Mais de 50% do semiárido brasileiro está em desertificação acentuado.
Mais de 50% das áreas do semiárido
brasileiro já “estão com processo de desertificação acentuado”,
e cerca de 10 a 15% do território enfrenta uma situação de
desertificação severa. A soma das extensões de terras degradadas
no Ceará, na Bahia e em Pernambuco equivale a “63 mil km²” de
desertificação, informa Iêdo Bezerra de Sá, engenheiro florestal
e pesquisador da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária).
Ele explica que a desertificação é
um fenômeno de degradação ambiental que acontece particularmente
em regiões áridas, semiáridas e subúmidas secas, a exemplo do
Nordeste e de parte do Sudeste brasileiro. Estende-se por 1,03 milhão
de km² (12% da área do País) e atualmente congrega uma população
de 27 milhões de pessoas (12% da população brasileira) vivendo em
1.262 municípios de nove estados da Federação. Em novembro de
2017, mais 73 municípios foram incluídos em decorrência da seca
prolongada.
De acordo com o engenheiro
florestal, no Brasil a desertificação no semiárido tem se agravado
por causa do desmatamento na caatinga. “Ao desmatar a caatinga, os
solos ficam completamente expostos a todas as intempéries”, frisa.
Além do desmatamento, Bezerra de Sá enfatiza que a irregularidade
das chuvas contribui para que a degradação seja ainda mais
acentuada em algumas regiões. “Há locais, por exemplo, aqui onde
estou agora, em Petrolina — que é no extremo oeste de Pernambuco
—, em que chove 450 a 500 milímetros por ano. O grande problema é
essa irregularidade das chuvas: elas caem de forma muito concentrada,
chove muito em pouco tempo, ou seja, os 500 milímetros se concentram
em apenas dois, três meses e, às vezes, 20%, 30% da chuva do ano
cai em apenas um dia”.
No Brasil, as Áreas Susceptíveis à
Desertificação (ASD’s) compreendem cerca de 1.340.863 Km2 (16% do
território brasileiro), abrangendo 1.488 municípios (27% do total),
incluindo territórios dos nove estados do Nordeste, e de dois do
Sudeste (parte de Minas Gerais e do Espírito Santo). Mais de 30
milhões de pessoas (17% da população brasileira) são atingidas
pelo processo. O processo ocorre nas áreas Semiáridas, Subúmidas
Secas e em Áreas do Entorno, nas quais a razão entre a precipitação
anual e evapotranspiração potencial está compreendida entre 0,05 e
0,65.
As áreas mais críticas estão nos
Núcleos de Desertificação, cujos solos já estão degradados de
forma extremamente grave, um processo de desertificação
praticamente irreversível. São eles: Gilbués (PI), Seridó
(RN/PB), Irauçuba (CE), Cabrobó (PE), Cariris Velhos (PB) e Sertão
do São Francisco (BA).
Fonte: ENVOLVERDE
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