O risco que as estradas oferecem aos Tamanduás Bandeira.
Por Fernando Pinto, Biólogo
e doutorando em Ecologia Aplicada na Universidade Federal de Lavras,
MG.
Estudo inédito mostra que as
estradas podem afetar a conservação do tamanduá-bandeira em cerca
de 30% da sua área de distribuição no Brasil.
A prestigiada revista científica
internacional Biological Conservation, líder há mais de 40 anos em
divulgação da ciência da conservação, torna público um estudo
inédito e de fundamental importância sobre os efeitos das estradas
na ameaçada espécie tamanduá-bandeira no Brasil.
O estudo encontra se disponível
para consulta na revista científica Biological Conservation
(https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0006320718300910?via%3Dihub),
reconhecida mundialmente como umas das mais influentes revistas no
campo da Biologia da Conservação. A iniciativa partiu do biólogo
Fernando Pinto, aluno de doutorado do curso de pós-graduação em
Ecologia Aplicada da Universidade Federal de Lavras, (UFLA). “O
estudo permitiu identificar e quantificar áreas inadequadas devido
as estradas para a ocorrência do tamanduá-bandeira e que variaram
entre 32 e 36% da sua área de distribuição no Brasil, comenta
Fernando Pinto”.
O Tamanduá-Bandeira, espécie mais
popular e a maior das quatro existentes de tamanduás, podem chegar a
ter entre 1 e 1,3 metros de comprimento. Sua cauda pode ter de 64 e
90 cm e o peso varia de 22 a 39 kgs.
O tamanduá-bandeira, também
conhecido no Brasil como tamanduá-açu, tamanduá-cavalo ou
papa-formigas-gigante, é um mamífero terrestre de grande porte com
características corporais facilmente reconhecíveis como o focinho
alongado e um padrão marcante de pelagem. Apesar de sua ampla
distribuição geográfica que abrange as Américas Central e do Sul,
a espécie é atualmente classificada como “Vulnerável” de
extinção e possivelmente extinta nos limites norte e sul de sua
distribuição. Dentre as principais ameaças ao tamanduá-bandeira
estão a perda e modificação de seu habitat, a caça predatória,
incêndios florestais e a mortalidade devido a colisão com veículos.
“No intuito de melhor compreender o impacto das estradas
Brasileiras na conservação do tamanduá, foi aplicado um modelo
demográfico populacional que avaliou e selecionou potenciais áreas
críticas para a ocorrência desta espécie em todo território
nacional”, comentou Clara Grilo co-autora do trabalho.
Este trabalho mostra também que a
fragmentação do habitat poderá afetar mais negativamente do que a
mortalidade nas estradas, haja visto que parte considerável de seu
habitat natural não atende ao tamanho mínimo de área necessário a
sobrevivência da espécie. “No entanto, mais estudos terao que ser
realizados para poder confirmar este resultado, destacou Fernando
Pinto” O presente artigo chama a atencao do efeito nefasto das
estradas nesta especie. “Esperemos que promova mais pesquisa local
nas áreas mais críticas e sensibilize os agentes ambientais e das
rodovias para a tomada de decisões referente a construção e
expansão da malha viária Brasileira”, comentou Clara Grilo.
Para saber mais:
Pinto FAS, Bager A, Clevenger AP,
Grilo C. 2018. Giant anteater (Myrmecophaga tridactyla) conservation
in Brazil: Analysing the relative effects of fragmentation and
mortality due to roads.
Biological Conservation:
Fonte: ENVOLVERDE
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