ONU declara Década da Restauração de Ecossistemas para inspirar decisões ousadas em Assembleia Ambiental.
A
Assembleia Geral das Nações Unidas declarou o período 2021-2030
como a Década da ONU da Restauração de Ecossistemas. A nova data é
uma oportunidade única para a criação de empregos, segurança
alimentar, enfrentamento da mudança do clima, conservação da
biodiversidade e fornecimento de água. Duas agências da ONU – ONU
Meio Ambiente e FAO – lideram a implementação da Década.
O
anúncio antecede a realização da Quarta Assembleia da ONU para o
Meio Ambiente, que é o principal fórum global para tomadas de
decisão em questões ambientais. Entre os dias 11 a 15 de março,
ministros de meio ambiente e representantes do setor privado,
governos, sociedade civil e academia se reunirão em Nairóbi, no
Quênia, para discutir os problemas mais urgentes do nosso tempo –
e os ecossistemas estarão no topo da agenda.
“Estamos
satisfeitos que a nossa visão para uma Década dedicada ao tema se
tornou realidade. Precisamos promover um programa de restauração
agressivo que construa resiliência, reduza a vulnerabilidade e
aumente a capacidade dos sistemas de se adaptar às ameaças diárias
e eventos extremos”, afirmou Lina Pohl, ministra do Meio Ambiente e
Recursos Naturais de El Salvador.
Apesar
de fornecerem inúmeros serviços essenciais, como a provisão de
água doce e alimentos, os ecossistemas-chave estão
diminuindo rapidamente. A degradação dos ambientes terrestres e
marinhos já compromete o bem-estar de 3,2 bilhões de pessoas e
custa cerca de 10% da renda global anual em perda de espécies e
serviços ecossistêmicos.
Em
contrapartida, a restauração de 350 milhões de hectares de terras
degradadas até 2030 pode gerar até nove trilhões de dólares em
serviços ecossistêmicos e remover de 13 a 26 gigatons
adicionais de gases do
efeito estufa da atmosfera.
“A
Década das Nações Unidas para a Restauração dos Ecossistemas
ajudará os países a enfrentar os impactos da mudança do clima e da
perda da biodiversidade”, disse
José Graziano da Silva, diretor-geral da Organização das Nações
Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).
“Os
ecossistemas estão sendo degradados a uma taxa sem precedentes.
Nossos sistemas alimentares globais e a subsistência de milhões de
pessoas dependem de todos nós trabalhando juntos para restaurar
ecossistemas saudáveis e sustentáveis para o presente e o futuro”,
acrescentou Graziano.
“A
ONU Meio Ambiente e a FAO estão honradas em liderar a implementação
da Década com nossos parceiros. A degradação dos nossos
ecossistemas tem causado um impacto devastador nas pessoas e no meio
ambiente. Estamos animados com o fato de que o impulso para restaurar
nosso ambiente natural vem ganhando ritmo, porque a natureza é nossa
melhor aposta para enfrentar as mudanças do clima e garantir o
futuro”, afirmou Joyce Msuya, diretora-executiva interina da ONU
Meio Ambiente.
Apelo à ação global
Atualmente,
cerca de 20% da superfície do planeta apresenta declínio na
produtividade ligada à erosão, ao esgotamento e à poluição em
todas as partes do mundo. Até 2050, a degradação e as mudanças
climáticas poderão reduzir o rendimento das colheitas em 10% a
nível mundial e até 50% em certas regiões.
A
Década, um apelo à ação global, reunirá apoio político,
pesquisa científica e fortalecimento financeiro para alavancar
iniciativas-piloto bem-sucedidas para restaurar milhões de hectares.
Pesquisas mostram que mais de 2 bilhões de hectares de paisagens
desmatadas e degradadas em todo o mundo oferecem potencial para
restauração.
A
Década acelerará as metas existentes de restauração global –
como o Desafio
de Bonn, que visa restaurar 350 milhões de hectares de
ecossistemas degradados até 2030, uma área quase do tamanho da
Índia.
Atualmente,
57 países, governos subnacionais e organizações privadas se
comprometeram a contribuir com mais de 170 milhões de hectares
restaurados. Esse esforço se baseia em esforços regionais, como
a Iniciativa 20×20 na
América Latina, que visa restaurar 20 milhões de hectares de
terras degradadas até 2020, e a Iniciativa
AFR100 de Restauração da Paisagem Africana de Floresta, cujo
objetivo é restaurar 100 milhões de hectares de terras degradadas
até 2030.
A
restauração dos ecossistemas é um processo que visa reverter a
degradação de ambientes como paisagens, lagos e oceanos,
recuperando suas funcionalidades ecológicas, ou seja, melhorando a
produtividade e capacidade dos ecossistemas para atender às
necessidades da sociedade. Isso pode ser feito, por exemplo, ao
permitir a regeneração natural de ecossistemas superexplorados ou
pelo plantio de árvores.
A
restauração dos ecossistemas é fundamental para alcançar os
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, os
ODS, principalmente aqueles sobre mudança do clima, erradicação da
pobreza, segurança alimentar e conservação da água e da
biodiversidade. É também um pilar das convenções ambientais
internacionais, como a Convenção de Ramsar sobre as zonas úmidas e
as Convenções do Rio sobre biodiversidade, desertificação e
mudança climática.
Fonte:
ENVOLVERDE
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