terça-feira, 26 de dezembro de 2017

ODS7 – E quando o combustível dos carros for eletricidade?
Quando todos os carros do Brasil forem elétricos, que impacto suas recargas causariam na rede elétrica. De acordo com a pesquisadora da FGV Energia, Tatiana Bruce, uma situação em que todos os veículos elétricos (VEs) do país estarão ligados na tomada simultaneamente é possível, mas altamente improvável. “Quando os carros 100% elétricos forem parte significativa da frota brasileira, a tecnologia e regulação terão evoluído de forma que recargas desordenadas, que elevariam perigosamente a demanda de pico, não serão a norma”, explica Tatiana Bruce. A pesquisadora da FGV Energia ressalta que a descarbonização no setor de transportes até 2030 ocorrerá por meio da utilização de biocombustíveis. Bruce aponta que o Relatório de Mobilidade Elétrica, desenvolvido pelo Grupo de Estudos do Setor Elétrico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (GESEL), descreve um cenário no qual os VEs representam 20% da frota nacional, percorrendo 8 mil km por ano e consumindo 6 kWh/km. A pesquisadora menciona que todas essas baterias de veículos elétricos são uma grande oportunidade de armazenamento de energia para fontes intermitentes, como a eólica e solar.  

Fonte ENVOLVERDE
ODS15 – Inimigo secreto: venda de papagaios estimula prática ilegal.
No período do Natal alguns presentes parecem inofensivos, mas podem trazer a ilegalidade com eles. 

É o caso dos papagaios. Por serem dóceis, amigáveis e fáceis de domesticar, esses animais se tornam objetos de desejo de muitas pessoas, assim como suas cores chamativas, que também são um forte atrativo. É nesse momento que os consumidores se tornam alvos fáceis dos traficantes de animais silvestres. O período entre agosto e dezembro é considerado o de reprodução do papagaio-verdadeiro, espécie mais domesticada e mais traficada no estado do Mato Grosso do Sul (MS). Nesta época, cresce a venda ilegal dessas aves que, normalmente, são comercializadas ilegalmente ainda quando filhotes. A diferença de preço de aves clandestinas pode chegar a ser até sete vezes menor que o praticado por criadouros legalizados e certificados. Antes de decidir comprar um papagaio como animal de estimação, algumas informações também são importantes. De acordo com a bióloga Neiva Guedes, membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza, essas aves são valiosas na natureza por serem polinizadores importantes e também por serem conhecidas como engenheiras ambientais, pois seus ninhos são usados por outras aves posteriormente.

Fonte: ENVOLVERDE
Centro Sebrae de Sustentabilidade (CSS) é finalista do prêmio mundial BREEAM Awards 2018.
Por Vanessa Brito, do Centro SEBRAE de Sustentabilidade – 

O Centro Sebrae de Sustentabilidade (CSS), unidade de referência nacional do Sistema Sebrae em sustentabilidade, situado em Cuiabá (MT), é finalista e representará o continente americano na premiação mundial BREEAM Awards 2018.

A solenidade de entrega do prêmio será, em 6 de março de 2018, no London’s ExCeL Centre, como parte da programação do Ecobuild 2018, o maior evento de materiais para a construção sustentável do mercado mundial, realizado pela Building Research Establishment (BRE).

A BRE é uma instituição inglesa, fundada em 1921, como entidade filantrópica para apoiar a reconstrução de Londres, no pós-segunda guerra. Nas últimas décadas, se transformou em fundação e se tornou referência mundial na ciência da construção e de projetos inovadores e sustentáveis.
O BREEAM é o mais antigo selo de sustentabilidade, criado em 1990, está presente em mais de 50 países e já certificou mais de 250 mil prédios de diversos países e vários continentes, entre novos e antigos.
Vista interna do Centro SEBRAE de Sustentabilidade.

Concorrência

O CSS concorreu com cinco projetos norte-americanos e foi escolhido para representar o continente americano na categoria Prêmio Regional/Novas Construções Em Uso no certame mundial.

Os projetos concorrentes foram: Flatlron Crossing, Colorado; Kierland Commons, Arizona; Plant and Environmental Sciences Building, University of Califórnia; Queens Center, New York; e Scottsdale Fashion Square, Arizona.

 Sabedoria indígena

O projeto arquitetônico do Centro é de autoria de José Afonso Botura Portocarrero, arquiteto, professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e Doutor em habitações indígenas brasileiras. Em formato ogival, o edifício é baseado no conhecimento ancestral e nas casas indígenas do Xingu, consideradas exemplares em termos de arquitetura bioclimática. O processo de construção incluiu a participação de mulheres, reaproveitamento de resíduos (madeiras, pedras, etc) e o projeto se adaptou ao terreno em declive, evitando a terraplanagem e preservando a vegetação nativa.
Entre as vantagens e benefícios do projeto, se destacam: conforto térmico; utilização máxima da iluminação natural; cobertura em duas cascas, que possibilitam o resfriamento interno do prédio e a captação de água da chuva, que é filtrada e armazenada para uso na irrigação do jardim, lavagem de piso; banheiros; entre outros. Há, também, uma instalação de vermicompostagem, que recebe resíduos orgânicos da lanchonete e da poda de árvores e plantas.

O jardim do CSS é integrado por espécies dos biomas presentes em Mato Grosso: Cerrado, Pantanal e Amazônia. Dez estações interativas sobre diversos temas (resíduos, água, energia, consumo, etc) compõem as visitas guiadas para visitantes, que são agendadas com antecedência.

Conhecimento para pequenos negócios

Há seis anos,  o CSS vem conquistando certificações, prêmios e visitantes. No período de 2011 a 2016, recebeu cerca de 70 mil visitantes brasileiros e de 26 países, entre empresários, arquitetos, engenheiros, universitários e pessoas interessadas na causa da sustentabilidade e em ecoinovação.

A missão do Centro é introduzir o conceito de sustentabilidade na vida das micro e pequenas empresas e dos empreendedores, enquanto protagonistas e integrantes de um setor robusto e relevante (98% das empresas brasileiras) no desenvolvimento sustentável brasileiro. O objetivo de todas as iniciativas é estimular o ingresso e a participação desses empreendimentos, o quanto antes, na chamada ‘economia de transição’ ou ‘nova economia’, que considera os resultados econômicos (rentabilidade e lucro), mas também prioriza objetivos ambientais, sociais e culturais.

Conteúdos, produtos e redes sociais

Nesse edifício, trabalha uma equipe multidisciplinar (engenheiros civil, ambiental, florestal, eletricista e sanitarista; arquiteto; jornalista; publicitária; e advogado) que, em parceria com especialistas e consultores, desenvolvem conhecimento, informações e orientações para os pequenos negócios (temáticos e por setores e segmentos).

Ao longo de seis anos, esta equipe e parceiros desenvolveram e disponibilizaram ao público, por meio do portal www.sustentabilidade.sebrae.com.br,  :

.448 conteúdos (cartilhas, pesquisas, infográficos, vídeos, estudos de tendências e relatórios de inteligência setoriais);

. 80 publicações, metodologias e soluções construídas em conjunto com as unidades estaduais do Sebrae e Sebrae Nacional (Certificação de Conhecimentos em Sustentabilidade; Trilha de Sustentabilidade para pequenos negócios; Jogos Negócios Sustentáveis; Curso Fundamentos da Sustentabilidade na Gestão Empresarial de Pequenos negócios; Metodologia de Inventário de Gases de Efeito Estufa em Pequenos Negócios; Curso Energia Solar Fotovoltaica).

Nesse período, o Centro contabilizou mais de 7 milhões de pessoas alcançadas via portal www.sustentabilidade.sebrae.com.br   e redes sociais (YouTube, Facebook, Twitter e Instagram).

Sol parceiro

Em relação à infraestrutura do CSS e do Sebrae MT, foram implantadas duas microusinas de geração solar fotovoltaica (45 kW e 75 kW), em maio/2016, que tornaram o Centro 100% autossuficiente em energia e reduziu, em até 40%, o consumo energético da sede da instituição.

Desse modo, o Centro também se tornou exemplo no uso de energia solar para os pequenos negócios. 

As microusinas demonstram que investir em tecnologia solar reduz custos das empresas e o retorno do investimento ocorre em relativamente poucos anos.

Prêmios e  certificações

Até o momento, o CSS conquistou as seguintes certificações e prêmios:

. Selo PROCEL Edifica Nivel A em projeto e edificação construída, em 2013;

. Prêmio COBEE (Congresso Brasileiro de Eficiência Energética), em 2014;

.Prêmio ISWA (International Solid Waste Association) para o Guia Prático para a Sustentabilidade nos Pequenos Negócios, em 2014;

. Finalista do Prêmio Fecomércio de Sustentabilidade, em 2014;

. Certificação BREEAM In-use, classificação “Excelente” do Building Establishment Environmental Assessment Method (BREEAM), em 2016 (foi considerado o prédio mais sustentável da América Latina);

.Prêmio 15º Benchmarking Brasil do Instituto Mais, em 2017;

. Certificação Greenbuilding Council Zero Energy (GBC), em 2017;

. Finalista na categoria Prêmio Regional/ Construções Novas e Em Uso da premiação BREEAM Awards 2018 como representante do continente americano.


Fonte: ENVOLVERDE
Histórias da sexualidade.
O programa Histórias da sexualidade: filmes & vídeos, em parceria com a Associação Cultural Videobrasil e a Cinemateca Brasileira, apresentará 34 obras distribuídas em 14 sessões. Serão exibidas produções de diversos contextos artísticos e históricos. As cinco primeiras sessões utilizam parte do acervo da Cinemateca Brasileira e incluem filmes de diferentes décadas, tendo como exemplo O olho mágico do amor, uma das obras mais ousadas e experimentais da Boca do Lixo – importante movimento do cinema independente brasileiro –, ou a produção atual de jovens diretores, como Nova Dubai de Gustavo Vinagre. Há ainda a atuação pioneira de diretoras como Helena Solberg e Ana Carolina, em cujos trabalhos questões sobre sexualidade são mediadas e figuram a partir do ponto de vista feminino. Em um segundo momento, serão projetados alguns filmes e vídeos que possuem ligação direta com a exposição Histórias da sexualidade, como a sessão dedicada à trilogia Nefandus, de Carlos Motta, artista que participará com outro trabalho na mostra, ou o documentário Lampião da Esquina que aborda a produção do jornal gay brasileiro, intitulado com o mesmo nome, que circulou durante os anos de 1978 e 1981. As publicações e registros do jornal também estarão em exposição.

Serviço: de 28.10.2017 a 13.2.2018
Sábados e terças, às 16h – Sessões gratuitas


Fonte: ENVOLVERDE
Conexão CDP 2017: Sinergia público/privado aponta caminhos para o futuro.
por Reinaldo Canto, da Envolverde, especial para o CDP – 

A construção de um futuro sustentável passa necessariamente pela redução das emissões de carbono em empresas e na gestão pública.

No final de novembro a organização Carbon Diclousure Program – CDP – reuniu empresas e representantes de cidade em diversos países para dialogar sobre exemplos de boas ações em mitigação das mudanças climáticas e em uma economia de baixo carbono. O evento realizado em 30/11, no Teatro Vivo, em São Paulo mostrou que existem experiências em lugares bastante diversos como metrópoles brasileiras, municípios médios e cidades latino-americanas.

O encontro, que reuniu empresas, gestores públicos e organizações da sociedade civil, o discurso proposto foi de otimismo, “há sinais suficientes para uma transição para uma economia de baixo carbono”, afirmou Juliana Lopes, diretora do CDP Latin America. Ela deixou claro que ainda falta muito para alcançar resultados que sejam capazes de segurar o aumento médio da temperatura do planeta somente em 2ºC. Os recentes números apresentados na Conferência do Clima na Alemanha (COP 23/Bonn) que deram conta do aumento das emissões nos últimos anos é o exemplo mais claro, “esse é o maior desafio da nossa geração“, enfatizou Dal Marcondes, diretor-executivo da Envolverde, ao abrir os trabalhos do encontro mediando a primeira mesa de discussões.

Durante um dia inteiro o Conexão CDP propôs exatamente esse enfrentamento convergindo à atuação dos atores capazes de transformar a realidade e construir um novo caminho. Para isso, é preciso que todos sejam apresentados, busquem sinergias e, claro cheguem também aos financiadores que desejam e precisam investir em bons projetos.

Experiências que inspiram

Na primeira parte do Conexão CDP foram relatadas iniciativas internacionais de cidades que tem obtido bons resultados no combate às mudanças climáticas e que concomitantemente resultam em melhoria na qualidade de vida de seus moradores.

Lucía Yolanda Alonso, diretora geral de planejamento e coordenação de políticas do governo da Cidade do México, uma das mais importantes e poluídas cidades da América Latina, afirmou que os mexicanos da capital estão comprometidos com ações climáticas. “Estamos focados na transição para energias renováveis”, exemplificou Lucia, destacando os benefícios que essas mudanças trazem para a população, “projetos ambientais tem conexão direta com a qualidade de vida das pessoas”, completou a mexicana. Entre os diversos programas podemos destacar as políticas que visam controlar a poluição atmosférica como a de controle veicular de motores verificados duas vezes ao ano e o manejo de recursos naturais como a conservação de espécies endêmicas (cerca de 60% da Cidade do México possui atividades agropecuárias). Mas o que chamou a atenção foi o projeto de bônus verdes que tem obtido ótimos resultados para os investidores graças à transparência das informações e efetividade na aplicação dos recursos. Um bom exemplo é a destinação desse dinheiro em apoio ao transporte público e investimentos em novas linhas de BRT (Bus Rapid Transit).

Green bounds ou se preferirem bônus verdes também aparecem como aposta de Washington, capital norte-americana, cujos detalhes foram apresentados por Gabriel Thoumi, diretor da Climate Advisers. Como no caso dos Estados Unidos, Gabriel acha que importante também é alertar e orientar os investidores quanto as melhores opções, “procuramos passar informações sobre os riscos econômicos das mudanças climáticas”, explica ele, e completa. “eles precisam ser bem entendidos e que além do mais deixar claro que eles representam boas oportunidades de negócios com reais possibilidades de se obter lucro”. A comercialização de títulos de green bounds com vencimento de 100 anos foi apontado, pelo norte-americano, como um exemplo concreto da aposta de longo prazo dos investidores.

Infográfico do CDP revela o longo trajeto que ainda temos pela frente

O CDP aproveitou o encontro para lançar um infográfico inédito com indicadores de como empresas e cidades na América Latina gerenciam recursos sustentáveis. Segundo Lauro Marins, Gerente Sênior de Relacionamento com as Empresas, “o Infográfico também tem a missão de popularizar e descomplicar as informações para que sejam facilmente entendidos por todos”. Com o Infográfico foi possível saber que das 155 cidades consultadas, 38 reportaram suas emissões, oito delas possuem metas de redução de emissões e outras 32 administrações municipais firmaram compromisso de reduzir em breve as suas emissões. Um dado promissor foi o de que 70% das cidades consultadas enxergam oportunidades de bons negócios na transição para uma economia de baixo carbono.

Em relação ao setor privado, das 95 empresas presentes no infográfico 70% possuem metas de redução das emissões. Uma informação muito relevante mostrada no Infográfico foi que as ações listadas com investimentos na ordem de R$ 896 milhões para melhoria nos processos produtivos incindiram em uma economia de R$ 3,6 bilhões.

Para o gerente Lauro Marins do CDP, o Infográfico apresenta algumas boas notícias, mas deixa claro que muita coisa ainda precisa ser feita, “tanto em relação a cidades como empresas é preciso um maior engajamento e mais trabalho para chegar onde queremos e desejamos”.

Rick Stathers, Head Global de Iniciativas com Investidores do CDP enfatizou em sua apresentação a evolução do investimento responsável e acredita que levar mais informações para a comunidade global, premiar e reconhecer os esforços de empresas e lideranças que tem liderado esse processo é fundamental, além é claro, apontar os riscos para aqueles que acham desnecessárias ações de mitigação, “a biocapacidade do planeta de suportar os altos níveis de consumo e de desperdício já foi superada e as consequências estão aí como as mudanças climáticas e a acidificação dos oceanos, por exemplo”. Um outro ponto destacado por ele foi o de que o mercado de capitais precisa reconhecer os riscos financeiros desses impactos e envidar esforços e claro investimentos naqueles responsáveis por projetos sustentáveis.

Exatamente por isso, o CDP elegeu empresas como MRV e Braskem e cidades tais como Niterói e Rio de Janeiro, La Serena (Chile) e Cidade do México (a melhor da América Latina) para serem premiadas por projetos de sustentabilidade que já conseguem obter ótimos resultados.

Luiz Carlos Xavier, gerente de Desenvolvimento Sustentável da Braskem, destacou a participação no Conexão CDP como a oportunidade de, “encontrar opções e alternativas entre o poder público e a iniciativa privada buscando soluções para caminhar juntos em prol da sustentabilidade”.

Troca de informações e experiências

No que poderemos chamar de segunda parte do Conexão CDP as experiências, boas práticas e ações sustentáveis puderam ser trocadas e discutidas entre os participantes. Nas Rodas de Negócios de 20 minutos cada foram colocados frente a frente empresas, cidades e investidores para aproximar e facilitar os contatos e possíveis parcerias.

Entre números, bons exemplos e riscos cada vez maiores, o Conexão CDP deixou claro que o enfrentamento do aquecimento global e das mudanças climáticas terá que ser uma missão de todos. 

Impactos globais exigem ações globais, mas que começam na cidade, na empresa, mas para chegar a toda sociedade é preciso também o engajamento do setor financeiro, do capital que investe e tem o poder de alavancar e expandir os bons projetos. O CDP Conexão contribuiu para apresentar alguns desses caminhos bastando agora o engajamento de mais investidores conscientes para a roda da história girar no sentido certo!

O CDP é uma organização internacional sem fins lucrativos, formada por grandes investidores interessados na avaliação do desempenho das empresas em função dos desafios ambientais de mudanças climáticas, recursos hídricos e florestas. Atualmente é formada por 827 investidores que administram um total de US$ 100 trilhões em ativos. A organização tem ainda em sua base de respondentes mais de 570 cidades no mundo todo reportando seus dados em 2017.


Fonte: ENVOLVERDE
Conexão CDP 2017 – Relatório mostra esforços das cidades latino-americanas para mitigar mudanças climáticas.
por Katherine Rivas, da Envolverde, especial para o CDP  – 

Especialistas apontam a necessidade de políticas transversais e de longo prazo.

O Carbon Disclousure Program – CDP, organização internacional que atua para mitigar as mudanças do clima e nortear atividades sustentáveis, lançou o relatório dos resultados do ano 2017 sobre o Programa Água, Clima, Florestas executado nas cidades da América Latina.

O evento Conexão 2017 reuniu convidados do meio empresarial e líderes da gestão pública de diversos países, foi avaliada a tomada de decisões conjuntas entre Poderes Privado e Público na procura de garantir uma economia verde e de alta eficiência econômica e investimentos seguros. O Conexão 2017 contou com a participação dos palestrantes Gabriel Thoumi, diretor de Capital da Climate Advisors, consultoria de investimento em mudanças climáticas e Lúcia Alonso Olivera, diretora geral de Planejamento e Coordenação de Políticas da Cidade do México.

Eles destacaram a importância de criar alianças estratégicas entre o setor público e os investidores com foco na sustentabilidade, transporte público e construções de emissão zero. Lúcia Alonso destacou o trabalho do CDP na hora de alinhar responsabilidade ambiental junto ao benefício econômico para dialogar com o poder privado “As empresas sempre vão procurar beneficio econômico, fazer com que valorizem os projetos sempre é um desafio, mas existem organizações como o CDP que podem ser a ponte entre o setor público e privado liderando um trabalho conjunto que possa quebrar barreiras e garantir investimentos ambientais sem riscos” apontou.

O relatório

O relatório avaliou estratégias das cidades para uma economia em transição segundo as metas do Acordo de Paris, com objetivos de longo prazo. Foram 155 cidades que participaram do questionário do CDP em 2017, destas só 38 informaram seus dados do inventario de Gases Efeito Estufa, no entanto apenas 8 tem metas de redução.

No cenário empresarial de 2017, 95 empresas participaram do questionário sobre mudanças climáticas, desse total o 70,5% se comprometeram a reduzir as emissões de GEE.

Rick Stathers, Diretor de engajamento dos investidores, afirma que existem múltiplas razões para as empresas serem socialmente responsáveis pois o custo de ser irresponsável o insustentável é elevado ao longo do tempo. “Os investidores ganham porque é um dinheiro que vai voltar para eles, é como se fossemos um banco se o investidor tira dinheiro e não investe um dia a fonte vai secar, mas se ele guarda e investe vai sobreviver, sustentabilidade é isso”.

Atualmente a CDP conta com uma carteira de 803 investidores, o trabalho iniciou em 2003 com apenas 35. O relatório pode ser acessado em formato de infográfico no link http://cdpla.net/infografico-2017/#sobre-o-cdp

Grandes exemplos e estratégias

O encontro apresentou cases de sucesso na Cidade de México e Washington. Uma das grandes conquistas em México foi estabelecer um sistema de transporte público sustentável conhecido como BRT. Lucia Alonso explica que o primeiro passo foi analisar como as pessoas se mobilizam, estudos de origem e destino. “Com estas pesquisas sera possível atender as reais necessidades da população, um transporte sustentável, confortável e eficiente para o usuário e também para o governo”

A primeira cidade do país a adotar o sistema foi Leon Guanajuato e na sequência a Cidade de México que atualmente conta com 7 linhas de transporte BRT, mais baratas que o metro. “As politicas precisam ser transversais e complementares, é preciso ajuda dos governos, prefeitos, para que todos tenham objetivos iguais” acrescenta Lucia.

Gabriel Thoumi destaca a importância de que os investidores se interessem por iniciativas verdes comunicado a estes de forma criativa uma outra compreensão sobre os riscos ambientais. O especialista afirma que o olhar dos investidores atualmente está voltado para deflorestação, transporte e uso de bicicleta.

O Conexão 2017 reconheceu também o esforço de algumas cidades com ações de economia sustentável. As premiadas foram: Natal, pelas soluções as inundações costeiras, Rio de Janeiro pela troca de semáforos, Cuenca (Equador) pelo seu sistema de reaproveitamento do biogás e por último a Cidade de México exemplo de sustentabilidade.


Fonte: ENVOLVERDE
O amor mora no Jardim da Infância.
por Maria Helena Masquetti* – 

Na contramão do egoísmo, uma garota se desprende, literalmente, da conversa animada com seu grupo e caminha até a esquina, ombro a ombro com um idoso, a fim de lhe mostrar melhor o endereço que ele estava procurando. No metrô, uma mulher faz questão de dar lugar à uma jovem que tenta, mesmo em pé, resolver algumas questões escolares numa apostila. Na sala de espera de uma clínica, um grupo de pessoas concorda em passar à frente dos demais uma senhora que apenas comentava com outras sobre seu temor de ter ou não esquecido o forno ligado em casa.

Claro que existem dramas piores pedindo atenção ao nosso redor, mas em tempos de tanta intolerância, cenas simples assim até emocionam, talvez por nos lembrar que o amor também é simples e, ao mesmo tempo, indestrutível por ser, enfim, a matéria prima da paz.

No clássico O Jardim Secreto, de Frances Burnett, duas crianças descobrem o esconderijo da chave para um velho jardim abandonado. Ao cortarem, então, o galho de uma das árvores aparentemente mortas, descobrem que a seiva delas permanece intacta. A partir dali, as crianças “curam” o jardim com sua presença, com sua alegria e com seus cuidados até que ele, enfim, novamente floresce numa exuberância de cores.

Não fosse essa interferência doce e súbita do amor nos cenários mais ingratos, há muito, nossa raça teria perdido a razão de se chamar humana. A poesia, a literatura, as histórias, a música, as artes, a ciência, o brincar, o riso solto das crianças e a própria esperança nos dão pistas dessa imortalidade do amor e dos lugares onde ele se aninha, ao mesmo tempo que nos ajuda a compreender também sobre os lugares onde ele se esconde à espera de uma oportunidade de florescer novamente.

No fundo dos corações mais ressequidos, ele provavelmente se encontra sufocado, seja por abandonos, mágoas, ausências, violências, abusos e negligências, em sua maioria ocorridos na tenra infância. Diante do mais hostil ser humano, lembrar do bebê indefeso e da criança frágil que ele foi um dia, com as mesmas necessidades e anseios de outras tantas crianças, pode, pelo menos por um instante, tocar nossa emoção e abrandar nosso julgamento sobre ele.

Nenhuma criança nasce para ser má. A primeira expectativa de todas é a de serem bem recebidas, de um colo amoroso, de um leite quentinho e, depois, de voltas de cavalinho em ombros nos quais possam confiar, espaços para brincar, boa educação e assistência familiar e social adequadas. Para que o amor cresça e dê frutos dentro delas, todo jardim da infância deve ser equipado assim. Quase impossível imaginar que alguém criado dessa maneira possa se tornar cruel algum dia.

Governo, justiça, comunidade e família, somos todos responsáveis pela sobrevivência e bem-estar de cada criança, seja por nossa humanidade ou pela simples constatação inteligente de que honrar a infância e fundamental para a preservação de nossa espécie e para o futuro do planeta. Cuidar e proteger todas as crianças deve ser a mais imprescindível das metas de desenvolvimento de cada país, de cada cidade e de cada sociedade que sonha verdadeiramente com um mundo de paz e de fraternidade.

Quem puder mais, faça mais pela infância, criando leis, políticas públicas, direcionando verbas prioritárias à infância, combatendo as desigualdades, denunciando abusos e defendendo o direito delas a uma educação com qualidade e liberdade e de brincar em segurança. Quem puder menos, dê o que o dinheiro não compra: uma palavra, um elogio, um carinho, um abraço, uma denúncia sobre violência ou negligência. E que de todos emane a compreensão de que a chamada “criança difícil” não existe, o que existe são as dificuldades que ela enfrentou ou enfrenta. Um pássaro ferido não voa, e reage arisco mesmo quando se quer ajudá-lo.

Como lembra o educador e escritor, Severino Antonio, “Para a criança, tudo tem vida, tudo tem alma”, e isto certamente equivaleria dizer que, para um adulto que viveu plenamente sua infância, a vida do outro dá sentido a sua própria vida e deve, portanto, ser valorizada e aceita. Cada criança conta para a humanidade, não por quem ela possa vir a ser, mas pelo que ela já é hoje: a fase onde a vida se apresenta em sua forma mais humana e onde o amor flui, brinca e sorri de corpo inteiro.

(*) Maria Helena Masquetti é graduada em Psicologia e Comunicação Social, possui especialização em Psicoterapia Breve e realiza atendimento clínico em consultório desde 1993. Exerceu a função de redatora publicitária durante 12 anos e hoje é psicóloga do Alana.


Fonte: ENVOLVERDE

segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Incidência de lesões na medula espinhal aumenta no verão; Homens jovens são principais vítimas.
Não há no Brasil época mais esperada que o recesso de final de ano. Sol, calor e muita diversão, com banhos de mar, piscina, rio e cachoeira. Mas, infelizmente, é nesta época do ano em que o lazer pode se transformar em um problema de saúde grave, como as lesões da medula espinhal causadas por mergulhos em águas rasas ou desconhecidas.

Segundo dados da Sociedade Brasileira de Coluna (SBC), mergulhos mal calculados são a 4ª maior causa de lesão medular no Brasil e no verão passa a ser a segunda causa, entre pessoas de 10 a 30 anos, ou seja, nos mais jovens. Homens, na idade média de 21 anos, são as principais vítimas.

De acordo o neurocirurgião, Dr. Iuri Weinmann, do Centro Neurológico Weinmann, esses acidentes podem levar à graves lesões na coluna, como fraturas, luxações e, em alguns casos, quadros de paraplegia ou tetraplegia. “Trata-se de uma emergência médica. Quanto antes o paciente chegar ao hospital, melhor será o prognóstico”.

“A maioria das lesões ocorre quando a pessoa mergulha de cabeça em águas desconhecidas, escuras, turvas e rasas. Este tipo de mergulho lesiona, em geral, entre as seções C4-C6, sendo a C5 a mais frequente. São lesões completas em que o paciente pode ter perda da função motora e sensitiva até os segmentos sacrais”, explica o neurocirurgião.

Gravidade depende do local atingido

“Todos os nossos movimentos e sensações têm origem nos impulsos nervosos que saem do cérebro e são transmitidos pela medula espinhal. Traumas nessa região podem cortar, comprimir ou danificar essa estrutura. Quanto mais próxima do pescoço a lesão, maior a gravidade, pois os sinais nervosos do cérebro deixam de ser enviados para os nervos das vértebras abaixo daquela que foi lesionada. Por isso, por exemplo, quando a pessoa quebra o pescoço, pode ser fatal”, explica Dr. Iuri.

Tetraplegia x Paraplegia

“Infelizmente, algumas lesões de medula irão levar a quadros de tetraplegia ou de paraplegia. A tetraplegia acontece quando a lesão atinge as vértebras entre as seções C1 a C8. Pode paralisar pernas, braços e, dependendo da gravidade, pode afetar até mesmo a respiração”, diz Dr. Iuri. O filme “Como eu era antes de você”, por exemplo, mostra o dia a dia de um personagem tetraplégico e nos dá uma boa ideia dos desafios enfrentados pelas pessoas com tetraplegia.

Dr. Iuri explica que a paraplegia ocorre quando a lesão da medula acontece abaixo dos níveis espinais torácicos (T1 a L5). “As pessoas com paraplegia conseguem movimentar as mãos, mas o grau de mobilidade das pernas irá depender da gravidade da lesão. Uma parcela irá ficar totalmente paralisada da cintura para baixo e outra poderá apresentar dificuldade de mobilidade ou perda de sensibilidade na parte inferior do corpo”.

Vale lembrar que nem toda lesão na medula espinhal irá causar a tetraplegia ou a paraplegia, mas o risco existe.

Prognóstico
Hoje, graças aos avanços da neurocirurgia e da medicina intensiva, as lesões da medula espinhal podem ser tratadas. Entretanto, a recuperação pode levar meses ou anos. “Os danos permanentes só poderão ser calculados após alguns meses, quando poderemos definir se a lesão foi completa (perda de movimentos e sensações abaixo do nível do trauma) ou incompleta (preservação de certas funções motoras e sensações)”, explica Dr. Iuri.

Prevenção
Veja agora algumas dicas para curtir o verão com segurança:
* Antes de mergulhar, certifique-se qual a profundidade da água. Estima-se que 89% das lesões de medula acontecem em águas rasas, com profundidade de menos de 1,53 m;
* Se for mergulhar, certifique-se que a profundidade tem pelo menos o dobro da sua altura;
* Se estiver alcoolizado, evite pular ou mergulhar em rios, cachoeiras e piscinas;
* Jamais pule de pedras ou penhascos;
* Não mergulhe em locais totalmente desconhecidos;
* Evite pular de cabeça, ao mergulhar em pé a probabilidade de lesionar a medula é menor;
* Águas turvas ou escuras podem esconder pedras ou bancos de areia, portanto não mergulhe nestas condições.


Fonte: EcoDebate
Alimentação adequada, direitos humanos e agrotóxicos.
Direito à Alimentação Adequada está na Declaração dos Direitos Humanos – Nesta semana, a Declaração dos Direitos Humanos completou 69 anos. A nutrição e a alimentação adequada e saudável são fundamentais para a garantia desses direitos

O Direito Humano à Alimentação Adequada está previsto na Declaração Universal dos Direitos Humanos, elaborada e instituída pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 1948, e também na Constituição Federal brasileira de 1988. Suas duas dimensões, o direito de todo ser humano de estar livre da fome e de ter acesso a uma alimentação adequada, são parâmetros para que se garanta ao conjunto da população o bem-estar de uma vida saudável, fundamentada na Segurança Alimentar e Nutricional, com acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente. 

Além do direito à alimentação adequada, os documentos citados mencionam ainda o direito à saúde, educação e trabalho, além de outros de igual importância, como o direito à maternidade e à infância protegida.

A nutricionista e mestre em Segurança Alimentar e Nutricional, Rubia Thieme, compreende que, para que todos os outros direitos possam existir de forma plena, é necessário que o direito à alimentação esteja em primeiro plano. “O direito humano à alimentação adequada é primordial e deve ser realizado e oferecido de forma contínua e também, de acordo com as condições culturais, econômicas, climáticas e ecológicas, conforme a especificidade de cada indivíduo”, afirma. Ela lembra ainda que é dever do Estado garantir as condições para que esse direito se efetive na medida em que implemente políticas públicas que visem a facilitar o acesso a uma alimentação quantitativamente suficiente e saudável, levando sempre em consideração a proteção ambiental. “É importante que sejam adotadas políticas em relação à sustentabilidade, pois a qualidade da alimentação está diretamente relacionada ao equilíbrio no trato com o meio ambiente, conforme refere a Constituição Federal, em seu artigo 225, que trata dos cuidados com a degradação ambiental e com o controle de substâncias que representem danos e riscos para a vida”, explica.

Segundo Rubia, os principais conceitos que devem ser utilizados quando falamos do Direito Humano à Alimentação Adequada se referem à disponibilidade de alimentos adequados à saúde e à qualidade de vida, à acessibilidade a eles e a estabilidade desse acesso. “Tanto a produção quanto o consumo precisam acontecer de forma digna, soberana, sustentável e emancipatória. O modo como se produzem os alimentos, bem como a maneira pela qual são comercializados e consumidos é determinante para a qualidade da nutrição humana e para a garantia da segurança alimentar. Cada população deve ter o direito de escolher e definir o que produzir, para quem produzir e em que condições produzir”, diz.

Uso de agrotóxicos preocupa

Uma das maiores preocupações da nutricionista está relacionada ao uso indiscriminado de agrotóxicos e dos males que esse uso traz à saúde humana. “O Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo e o Paraná ocupa a segunda posição em relação ao país. No entanto, o uso dessas substâncias não contribui em nada com a qualidade alimentar, muito pelo contrário. Há comprovações científicas de inúmeros males agudos e crônicos que os agrotóxicos trazem à saúde, incluindo a toxicidade reprodutiva, a mutagenicidade, a carcinogenicidade, além da desregulação endócrina. Muitos venenos agrícolas livremente utilizados aqui são proibidos em outros países”, alerta Rubia. Para ela, esse dado alarmante indica que, apesar de referida na Constituição Federal, a segurança alimentar e nutricional, não está sendo garantida na prática.

Marcos Andersen, da Vigilância Sanitária da Secretaria Estadual de Saúde do Paraná, concorda com Rubia e afirma que desde 2008, o Brasil é efetivamente o maior consumidor de agrotóxicos no mundo. Segundo ele, a utilização maciça de agrotóxicos traz, como consequência, graves problemas à saúde dos trabalhadores e de toda a população, além de causar danos à natureza pela degradação dos recursos naturais não renováveis, desequilíbrio e destruição da fauna e flora. Isso sem falar da poluição das águas, ar e solo. “Estes impactos causados pelos agrotóxicos são o resultado do atual modelo de desenvolvimento, voltado prioritariamente para a monocultura químico-dependente e para a produção de commodities para exportação”, explica.

Marcos ainda lembra que uma das formas de uso dos agrotóxicos na agricultura, e que pode causar graves problemas à saúde, é a pulverização aérea dessas substâncias. Segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o Brasil tem a segunda maior frota de aviação agrícola do mundo. 

As questões que envolvem a utilização de agrotóxicos são graves e merecem ser discutidas nos Conselhos de Segurança Alimentar e Nutricional e nos Conselhos de Saúde, nos seus níveis municipais, estaduais e nacional. Os conselhos são constituídos por entidades da sociedade civil e do Estado, são, portanto, controle social, e têm como objetivo garantir o controle da sociedade sobre as ações da administração pública voltadas à garantia da Segurança Alimentar e Nutricional, bem como promoção, prevenção e proteção à saúde.

Colaboração de Karina Ernsen, CRN-8 – Conselho Regional de Nutricionistas da 8ª Região.


Fonte: EcoDebate
Estudos ligam cada vez mais o clima extremo às mudanças climáticas.
Imagem: Los Alamos National Laboratory

Um novo relatório mostra que os estudos publicados desde que o Acordo de Paris foi firmado há dois anos estão ligando cada vez mais as mudanças climáticas a eventos climáticos extremos em todo o mundo. [1]

Desde a conclusão da cúpula do clima da ONU em Paris, em 12 de dezembro de 2015, cientistas publicaram pelo menos 59 artigos sobre a atribuição de eventos climáticos específicos às mudanças climáticas. Destes, 41 concluem que as mudanças climáticas aumentaram os riscos de um determinado tipo de evento extremo, revela a análise da Unidade de Inteligência Energética e Climática (ECIU). Alguns detectam um aumento na frequência, outros aumentam a intensidade ou a duração, ou vinculam um impacto particular às mudanças climáticas, ou uma combinação desses efeitos.

Os eventos meteorológicos estudados abrangem episódios de calor extremo, seca, inundações e ondas de incêndios, e dizem respeito a todos os continentes, exceto a Antártida. Eles abrangem 32 eventos individuais recentes para os quais os riscos aumentaram devido a mudanças climáticas, com outros focando na tendência de longo prazo de riscos crescentes.

Uma pequena proporção dos eventos climáticos extremos individuais analisados ??nestes estudos têm um custo quantificado em termos de vidas perdidas ou danos econômicos. A partir destes, o relatório deduziu que, neste pequeno conjunto de eventos, as mudanças climáticas causaram cerca de 4.000 mortes e cerca de US$ 8 bilhões em danos econômicos. Mas o relatório adverte que esses números não podem ser tratados como o “custo das mudanças climáticas”.

Richard Black, diretor da ECIU e autor do relatório, disse que a compreensão das conexões entre mudanças climáticas e eventos climáticos extremos está evoluindo rapidamente. “Apenas alguns anos atrás, era difícil dizer mais sobre qualquer tempestade, seca ou onda de calor além de que era ‘consistente com o que a ciência prevê’. Cada vez mais, os cientistas podem olhar muito especificamente para um sinal de mudança climática em eventos extremos, e fazê-lo muito rapidamente. Este relatório mostra que cada vez mais, estão descobrindo que os eventos específicos são mais prováveis ou mais prejudiciais pelas mudanças climáticas “.

Comentando, a Dra. Friederike Otto, Diretora Adjunta do Instituto de Mudanças Ambientais da Universidade de Oxford, disse que a rápida evolução da ciência na atribuição de eventos está gerando conhecimento cada vez mais útil para os formuladores de políticas. “Estamos agora descobrindo que, para muitos tipos de eventos climáticos extremos, especialmente ondas de calor e chuvas extremas, podemos estar bastante confiantes sobre o efeito da mudança climática”, disse ela. “Sejam formuladores de políticas analisando questões locais, como proteção contra inundações, sejam negociadores envolvidas em processos globais sobre alterações climáticas, quanto mais informações sobre como as mudanças climáticas impactam o agora e o futuro, melhores serão as decisões que podem ser tomadas. Este relatório da ECIU mostra o rápido crescimento do conhecimento, e acho que só vai acelerar”.

O relatório foi lançado na semana em que líderes mundiais se reúnem novamente em Paris para uma cúpula climática convocada pelo presidente francês Emmanuel Macron, focada na economia da mudança climática.

Notas:
1. O relatório, Heavy Weather: Tracking the fingerprints of climate change, two years after the Paris summit, está disponível em http://eciu.net/assets/Reports/ECIU_Climate_Attribution-report-Dec-2017.pdf

2. O Acordo de Paris foi firmado na conclusão de uma conferência climática da ONU em Paris (COP21) em 12 de dezembro de 2015; entrou em vigor em 4 de novembro de 2016: https://www.ecodebate.com.br/?s=acordo+de+paris

Sobre
A Unidade de Inteligência Energética e Climática é uma organização sem fins lucrativos que apoia o debate informado sobre questões de energia e mudanças climáticas no Reino Unido. A Grã-Bretanha enfrenta escolhas importantes sobre energia e sobre a resposta às mudanças climáticas, e acreditamos que é vital que os debates sobre essas questões sejam fundamentados em evidências e contextos apropriados.


Fonte: EcoDebate
Um em cada quatro jovens do país não estava ocupado nem estudava em 2016.
Em 2016, cerca de 25,8% dos jovens de 16 e 29 anos não estavam ocupados nem estudavam.

Entre os 10% da população com os menores rendimentos, 78,5% eram pretos ou pardos. Já entre os 10% com os maiores rendimentos, os pretos ou pardos representavam apenas 24,8%.

Essa e outras informações estão na Síntese de indicadores sociais (SIS). Com dados do IBGE e de outras fontes, a SIS analisa o mercado de trabalho, a distribuição de renda e a mobilidade ocupacional e educacional no país.

Embora o Brasil não tenha uma “linha de pobreza” oficial, a SIS fez um estudo a partir de diversas abordagens desse tema. Considerando-se a linha proposta pelo Banco Mundial, por exemplo, um quarto da população brasileira vive com renda de até 5,5 dólares por dia (R$387 por mês), incluindo 42,4% das crianças e adolescentes de até 14 anos do país.

Na análise do saneamento, a pesquisa constatou que, no Piauí e no Acre, mais de 10% da população vivem em domicílios sem banheiros e que 37,9% dos domicílios do país não tinham acesso simultâneo aos três serviços de saneamento básico (coleta de lixo, água tratada e acesso à rede de esgoto).

Em relação à mobilidade educacional, a SIS constatou que apenas 4,6% dos filhos de pais sem instrução conseguiram concluir o ensino superior. Na análise da mobilidade ocupacional, o percentual de brancos com mobilidade ascendente é maior do que o de pretos ou pardos, enquanto o das mulheres é maior do que o dos homens.

A publicação da SIS 2017 pode ser acessada aqui.

Mercado de trabalho: empregos com vínculo formal atingiram o menor nível da série em 2016

Os dados da PNAD Contínua mostram que os empregados com vínculo formal de trabalho representavam 50,7% da população ocupada em 2012. Esse percentual caiu ao menor nível da série em 2016, quando chegou a 49,8%. Já o percentual de empregados sem carteira caiu até 2015 (17,9%) e subiu em 2016 (18,5%) e o dos trabalhadores por conta própria cresceu de 2012 (22,9%) para 2016 (24,7%).

De 2012 para 2016, a população ocupada cresceu 2,3%, com aumento de 3,3% até 2014 e recuo de 1,0% nos dois anos finais. Agropecuária (-11,1%), Indústria (-10,2%), Construção (-0,8%) e Administração Pública (-11,7%) foram as atividades que apresentaram quedas. Já o subgrupo Serviços Domésticos apresentou redução no período inicial da série (-2,6% até 2014) e elevação no período mais agudo da crise econômica (4,2% de 2014 a 2016).

Pretos e pardos eram 62,6% da população desocupada em 2016

O nível de ocupação da população branca ocupada caiu de 60,2% (2012) para 58,7% (2016), enquanto para pretos e pardos, esse indicador reduziu de 58,3% para 55,2%, no período. Em 2016, pretos ou pardos eram a maior parte da população desocupada (62,6%), embora representassem 54,0% da população em idade de trabalhar do país.

Entre os trabalhadores pretos ou pardos, 34,7% não tinham instrução ou tinham ensino fundamental incompleto, percentual que era de 21,2% para trabalhadores brancos.

Percentual de trabalhadoras com nível superior é maior

Entre os trabalhadores, o percentual de mulheres com ensino superior completo ou mais (23,8%) era maior que o dos homens (14,4%). Já a proporção de homens ocupados sem instrução e ensino fundamental incompleto (33,2%) era maior que a das mulheres (21,8%).

No entanto, este diferencial de escolaridade apresentado pelas mulheres não se traduz em uma maior participação das mulheres na população ocupada. Em 2016, 56,9% dos ocupados eram homens, percentual muito similar ao de 2012, cujo percentual ficou em 57,6%.

De 2012 para 2016, a taxa de desocupação cresceu para todos os níveis de instrução, chegando a (15,7%) entre os que tinham ensino fundamental completo ou ensino médio incompleto. Em 2016, o nível de ocupação foi maior entre os que tinham nível superior completo (78,2%) e menor entre os que tinham até o fundamental incompleto (43,9%).

A proporção de trabalhadores sem instrução ou com ensino fundamental incompleto caiu em todas as atividades. Havia mais trabalhadores com baixa instrução na Agropecuária (69,6%), Construção (50,5%) e Serviços domésticos (53,6%). Já os trabalhadores com nível superior completo superaram os demais em Educação, saúde e serviços sociais (52,7%).

Proporção de trabalhadores pretos ou pardos sem carteira (21,8%) é maior que a de brancos (14,7%)

Em termos percentuais, os trabalhadores formais representaram 61,2% em 2016, enquanto os informais atingiram 38,8%. A população ocupada que contribui para previdência social cresceu de 2012 (52,4 milhões de pessoas) até 2014 (56,2 milhões), em 2015 estabilizou-se (56,5 milhões) e em 2016 reduziu-se (55,5 milhões). Pela definição da OIT, o trabalho formal inclui empregados e trabalhadores domésticos com carteira de trabalho assinada e militares ou funcionários públicos estatutários, além de trabalhadores por conta própria e empregadores que contribuíam para a previdência social.

Por cor ou raça, havia maior participação em trabalhos formais da população ocupada branca (68,6%) do que entre pretos ou pardos (54,6%). Já a proporção de trabalhadores pretos ou pardos sem carteira (21,8%) era maior do que a de brancos (14,7%).

Mulheres em trabalhos formais ganhavam 76% do rendimento dos homens

O rendimento médio habitual mensal real da população ocupada subiu 3,9% de 2012 (R$ 1.945) para 2016 (R$ 2.021), sendo o auge em 2014 (R$ 2.081). Embora tenha mostrado o segundo maior crescimento em termos reais (10,9%), os Serviços domésticos registraram os rendimentos médios mais baixos em toda a série (R$ 824 em 2016). O rendimento médio do empregador (R$ 5.569) é o maior e o do empregado sem carteira, o menor (R$ 1.143).

Em 2012, as mulheres ocupadas em trabalhos formais ganhavam 73,0% do rendimento dos homens, razão que cresceu para 76,0% em 2016. O rendimento médio dos homens ocupados informalmente foi 50,0% dos formais; entre as mulheres esta proporção foi de 41,7%. Na população branca, a razão entre rendimentos de informais e formais foi de 55,1%, e para pretos ou pardos, 48,9%. Os trabalhadores pretos e ou pardos ganhavam, em média, 55,3% do rendimento dos brancos.

O rendimento-hora médio habitual dos trabalhadores com ensino superior ou mais foi de R$ 33,1 em 2016, valor 4,3 vezes maior do que o recebido pelos ocupados sem instrução ou com ensino fundamental incompleto.

As mulheres sem instrução ou com ensino fundamental incompleto recebiam 20,6% menos que homens de mesmo nível. Entre os trabalhadores com ensino superior essa proporção era de 56,6%. 

Entre trabalhadores brancos e pretos ou pardos com nível superior essa desigualdade alcança 45,5%.

Jovens foram os mais afetados com a crise

Os jovens (16 a 29 anos) tiveram a maior queda na ocupação de 2012 para 2016 (-6,5 p.p.). O nível de ocupação desse grupo etário diminuiu de 59,1% (2012) para 52,6% (2016). O nível de ocupação para mulheres jovens foi de 44,8%, e o dos homens foi de 60,5%.

A taxa de desocupação dos jovens ficou em 18,9% para homens e em 24,0% para mulheres. Dos desocupados, 54,9% tinham de 16 a 29 anos, refletindo em uma taxa de desocupação (21,1%) mais alta para este grupo que para os demais.

O Amapá (29,2%) teve a maior taxa de desocupação nesta faixa etária em 2016. Com exceção do Piauí (18,2%), Sergipe (19,3%), Maranhão (20,9%) e Minas Gerais (19,3%), os estados do Nordeste e do Sudeste tiveram taxas acima da média nacional (21,1%).

A taxa composta da subutilização da força de trabalho também foi mais alta para os jovens, passando de 25,5% (2012) para 32,8% (2016). A desocupação foi o principal componente da taxa, correspondendo a 47,0% dela em 2012 e a 58,8% em 2016.

No Maranhão, apenas 30,1% dos jovens trabalhadores têm empregos formais

Em 2016, entre os trabalhadores jovens, a formalidade passou de 58,7% (2012) para 58,4% (2016). 

Em Santa Catarina, 77,1% dos jovens ocupados tinham trabalhos formais, enquanto no Maranhão a formalidade chegava a apenas 30,1% dos jovens trabalhadores.

O percentual de jovens sem carteira assinada foi mais alto (22,1%) do que nos outros grupos etários. 

Entre jovens ocupados, 62,0% contribuíam para a previdência social. A maior parte dos jovens contribuintes eram empregados com carteira assinada (49,5%). Os jovens estavam inseridos principalmente em comércio e reparação (33,9%) e na indústria (28,7%).

Houve redução nas jornadas de trabalho excessivas (mais de 49h semanais) entre os jovens ocupados, de 12,4% (2012) para 8,2% (2016). Em 2016, 50,7% desse grupo trabalhava de 40 a 44 horas semanais e 29,8% trabalhavam até 39 horas.

Houve queda de 1,5% no rendimento médio real para jovens, que passou a ser de R$ 1.321. O grupo foi o único a ter rendimento menor que a média nacional (R$ 2.021).

Os jovens têm metade da adesão aos sindicatos que os mais velhos. A taxa de sindicalização dos trabalhadores formais foi de 5,9% em 2015 para jovens, enquanto entre os de 50 a 59 anos foi de 13,4%.

Em 2016, um quarto dos jovens nem estudava nem estava ocupado

O percentual de jovens (16 a 29 anos) que nem estudavam nem estavam ocupados no Brasil (os chamados “nem nem”) aumentou de 2014 (22,7%) para 2016 (25,8%). Todas as regiões também tiveram esse aumento. O Amapá foi o único estado onde essa taxa caiu (de 30,8% para 28,5%).

Em 2016, a maior incidência de jovens que não estudavam nem estavam ocupados se encontrava entre jovens com o fundamental incompleto ou equivalente (38,4%).

O percentual de jovens que não estudavam nem estavam ocupados em 2016 era maior entre aqueles de cor ou raça preta ou parda (29,1%) do que entre os brancos (21,2%). As mulheres pretas ou pardas foram o grupo mais afetado pelo fenômeno (37,6%).

A diferença entre o percentual de homens e o de mulheres que não estudavam nem estavam ocupados ficou em 13,7 p.p. As mulheres tinham, então, 1,7 vezes mais chances que os homens de se encontrarem nessa condição.

A diferença entre o percentual de homens não-estudantes e não-ocupados e o de mulheres na mesma situação se acentua nos grupos mais velhos. Entre homens de 25 a 29 anos de idade, 16,6% não estudavam nem estavam ocupados, enquanto entre mulheres da mesma faixa etária o percentual era de 34,6%.

Mais da metade dos homens jovens que não estudavam nem estavam ocupados procuravam por uma ocupação

Entre os homens jovens que não estudavam nem estavam ocupados, prevaleciam os que estavam procurando e podiam começar a trabalhar em uma ocupação (52,3%), enquanto entre as mulheres, predominavam as que estavam fora da força de trabalho (69,7%).

Ainda entre os jovens que não estudavam nem estavam ocupados, o percentual dos homens procurando e disponíveis para trabalhar em uma ocupação oscilou entre 41,9% (2012) e 45,9% (2015) e chegou a 52,3% (2016), enquanto o das mulheres ficou entre 21,7% (2012) e 25,7% (2015) e foi de 30,3% (2016).

Enquanto 34,6% das mulheres responderam “ter que cuidar dos afazeres domésticos, do(s) filho(s) ou de outro(s) parente(s)” quando perguntadas sobre o motivo de não terem procurado ocupação, apenas 1,4% dos homens apontaram tal motivo como principal.

Entre mulheres jovens que não estudavam nem estavam ocupadas, 92,1% responderam realizar tarefas de cuidados a moradores do domicílio ou parentes e afazeres domésticos no domicílio. Entre homens, esse percentual foi de 61,3%.

39,6% dos trabalhadores começaram a trabalhar antes dos 15 anos

Entre os trabalhadores, 39,6% começaram a trabalhar com até 14 anos. Esse percentual foi maior para o grupo que tinha até o ensino fundamental incompleto (62,1%) do que para os que tinham nível superior completo (19,6%). Entre os que recebiam até ½ salário mínimo, essa proporção foi de 56,9%.

Dos trabalhadores com 60 anos ou mais, 59,0% começaram a trabalhar com até 14 anos, sendo que 17,5% começou até os 9 anos, índice que foi apenas de 2,9% entre os jovens de 16 a 29 anos.

Enquanto 42,3% dos trabalhadores pretos ou pardos começaram a trabalhar com até 14 anos, esse percentual foi de 36,8% para os brancos. A proporção de homens que começou a trabalhar antes dos 15 anos (45%) também é maior do que a de mulheres (32,5%).

Padrão de vida e distribuição de renda: Pretos ou pardos são 78,5% da população com os 10% menores rendimentos

Em 2016, o rendimento médio per capita dos domicílios do 1% com maiores rendimentos (R$ 18.657) era 38,4 vezes maior que o rendimento médio dos 50% com menores rendimentos (R$ 486). Pretos ou pardos eram 78,5% das pessoas com os 10% menores rendimentos e 24,8% daqueles entre os 10% da população com os maiores rendimentos.

O índice de Gini, que varia de zero (perfeita igualdade) até um (desigualdade máxima), foi de 0,525 em 2016, com o Nordeste (0,522) como a região mais desigual e o Sul (0,469) como a menos desigual.

O Índice de Palma mostrou que os 10% da população com maiores rendimentos concentravam 3,4 vezes mais do total de rendimentos que os 40% com os menores rendimentos. Entre as unidades da federação, os extremos foram no Distrito Federal (4,7) e em Santa Catarina (2,1).

Um quarto da população vive com renda de até 5,5 dólares por dia (R$387 por mês), incluindo 42,4% das crianças e adolescentes de até 14 anos do país

O Brasil não tem uma linha oficial de pobreza; há diversas linhas que atendem a vários objetivos. 

Chega-se a 4,2% da população segundo o recorte de pobreza extrema do Bolsa Família (R$ 85 mensais), 6,5% no recorte de pobreza extrema global do Banco Mundial (U$1,9 por dia, equivalente a R$134 mensais) e 12,1% com um quarto de salário mínimo per capita. Recortes de pobreza mais altos incluem a população com até meio salário mínimo per capita (29,9%) e a linha do Banco Mundial que leva em conta o nível de desenvolvimento brasileiro (e da América Latina) de US$5,5 dólares por dia.

No Brasil, a linha de US$ 5,5 por dia (interessante para avaliar as condições de vida da população brasileira no espaço e entre grupos) correspondia a uma renda domiciliar per capita de R$387 por mês, o que colocava 25,4% da população brasileira na situação de pobreza em 2016. A maior incidência segundo a linha de 5,5 dólares por dia foi no Nordeste (43,5%) e no Norte (43,1%) e a menor no Sul (12,3%). Do total de pobres, 72,9% eram pretos ou pardos.

Por faixa etária, 17,8 milhões de crianças e adolescentes de 0 a 14 anos, o que corresponde a 42,4% desse grupo etário tinham renda de até 5,5 dólares por dia. Também há alta incidência para homens e mulheres pretos ou pardos (respectivamente 33,3% e 34,3%) em relação a homens e mulheres brancos (respectivamente 15,3% e 15,2%). Entre os moradores de arranjos formados por mulheres pretas ou pardas sem cônjuge com filho(s) até 14 anos, 64,0% estavam em situação de pobreza segundo esse recorte.

Cerca de 60% da população considerada pobre pela linha de 5,5 dólares por dia  vivem sem pelo menos um dos três serviços de saneamento básico

Do total da população, 37,9% não tinham acesso simultâneo aos três serviços de saneamento básico em 2016 – abastecimento de água por rede geral, esgotamento sanitário por rede coletora ou pluvial e coleta direta ou indireta de lixo.

A falta de acesso a saneamento concernia mais homens e mulheres de cor ou raça preta ou parda (respectivamente 46,9% e 45,0%) do que para homens e mulheres de cor ou raça branca (respectivamente 29,2% e 27,2%).

Entre a população abaixo da linha de 5,5 dólares por dia, o percentual dos que viviam sem pelo menos um dos três serviços de saneamento básico era ainda maior (59,6%) do que para o total da população (37,9%).

No Piauí e no Acre, mais de 10% da população viviam em domicílios sem banheiros em 2016

Do total da população, 1,7% (3,4 milhões de pessoas) residia em domicílios sem banheiro ou sanitário de uso exclusivo e 1,2% em domicílios com paredes externas construídas com material não durável. Piauí e Acre tinham, respectivamente, 12,3% e 10,2% de suas populações vivendo em domicílios sem banheiro ou sanitário de uso exclusivo.

Na população com renda de até 5,5 dólares por dia, 26,2% tinham pelo menos uma deficiência nas condições de moradia, em contraste a 12,0% da população total. As quatro inadequações consideradas foram a ausência de banheiro ou sanitário de uso exclusivo dos moradores, construção de paredes externas do domicílio predominantemente com material não durável, presença de um número de moradores superior ao adequado e ônus excessivo com aluguel.

O adensamento excessivo (quando há mais de três moradores por cômodo utilizado como dormitório) foi a inadequação mais verificada (5,7% da população ou 11,7 milhões de pessoas). Estavam nessa situação 14,2% das pessoas vivendo em arranjos compostos por mulheres pretas ou pardas sem cônjuge e com filho(s) até 14 anos, enquanto ocorria para apenas 1,0% dos moradores em arranjos de casais sem filho.

Apenas 15% da população considerada pobre pela linha de 5,5 dólares por dia  tinham microcomputador com acesso à internet

O acesso à internet via computador contemplou 42,2% do total de domicílios e 15,3% daqueles abaixo da linha dos 5,5 dólares por dia, enquanto os percentuais de acesso via tablet, celular, televisão ou outro equipamento eletrônico eram de 65,3% e 46,0%, respectivamente. Lembramos. Destaque-se que acesso à internet via computador é potencialmente mais amplo do que via dispositivo móvel.

A máquina de lavar estava presente em 63,7% dos domicílios, mas em apenas 34,7% daqueles abaixo da linha de 5,5 dólares por dia.

O ônus excessivo com aluguel (quando o valor do aluguel mensal iguala ou supera 30,0% da renda domiciliar mensal) atingia 4,6% do total da população (9,5 milhões de pessoas). Essa condição afetava 7,9% daqueles com renda domiciliar per capita abaixo da linha de 5,5 dólares por dia. O ônus excessivo tem comportamento diferente das outras adequações, sendo mais forte no Distrito Federal (8,5%) e em São Paulo (6,7%), unidades da federação onde a renda domiciliar e custo de vida são mais altos. Também atingem mais (pessoas de baixa renda) nas capitas do que no total dos estados.

Moradores de arranjos domiciliares formados por mulheres pretas ou pardas sem cônjuge e com filhos pequenos são o grupo com mais restrições de acesso a direitos

A análise da pobreza multidimensional complementa a análise monetária e permite avaliar as restrições de acesso a pelos menos uma das dimensões analisadas: à educação, à proteção social, à moradia adequada, aos serviços de saneamento básico e à internet.

Do total da população, 64,9% tinham pelo menos uma restrição de acesso, com maior incidência para moradores de arranjos de mulheres pretas ou pardas sem cônjuge com filhos até 14 anos (81,3%) e na população de 60 anos ou mais de idade (80,0%).

As dimensões que mais influenciam na medida de ‘incidência ajustada’ de pobreza multidimensional variam segundo os grupos populacionais. A população idosa é mais afetada por restrição de acesso à educação e à internet, enquanto moradores de arranjos de mulheres sem cônjuge com filhos de até 14 anos tiveram mais restrições à proteção social (necessitando acesso a trabalho formal e programas sociais).

Mobilidade: Percentual de brancos com mobilidade ascendente é maior do que o de pretos ou pardos, enquanto o das mulheres é maior do que o dos homens

De acordo com o Suplemento de Mobilidade Sócio-Ocupacional da PNAD 2014, 67,0% dos filhos de 25 a 65 anos estavam em estratos ocupacionais distintos dos pais, sendo que 50,0% tiveram mobilidade ascendente e 16,9%, descendente. O Estrato de origem A (Dirigentes em geral e profissionais das ciências e das artes) foi o que apresentou o maior percentual de imobilidade ocupacional (54,2%). O indivíduo cujo pai provém desse estrato tem 13,7 vezes mais chance de permanecer nele se comparado à probabilidade de ascensão dos indivíduos provenientes dos Estratos D, E ou F.

As mulheres (74,7%) mostraram mais mobilidade total do que os homens (61,0%). Esse resultado é esperado pois a mobilidade das mulheres ocorre em relação à ocupação majoritariamente agrícola de seus pais, enquanto há maior retenção dos homens nessas ocupações agrícolas. Um terço do total de mulheres que ascenderam foram para o Estrato E, especialmente nas ocupações “trabalhadores do serviço doméstico em geral” e “vendedores ou demonstradores em loja ou mercado”. Por sua vez, um terço dos homens que ascenderam foram para o Estrato D, cujas ocupações mais comuns eram “trabalhadores de estrutura de alvenaria” e “condutores de veículo sobre roda”.

Apenas 4,6% dos filhos de pais sem instrução concluíram o ensino superior

O suplemento de Mobilidade Sócio-Ocupacional da PNAD 2014 mostrou também que o percentual de filhos que possuíam um nível educacional diferente do paterno foi de 73,9%, sendo que 68,9% apresentaram mobilidade ascendente e 5,0% descendente. Quanto maior o nível de instrução dos pais maior o percentual de filhos com ensino superior completo, evidenciando a desigualdade de oportunidades educacionais. Apenas 4,6% dos filhos cujos pais não tinham instrução conseguiram concluir o Ensino Superior, enquanto 69,6% dos filhos concluíram esse nível de ensino, quando seus pais também possuíam ensino superior completo.

O percentual de filhos brancos cujo pai possuía ensino médio completo ou superior incompleto que concluíram o ensino superior foi de 49,5%, enquanto esse percentual para os filhos pretos ou pardos foi de 28,4%, ou seja, quase duas vezes menor. Essa vantagem das pessoas brancas em alcançar o topo da estrutura educacional brasileira se reflete no perfil das pessoas com ensino superior completo, pois 71,0% delas eram brancas e apenas 29,0% pretas ou pardas.


Fonte: IBGE