terça-feira, 27 de novembro de 2018


Agência Pública participa de investigação global sobre implantes médicos.

Projeto do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos, investigou as falhas na fiscalização de implantes médicos ao redor do mundo e suas consequências na vida dos pacientes.

São Paulo – Os implantes médicos com defeito estão ligados a 1,7 milhão de lesões e cerca de 83 mil mortes na última década. Os dados são da investigação “The Implant Files”, comandada pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ), que começa a ser publicada hoje. O projeto contou com a participação de 59 organizações e 252 repórteres e profissionais de dados de 36 países. No Brasil, participaram da apuração a Agência Pública e a revista piauí.

Há um ano a equipe investiga diversos tipos de implantes médicos e como eles são distribuídos em diferentes países. As reportagens revelam que países da África, Ásia e América do Sul acabam confiando nas regulamentações dos Estados Unidos e de países europeus ao invés de fazerem suas próprias. Além disso, os repórteres mostram como a competitiva indústria dos implantes trabalha para acelerar a regulamentação e diminuir os padrões de segurança dos produtos.
Ilustração: Christina Chung/ICIJ

A Agência Pública investigou o Essure, método contraceptivo permanente em formato de mola, produzido até 2017 pela farmacêutica alemã Bayer. Descobrimos que no Brasil, o Essure foi utilizado em hospitais públicos de São Paulo, Rio de Janeiro, Pará, Tocantins e Distrito Federal. Muitas mulheres que colocaram o dispositivo na rede pública sofrem de sintomas relacionados a ele, como dores, inchaço na barriga, queda de cabelo, inflamações no útero e, em caso mais graves, migração das molas e gravidez. A reportagem conta as histórias de algumas dessas mulheres, abordando também a luta delas pela retirada dos implantes, que tem que ser feita cirurgicamente, a partir da remoção somente das trompas ou das trompas e do útero.

A reportagem aborda também a polêmica do Essure na Anvisa. Em fevereiro de 2017, a agência publicou uma resolução que suspendeu a circulação do produto em território nacional e determinou o recolhimento das unidades que haviam sido distribuídas ao mercado. Em julho, a medida foi revista, e a comercialização do Essure foi liberada. Com documentos obtidos via Lei de Acesso à informação, a Agência Pública teve acesso a documentos que mostram como se deu a negociação entre Anvisa, Bayer e Commed pra que isso ocorresse —de acordo com os dados, as companhias exerceram pressão via lobby para reverter a decisão da agência reguladora.

Entre hoje (25/11) e terça-feira (27/11), a Agência Pública vai divulgar essa e outras reportagens do especial“The Implant Files”. As primeiras reportagens já podem ser lidas no site da Pública. A Agência traduziu a matéria do ICIJ que traz um panorama geral sobre as investigações e também vai publicar as reportagens produzidas pela revista piauí. A reportagem sobre o Essure será publicada na segunda-feira.

Sobre a Agência Pública: A Agência Pública foi fundada em 2011 por jornalistas mulheres e tem como missão produzir reportagens de fôlego pautadas pelo interesse público, sobre as grandes questões do país do ponto de vista da população – visando o fortalecimento do direito à informação, à qualificação do debate democrático e a promoção dos direitos humanos. Todas as reportagens podem ser livremente reproduzidas por mais de 700 veículos, sob licença creative commons. A Pública também atua para promover o jornalismo investigativo independente através de programas de mentoria para jovens jornalistas, bolsas de reportagem e com a Casa Pública, o primeiro Centro Cultural voltado ao jornalismo no Brasil, no Rio de Janeiro. A Agência Pública ganhou 32 prêmios nacionais e internacionais, como o Prêmio Vladimir Herzog, Prêmio República e Prêmio Gabriel García Marquez. Em 2016, foi o terceiro veículo mais premiado do país, e o primeiro veículo brasileiro indicado ao Prêmio Liberdade de Imprensa, da organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF). https://apublica.org/


Fonte: ENVOLVERDE

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