segunda-feira, 17 de abril de 2017

Inovação deve caminhar junto com sustentabilidade.
Liliane Rocha*, especial para a Envolverde – 

Os aplicativos que tanto facilitam a vida nas cidade e em ambientes virtuais são, também, a nova face das empresas. Por estarem na ponta da inovação estrariam também livres dos compromissos com a sustentabilidade empresarial?

Sabemos que a internet passou a incorporar em meados dos anos 90 as empresas on-line, mas o que elas têm em comum? São inovadoras. Surgiram para atender demandas e anseios que a maioria de nós sequer sabíamos que eram tão eminentes. Oferecem produtos ou serviços dos quais sequer detém os materiais físicos ou as estruturas das atividades fins, construindo um império de forma infinitamente mais veloz do que empresas historicamente consolidadas haviam conseguido desde a revolução industrial.

Uber, Facebook, Netflix, Groupon, Cabify, Google, Airbnb, entre outras, são empresas que tiveram uma jornada meteórica. Admiradas pelo êxito de pouco tempo após sua fundação passarem a faturar bilhões. A UBER, em cerca de dois anos de existência, foi avaliada em 17 bilhões de dólares; a Groupon, também no mesmo período, foi avaliada em cerca de 6 bilhões de dólares; a Google, poucos meses após a sua fundação, foi avaliada e vendida por 1,4 bilhões de dólares.

Em tudo mencionado acima certamente não há nada de errado. No entanto, as perguntas que devem ganhar espaço em nossas reflexões são: como e em que medida estas empresas têm se consolidado pautadas nos conceitos de Sustentabilidade?

Páginas de pesquisas e sites de interação social deveriam ser pressionados e responsabilizados por serem veículo para disseminação de falsas notícias? O termo “pós verdade” já foi incluso no Dicionário de Oxford e muitos afirmam que o fenômeno de falsas notícias na internet foram determinantes nas últimas eleições americanas.

E pela disseminação de pornografia infantil? Incentivo ao terrorismo? Um volume inestimável de conteúdos desta natureza navega todos os dias na rede prejudicando as vítimas e, em certa medida, resguardando os algozes.
De que modo, empresas de aplicativos na área de transporte, podem ser motivadas a preocupação com emissões do efeito estufa dos carros? Como devem ocorrer os trâmites de responsabilidade trabalhista? E com a mobilidade urbana? Sim, mobilidade urbana, afinal é inegável que a possibilidade de percorrer a cidade no conforto de um carro a baixíssimo custo, concorre nos grandes centros urbanos com o interesse por transportes coletivos como metrôs e ônibus.

Recentemente um motorista da UBER ganhou na justiça uma causa na qual deverá receber cerca de 80 mil reais, incluindo os valores que ele deixou de ganhar durante os 6 meses de relações de trabalho. Entre os argumentos utilizados estiveram o fato de que o pagamento do cliente ao motorista é feito por intermédio da empresa, que desconta cerca 20% do valor da corrida, configurando a prestação de serviços que é formalizada por meio de contrato.

Se uma mulher for estuprada no carro de um motorista vinculado a uma destas empresas ou em um imóvel alugado por meio de uma empresa de aluguel de imóvel de terceiros de quem é a responsabilidade? E em caso de discriminação de qualquer natureza? A Airbnb já foi acusada em alguns países de diminuir a oferta de habitação a preços acessíveis nas grandes cidades.

Empresas como compras coletivas responsáveis pelo rastreamento da cadeia de fornecedores das empresas que vendem promoções em seus sites? Estariam brechas legais possibilitando que as exponenciais se eximam de algumas responsabilidades?

Deixo claro que estas empresas não são vilãs. Ao contrário oferecem serviços fundamentais para a sociedade em um formato atual e relevante. O que me pergunto, no entanto, é se a sociedade estaria perdendo a noção de que, como qualquer outra empresa, estas também devem ser cobradas a construir seu patrimônio, assegurando a efetivação da Sustentabilidade no cerne da sua estratégia de negócios. Especialistas poderiam ajudá-las a formatar projetos e iniciativas que assegurem o crescimento pautado em preservação ambiental, inclusão social, equidade, entre outros. A hora é agora. Não deveremos esperar que algo de impacto aconteça para começar a construir está visão.

Certamente as exponenciais, em sua magnitude e capacidade de inovação, poderão realizar uma imensa contribuição e transformação no cenário da Sustentabilidade Global.

*Liliane Rocha é diretora executiva da Gestão Kairós – consultoria especializada de Sustentabilidade e Diversidade. Tendo sido responsável da área de Responsabilidade Social e Diversidade América Latina na Votorantim Metais, Walmart Brasil, Banco Real-Santander, Philips, entre outras. Mestranda em Politicas Públicas pela FGV, MBA Executivo em Gestão da Sustentabilidade na FGV, Especialização em Gestão Responsável para Sustentabilidade pela Fundação Dom Cabral, MBA em Coaching pela Sociedade Brasileira de Coaching, graduada em Relações Públicas na Cásper Líbero. Escreve semanalmente para a Envolverde sobre Diversidade.


Fonte: ENVOLVERDE

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