EUA
retiram apoio ao Fundo de Populações da ONU.
Por Tharanga Yakupitiyage, da IPS/Envolverde
Os Estados unidos cancelaram qualquer tipo de ajuda
ao Fundo de Populações das Nações Unidas (UNFPA). Essa agência trabalha em
temas como saúde sexual e reprodutiva em cerca de 150 países. Essa decisão se
baseou em uma falsa acusação, segundo o Fundo, de que a organização apoia ou
participa de programas de esterilização forçada de mulheres e de abortos não
consensuais.
Esse argumento está em uma carta enviada pelo
Departamento de Estado dos EUA, no último dia 3, onde anuncia a retirada do
apoio, “apesar de reconhecer que o trabalho da organização foi importante em
diversos momentos”. Os gestores do Fundo de Populações acreditam que as
acusações falsas serviram apenas como desculpa para cortar o financiamento. O
Fundo argumenta que nunca promove o aborto e que atua principalmente no
planejamento familiar de forma a evitar gravidez indesejada e abortos. “Sempre
valorizamos os Estados Unidos como um parceiro confiável e líder em iniciativas
para garantir que cada gravidez seja desejada, cada criança protegida e que
cada jovem possa desenvolver seu potencial”, diz o comunicado emitido em
resposta ao cancelamento do financiamento a suas atividades.
Mulheres em evento da UNFPA na África
Os Estados Unidos eram um dos grandes contribuintes
do UNFPA. Em 2015 sua contribuição foi de US$ 75 milhões, ficando atrás apensa
da Inglaterra e da Suécia. O corte das contribuições norte-americanas “terão
consequências devastadoras para a meninas e mulheres de todo o mundo”, disse
Shannon Kowalski, diretora de políticas e campanhas da Coalisão Internacional
para a Saúde das Mulheres.
Mãe e filha atendida em programas da UNFPA na
África
O trabalho da organização frente a situações de
crise será o mais prejudicado, como o acesso a serviços de saúde sexual e
reprodutiva para as mulheres vítimas do Estado islâmico, e de outros grupos
extremistas do Oriente Médio.
Segundo a diretora da UNFPA o corte dos recursos
dos Estados Unidos coloca em risco a capacidade da organização em facilitar o
acesso a partos seguros de 45 mil mulheres na Síria e em apoiar 55 centros que
ajudam 15 mil meninas e mulheres sobreviventes de violência de gênero no
Iraque, entre elas mais de 700 yazidíes sobreviventes de violência
sexual.
Segundo dados da organização, as doações dos
Estados Unidos ajudaram, em 2016, 2.340 mulheres a terem partos seguros e
impedir 295 mil abortos em condições criminosas. A organização alerta que sem
esse apoio as mulheres sírias não terão nenhuma maternidade que atenda
refugiadas.
No entanto essa não é a primeira vez que os Estados
Unidos retiram o apoio à organização e o argumento é sempre o mesmo, de que a
entidade apoia abortos não consensuais. Entre 2002 e 2008 o ex-presidente
George W. Bush já havia retirado o apoio de US$ 34 milhões.
“A declaração do presidente Donald Trump alcançou
novos níveis de hipocrisia com a decisão e deixar de apoiar o Fundo de
Populações das Nações Unidas, uma vez que pouco tempo atrás sustentou que tem
um grande respeito pelas mulheres e seu papel no mundo, mas um mês depois
decide cortar o financiamento a políticas de gênero do UNFPA. Apesar do
tom forte do comunicado, os gestores do Fundo pedem ao presidente
norte-americano que reveja sua posição.
Traduzido por Verónica Firme e editado em português
por Dal Marcondes
Fonte: ENVOLVERDE
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