Agência Pública participa de investigação global sobre implantes médicos.
Projeto
do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos, investigou
as falhas na fiscalização de implantes médicos ao redor do mundo e
suas consequências na vida dos pacientes.
São
Paulo – Os
implantes médicos com defeito estão ligados a 1,7 milhão de lesões
e cerca de 83 mil mortes na última década. Os dados são da
investigação “The
Implant Files”, comandada
pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ),
que começa a ser publicada hoje. O projeto contou com a participação
de 59 organizações e 252 repórteres e profissionais de dados de 36
países. No Brasil, participaram da apuração a Agência Pública e
a revista piauí.
Há um
ano a equipe investiga diversos tipos de implantes médicos e como
eles são distribuídos em diferentes países. As reportagens revelam
que países da África, Ásia e América do Sul acabam confiando nas
regulamentações dos Estados Unidos e de países europeus ao invés
de fazerem suas próprias. Além disso, os repórteres mostram como a
competitiva indústria dos implantes trabalha para acelerar a
regulamentação e diminuir os padrões de segurança dos produtos.
Ilustração: Christina Chung/ICIJ
A
Agência Pública investigou o Essure, método contraceptivo
permanente em formato de mola, produzido até 2017 pela farmacêutica
alemã Bayer. Descobrimos que no Brasil, o Essure foi utilizado em
hospitais públicos de São Paulo, Rio de Janeiro, Pará, Tocantins e
Distrito Federal. Muitas mulheres que colocaram o dispositivo na rede
pública sofrem de sintomas relacionados a ele, como dores, inchaço
na barriga, queda de cabelo, inflamações no útero e, em caso mais
graves, migração das molas e gravidez. A reportagem conta as
histórias de algumas dessas mulheres, abordando também a luta delas
pela retirada dos implantes, que tem que ser feita cirurgicamente, a
partir da remoção somente das trompas ou das trompas e do útero.
A
reportagem aborda também a polêmica do Essure na Anvisa. Em
fevereiro de 2017, a agência publicou uma resolução que suspendeu
a circulação do produto em território nacional e determinou o
recolhimento das unidades que haviam sido distribuídas ao mercado.
Em julho, a medida foi revista, e a comercialização do Essure foi
liberada. Com documentos obtidos via Lei de Acesso à informação, a
Agência Pública teve acesso a documentos que mostram como se deu a
negociação entre Anvisa, Bayer e Commed pra que isso ocorresse —de
acordo com os dados, as companhias exerceram pressão via lobby para
reverter a decisão da agência reguladora.
Entre
hoje (25/11) e terça-feira (27/11), a Agência Pública vai divulgar
essa e outras reportagens do especial“The
Implant Files”. As
primeiras reportagens já podem ser lidas no site da Pública. A
Agência traduziu
a matéria do ICIJ que traz um panorama geral sobre as investigações
e também vai publicar as
reportagens produzidas pela revista piauí. A reportagem sobre o
Essure será publicada na segunda-feira.
Sobre a Agência Pública:
A Agência Pública foi fundada em 2011 por jornalistas mulheres e
tem como missão produzir reportagens de fôlego pautadas pelo
interesse público, sobre as grandes questões do país do ponto de
vista da população – visando o fortalecimento do direito à
informação, à qualificação do debate democrático e a promoção
dos direitos humanos. Todas as reportagens podem ser livremente
reproduzidas por mais de 700 veículos, sob licença creative
commons. A Pública também atua para promover o jornalismo
investigativo independente através de programas de mentoria para
jovens jornalistas, bolsas de reportagem e com a Casa Pública, o
primeiro Centro Cultural voltado ao jornalismo no Brasil, no Rio de
Janeiro. A Agência Pública ganhou 32 prêmios nacionais e
internacionais, como o Prêmio Vladimir Herzog, Prêmio República e
Prêmio Gabriel García Marquez. Em 2016, foi o terceiro veículo
mais premiado do país, e o primeiro veículo brasileiro indicado ao
Prêmio Liberdade de Imprensa, da organização Repórteres Sem
Fronteiras (RSF). https://apublica.org/
Fonte:
ENVOLVERDE
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