Saiba tudo sobre o Encontro de
Regularização Ambiental.
Mais de 100 pessoas estiveram no
Museu de História Natural de Alta Floresta para dialogar e trocar
experiências sobre a implementação da regularização ambiental
dos imóveis rurais de Mato Grosso. Servidores públicos, estudantes
universitários, professores, profissionais autônomos e do terceiro
setor de municípios das regiões Norte e Noroeste passaram dois dias
reunidos em torno das experiências de adequação das propriedades
rurais à legislação florestal e inovações em recuperação de
áreas degradadas.
Reunimos aqui os principais momentos
do debate: fotos, vídeos, e os principais destaques das mesas e
debates.
Veja a galeria de fotos do Encontro:
Veja a galeria de fotos do Encontro:
Seis anos de Código Florestal
Um dos pilares do atual Código
Florestal Brasileiro, que completou seis anos em maio, é a
regularização ambiental. A legislação prevê a recomposição da
vegetação nativa em áreas de preservação permanente e de
reservas legais que estejam degradadas ou alterada nos imóveis
rurais.
Para Roberta Del Giudice,
secretária-executiva do Observatório do Código Florestal, mesmo
com as dificuldades na regulamentação que levem à efetiva
restauração florestal, deve-se atentar para o prazo de adequação
aos regramentos previstos, que tem a data final de 28 de maio de 2032
– 20 anos da promulgação dessa legislação. Ou seja, até lá,
todos os passivos de reserva legal e APP devem estar resolvidos.
Cadastro Ambiental Rural
Pouco mais de um ano após a Secretaria de Estado de Meio Ambiente de Mato Grosso (Sema/MT) colocar em funcionamento o Sistema Matogrossense de Cadastro Ambiental Rural (SIMCAR), começa-se a avaliar seu funcionamento na gestão dos projetos de CAR no estado. Nesse período, dos quase 50 mil projetos retificados ou novos projetos inseridos no sistema, menos de 8 mil foram analisados e apenas 1622 foram validados.
Marcos Ferreira, coordenador de
Restauração de Ecossistemas da Sema, destacou a importância da
participação de profissionais, sociedade civil e público em geral
nas discussões públicas das mudanças de legislação. Ele também
frisou a importância da academia ocupar melhor estes espaços.
Weslei Butturi, engenheiro florestal
e analista de geotecnologias do ICV, apresentou os trabalhos que o
Instituto vem desenvolvendo na região norte do estado de Mato
Grosso, mais precisamente nos municípios de Alta Floresta, Carlinda
e Paranaíta. Em parceria com as Secretarias de Meio Ambiente e
Agricultura dos três municípios, o ICV realizou a retificação de
952 projetos de CAR de imóveis rurais pertencentes a agricultura
familiar. Este trabalho apoiado pela Climate and Land Use Alliance
(CLUA) tem por objetivo a implementação do código florestal nos
imóveis rurais da agricultura familiar. Técnicos foram contratados
pela organização especialmente para realizar este trabalho.
Juliana Ferreira, engenheira
agrônoma e sócia da empresa Ecocampo, falou sobre as experiências
na elaboração de projetos de CAR usando a plataforma SIMCAR.
Segundo ela faz-se necessário melhorar a comunicação entre a Sema
e os técnicos elaboradores de projeto, evitando assim o número de
pendências dos projetos.
PRA e inovações para restauração florestal
O Programa de Regularização Ambiental (PRA), que é o passo seguinte ao CAR para que os imóveis rurais se regularizem, foi bastante abordado no encontro, com destaque par os indicadores regulamentados pela Lei 1.491 de 2018, que passarão a ser utilizados para o monitoramento da recomposição do passivo ambiental nas propriedades. Esse monitoramento deverá ser realizado bianualmente, considerando os indicadores de cobertura de solo, riqueza e densidade da vegetação regenerante nativa.
Diego de Bona, engenheiro florestal
que atua com restauração florestal no ICV, contou que esses
indicadores foram definidos com base em regulamentações de outros
estados, pesquisas e discussões em grupo de trabalho específico,
com a participação de organizações da sociedade civil, órgão
ambiental, instituições acadêmicas e técnicos da área florestal
do setor privado. Os indicadores se configuram como um importante
referencial para o acompanhamento da implementação da regularização
ambiental, de fato.
A escolha das espécies adotadas é
essencial para o sucesso da restauração florestal. Um estudo de
modelagem de espécies potenciais para restauração florestal na
Amazônia Mato-grossense, liderado pelo pesquisador Pedro Eisenlohr,
professor do Campus da Unemat de Alta Floresta, vem analisando como
as espécies florestais na região se desenvolverão em um cenário
de mudanças climáticas.
Inovações
Inovações
Uma das inovações para
planejamento e monitoramento que vem ganhando destaque é o uso de
imagens de altíssima resolução obtidas por aeronaves remotamente
pilotadas (RPA, na sigla, em inglês, também conhecidas como
drones). Trabalho desenvolvido pelo ICV e apresentado por Weslei
Buttturi, engenheiro florestal e analista de geotecnologias, aborda
as experiências na avaliação do indicador de cobertura de solo de
áreas em restauração e sobre o potencial para a identificação de
espécies e densidade de indivíduos.
As imagens com alto nível de
detalhe obtidas com os drones também são adotadas para o
planejamento da recomposição a ser feita. Essa abordagem tem sido
fortalecida recentemente nas propriedades da agricultura familiar,
parceiras do Projeto Redes Socioprodutivas.
Educação ambiental
Educação ambiental
Para o professor Delmonte Roboredo,
da Unemat de Alta Floresta, se fazem necessárias ações inclusive
de educação ambiental, apresentando aos produtores rurais mais
conhecimentos sobre o que é a regularização ambiental. Ele aponta
a necessidade de uma ação integrada entre Sema, Poder Público
Municipal, universidades e sociedade civil, que resulte em maior
esclarecimento à população rural sobre a implementação do Código
Florestal. “Por exemplo, eu estou aprendendo muitas coisas aqui
nesse evento.”.
Para Eriberto Muller, biólogo e
analista do ICV, o encontro foi uma oportunidade de colocar diversos
atores que trabalham com a regularização ambiental para trocar
experiências e aprendizados sobre sua implementação do CAR e da
restauração florestal. “Ficou claro, que precisamos interagir
mais a respeito da regularização ambiental para que as informações
possam chegar de forma clara as pessoas, principalmente os produtores
rurais.
O Encontro sobre Regularização
Ambiental – Caminhos Legais e Inovações, realizado pelo Instituto
Centro de Vida em parceria com o Observatório
do Código Florestal, aconteceu entre os dias 29 e 30 de agosto,
em Alta Floresta, norte de Mato Grosso.
Fonte: ICV
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