Qual o
primeiro passo para abrir sua startup?
Vai abrir uma startup? Veja as dicas para não
fracassar nos negócios.
A época de desempregos também é propícia para
muitas pessoas investirem tempo em pensamentos e ideias no seu próprio negócio,
ou melhor dizendo, realizar o sonho de ter a sua própria empresa, como as
startups que se tornaram cada vez mais comuns no mercado, trazendo o desejo de
muitos jovens empreendedores. Mas afinal, ter um startup é muito mais do que
apenas “sonho”. É preciso ter foco, planejamento, organização e principalmente
inovação para não arcar com o “fracasso” financeiro e jurídico. Entrevistamos a
advogada Carolina DiLullo, da Giugliani Advogados, sobre os primeiros passos
para quem pretende começar a sua startup e os cuidados que são preciso tomar.
Confira:
– Qual é o primeiro passo para quem quer
abrir uma Startup?
Muitas pessoas imaginam que o primeiro passo para
abertura de uma Startup seria a constituição formal de uma empresa. Entretanto,
esta ideia está equivocada. Começar um negócio novo não depende apenas da
assinatura de um contrato social… demanda planejamento, tempo, organização,
esforço e principalmente estudo. O conceito de Startup já traz em si sua maior
diferenciação dos negócios comuns: INOVAÇÃO. Uma ideia nova, que gerou um novo
modelo de negócio e que tem POTENCIAL de crescimento, ou seja, ESCALÁVEL.
Assim, o primeiro passo seria criar um plano de negócio, através de ferramentas
de planejamento estratégico, que permitam esboçar o negócio pretendido, de modo
a verificar se o projeto é original, se há mercado preparado para a ideia e o
consumo do produto ou serviço, qual o investimento inicial necessário, se o
modelo é passível de desenvolvimento rápido sem afetar a rentabilidade, fontes
de receita, estruturação de custos, forma de relacionamento com os clientes
etc.
Após finalizado o plano, o negócio estará
conceitualizado, o que permitirá uma análise do modelo de atuação no mercado,
sendo possível enxergar se a ideia irá gerar valor ao mercado, bem como a
definição dos fluxos e processos necessários, concluindo, ao final, a tríade
PRODUTO X EQUIPE X MERCADO, fundamental para prosperidade de uma Startup.
– Startups possuem um processo ou exigências
diferentes de empresas comuns?
O processo de abertura e formalização da Startup
segue o modelo normal de abertura de empresas. Elaboração de um contrato social
com a escolha do modelo societário que melhor atenda as atividades a serem
desenvolvidas, registro na Junta Comercial do Estado competente, bem como
Município, Estado e União, definição de uma sede, divisão de quotas sociais
etc. Uma diferença que pode ser verificada é a possibilidade de se beneficiar
de programas de incentivo e financiamento através de incubadoras – onde as
Startups podem se utilizar de espaço físico e recursos fornecidos pelo Poder
Público ou empresas que cobrem valor diferenciado para este modelo de negócio
ou possuem viés social. Por serem escaláveis, podem buscar investimento com
maior rapidez, o que lhes torna suscetível a concessão de capital “anjo” ou
investimento estrangeiro. Diante destas diferenças, o empresário deverá sempre
buscar a proteção de seu negócio e a necessidade de proteção da ideia central
[atividade/serviço] é evidente!
– Se o processo não for feito da forma
correta, quais as consequências para o empresário?
As consequências são diversas, não apenas em
âmbito jurídico, mas também no campo financeiro. No Brasil, a aceleradora
Startup Farm apontou em 2016 que 74% das Startups fecham após cinco anos de
existência, sendo os principais motivos: briga entre sócios e não oferecimento
de propostas que conversem com o mercado. Vejam… os motivos não estão
relacionados a economia brasileira ou ao mercado em si, mas sim a questões
“primárias” como a falta de estruturação prévia dos empresários. O empresário
deverá focar seus esforços na proteção de sua ideia e modelo de negócio, bem
como investir em modelos de contratos sustentáveis. Dificilmente os empresários
pensam na importância de um jurídico ativo e de uma área específica para
elaboração e gestão de contratos que, na verdade, também constituem a base
sólida de uma Startup. Um contrato elaborado de forma equivocada ou ainda a
ausência de um contrato pode gerar danos imensuráveis, como a perda do controle
da própria ideia ou da empresa, divulgação de conteúdo e know-how privativos do
empresário etc. Por fim, a ausência de um estudo tributário prévio também pode
afetar um novo negócio. É primordial que o empresário conheça todos os regimes
tributários existentes e escolha aquele que melhor favoreça o negócio, a fim de
que a carga tributária não atrapalhe e lhe traga consequências desfavoráveis.
– Quais documentos são exigidos pela lei
para se abrir uma startup? E quanto tempo isso costuma demorar?
Para abertura de empresa no Brasil a documentação
básica, além do contrato social, é cópia do RG e CPF dos sócios, cópia do
comprovante de residência dos sócios e carnê do IPTU do imóvel em que a empresa
será sediada ou contrato de locação. O processo costuma demorar em média 30
[trinta] dias para ser finalizado. Para o estudo prévio e planejamento
estratégico, serão necessárias informações sobre o produto/serviço x equipe x
espaço para verificar o custo mínimo do investimento, se haverá incubadora
envolvida ou algum projeto de aceleramento, ponto de equilíbrio, valor para o
mercado de consumo, informações tributárias etc.
– No que o empresário precisa ficar
atento após já estar tudo regularizado e pronto para que ele abra sua Starup?
É necessário verificar se a estratégia financeira
está adequada ao momento que a empresa está passando. Startups brasileiras
tendem a monetizar seus serviços apenas como mensalidade por uso, não sendo
esta a única forma de monetização. Assim, cuidado para que o negócio não seja
rentável pela falta de monetização correta do projeto de acordo com a fase que
a Startup se encontra. Por fim, o empresário deverá se manter atento a projetos
de investimento e auxílio que beneficiem esta atividade empresarial. Por
exemplo, Startups voltadas ao setor de tecnologia devem ficar atentas à
projetos internacionais que visam beneficiar estas atividades. Portugal está
sendo considerada a nova “Silicon Valley” e é a “bola da vez” para quem
pretende iniciar um projeto ou internacionalizar e precisa de incentivo para
tanto. O país se mostra um ecossistema favorável ao empreendedorismo,
financiamento e internacionalização de negócios, com projetos específicos
voltados para o desenvolvimento de Startups como Startup Portugal e Portugal
2020.
Fonte: ENVOLVERDE
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