sexta-feira, 7 de abril de 2017

Arara-azul-de-lear é devolvida ao Brasil.
Renata Meliga, do MMA – 

Pássaro traficado foi apreendido na Argentina e será devolvido ao Brasil esta semana. A espécie está em perigo de extinção.

Uma arara-azul-de-lear (Anodorhynchus leari), apreendida na Argentina, retorna ao Brasil nesta quarta-feira (05/04), após acordo de repatriação que envolveu o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), embaixadas e ministérios do Meio Ambiente dos dois países. O animal foi apreendido no bairro de Flores, em Buenos Aires, em 2007.

“É muito importante a gente ter esse intercâmbio com os países vizinhos para a conservação das espécies brasileiras ameaçadas. Essa é uma das iniciativas e um dos bons resultados que estamos tendo em função de outros trabalhos que temos acordado. Brasil e Argentina têm uma relação muito positiva na questão ambiental”, disse o secretário de Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente (MMA), José Pedro de Oliveira Costa.

O diretor do Departamento de Conservação e Manejo de Espécies do MMA, Ugo Vercillo, explica que o governo da Argentina entrou em contato com o Brasil para repatriá-lo. No entanto, foi necessário aguardar o julgamento do crime ambiental tramitar na justiça da Argentina para que a devolução pudesse ser concluída. Nesse período, a arara foi custodiada pela justiça no Zoológico de Buenos Aires. “Essa repatriação é um marco. Ela demonstra o interesse e cooperação dos dois países para preservação e conservação da espécie”, destacou o diretor.

Vercillo informa, ainda, que Brasil e Argentina são signatários da Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies da Flora e da Fauna Selvagens Ameaçadas de Extinção (Cites), que tem como objetivo controlar o comércio de fauna e flora silvestres. Para realizar o deslocamento internacional, o Ibama emitiu uma licença Cites.
Arara Azul de Lear, ave em perigo de extinção no Brasil

CHEGADA

O animal chega ao Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, na manhã desta quarta-feira (05/04). Em seguida, será encaminhado para a Estação Quarentenária de Cananéia (EQC), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Depois da quarentena, a arara-azul-de-lear segue para o criadouro científico Fazenda Cachoeira, em Minas Gerais (MG).

A quarentena é obrigatória para todas as aves que chegam ao Brasil, para evitar a entrada de doenças no país. Nesse período, os animais ficam isolados e passam por acompanhamento clínico e testes laboratoriais.

Segundo a coordenadora do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (Cemave/ICMBio), Priscilla Prudente do Amaral, “esse indivíduo, em especial, é um macho de natureza, muito importante para o plantel. Com sua chegada ao Brasil, poderemos pareá-lo com uma fêmea de natureza. Será realizado um agrupamento entre esse macho e três fêmeas, para que que o casal se forme naturalmente, aumentando assim as chances de reprodução”.

ARARA AZUL

O Brasil conta atualmente com uma população de 1.358 araras-azuis-de-lear na natureza. Endêmica da Caatinga, na região conhecida como Raso da Catarina, no nordeste da Bahia, a ave está em perigo de extinção.

O Cemave é responsável pela Coordenação do Plano de Ação Nacional (PAN) para a conservação da arara-azul-de-lear e pelo Programa de Cativeiro, que tem como objetivo o manejo das aves para o aumento da população cativa. “O PAN identificou como principal ameaça a esses animais a perda de habitat e recursos, especialmente da palmeira licuri, principal alimento da espécie. Esta ameaça é agravada pela retirada de aves da população nativa, tanto pelo tráfico de animais silvestres, quanto pelos conflitos com a população humana local”, explica a coordenadora do centro. Segundo ela, este ano o PAN completa um ciclo de cinco anos e será avaliado e reformulado.

PROGRAMA DE CATIVEIRO

Atualmente, 14 instituições, em seis países, participam do Programa de Cativeiro: Brasil, Inglaterra, Espanha, Alemanha, República Checa e Catar. De acordo com Priscila Amaral, o plantel atual conta com 150 indivíduos e a população está em crescimento. “Quase 60% das aves são nascidas em cativeiro, descendentes de oito casais oriundos de natureza. São conhecidas cinco instituições que já reproduziram a espécie, sendo que quatro estão no Programa de Cativeiro, uma delas no Brasil, a Fundação Parque Zoológico de São Paulo”, informa a coordenadora.

O programa conta com apoio de especialistas nacionais e internacionais. Entre eles, a pesquisadora Cristina Yumi Miyaki, da Universidade de São Paulo (USP), e o curador de aves Juan Cornejo, do Jurong Bird Park, em Singapura.



Fonte: ENVOLVERDE

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