Incidência de lesões na medula
espinhal aumenta no verão; Homens jovens são principais vítimas.
Não há no Brasil época mais esperada que o
recesso de final de ano. Sol, calor e muita diversão, com banhos de mar,
piscina, rio e cachoeira. Mas, infelizmente, é nesta época do ano em que o
lazer pode se transformar em um problema de saúde grave, como as lesões da
medula espinhal causadas por mergulhos em águas rasas ou desconhecidas.
Segundo dados da Sociedade Brasileira de Coluna
(SBC), mergulhos mal calculados são a 4ª maior causa de lesão medular no Brasil
e no verão passa a ser a segunda causa, entre pessoas de 10 a 30 anos, ou seja,
nos mais jovens. Homens, na idade média de 21 anos, são as principais vítimas.
De acordo o neurocirurgião, Dr. Iuri Weinmann, do
Centro Neurológico Weinmann, esses acidentes podem levar à graves lesões na
coluna, como fraturas, luxações e, em alguns casos, quadros de paraplegia ou
tetraplegia. “Trata-se de uma emergência médica. Quanto antes o paciente chegar
ao hospital, melhor será o prognóstico”.
“A maioria das lesões ocorre quando a pessoa
mergulha de cabeça em águas desconhecidas, escuras, turvas e rasas. Este tipo
de mergulho lesiona, em geral, entre as seções C4-C6, sendo a C5 a mais
frequente. São lesões completas em que o paciente pode ter perda da função
motora e sensitiva até os segmentos sacrais”, explica o neurocirurgião.
Gravidade depende do local atingido
“Todos os nossos movimentos e sensações têm
origem nos impulsos nervosos que saem do cérebro e são transmitidos pela medula
espinhal. Traumas nessa região podem cortar, comprimir ou danificar essa
estrutura. Quanto mais próxima do pescoço a lesão, maior a gravidade, pois os
sinais nervosos do cérebro deixam de ser enviados para os nervos das vértebras
abaixo daquela que foi lesionada. Por isso, por exemplo, quando a pessoa quebra
o pescoço, pode ser fatal”, explica Dr. Iuri.
Tetraplegia x Paraplegia
“Infelizmente, algumas lesões de medula irão
levar a quadros de tetraplegia ou de paraplegia. A tetraplegia acontece quando
a lesão atinge as vértebras entre as seções C1 a C8. Pode paralisar pernas,
braços e, dependendo da gravidade, pode afetar até mesmo a respiração”, diz Dr.
Iuri. O filme “Como eu era antes de você”, por exemplo, mostra o dia a dia de
um personagem tetraplégico e nos dá uma boa ideia dos desafios enfrentados
pelas pessoas com tetraplegia.
Dr. Iuri explica que a paraplegia ocorre quando a
lesão da medula acontece abaixo dos níveis espinais torácicos (T1 a L5). “As
pessoas com paraplegia conseguem movimentar as mãos, mas o grau de mobilidade
das pernas irá depender da gravidade da lesão. Uma parcela irá ficar totalmente
paralisada da cintura para baixo e outra poderá apresentar dificuldade de
mobilidade ou perda de sensibilidade na parte inferior do corpo”.
Vale lembrar que nem toda lesão na medula
espinhal irá causar a tetraplegia ou a paraplegia, mas o risco existe.
Prognóstico
Hoje, graças aos avanços da neurocirurgia e da
medicina intensiva, as lesões da medula espinhal podem ser tratadas.
Entretanto, a recuperação pode levar meses ou anos. “Os danos permanentes só
poderão ser calculados após alguns meses, quando poderemos definir se a lesão
foi completa (perda de movimentos e sensações abaixo do nível do trauma) ou
incompleta (preservação de certas funções motoras e sensações)”, explica Dr.
Iuri.
Prevenção
Veja agora algumas dicas para curtir o verão com
segurança:
* Antes de mergulhar, certifique-se qual a
profundidade da água. Estima-se que 89% das lesões de medula acontecem em águas
rasas, com profundidade de menos de 1,53 m;
* Se for mergulhar, certifique-se que a
profundidade tem pelo menos o dobro da sua altura;
* Se estiver alcoolizado, evite pular ou
mergulhar em rios, cachoeiras e piscinas;
* Jamais pule de pedras ou penhascos;
* Não mergulhe em locais totalmente desconhecidos;
* Evite pular de cabeça, ao mergulhar em pé a
probabilidade de lesionar a medula é menor;
* Águas turvas ou escuras podem esconder pedras
ou bancos de areia, portanto não mergulhe nestas condições.
Fonte: EcoDebate
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