Brasil tem 25,4% de sua população
vivendo na linha de pobreza, com renda familiar equivalente a R$ 387,07.
No Brasil, 25,4% da população vivia em situação
de pobreza em 2016, de acordo com o critério adotado pelo Banco Mundial, que
considera pobre quem ganha menos do que US$ 5,5 por dia nos países em
desenvolvimento. Esse valor equivale a uma renda domiciliar per capita de R$
387 por mês, ao considerar a conversão pela paridade de poder de compra. Dados
e mapa: IBGE.
Cerca de 50 milhões de brasileiros, o equivalente
a 25,4% da população, vivem na linha de pobreza e têm renda familiar
equivalente a R$ 387,07 – ou US$ 5,5 por dia, valor adotado pelo Banco Mundial
para definir se uma pessoa é pobre.
Os dados foram divulgados na sexta-feira (15), no
Rio de Janeiro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e
fazem parte da pesquisa Síntese de Indicadores Sociais 2017 – SIS 2017. Ela
indica, ainda, que o maior índice de pobreza se dá na Região Nordeste do país,
onde 43,5% da população se enquadram nessa situação e, a menor, no Sul: 12,3%.
A situação é ainda mais grave se levadas em conta
as estatísticas do IBGE envolvendo crianças de 0 a 14 anos de idade. No país,
42% das crianças nesta faixa etária se enquadram nestas condições e sobrevivem
com apenas US$ 5,5 por dia.
A pesquisa de indicadores sociais revela uma
realidade: o Brasil é um país profundamente desigual e a desigualdade gritante
se dá em todos os níveis.
Seja por diferentes regiões do país, por gênero –
as mulheres ganham, em geral, bem menos que os homens mesmo exercendo as mesmas
funções -, por raça e cor: os trabalhadores pretos ou pardos respondem pelo
maior número de desempregados, têm menor escolaridade, ganham menos, moram mal
e começam a trabalhar bem mais cedo exatamente por ter menor nível de
escolaridade.
Um país onde a renda per capita dos 20% que
ganham mais, cerca de R$ 4,5 mil, chega a ser mais de 18 vezes que o rendimento
médio dos que ganham menos e com menores rendimentos por pessoa – cerca de R$
243.
No Brasil, em 2016, a renda total apropriada
pelos 10% com mais rendimentos (R$ 6,551 mil) era 3,4 vezes maior que o total
de renda apropriado pelos 40% (R$ 401) com menos rendimentos, embora a relação
variasse dependendo do estado.
Entre as pessoas com os 10% menores rendimentos
do país, a parcela da população de pretos ou pardos chega a 78,5%, contra 20,8%
de brancos. No outro extremo, dos 10% com maiores rendimentos, pretos ou pardos
respondiam por apenas 24,8%.
A maior diferença estava no Sudeste, onde os
pretos ou pardos representavam 46,4% da população com rendimentos, mas sua
participação entre os 10% com mais rendimentos era de 16,4%, uma diferença de
30 pontos percentuais.
Desigualdade acentuada
No que diz respeito à distribuição de renda no
país, a Síntese dos Indicadores Sociais 2017 comprovou, mais uma vez, que o
Brasil continua um país de alta desigualdade de renda, inclusive, quando
comparado a outras nações da América Latina, região onde a desigualdade é mais
acentuada.
Segundo o estudo, em 2017 as taxas de desocupação
da população preta ou parda foram superiores às da população branca em todos os
níveis de instrução. Na categoria ensino fundamental completo ou médio
incompleto, por exemplo, a taxa de desocupação dos trabalhadores pretos ou
pardos era de 18,1%, bem superior que o percentual dos brancos: 12,1%.
“A distribuição dos rendimentos médios por
atividade mostra a heterogeneidade estrutural da economia brasileira. Embora
tenha apresentado o segundo maior crescimento em termos reais nos cinco anos
disponíveis (10,9%), os serviços domésticos registraram os rendimentos médios
mais baixos em toda a série. Já a Administração Pública acusou o maior
crescimento (14,1%) e os rendimentos médios mais elevados”, diz o IBGE.
Saiba Mais
O peso da escolaridade
Os dados do estudo indicam que, quanto menos
escolaridade, mais cedo o jovem ingressa no mercado de trabalho. A pesquisa
revela que 39,6% dos trabalhadores ingressaram no mercado de trabalho com até
14 anos.
Para os analistas, “a idade em que o trabalhador
começou a trabalhar é um fator que está fortemente relacionado às
características de sua inserção no mercado de trabalho, pois influencia tanto
na sua trajetória educacional – já que a entrada precoce no mercado pode inibir
a sua formação escolar – quanto na obtenção de rendimentos mais elevados”.
Ao mesmo tempo em que revela que 39,6% dos
trabalhadores ingressaram no mercado com até 14 anos, o levantamento indica
também que este percentual cresce para o grupo de trabalhadores que tinha
somente até o ensino fundamental incompleto, chegando a atingir 62,1% do total,
enquanto que, para os que têm nível superior completo, o percentual despenca
para 19,6%.
Ainda sobre o trabalho precoce, o IBGE constata
que, em 2016, a maior parte dos trabalhadores brasileiros (60,4%) começou a
trabalhar com 15 anos ou mais de idade. Entre os trabalhadores com 60 anos ou
mais houve elevada concentração entre aqueles que começaram a trabalhar com até
14 anos de idade (59%).
A análise por grupos de idade mostra a existência
de uma transição em relação à idade que começou a trabalhar, com os trabalhadores
mais velhos se inserindo mais cedo no mercado de trabalho, o que pode ser
notado porque 17,5% dos trabalhadores com 60 anos ou mais de idade começaram a
trabalhar com até nove anos de idade, proporção que foi de 2,9% entre os jovens
de 16 a 29 anos.
O IBGE destaca que os trabalhadores de cor preta
ou parda também se inserem mais cedo no mercado de trabalho, quando comparados
com os brancos, “característica que ajuda a explicar sua maior participação em
trabalhos informais”.
Já entre as mulheres foi maior a participação das
que começaram a trabalhar com 15 anos ou mais de idade (67,5%) quando
comparadas com a dos homens (55%). Para os técnicos do instituto, esta inserção
mais tardia das mulheres no mercado de trabalho pode estar relacionada “tanto
ao fato de elas terem maior escolaridade que os homens, quanto à maternidade e
os encargos com os cuidados e afazeres domésticos”.
Cresce percentual dos que não trabalham
nem estudam
O percentual de jovens que não trabalham nem
estudam aumentou 3,1 pontos percentuais entre 2014 e 2016, passando de 22,7%
para 25,8%. Dados da pesquisa Síntese de Indicadores Sociais 2017 indicam que,
no período, cresceu o percentual de jovens que só estudavam, mas diminuiu o de
jovens que estudavam e estavam ocupados e também o de jovens que só estavam
ocupados.
O fenômeno ocorreu em todas as regiões do Brasil.
No Norte, o percentual de jovens nessa situação passou de 25,3% para 28,0%. No
Nordeste, de 27,7% para 32,2%. No Sudeste, de 20,8% para 24,0%. No Sul, de
17,0% para 18,7% e no Centro-Oeste, de 19,8% para 22,2%.
Ele atingiu, sobretudo, os jovens com menor nível
de instrução, os pretos ou pardos e as mulheres e com maior incidência entre
jovens cujo nível de instrução mais elevado alcançado era o fundamental
incompleto ou equivalente, que respondia por 38,3% do total.
Pobreza é maior no Nordeste
Quando se avalia os níveis de pobreza no país por
estados e capitais, ganham destaque – sob o ponto de vista negativo – as
Regiões Norte e Nordeste com os maiores valores sendo observados no Maranhão
(52,4% da população), Amazonas (49,2%) e Alagoas (47,4%).
Em todos os casos, a pobreza tem maior incidência
nos domicílios do interior do país do que nas capitais, o que está alinhado com
a realidade global, onde 80% da pobreza se concentram em áreas rurais.
Ainda utilizando os parâmetros estabelecidos pelo
Banco Mundial, chega-se à constatação de que, no mundo, 50% dos pobres têm até
18 anos, com a pobreza monetária atingindo mais fortemente crianças e jovens –
17,8 milhões de crianças e adolescentes de 0 a 14 anos, ou 42 em cada 100
crianças.
Também há alta incidência em homens e mulheres
pretas ou pardas, respectivamente, 33,3% e 34,3%, contra cerca de 15% para
homens e mulheres brancas. Outro recorte relevante é dos arranjos domiciliares,
no qual a pobreza – medida pela linha dos US$ 5,5 por dia – mostra forte
presença entre mulheres sem cônjuge, com filhos até 14 anos (55,6%). O quadro é
ainda mais expressivo nesse tipo de arranjo formado por mulheres pretas ou
pardas (64%), o que indica, segundo o IBGE, o acúmulo de desvantagens para este
grupo que merece atenção das políticas públicas.
Fonte: Agência Brasil
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