraná, foram expedidos dois autos de
infração e seis notificações, com um valor de multa aproximado a R$ 1,1 milhão.
Quatro aeronaves foram apreendidas e uma empresa foi embargada.
Três empresas
foram notificadas por colocarem os trabalhadores em exposição direta com
agrotóxicos. A fiscalização verificou, também, que os trabalhadores não possuem
capacitação sobre prevenção de acidentes com agrotóxicos. As empresas apresentaram
documentação na qual consta a entrega dos Equipamentos de Proteção Individual
(EPIs) aos trabalhadores, porém, durante a fiscalização, não foi possível
constatar o uso deles.
Os dados são preliminares, tendo em vista que o
trabalho de fiscalização prossegue.
Fonte: Núcleo de Comunicação da Operação
Deriva II / MPT em Mato Grosso do Sul
Fonte: EcoDebate
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América Latina e Caribe despejam
30% de seu lixo em locais inadequados.
ONU
A geração diária de resíduos sólidos urbanos nos
países da América Latina e do Caribe atingiu cerca de 540 mil toneladas, e a
expectativa é de que, até 2050, o lixo gerado na região alcançará 671 mil
toneladas por dia. É o que revelam dados apresentados pela ONU Meio Ambiente em
evento realizado esta semana (21) pela Associação Brasileira de Empresas de
Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE), em São Paulo.
De acordo com a agência das Nações Unidas, mais
de 145 mil toneladas de lixo, ou cerca de 30% do total, são destinadas a locais
inadequados diariamente na região.
A geração diária de resíduos sólidos urbanos nos
países da América Latina e do Caribe atingiu cerca de 540 mil toneladas, e a
expectativa é de que, até 2050, o lixo gerado na região alcançará 671 mil
toneladas por dia. É o que revelam dados apresentados pela ONU Meio Ambiente em
evento realizado esta semana (21) pela Associação Brasileira de Empresas de
Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE), em São Paulo.
O levantamento, que faz parte do Atlas de
Resíduos da América Latina, relatório da ONU Meio Ambiente que será lançado em
breve, mostra que, em média, a cobertura da coleta na região da América Latina
e Caribe supera 90%, mas pode variar de acordo com o país, e diminui
sensivelmente nas periferias e áreas rurais.
De acordo com Jordi Pon, coordenador regional de
resíduos e químicos da ONU Meio Ambiente e coordenador do estudo, “a região tem
apresentado vários avanços na gestão de resíduos sólidos, porém, em relação à
disposição final, ainda existe um déficit considerável, com mais de 145 mil
toneladas de lixo, cerca de 30% do total, destinados para locais inadequados
diariamente.
O tema da poluição, incluindo a causada pelos
resíduos, faz parte de uma agenda mundial e é o principal tópico da Terceira
Assembleia da ONU para o Meio Ambiente, que acontecerá em Nairóbi, no Quênia,
de 4 a 6 de dezembro. Como fórum decisório mundial de mais alto nível sobre
questões ambientais, a assembleia reunirá governos, líderes empresariais,
sociedade civil e outras partes interessadas em compartilhar ideias e se
comprometer com ações contra a poluição.
Na ocasião, o novo relatório “Rumo a
um planeta sem poluição“, do diretor-executivo da ONU Meio Ambiente, Erik
Solheim, que traz um panorama atual de todos os continentes, permitirá examinar
o que sabemos sobre a poluição e delinear elementos-chave de um quadro
abrangente de ações para combatê-la.
“Os dados apresentados pela ONU Meio Ambiente
mostram que, mesmo com algumas melhorias alcançadas nos últimos anos, cerca de
170 milhões de pessoas ainda estão expostas às consequências desse problema em
decorrência dos graves impactos causados ao meio ambiente (solo, ar e água) e à
saúde da população”, disse Carlos Silva Filho, diretor-presidente da ABRELPE e
membro do Comitê Diretivo do Atlas de Resíduos.
Na apresentação dos dados, Jordi Pon também
destacou que o relatório faz uma análise sobre a composição dos resíduos
sólidos urbanos. A fração orgânica, por exemplo, representa mais da metade de
todo resíduo descartado nas cidades latino-americanas, índice que varia
bastante de acordo com a renda do país. “Enquanto em países de baixa renda, 75%
do lixo descartado é proveniente de matéria orgânica, em países com renda mais
elevada esse índice é de 36%”, comentou Pon.
As informações apresentadas mostram ainda que é
comum encontrar resíduos perigosos no lixo doméstico, como baterias,
equipamentos elétricos e eletrônicos, remédios vencidos, entre outros. Já a
fração restante é composta pelos chamados resíduos secos, como metais, papéis,
papelão, plásticos, vidro e têxteis. De modo geral, as iniciativas de
reciclagem atingem o índice de 20% em determinadas regiões da América Latina,
em grande parte graças à contribuição do setor informal.
Pon também observa que praticamente todos os
países da região contam com disposições e normas legais para serem cumpridas
pelos geradores e manipuladores de resíduos, bem como penalidades por
descumprimento, mas o quadro institucional é fraco. “Isso cria um vácuo de
responsabilidades governamentais, com poucas ações de acompanhamento e
monitoramento, resultando, entre outras coisas, em uma aplicação deficiente da
lei tanto no setor público quanto no privado”, explicou o coordenador da ONU
Meio Ambiente.
Outro tópico abordado pelo estudo diz respeito
aos níveis de investimento público e privado em gestão de resíduos, apontando
que os mesmos não são suficientes para financiar a infraestrutura necessária
para mitigar as principais deficiências, como ampliação da cobertura de coleta,
baixas taxas de reciclagem e disposição final inadequada.
“O estudo mostra que o financiamento é uma
questão fundamental para a melhoria e sustentabilidade dos mecanismos de gestão
de resíduos, especialmente na América Latina e no Caribe, onde os modelos
financiados por recursos municipais prevalecem e, em muitos casos, os custos
dos serviços não são recuperados em sua totalidade”, disse Carlos Silva Filho,
concluindo que “ainda não há uma consciência clara do fato de que o custo
econômico dos impactos negativos causados pela gestão inadequada dos resíduos
(o custo da inação) é maior do que o custo de investimento em um sistema
adequado”.
Os dados apresentados fazem parte de um projeto
da ONU Meio Ambiente, originado a partir do lançamento do Altas Global de
Gestão de Resíduos em 2016, e incluem relatórios sobre a situação dos resíduos
sólidos na América Latina e Caribe, Ásia, Ásia Central, África, Regiões
Montanhosas e Pequenas Ilhas-estado (SIDS).
Fonte: ONU Brasil
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Crise hídrica no Ceará, por conta
das secas constantes e do uso excessivo de água pelas termelétricas, mobiliza a
população.
Com ‘estado em colapso’ por conta das secas
constantes e do uso excessivo de água pelas termelétricas, comunidades se unem
para cobrar atitudes do governo.
Coesus – Coalizão Não Fracking Brasil e 350.org
Brasil.
População se reúne no distrito de Siupé, região
metropolitana de Fortaleza, para discutir estratégias de mobilização contra a
crise da água no estado (Foto: Ceará no Clima).
O Ceará tem vivenciado nos últimos anos a maior
sequência de secas jamais vista no estado. Isso movimenta uma engrenagem
viciosa que tem colocado a população em alerta geral. A falta de chuvas afeta
não só o consumo de água potável, mas também a geração de energia. Com os
reservatórios das hidrelétricas vazios, o governo é obrigado a acionar as
usinas termelétricas movidas a combustíveis fósseis, que possuem um custo maior
de operação, aumentando consequentemente o valor da conta de luz. As térmicas,
por sua vez, precisam de muita água para resfriar as máquinas. Dado esse
contexto, além de estarem pagando mais pela energia utilizada em suas casas no
momento, os cearenses ainda estão vendo a pouca água que lhes resta ser
totalmente consumida pelas térmicas do Complexo Industrial e Portuário do Pecém
(CIPP).
Pecém I e II são as duas maiores térmicas movidas a
carvão do país e têm autorização do governo estadual para captar até 800 litros
de água por segundo (ou 70 milhões de litros por dia) do Açude Castanhão, o
maior reservatório público do país para usos múltiplos, responsável pelo
abastecimento de toda a região metropolitana de Fortaleza, onde vive quase
metade da população do estado.
Segundo Alexandre Costa Araújo, professor da
Universidade Estadual do Ceará (UECE) e um dos fundadores do Fórum Ceará no Clima, esse tanto de água daria
para abastecer uma cidade de 600 mil habitantes.
Há cerca de uma semana, o Castanhão atingiu o seu
volume morto, termo utilizado quando o nível da água fica abaixo da captação
normal. Em caso de escassez de água, a lei estadual de recursos hídricos prevê
a suspensão das outorgas às empresas operadoras das usinas, sem que haja
indenização à mesmas. Apesar disso, elas seguem operando e consumindo toda a já
escassa água da região. A população local tem se mobilizado e denunciado o
descaso do governo estadual, acusando-o de piorar a situação das comunidades em
benefício das empresas operadoras do complexo.
“A conjunção da seca recorde devido às mudanças
climáticas com o consumo absurdo dessas empresas colocou o Ceará em situação de
colapso hídrico. E ao invés de desligar as termelétricas para assegurar a
prioridade do abastecimento humano, o governo vem secando uma após outra as
fontes de água locais. Começou com o Açude Sítios Novos, construído
especificamente para abastecer o completo, depois o Castanhão, e agora querem
detonar o Lagamar do Cauípe, uma zona de beleza natural formidável. Não podemos
chamar essa atitude de outra coisa senão criminosa”, defendeu Alexandre Costa.
Esgotamento dos reservatórios e resistência local
Lagamar do Cauípe é uma Área de Preservação
Ambiental (APA) onde, segundo relatos, há presença de comunidades ribeirinhas e
até indígenas, como do povo Anacé. Paulo Rubens, presidente da Associação
Comunitária do Cauípe, afirma que já há um projeto sendo colocado em prática no
local para retirada de 200 litros de água por segundo. “O governo tem se
preocupado em satisfazer as grandes empresas que consomem muita água e não com
quem precisa de água para viver. Enquanto elas gastam, nós não temos nem para
beber. Nenhum desses empreendimentos foi feito pensando no desenvolvimento
sustentável da região. Não houve audiências públicas ou debate com a
população”, atestou.
O cacique Roberto Anacé confirmou que não houve
qualquer tipo de consulta, o que fere direitos nacionais e internacionais, como
os previstos na Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
“Juntar um grupo que só representa um tipo de interesse não é consulta. Toda a
população precisa ser alertada do que está se passando. Eles têm que mostrar o
que está ocorrendo no interior do estado, onde já está praticamente tudo seco.
Está havendo ameaças, brigas por conta da água. Isso é o que vai acontecer aqui
no litoral também caso o governo permita que essa situação continue”, alertou a
liderança.
Na última segunda-feira aconteceu em Siupé,
município de São Gonçalo, região metropolitana de Fortaleza, uma grande
mobilização da população local afetada pela crise hídrica. Pescadores,
agricultores, líderes religiosos e comunitários, associações e educadores
reuniram-se para discutir ações para defender o direito à água e a preservação
dos mananciais da região. A comunidade decidiu se posicionar de forma contrária
à perfuração de 35 poços profundos que serviriam para abastecimento das usinas
de Pecém. Segundo o movimento Ceará no Clima, estiveram presentes cerca de 600
pessoas. Na próxima sexta-feira (24) será realizada uma audiência pública para discutir os impactos
socioambientais do complexo Pecém e do projeto de abertura dos poços para
extração de água.
Para o professor Alexandre Costa, a situação
atingiu um quadro de calamidade completa, com desalojamento de pessoas, perdas
na agricultura familiar, na pesca artesanal, no turismo comunitário e no
comércio local, além de outros prejuízos ao meio ambiente e à população. “Nós
do Ceará no Clima defendemos há muito tempo o desligamento das termelétricas.
Ninguém defende localmente essa energia. O estado não pode entrar em colapso
para manter um complexo energético altamente poluente, que emite 7 milhões de
toneladas de CO2 por ano, 1/4 das emissões de todo o estado. Esse modelo de
‘desenvolvimento’ é pura terra arrasada. A ação direta é a forma legítima de
resistência que ainda nos resta para garantir nosso direito básico à água”,
finalizou.
Desde 2015, a 350.org e a COESUS – Coalizão Não
Fracking Brasil pelo Clima, Água e Vida – se uniram ao movimento contra os
combustíveis fósseis no Ceará, apoiando e realizando audiências, palestras e espaços de debate entre as comunidades locais e
as autoridades municipais e estaduais, levando conhecimento e informação à
população. “Nos solidarizamos com a luta dos cearenses, marcharemos junto com
eles, como já fizemos outras vezes, e faremos o que
estiver ao nosso alcance para barrar Pecém e outros projetos que afetam as
pessoas e o clima do estado e de todo o planeta”, defendeu Nicole Figueiredo de
Oliveira, diretora da 350.org Brasil e América Latina.
Fonte: EcoDebate
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COP 23 –
Gado ainda é vilão de desmatamento e emissões no Brasil.
por Alice Marcondes, enviada especial da Envolverde
à COP23 –
Brasil peca no monitoramento da cadeia produtiva
bovina e enfrenta ainda muitos desafios para torná-la mais eficiente.
Raoni
Rajão
“Precisamos dar a transparência à toda a cadeia,
incluindo os intermediários, para de fato limpar a produção de carne brasileira
do desmatamento”. A declaração do coordenador do Laboratório de Gestão de
Serviços Ambientais da Universidade Federal de Minas Gerais, Raoni Rajão,
aponta para a difícil missão que o país precisa cumprir se quiser atingir suas
metas de Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) para o Acordo de Paris,
firmado em 2015, na 21 ª Conferência do Clima da ONU (COP).
Dentre outros objetivos, o Brasil se comprometeu a
restaurar e reflorestas 12 milhões de hectares de vegetação, além de acabar com
o desmatamento ilegal. E, para Raoni, não é neste sentido que caminhamos. Ele
falou ao público no debate “Economia de Baixo Carbono na Prática: Cases e
Experiências Reais”, promovido pela Coalizão Brasil Clima, Florestas e
Agricultura, durante a COP 23, que se encerra hoje (17), em Bonn, na Alemanha.
O coordenador lembrou que ainda agora, dois anos
depois de o acordo ter sido firmado, o país segue patinando na fiscalização da
cadeia produtiva do gado. “Essa produção é ainda responsável pelo desmatamento
de grandes áreas e por uma parcela significativa das emissões nacionais. E o
que acontece é que, na hora de monitorar, as empresas não analisam a cadeia
desde o início. Então o gado que teve origem em uma área de desmatamento passa
por uma ‘maquiagem’ no meio do percurso e é vendido e exportado como uma carne
limpa”, explica.
Para ele, é preciso investir na melhora desse
sistema, porque “ao subsidiar a pecuária sem esses controles você também está
subsidiando o desmatamento”.
Tasso
Azevedo
Tasso Azevedo, coordenador do Sistema de Estimativa
de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Observatório do Clima (SEEG) lembrou
que as emissões brasileiras chegaram a 2,3 gigatoneladas de gases efeito estufa
em 2016, o que coloca o país no 7° lugar no ranking de maiores emissores. Ele
esclarece que este volume está intimamente relacionado com a produção bovina.
“Com a crise econômica a gente consome menos carne, sobra mais boi no pasto e
emite mais”, diz.
Como solução, ele aponta a melhora nos processos
produtivos e diz que incentivar o menor consumo de carne é, nos modelos atuais,
um tiro no pé. “ A índia não come carne e tem o maior rebanho do mundo, porque
exporta. O Brasil também exporta cada vez mais. Então o incentivo ao não
consumo é um processo que tem que ser muito bem pensado no longo prazo. Hoje é
mais importante que a pecuária continue tendo valor, para que o produtor possa
investir e sair de um pasto mal manejado para um bem manejado, onde ele produz
mais em menos hectares. Depois a gente pensa em diminuir produção”.
Marcelo
Vieira, presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB)
Trazendo para o debate a questão da recuperação de
áreas degradadas, o presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Marcelo
Vieira, destacou o papel da agricultura nesta tarefa. “Todas as regiões onde
cresceu produção de grãos, de cana, cresceu em cima de pastagem degradada. Isso
porque o agricultor reinveste. Então acho que a grande implantação desta NDC
vai ser pelo agronegócio, por meio da restaurações de apps (Áreas de Proteção
Ambiental) em propriedade privadas”, comenta.
Ainda assim, ele ressalta que o país tem desafios
importantes para encarar, como a regulamentação do Programa de Regularização
Ambiental (PRA). “Com o avanço do Cadastro Ambiental Rural (CAR) já temos
informações. Agora já podemos seguir para a próxima etapa com esses produtores
já cadastrados. O PSA (Pagamento por Serviços Ambientais) pode ser o grande
driver para levar fazendeiros em áreas marginais a um negócio de restauração e
prestação de serviços ambientais ”, diz.
Marcelo Furtado, facilitador da Coalizão Brasil,
endossou a visão de seu xará e contou sobre o projeto VERENA (Valorização
Econômica do Reflorestamento com Espécies Nativas), conduzido pela instituição.
“Temos um grupo de trabalho de restauração e estamos mapeando iniciativas dos
membros da Coalizão. As informações irão para uma plataforma de pesquisa e
desenvolvimento. A ideia é ter um lugar onde os produtores terão ‘tudo o que
eles querem saber sobre restauração e tem medo de perguntar’”, brinca e conclui
desejando que “todo brasileiro vire um produtor e que, ao produzir, produza
restaurando”.
Fonte: ENVOLVERDE
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Vida em
risco: quase metade dos anfíbios estão fora das áreas de conservação.
*Rafael Magalhães e Reuber Brandão
–
Unidades de conservação, quando bem planejadas e
geridas, são a forma mais eficiente de preservar a biodiversidade em seu
ambiente natural. Entretanto, de uma maneira geral, a rede global de áreas
protegidas é bastante ineficaz. Um exemplo disso é que 42% de todas as espécies
de anfíbios estão pobremente representadas ou completamente fora das unidades
de conservação, de acordo com estudo publicado em 2015 sobre a situação de
conservação desses animais. Esta estatística é ainda mais grave se
considerarmos que os anfíbios estão entre os vertebrados mais ameaçados de
extinção do planeta.
Para piorar a situação, a maioria das espécies de
anfíbios possui baixa capacidade de locomoção. Isso leva a um processo
evolutivo chamado de diversificação críptica: quando populações isoladas se
tornam diferentes geneticamente, mas são muito parecidas quanto a aparência
externa.
Muitas vezes, nem mesmo os pesquisadores são
capazes de perceber diferenças evolutivas importantes avaliando apenas as
características externas dos animais. Como consequência, essas diferentes
populações acabam não sendo contempladas em políticas de conservação, como nos
estudos para a criação de unidades de conservação. Mas é importante ressaltar
que a manutenção da diversidade genética é essencial para a preservar o
potencial de adaptação das espécies frente às mudanças climáticas ou outras
mudanças ambientais importantes. A importância desta manutenção funciona da
seguinte forma: imagine que a espécie possui duas populações, uma com o
conjunto de genes X e outra com o conjunto de genes Y. Se a população com o
conjunto X se extinguir, a espécie continua existindo, através da população com
genes Y. Entretanto, o conjunto de genes X poderia fornecer à espécie melhores
capacidades de enfrentar as mudanças ambientais em curso. A perda deste
conjunto de genes, através da extinção, torna a espécie ameaçada no futuro.
Pensando nisso, um grupo de pesquisadores
sul-americanos investigou a eficiência das unidades de conservação na proteção
de linhagens crípticas de uma espécie de perereca que só existe no Brasil. Esta
eficiência foi investigada tanto no presente como em um cenário de mudanças
climáticas futuras. A espécie em questão, Pithecopus ayeaye, possui
uma inconsistência entre listas nacionais e globais (Lista Vermelha da Fauna
Brasileira Ameaçada de Extinção, ICMBio, IUCN) que pode ser resultado da forma
como os grupos de avaliação interpretam os critérios de classificação das
espécies ameaçadas de extinção. Enquanto o grupo de avaliação global adota uma
postura precaucionaria na classificação das espécies, o grupo nacional opta por
uma postura evidenciaria. Mas, apesar de ainda ser considerada globalmente
ameaçada, a espécie não se encontra na lista de prioridades em políticas
nacionais de conservação.
Essa perereca pode ser encontrada em campos
rupestres, que estão distribuídos em menos de 1% do território brasileiro.
Apesar de serem ricos em espécies restritas, os campos rupestres têm sofrido
impactos de atividades mineradoras, queimadas induzidas, silvicultura de
eucalipto, pecuária, “ecoturismo” não-sustentável e urbanização. Uma das
linhagens da Pithecopus ayeaye, que ocorre no planalto de Poços de
Caldas (MG), está em declínio e não está protegida por nenhuma unidade de
conservação, podendo se extinguir em um curto período de tempo. Outra, que
ocorre no Quadrilátero Ferrífero e nos Campos das Vertentes (ambos em Minas
Gerais), apesar de estar protegida por três unidades de conservação de proteção
integral, possui níveis de diversidade genética tão baixos quanto a linhagem de
Poços de Caldas, estando tão vulnerável a impactos humanos quanto ela. A
terceira, do Planalto da Canastra (MG) e em áreas altas no noroeste do estado
de São Paulo, possui maior diversidade genética do que a das outras duas
linhagens e está protegida por duas unidades de conservação de proteção
integral. Contudo, mesmo estas unidades de conservação são insuficientes para a
proteção da espécie, conservando menos de 4% da área de distribuição geográfica
da espécie, tanto no presente como em projeções futuras. Vale ressaltar que a
espécie em questão produz substâncias na pele com potencial farmacológico,
podendo ser utilizadas para a produção de medicamentos no futuro.
Esses resultados sugerem que outros organismos
endêmicos dos campos rupestres, incluindo outras espécies ameaçadas, também
podem apresentar diversificação críptica semelhante à de Pithecopus ayeaye.
Portanto, pode-se concluir que a conservação de diversas espécies dos campos
rupestres (e de outros tipos de ecossistemas naturalmente fragmentados) deve
ser planejada com atenção, considerando a distribuição discreta deste
ecossistema. A prática de conservação no Brasil deve ser repensada, e novas
evidências taxonômicas, moleculares, evolutivas e ecológicas devem ser
combinadas ao melhor entendimento da distribuição dos organismos para que
possamos ser mais eficientes nas políticas de conservação nacionais.
Rafael Magalhães é biólogo e pesquisador do
Laboratório de Biodiversidade e Evolução Molecular da Universidade Federal de
Minas Gerais.
Reuber Brandão é membro da Rede de
Especialistas de Conservação da Natureza, biólogo e professor da Universidade
de Brasília.
Este
estudo foi apoiado pela Fundação Grupo O Boticário de Proteção à Natureza em
2006 no contexto do projeto “Conservação, ecologia e taxonomia das espécies de
Phyllomedusa do grupo hypochondrialis” e pelo Programa de Capacitação em
Taxonomia do CNPq/CAPES.
Fonte: ENVOLVERDE
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