No Brasil, nem metade da população adulta alcança o Ensino Médio.
Por
Camila Costa
O
Ensino Médio no Brasil é um gargalo a ser superado pelas escolas e
pelo Estado, para que o país avance na educação. A defasagem da
qualidade do ensino nesta etapa sugere mudanças na matriz
educacional do País. Apenas 58,5% dos jovens concluem a educação
básica até os 19 anos de idade; e a maioria dos que conseguem
concluir sai despreparada para o mercado de trabalho. Como
consequência, o Brasil mantém um elevado número da sua população
adulta que não concluiu o Ensino Médio. Em 2017, 811 mil pessoas
recorreram à Educação de Jovens e Adultos (EJA) para finalizar o
processo de escolarização.
A
informação é da Pesquisa, Coordenação de Trabalho e Rendimento,
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua 2016-2017
(Pnad 2016-2017), elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE). O número de pessoas frequentando o EJA no ano
passado na etapa do ensino médio é 10,6% maior do que a registrada
em 2016. Leia mais aqui.
“Em
certa medida, a reforma do ensino médio é positiva nessa direção.
Estabelece deveres positivos e, como somos uma democracia, e uma
democracia inclusiva, e é importante o alcance integral do
entendimento dessa palavra, temos no Brasil grande contingente da
população adulta brasileira com baixa escolaridade, e tem que se
dar atenção a esse contingente até porque é o contingente,
sociologicamente falando, mais fragilizado”, pondera o
diretor-geral do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
(SENAI), Rafael Lucchesi.
A
oferta de ensino médio articulado com a educação profissional no
Brasil permitiria o desenvolvimento de competências pertinentes ao
mundo do trabalho, com vistas à melhoria da qualidade desta etapa de
ensino e à inserção profissional dos jovens, segundo Lucchesi.
A
recomendação do setor da indústria, enviada aos candidatos à
presidência da República nestas eleições, é criar condições
para implantar a nova Lei do Ensino Médio e revisar marcos
regulatórios, a exemplo da aprendizagem profissional. Confira aqui.
Dados
da Pnad indicam que o País abriga cerca de 70 milhões de pessoas
com mais de 18 anos sem o Ensino Médio completo. “Estamos tendo um
grande desafio de aumentar o contingente de jovens que vão fazer o
ensino médio, ajustar a adequação idade série, bem como melhorar
a qualidade aberta à educação, concomitantemente, temos que
corrigir o problema da matriz educacional”, observa Lucchesi. Para
o grupo etário de 15 a 17 anos, o ideal seria frequentar o ensino
médio, porém, apenas 68,4% estavam na idade/série adequada em
2017, mesma de 2016 (68,0%), de acordo com a Pnad contínua.
O
olhar, segundo ele, deve se voltar, principalmente neste momento,
para a reforma do Ensino Médio (Veja Quadro). Para a especialista em
gestão escolar Juliana Diniz, os tempos mudaram e a educação pede
dinamismo e um ajuste às novas tecnologias. “Num contexto da
modernidade com todas essas possibilidades de mudanças aceleradas,
quando você considera esse cenário e coloca um componente de qual
lugar estamos nas escolas no país, claro que temos cases de sucesso,
mas de regra estão com a cabeça e mentalidade do século 19, 20,
educando alunos do século 21, quando pensa nesse lapso, nos parece
que essa proposta traz um quê de modernidade, possibilitando que
cada um dos alunos escolha determinadas habilidades e com isso tenha
chance de melhorar a qualidade daquilo que se constrói, processo de
escolha, o empoderamento desse aluno, considerando ele pessoa de
potência”, declara Juliana.
Fonte: EcoDebate
Nenhum comentário:
Postar um comentário