Camada de ozônio pode se recuperar por completo até 2060.
A importância dela para a
existência humana é algo que você escuta desde a aula de ciências:
sem a proteção da camada de ozônio, uma película de gases que
envolve a Terra a 18 km de altura, a vida que levamos hoje
simplesmente não seria possível. Se essa barreira invisível
sumisse, abrindo passagem para todo raio ultravioleta ultrapassar a
atmosfera, um simples banho de Sol de cinco minutos já seria
suficiente para tostar nossa pele – algo que ameaçaria animais,
tornaria o solo infértil e extinguiria variedades inteiras de
plantas, por tabela.
O famigerado “buraco”, que a
cada dia diminuía a proteção de ozônio do planeta, se tornou uma
preocupação ambiental tão grave quanto o aumento da temperatura
dos oceanos. Em 1974, com uma descoberta que arremataria o Nobel de
Química anos mais tarde, os gases CFC (clorofluorcarbonetos)
assumiram o posto de grandes vilões a serem combatidos. Eliminados
para o ar com o borrifo de aerossóis ou pelo funcionamento de
ar-condicionados e geladeiras, tais gases eram nocivos à proteção
natural da atmosfera. Isso porque os átomos de cloro, presentes nos
CFCs, quando em contato com o ozônio (O3) quebram suas
moléculas.
Estava dado o ultimato. Se não
quiséssemos virar camarões já a partir das décadas seguintes,
tínhamos de frear a utilização de gases do tipo. O chamado Acordo
de Montreal, assinado em 24 países em 1987, foi a primeira grande
medida que limitou a aplicação dos CFCs. Isso fez a indústria de
eletrodomésticos passar a pesquisar alternativas. Em 2010, o uso de
químicos do tipo acabou completamente banido – com exceção da
China, outro poluidor de peso.
E foi importante que tenha
acontecido exatamente assim. Se o tratado climático não tivesse
vingado, o rombo na película protetora poderia ser de 40% até 2013,
projetavam os cientistas em um levantamento feito há três anos.
Na linha do que sinalizou uma
pesquisa publicada na revista científica Nature em 2016, um
relatório elaborado pela ONU (Organização das Nações Unidas)
afirma que a camada de ozônio está se recuperando, e já não corre
tanto risco.
Agora, dá até para fazer projeções
mais otimistas: os dados estimam que, se não tirarmos o pé das
medidas que já vêm dando certo, podemos recuperar por completo a
camada de ozônio até a década de 2060. Em certas áreas, como as
polares, é possível que a recuperação aconteça até antes.
Acredita-se que zonas como o Ártico e latitudes médias possam
chegar lá ainda em 2030.
Algo que pode jogar água no chope,
contudo, é o aumento da emissão de gases de efeito estufa.
Como
aponta o relatório, tal fator pode alterar a circulação de massas
de ar atmosféricas, e causar uma distribuição desigual do ozônio.
Com o aquecimento global, é possível que haja menor concentração
de ozônio em regiões tropicais (o que inclui o Brasil), no Ártico
e nas áreas de latitudes médias – onde a camada de ozônio já é
menos densa.
Alegria de terráqueo costuma mesmo
durar pouco. O que, no caso, pode até ser um bom sinal. Pelo menos
assim, não relaxamos com o ambiente – e jogamos pela janela o que
demorou algumas décadas para começarmos a consertar.
Fonte: Super
Interessante
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