Arara-azul-de-lear
é devolvida ao Brasil.
Renata Meliga, do MMA –
Pássaro traficado foi apreendido na Argentina e
será devolvido ao Brasil esta semana. A espécie está em perigo de extinção.
Uma arara-azul-de-lear (Anodorhynchus leari),
apreendida na Argentina, retorna ao Brasil nesta quarta-feira (05/04), após acordo
de repatriação que envolveu o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade (ICMBio), embaixadas e ministérios do Meio Ambiente dos dois
países. O animal foi apreendido no bairro de Flores, em Buenos Aires, em 2007.
“É muito importante a gente ter esse intercâmbio
com os países vizinhos para a conservação das espécies brasileiras ameaçadas.
Essa é uma das iniciativas e um dos bons resultados que estamos tendo em função
de outros trabalhos que temos acordado. Brasil e Argentina têm uma relação
muito positiva na questão ambiental”, disse o secretário de Biodiversidade do
Ministério do Meio Ambiente (MMA), José Pedro de Oliveira Costa.
O diretor do Departamento de Conservação e Manejo
de Espécies do MMA, Ugo Vercillo, explica que o governo da Argentina entrou em
contato com o Brasil para repatriá-lo. No entanto, foi necessário aguardar o
julgamento do crime ambiental tramitar na justiça da Argentina para que a devolução
pudesse ser concluída. Nesse período, a arara foi custodiada pela justiça no
Zoológico de Buenos Aires. “Essa repatriação é um marco. Ela demonstra o
interesse e cooperação dos dois países para preservação e conservação da
espécie”, destacou o diretor.
Vercillo informa, ainda, que Brasil e Argentina são
signatários da Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies da Flora e
da Fauna Selvagens Ameaçadas de Extinção (Cites), que tem como objetivo
controlar o comércio de fauna e flora silvestres. Para realizar o deslocamento
internacional, o Ibama emitiu uma licença Cites.
Arara Azul de Lear, ave em perigo de extinção no
Brasil
CHEGADA
O animal chega ao Aeroporto Internacional de São
Paulo, em Guarulhos, na manhã desta quarta-feira (05/04). Em seguida, será
encaminhado para a Estação Quarentenária de Cananéia (EQC), do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Depois da quarentena, a
arara-azul-de-lear segue para o criadouro científico Fazenda Cachoeira, em
Minas Gerais (MG).
A quarentena é obrigatória para todas as aves que
chegam ao Brasil, para evitar a entrada de doenças no país. Nesse período, os
animais ficam isolados e passam por acompanhamento clínico e testes
laboratoriais.
Segundo a coordenadora do Centro Nacional de
Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (Cemave/ICMBio), Priscilla Prudente
do Amaral, “esse indivíduo, em especial, é um macho de natureza, muito
importante para o plantel. Com sua chegada ao Brasil, poderemos pareá-lo com
uma fêmea de natureza. Será realizado um agrupamento entre esse macho e três
fêmeas, para que que o casal se forme naturalmente, aumentando assim as chances
de reprodução”.
ARARA AZUL
O Brasil conta atualmente com uma população de
1.358 araras-azuis-de-lear na natureza. Endêmica da Caatinga, na região
conhecida como Raso da Catarina, no nordeste da Bahia, a ave está em perigo de
extinção.
O Cemave é responsável pela Coordenação do Plano de
Ação Nacional (PAN) para a conservação da arara-azul-de-lear e pelo Programa de
Cativeiro, que tem como objetivo o manejo das aves para o aumento da população
cativa. “O PAN identificou como principal ameaça a esses animais a perda de
habitat e recursos, especialmente da palmeira licuri, principal alimento da
espécie. Esta ameaça é agravada pela retirada de aves da população nativa,
tanto pelo tráfico de animais silvestres, quanto pelos conflitos com a
população humana local”, explica a coordenadora do centro. Segundo ela, este
ano o PAN completa um ciclo de cinco anos e será avaliado e reformulado.
PROGRAMA DE CATIVEIRO
Atualmente, 14 instituições, em seis países,
participam do Programa de Cativeiro: Brasil, Inglaterra, Espanha, Alemanha,
República Checa e Catar. De acordo com Priscila Amaral, o plantel atual conta
com 150 indivíduos e a população está em crescimento. “Quase 60% das aves são
nascidas em cativeiro, descendentes de oito casais oriundos de natureza. São
conhecidas cinco instituições que já reproduziram a espécie, sendo que quatro
estão no Programa de Cativeiro, uma delas no Brasil, a Fundação Parque
Zoológico de São Paulo”, informa a coordenadora.
O programa conta com apoio de especialistas
nacionais e internacionais. Entre eles, a pesquisadora Cristina Yumi Miyaki, da
Universidade de São Paulo (USP), e o curador de aves Juan Cornejo, do Jurong
Bird Park, em Singapura.
Fonte: ENVOLVERDE
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