Seis
brasileiros têm a mesma riqueza que os 100 milhões mais pobres.
Redação CartaCapital –
Relatório
da Oxfam também mostrou que os 5% mais ricos detêm a mesma fatia de renda que
os demais 95% da população.
Um novo
relatório da ONG britânica Oxfam a respeito da desigualdade social no Brasil
mostra que os seis brasileiros mais ricos concentram a mesma riqueza que os 100 milhões
de brasileiros mais pobres. Os dados estão
no relatório A Distância Que Nos Une, lançado nesta
segunda-feira 25 pela Oxfam Brasil.
A conclusão tem origem em um cálculo feito pela
própria ONG, que compara os dados do informe Global Wealth
Databook 2016, elaborado pelo banco suíço Credit Suisse, e a lista das
pessoas mais ricas do mundo produzida pela revista Forbes.
Segundo a Forbes, Jorge Paulo
Lemann (AB Inbev), Joseph Safra (Banco Safra), Marcel Hermmann
Telles (AB Inbev), Carlos Alberto Sicupira (AB Inbev), Eduardo Saverin
(Facebook) e Ermirio Pereira de Moraes (Grupo Votorantim) têm, juntos, uma
fortuna acumulada de 88,8 bilhões de dólares, equivalente a 277 bilhões de
reais atualmente.
Cena do Complexo da Maré, no Rio
de Janeiro, em 2014. A pobreza diminuiu, mas a desigualdade ainda é aterradora
– Fernando Frazão / Agência Brasil
A Oxfam lembra em seu relatório que, ao longo das
últimas décadas, o Brasil conseguiu elevar a base da pirâmide social, retirando
milhões da pobreza, mas que os níveis de desigualdade ainda são
alarmantes. “Apesar de avanços, nosso país não conseguiu sair da lista dos
países mais desiguais do mundo. O ritmo tem sido muito lento e mais de 16
milhões de brasileiros ainda vivem abaixo da linha da pobreza”, explica Katia
Maia, diretora-executiva da ONG.
Segundo o estudo da ONG, entre 2000 e 2016, o
número de bilionários brasileiros aumentou de aproximadamente 10 para 31.
Em conjunto, eles possuem um patrimônio de mais de 135 bilhões de
dólares. Mais da metade dos bilionários (52%) herdou patrimônio da família, o
que revela a incapacidade do Estado brasileiro de desconcentrar a riqueza
– algo que sistemas tributários mais progressivos, como visto em países da
Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE),
podem ajudar a fazer.
Na outra ponta, estimativas para os próximos
anos são ruins para o Brasil a respeito da pobreza. Segundo o Banco Mundial, só
em 2017 até 3,6 milhões de pessoas devem cair outra vez na pobreza.
Para a diretora da Oxfam Brasil, essa situação é
inadmissível e precisa ser enfrentada por todos para que realmente seja
solucionada. “Existe uma distância absurda entre a maior parte da população
brasileira e o 1% mais rico, não apenas em relação à renda e riqueza, mas
também em relação ao acesso a serviços básicos como saúde e educação. Atacar
essa questão é responsabilidade de todos”, afirma.
Ainda segundo a ONG, uma pessoa que recebe um
salário mínimo mensal levaria quatro anos trabalhando para ganhar o mesmo que o
1% mais rico ganha em média, em um mês, e 19 anos para equiparar um mês de
renda média do 0,1% mais rico.
O relatório estima ainda que as mulheres terão
equiparação de renda com homens somente em 2047 e os negros ganharão o mesmo
que brancos somente em 2089, mantida a tendência dos últimos 20 anos. Pelo ritmo
atual, o Brasil vai demorar 35 anos para alcançar o atual nível de
desigualdade de renda do Uruguai e 75 anos para chegarmos ao patamar atual do
Reino Unido, se mantivermos o ritmo médio de redução anual de desigualdades de
renda observado desde 1988.
Também segundo a Oxfam, os 5% mais ricos detêm
a mesma fatia de renda que os demais 95% da população.
Leia o relatório na íntegra: https://goo.gl/JU8Bah
Fonte: Carta
Capital
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