Subida da
temperatura global afeta o planeta de maneira profunda e drástica.
A tendência de crescimento das temperaturas
globais, marcada pelo acúmulo de recordes em 2015 e 2016, manteve o ritmo no
ano passado. A agência meteorológica das Nações Unidas alertou que a pressão
contínua sobre o Ártico em 2017 terá “repercussões profundas e duradouras no
nível do mar e nos padrões climáticos em outras partes do mundo”.
“A tendência de temperatura em longo prazo é
muito mais importante do que o ranking de anos individuais, e essa tendência é
ascendente”, disse Petteri Taalas, secretário-geral da Organização
Meteorológica Mundial (OMM), um organismo técnico vinculado à ONU.
Uma análise da OMM mostrou que, enquanto 2016
mantém o recorde de ano mais quente (1,2°C), 2017 – que chegou a
aproximadamente 1,1°C acima da era pré-industrial – foi o ano mais quente sem o
El Niño. Segundo os estudos da agência, isso pode impulsionar as temperaturas
globais a cada ano.
Descrevendo o ritmo acelerado das mudanças
climáticas como “uma ameaça existencial para o planeta”, o representante
especial do secretário-geral da ONU para a Redução do Risco de Desastres,
Robert Glasser, disse: “Uma série de três anos recordes de calor, cada um acima
de 1° Celsius, combinado com perdas econômicas recordes nos desastres em 2017,
deve mostrar a todos nós que estamos enfrentando uma ameaça existencial para o
planeta que requer uma resposta drástica”.
“Estamos ficando perigosamente perto do limite do
aumento de temperatura de 2°C estabelecido no Acordo de Paris e o objetivo
desejado de 1,5° será ainda mais difícil de ser mantido nos níveis atuais de
emissões de gases de efeito estufa”, ressaltou.
Registrando as mesmas temperaturas médias
globais, 2017 e 2015 foram anos praticamente indistinguíveis, já que a
diferença é inferior a um centésimo de grau – inferior à margem de erro
estatística.
“Dezessete dos 18 anos mais quentes registrados
foram durante este século e o nível de aquecimento nos últimos três anos tem
sido excepcional”, afirmou Taalas, ressaltando: “O calor do Ártico foi
especialmente observado e isso terá repercussões profundas e duradouras no
nível do mar e nos padrões climáticos em outras partes do mundo”.
A temperatura média global em 2017 foi de cerca de 0,46°C acima da média de longo prazo de 1981-2010 de 14,3°C – uma linha de base de 30 anos utilizada pelos serviços meteorológicos e hidrológicos nacionais para avaliar as médias e a variabilidade dos principais parâmetros climáticos. Elas são importantes para setores sensíveis ao clima, como gerenciamento de água, energia, agricultura e saúde.
O clima também tem uma variação natural devido a
fenômenos como o El Niño, que tem uma influência de aquecimento, e La Niña, que
tem uma influência de esfriamento.
“As temperaturas contam apenas uma pequena parte
da história. O calor em 2017 foi acompanhado pelo clima extremo em muitos
países pelo mundo”, acrescentou Taalas. Segundo ele, os Estados Unidos tiveram
seu ano mais difícil em termos de clima e desastres climáticos, enquanto outros
países viram seu desenvolvimento desacelerado ou revertido por ciclones
tropicais, inundações e secas.
Em março, a OMM emitirá o relatório completo
sobre o estado do clima em 2017, fornecendo uma visão abrangente da
variabilidade e tendências da temperatura, eventos de alto impacto e
indicadores de longo prazo das mudanças climáticas – como o aumento das
concentrações de dióxido de carbono, o gelo marinho antártico e ártico, o
aumento do nível do mar e a acidificação dos oceanos.
O relatório de março incluirá informações
enviadas por uma ampla gama de agências das Nações Unidas sobre impactos
humanos, socioeconômicos e ambientais, parte de um impulso para fornecer um
documento de políticas mais abrangente e completo da ONU para os tomadores de
decisão, no contexto dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Fonte: ENVOLVERDE
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