Bacia do Rio Formoso é a primeira totalmente monitorada no Brasil.
A bacia hidrográfica do Rio Formoso
é a primeira e única do Brasil a ter sua vazão monitorada 24 horas
por dia. A CAS Tecnologia – empresa especializada no
desenvolvimento de soluções de redes inteligentes e de tecnologia
da informação – estabeleceu uma parceria com o Instituto de
Atenção às Cidades – IAC da Universidade Federal do Tocantins –
UFT no projeto denominado Gestão de Alto Nível, que pretende tornar
a bacia do Rio Formoso sustentável para a produção agrícola
irrigada local.
Ao todo, são 98 bombas hidráulicas
pertencentes aos produtores rurais que captam água para seus
projetos de irrigação. Destas, 77 já possuem o aparelho de medição
instalados. Com o transmissor da CAS Tecnologia, são 63 bombas
hidráulicas. Em média, os produtores rurais retiram 1500 L/s dos
rios e chegam a operar 24h/dia. A título de comparação, a
principal estação elevatória, responsável por abastecer cerca de
70% da capital do Tocantins, Palmas, retira 800 L/s do curso d’água.
“Os volumes captados por cada
bomba são muito altos, em média, 1500 litros por segundo, e com
esse número expressivo de bombas o grande risco é interromper o
fluxo da água na calha do rio, comprometendo assim os demais usos da
água, assim como a fauna e a flora associada ao manancial”,
explica o Dr. Felipe de Azevedo Marques, presidente do IAC/UFT e
Coordenador Geral do Projeto Gestão de Alto Nível. O objetivo do
projeto é restabelecer a segurança hídrica da bacia, reduzir as
incertezas associadas ao volume de água existente e mediar a
quantidade ideal a ser captada pelos produtores rurais sem prejudicar
sua capacidade.
Atualmente, cerca de 40 produtores
instalados no entorno da bacia captam água para seus projetos de
irrigação por meio de bombas hidráulicas. O projeto consiste em um
aparelho conectado a cada uma dessas bombas (formado por medidor de
vazão ultrassônico e por um painel solar) que monitora, em tempo
real, a quantidade de água retirada. A CAS Tecnologia fornece a
tecnologia que faz a coleta e a entrega dos dados para a Universidade
Federal do Tocantins.
“Em campo foram instalados, em
cada bomba, os equipamentos da estação de medição, composta por
uma microusina solar, o medidor ultrassônico de vazão e o
transmissor de dados da CAS Tecnologia, que recebe a leitura de
corrente elétrica e envia essa informação a cada 15 minutos via
rede de telefonia GPRS ou 3G. Os dados seguem para o servidor de
comunicação Hemera Iris , da CAS Tecnologia , na nuvem, que então
são acessados pela Universidade Federal do Tocantins, onde são
armazenados pela aplicação GAN, que decodifica o sinal e o
transforma em um valor de vazão, em litros por segundo. Assim,
pesquisadores ficam de olho nos índices que indicam se a água do
rio está sendo captada corretamente ou não”, explica Pablo
Santana, arquiteto de soluções da CAS Tecnologia.
Em 2016, após uma Crise Hídrica, o
Ministério Público do Estado do Tocantins impetrou uma Ação
Cautelar contra os produtores rurais pela retirada excessiva de água
e contra o Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins) órgão
ambiental fiscalizador. O Tribunal de Justiça, ao receber e analisar
a ação, convidou a Universidade Federal do Tocantins para
contribuir no processo, sob o viés técnico, a fim de apoiar sua
decisão. Foi então que o IAC/UFT apontou uma alternativa: evoluir a
gestão de recursos hídricos na bacia, a fim de reestabelecer a
segurança hídrica aos produtores e ao meio ambiente.
“A Gestão de Alto Nível visa dar
condições ao órgão gestor estadual, o Naturatins, de tomar
providências quanto à redução ou manutenção das vazões
captadas mais rapidamente e assim não ocorrer o comprometimento dos
corpos hídricos ou a suspensão abrupta das captações”, diz
Felipe Marques, que completa: “O princípio da Gestão de Alto
Nível é reduzir as incertezas, permitindo aos usuários e órgão
gestor monitorar permanentemente a disponibilidade e a demanda
hídrica.”
Para que o produtor rural esteja
ciente e atento ao volume de água que capta do rio, o projeto Gestão
de Alto Nível disponibilizou um aplicativo pioneiro no Brasil, que
apresenta tanto a disponibilidade hídrica da bacia bem como as
vazões em tempo real de todas as bombas hidráulicas. A aplicação
pode ser acessada de qualquer dispositivo com acesso à internet. A
partir de um mapa o usuário clica sobre a estação de interesse, de
disponibilidade ou de captação. A partir daí as informações
gerais da estação ou bomba são apresentadas, assim como as vazões
em tempo real e as séries históricas no formato de tabelas e
gráficos dinâmicos, tudo muito fácil de usar.
“Antes do monitoramento, nem o
produtor nem o órgão fiscalizador sabiam quanto de água cada bomba
retirava do curso d’água. Com o monitoramento, o produtor consegue
saber se está captando além de sua vazão ou volume diário
permitido e até mesmo se está captando mais do que a necessidade de
água para a irrigação, podendo reduzir as horas de trabalho da
bomba e também economizar em energia, pois eficiência hídrica é
também eficiência energética”, explica o coordenador técnico da
Gestão de Alto Nível, o Dr. Fernán Vergara do IAC/UFT.
Fonte: ENVOLVERDE
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