Caixas de
pizza podem baratear reflorestamento.
Técnica simples e barata pode auxiliar na
reabilitação de áreas degradadas com um custo até 50% menor em comparação aos
métodos tradicionais. Trata-se do uso de papelão para controle do capim no
coroamento (capina ao redor) de mudas em ações de reflorestamento. O produtor
pode utilizar até mesmo caixas usadas de pizza. Desenvolvida por pesquisadores
da Embrapa Agrobiologia, a técnica pode viabilizar financeiramente a adoção da
recuperação de pastagens para pequenos produtores. O Brasil tem hoje cerca de
21 milhões de hectares de Áreas de Preservação Permanente e Reserva Legal que
precisam ser restauradas, a maioria sob uso de pastagem.
Esse método já utilizado em lavouras é novidade em
ações de reflorestamento com espécies nativas.
Nos projetos de recomposição
florestal, a maior parte dos custos está associada ao controle de plantas
daninhas que colocam em risco o crescimento e a sobrevivência das mudas. Cerca
de dois terços do investimento é destinado ao controle da chamada
matocompetição. “Temos várias soluções para isso.
O uso de herbicida é a mais
comum na agricultura, mas é pouco utilizada no setor florestal com foco
ambiental, principalmente porque são áreas próximas a recursos hídricos”,
explica o pesquisador Alexander Resende.
A técnica é simples e utiliza um disco ou placa de
papelão, novo ou reutilizado, para proteger a base das mudas de espécies
florestais nos primeiros anos de plantio. A proteção faz com que as gramíneas,
que exercem forte competição com as espécies de reflorestamento, não se
desenvolvam. Com isso, o crescimento das mudas ocorre da mesma forma como se
fosse feito o controle da forma tradicional com enxadas, foices e roçadeiras.
Mas o método tradicional exige muita mão de obra, com rendimento operacional
baixo, o que onera os projetos de reabilitação ambiental.
Foto:
Felipe Ferreira
O pesquisador Guilherme Chaer conta que os
experimentos no campo mostraram que, além de impedir o crescimento das
gramíneas, o papelão aumenta a taxa de sobrevivência das mudas. “De onze
espécies avaliadas, nove apresentaram índice de sobrevivência igual ou superior
a 80% quando coroadas com papelão, enquanto apenas três atingiram esse índice
quando coroadas com a enxada”, disse Chaer.
Embora aumente a sobrevivência das mudas em campo,
o papelão não afeta o crescimento das plantas em relação ao tratamento manual.
Por sua vez, ele pode diminuir em até 10º C a temperatura do solo superficial
nos dias mais quentes e também reduz a perda de água por evaporação. “Isso faz
uma diferença enorme para a planta, tanto para aliviar o estresse térmico como
o estresse hídrico. Ao perder menos água, a planta se beneficia”, comenta.
A pesquisa avaliou o potencial do papelão de
suprimir quatro espécies de gramíneas mais comuns em região de Mata Atlântica:
brachiarão, capim-colonião, capim-rabo-de-burro e capim-quicuio. Em todas elas,
o papelão atuou de forma a inibir seu desenvolvimento.
Técnica permite o uso de caixas de pizza
Os primeiros experimentos de campo foram feitos com
embalagens arredondadas utilizadas para pizza. O objetivo era avaliar a
durabilidade em campo do papelão tratado com substâncias para retardar sua taxa
de decomposição e, consequentemente, prolongar o efeito supressor das
gramíneas.
Os resultados mostraram que, em condições de campo, o papelão
apresenta eficiência de até mais de um ano se impregnado com uma solução à base
de sulfato de cobre.
Segundo Chaer, o sulfato de cobre reduz a
incidência de fungos que decompõem a lignina do material, preservando-o por
mais tempo. “A solução, derivada de soluções utilizadas para tratamento de
madeira, é simples de preparar, apresenta baixo custo e baixa toxicidade, uma
vez que não utiliza o dicromato de potássio comum nestes produtos”.
Para se ter uma ideia da economia que a técnica
possibilita ao agricultor, num coroamento comum feito com enxada, o produtor
gasta em torno de R$ 5.800,00 por hectare no primeiro ano após o plantio,
considerando quatro coroamentos ao longo do ano. Mas ao optar pelo coroamento
com papelão, o custo cai para de R$ 2.800,00. Esses cálculos foram feitos com
embalagens de papelão novas compradas no varejo. Mas, se quiser baixar ainda
mais este custo, o agricultor pode optar por utilizar papelão reciclado.
Fonte: ENVOLVERDE
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