quarta-feira, 12 de setembro de 2018


Mato Grosso desmatou quase metade do Cerrado.

Análise com dados do Prodes 2017 mostra que 98% do desmamento no cerrado foi ilegal.

O cerrado ocupa cerca de 360 mil quilômetros quadrados do território de Mato Grosso, 40% da sua área total. Contudo, quase metade disso – 46% do bioma – já foi convertido em outros usos. De agosto de 2016 a julho de 2017, estado foi responsável por 17% de todo o desmatamento detectado no cerrado brasileiro, eliminando cerca de 1,2 mil quilômetros quadrados por meio do corte raso. Os números são resultado da análise feita pelo Instituto Centro de vida com dados do Prodes 2017, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

O desmatamento no cerrado no estado detém uma alto grau de ilegalidade: 98% ocorreu em áreas sem autorização válida emitida pelo órgão ambiental estadual. Além disso, 30% do total desmatado está distribuído em polígonos maiores de 100 hectares e em grandes imóveis privados.

Entre 2014 e 2017, houve aumento de 24% na taxa de desmatamento no estado, índice que vai na contramão da tendência para o Brasil. No mesmo período, o bioma como um todo teve redução de 31% no desmatamento.
Taxa de desmatamento (km²) no bioma Cerrado de agosto de 2012 a julho de 2017

Dia do Cerrado

O Cerrado é o segundo maior bioma brasileiro em extensão e a savana mais rica em biodiversidade do mundo. Com alto grau de endemismo, o bioma abriga mais de 11 mil espécies de plantas nativas já catalogadas. Além da relevância ambiental, do Cerrado depende a sobrevivência de diferentes populações, como povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos, babaçueiros, dentre outras comunidades tradicionais que compõem o patrimônio histórico e cultural brasileiro.

Apesar da sua reconhecida importância, o Cerrado é o bioma brasileiro que mais sofreu alterações pela ocupação humana. A região ocupada por esse bioma é vista pelo setor agropecuário como estratégica na economia brasileira para expansão da fronteira de produção, respondendo atualmente por 60% da produção agrícola anual do país. Nesse contexto, pouco mais da metade do bioma já foi desmatado.
Em 2015, na COP 21, Mato Grosso se comprometeu em eliminar o desmatamento ilegal até 2020, e reduzir o desmatamento total do Cerrado para uma taxa máxima de 150 km² por ano até 2030. Ainda longe de alcançar as metas assumidas internacionalmente, o aumento das já altas taxas de conversão da vegetação nativa demonstram que o combate e o controle do desmatamento no Cerrado em Mato Grosso ainda é um desafio a ser enfrentado, sendo necessário ações mais efetivas sobretudo para coibir as práticas ilegais.

Recomendações

Para reverter essa situação e garantir que as ferramentas de controle do desmatamento cumpram plenamente seu papel, as recomendações do Instituto Centro de Vida trilham dois caminhos: (i) transparência das informações ambientais chaves para o controle; (ii) intensificação do monitoramento e das ações de responsabilização seja pelo poder público quanto pelos compromissos de cadeias.
  1. Disponibilizar as bases de dados completas do CAR, das Autorizações Provisórias de Funcionamento de Atividade Rural (APF), das Autorizações de Desmatamento e da fiscalização para toda a sociedade, permitindo que mercado, sociedade civil e poder público ampliem o controle ambiental e implementem mecanismos restrições de mercado para produtos oriundos de áreas desmatadas ilegalmente.
  1. Aumentar as operações de fiscalização que visem parar a ação de desmate, com confisco de bens associados aos crimes ambientais, impedindo assim que frentes de abertura de novas áreas avancem.
  1. Implantar o uso de ferramentas de autuação remota para ampliar a responsabilização pelo dano ambiental e aumentar a sensação de risco de punição para aqueles que comentem desmatamento ilegal.
  1. Ampliar e aprimorar os compromissos privados contra o desmatamento para Cerrado, buscando reduzir o impacto das cadeias da Carne e da Soja na conversão de áreas nesse bioma.
  1. Estabelecer uma estratégia de validação do CAR no Cerrado.


Fonte: ENVOLVERDE

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