Emissões globais de gás carbônico
do setor de construção chegaram a 76 gigatoneladas em 2010-2016.
ONU
O segmento de construção e edificações precisará
melhorar em 30% sua eficiência energética até 2030 para manter o planeta na
caminho rumo às metas do Acordo de Paris. É o que revela um novo relatório da
ONU Meio Ambiente, divulgado pela Aliança Global do setor no início deste mês
(11). Levantamento aponta que essa área produtiva responde por 39% das emissões
de gás carbônico associadas ao consumo e à produção de energia.
Prédios já construídos devem passar por
processos de recondicionamento, para adotar sistemas mais sustentáveis. Foto:
PEXELS.
O segmento de construção e edificações precisará
melhorar em 30% sua eficiência energética até 2030 para manter o planeta na
caminho rumo às metas do Acordo de Paris. É o que revela um novo relatório da
ONU Meio Ambiente, divulgado pela Aliança Global do setor no início deste mês
(11).
Levantamento aponta que essa área produtiva responde por 39% das emissões
de gás carbônico associadas ao consumo e à produção de energia.
A pesquisa indica que, em 2016, a superfície de
áreas construídas alcançou a marca de 235 bilhões de metros quadrados. Ao longo
dos próximos 40 anos, outros 230 bilhões serão erguidos — é como se, até 2060,
nós adicionássemos anualmente ao planeta o equivalente à área do Japão. Por
semana, construiríamos uma nova Paris.
De 2010 a 2016, o crescimento populacional, o
aumento da área explorada pelo setor de construção e a maior demanda por
energia provocaram um aumento na procura por eletricidade em edifícios. O
acréscimo foi igual ao total de energia consumida pela Alemanha durante o mesmo
período.
De acordo com o relatório, o problema com a
expansão do setor está no fato de que, ao longo das próximas quatro décadas,
dois terços de todos os prédios construídos serão levantados em países onde não
há normas obrigatórias sobre uso eficiente de energia. Mais da metade dessas
edificações será erguida nos próximos 20 anos.
“Embora a intensidade energética do setor de
construções tenha melhorado, isso não foi suficiente para compensar a crescente
demanda por energia. Uma ação ambiciosa é necessária sem postergações a fim de
evitar o congelamento de ativos em prédios ineficientes, de longa vida, por
décadas”, avaliou o diretor-executivo da Agência Internacional de Energia,
Fatih Birol.
A intensidade energética é calculada por meio da
divisão do consumo total de energia — de um país ou setor da economia — pelo
Produto Interno Bruto (PIB) ou, no caso de segmentos produtivos, pela parcela
de riquezas por eles geradas. Quanto maior o número, maior a eficiência na
utilização de energia.
Segundo a Agência Internacional de Energia e a
ONU Meio Ambiente, entidades responsáveis pela pesquisa, essa taxa precisa
aumentar em 30%, quando considerado o desempenho do setor de construção e
edificações. Os dados mais recentes, porém, indicam que estamos indo no caminho
contrário.
De 2010 a 2016, as emissões de gás carbônico do
setor aumentaram quase 1% por ano, acumulando um volume de 76 gigatoneladas de
CO2 liberadas na atmosfera. As promessas do Acordo de Paris exigirão esforços
significativos — o tratado prevê a redução das emissões do setor a um teto
anual de 4,9 gigatoneladas.
O incremento de 30% na intensidade energética
exigirá quase o dobro dos atuais avanços em performance energética dos prédios
já construídos. Melhorias teriam de chegar a mais de 2% por ano até 2030. Isso
significa que construções com zero emissão e zero gasto de energia terão de se
tornar o padrão global na próxima década.
A taxa de reformas dos sistemas de energia de
edifícios também terá de aumentar, passando de 1 a 2% para entre 2 e 3%.
Projetos de recondicionamento são particularmente importantes em países da
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), onde em torno
de 65% dos prédios que existirão em 2060 já foram construídos.
Para o diretor-executivo da ONU Meio Ambiente,
Erik Solheim, progressos identificados no setor foram muito pequenos em anos
recentes e não estão acompanhando a urgência da necessidade de transformações.
“Explorar o potencial do setor de edificações e construção exige esforços de
todos, em particular para lidar com o rápido crescimento de investimentos em
construção ineficiente e intensiva (no que tange ao consumo de carbono)”,
disse.
A publicação aponta estratégias para reverter
esse cenário. Entre elas, estão a criação de incentivos de mercado para
estimular a adoção de modelos sustentáveis; a implementação de códigos e
políticas de construção, incluindo programas de certificação e rotulagem;
investimentos em larga escala em soluções tecnológicas de baixo carbono; e
iniciativas de divulgação de informação e conscientização junto a investidores
e gestores.
Como exemplo bem-sucedido de prédio adequado aos
imperativos de sustentabilidade, o relatório cita o edifício Edge, em Amsterdã.
A construção explora o uso da luz natural e faz uso de energia solar, além de
mobilizar tecnologias inteligentes, como sistemas de ventilação automáticos que
funcionam por sensor ou por meio de interação com os usuários.
Acesse o relatório clicando aqui.
Fonte: EcoDebate
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