Governo
anuncia corte de 33% no orçamento das instituições de pesquisa, estudos sobre
desmatamento podem parar.
A informação chegou nesta sexta-feira (12) como
uma bomba de devastar qualquer planejamento nos institutos de pesquisa e órgãos
ambientais. O governo federal informou que cortará 33% do orçamento das
entidades, incluindo INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), Cemaden
(Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), INPA
(Instituto de Pesquisas da Amazônia) entre outros. Os investimentos em ciência
no Brasil estão sendo dizimados, a reclamação dos diretores das principais
entidades científicas do país é geral e instituições como o INPE podem
suspender estudos ambientais em curso e previsto.
As pesquisas ambientais no país enfrentam
violenta oposição da bancada ruralista no Congresso Nacional e também de
governadores e deputados estaduais dos estados onde há denúncias de destruição
de florestas, como a amazônica e Mata Atlântica, além do Cerrado. Em
praticamente todas essa regiões a pecuária e a monocultura são as grandes
responsáveis pelos danos ambientais.
O caso do INPE é gravíssimo. A própria direção
reconhece o quadro assombroso. O instituto é o principal parceiro do IPCC no
país e sua pesquisadora de carreira, Thelma Krug, é a vice presidente do painel
intergovernamental das Nações Unidas.
A situação do principal centro de pesquisa
ambiental do país, o INPE, sediado em São José dos Campos é a preocupação de
grupos de cientistas, que acreditam estar ocorrendo um sucateamento da
instituição, reconhecida por avaliar o desmatamento da Amazônia e desenvolver
tecnologias e construir satélites. O instituto perdeu 70% da receita em 7 anos.
Agora beira ao desespero.
A situação é de penúria, o aspecto até dos
próprios prédios do instituto mostram a decadência. A direção do INPE está
paralisando projetos, deixando de fazer manutenção nos laboratórios, acumulando
atrasos na produção de satélites e pagamento de fornecedores, além de enfrentar
uma grande evasão dos pesquisadores de reconhecimento internacional, que estão
se aposentando ou indo para a iniciativa privada.
Na tentativa de estancar essa sangria e alertar a
sociedade sobre a gravidade da situação, está se constituindo um grupo de
ex-pesquisadores e cientistas do INPE, além de simpatizantes do instituto, para
defende-lo e cobrar tanto o governo federal como deputados e senadores.
A organização está partindo de cientistas que
foram fundamentais na construção dos primeiros satélites brasileiros e na
difusão do uso das imagens de sensoriamento remoto no país. Para o grupo a
bancada ruralista e ministros ligados ao agronegócio estão por trás deste
desmonte.
O orçamento do INPE encolheu quase 70% nos
últimos sete anos e a tendência é despencar ainda mais com os cortes na área da
ciência. A peça orçamentária de R$ 326 milhões, em 2010, despencou
drasticamente para R$ 108 milhões, em 2017. O número de funcionários teve uma
queda igualmente vertiginosa, 25% dos pesquisadores deixaram a entidade
na última década.
Os golpes não param por aí. A parceria do
Satélite Sino Brasileiro de Sensoriamento Remoto ( Cbers) não deve ser
renovada. Os chineses reclamam dos atrasos e da falta de compromisso dos
brasileiros com as missões. Sem dinheiro, o INPE como responsável pelo
programa, acaba tendo sua imagem arruinada no exterior e diminui sua possibilidade
de integrar grandes projetos internacionais com a Agência Espacial dos Estados
Unidos (NASA) e com a Agência Espacial Europeia (ESA).
Para o grupo de defensores do INPE, no entanto, a
vitória dos ruralistas com o farto apoio do governo é visível. Com todos esses
problemas, o Brasil terá terríveis dificuldades para monitorar o
desmatamento da Amazônia. Júlio Ottoboni.
Fonte: ENVOLVERDE
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