Entidade mostra quem é o profissional de sustentabilidade no país.
Criada em 2010, a Abraps –
Associação Brasileira dos Profissionais pelo Desenvolvimento
Sustentável, acaba de concluir sua mais recente sondagem sobre o
perfil dos profissionais que atuam na área, abrangendo quatro
setores: Empresas, Governo, Academia e 3º Setor. Realizado a cada
dois anos, em 2013 o estudo mapeou cargos e remuneração; em 2015
incluiu as estruturas organizacionais, papeis e responsabilidades dos
profissionais; agora em 2017 ampliou a pesquisa para órgãos
públicos e meio acadêmico.
A sondagem, que teve 244
respondentes vinculados à Abraps e sua ampla rede de relacionamento,
trouxe algumas visões interessantes sobre o grau de maturidade do
tema dentro das organizações, os desafios para avançar a agenda de
sustentabilidade – especialmente diante de um cenário de crise
econômica e mudanças regulatórias -, e a dificuldade de traçar
limites claros sobre o que seria um “profissional de
sustentabilidade”.
Confirmando a multidisciplinaridade
da sustentabilidade, percebe-se um alto grau de diversidade na
formação dos profissionais, com predominância das áreas mais
técnicas (38%). Há uma concentração em Gestão Ambiental (14%),
Engenharia (13%), Administração (12%) e Ciências Biológicas
(11%).
Trata-se também de uma profissão
“jovem”, pois a maioria das pessoas atua nesse campo há menos de
15 anos (67%), embora haja profissionais maduros, com mais de 15 anos
de vivência (17%). É interessante notar que a motivação de
carreira é mais filosófica e idealista, como o senso de realização
pessoal (38%) e a admiração pelo tema (30%), e menos financeira.
A faixa salarial predominante (47%)
entre todos os setores pesquisados é de nível médio – de R$ 3
mil a 9 mil/mês. Curiosamente, as mulheres têm remuneração
superior aos homens, dado que merece melhor investigação.
Dentre as atribuições-chave desse
profissional estariam educar e conscientizar o público interno,
reduzir os impactos negativos da operação, prestar contas ao
público externo por meio de relatórios (principalmente acionistas),
estimular à participação institucional em fóruns dedicados a
avançar a agenda da sustentabilidade no mercado e na sociedade e,
com o maior número de respostas (43%), estabelecer metas e criar
indicadores de desempenho específicos.
A primeira descoberta é alentadora:
há um aumento de profissionais voltados ao tema nas pequenas e
médias empresas, demonstrando a viabilidade de implantar ações
sustentáveis em qualquer porte de negócio.
O grau de maturidade da
sustentabilidade nas organizações, vistos todos os setores
conjuntamente, está em desenvolvimento (44%), ou seja, estruturado e
integrado às demais áreas; se somarmos as empresas maduras (27%),
que tem a sustentabilidade como ação sistêmica e vetor
estratégico, com as líderes (11%), que são benchmarks no mercado,
o retrato é positivo, considerando-se que a profissão é
relativamente jovem. Entretanto, a adesão tem ocorrido mais por
força de leis e demandas de mercado, como a exigência de
certificações e relatórios.
Naquelas que possuem uma área
dedicada à sustentabilidade, o setor privado costuma alocá-la
principalmente sob o RH (15%), Marketing (13%), Relações
Institucionais (11%) e Comunicação (9%), que assim concentram 48%
da sua gestão. Nas que não têm uma área específica, o RH e o
Institucional costumam gerir o tema.
O meio acadêmico é o que mais
possui um setor específico (70%), e o Governo o que menos o tem
(31%), entretanto isso pode ser fruto do tema estar “dissolvido”
em diferentes áreas e transversal na organização.
Existe uma percepção difusa sobre
se houve aumento ou diminuição dos investimentos na área, mas a
maioria dos pesquisados (70%) concorda que o tema é de alta
relevância para sua organização, índice que cresceu desde a
sondagem anterior. A quantidade de entrevistados que sente uma
diminuição nos investimentos em relação ao estudo de 2015
cresceu, e 47% dos respondentes consideram esse o principal entrave
para a execução dos projetos na área. A falta de comprometimento
da alta administração (17%), falta de liderança (11%) e carência
de conhecimentos técnicos (11%) indicam a necessidade de inserir
mais treinamentos e conscientização dos gestores na agenda das
organizações, abrindo uma nova frente de atuação para o RH.
Para concluir, a percepção sobre
quais são as atribuições do profissional de sustentabilidade é
bastante variada, o que pode ser explicado pela grande
multidisciplinaridade e transversalidade da área, que vai das
atuações mais técnicas às mais estratégicas, do setor privado ao
meio acadêmico, passando por ONGs e poder público. Uma das
discussões mais atuais é justamente sobre a posição do tema
dentro das organizações: se deveria haver uma área estruturada que
funcione como executora ou facilitadora das demais, monitorando suas
atividades; se a sustentabilidade permearia a cultura interna,
estando inserida nas responsabilidades dos gestores de todas as
áreas, de forma mais distribuída; ou finalmente, se seria um
posicionamento estratégico e sistêmico, que orienta todas as
decisões da organização.
A Abraps espera ter contribuído
para avançar a agenda da sustentabilidade, ao demonstrar a riqueza
do setor e a necessidade de discutir melhor seu escopo, já que é
muito comum que pessoas atuantes na área ainda não se reconheçam
como tal. Uma comunidade unida e que compartilhe experiências será
fundamental para o avanço do tema.
Fonte: ENVOLVERDE
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