Lixo jogado nas praias gera impactos ambientais, econômicos e prejuízo aos banhistas.
Lixo jogado nas praias: Além de deixar a água imprópria para o banho, poluição na areia e nos oceanos causa a morte de animais marinhos.
Comlurb recolheu 757 toneladas
de lixo durante Réveillon 2019, sendo 385 em Copacabana. Foto:
Comlurb.
As festas de fim de ano e as férias
levam às praias um grande número de turistas que nem sempre
descartam o lixo em local adequado. Segundo um levantamento do
Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (IO-USP),
todos os anos, cerca de 190 mil toneladas de materiais plásticos são
lançados ao mar, na costa brasileira.
O descarte incorreto do lixo,
principalmente nas praias, interfere diretamente no desenvolvimento
das espécies marinhas. De acordo com um estudo realizado pela
Universidade de Queensland, na Austrália, a contaminação dos
oceanos, principalmente por plásticos, é responsável pela morte de
cerca de 100 mil animais todos os anos.
Segundo o presidente do conselho da
Associação MarBrasil, Ariel Scheffer, cerca de 700 espécies
marinhas são afetadas pela poluição plástica nos mares, incluindo
mais de 260 espécies sob algum grau de ameaça de extinção.
“Muitos animais se enroscam e ficam feridos ao terem contato com
esse tipo de material, mas o problema principal é a ingestão do
plástico, que não é um elemento natural no trato digestivo e acaba
causando a morte”, explica.
O biólogo, que é membro da Rede de
Especialistas em Conservação da Natureza, destaca que as aves
marinhas e as tartarugas são as mais prejudicadas por confundir
sacolas com alimentos da cadeia alimentar, como águas vivas e
pequenos organismos. “Dos animais encontrados mortos, 100% das
tartarugas verdes e 75% das aves marinhas possuem algum tipo de
plástico no estômago.”
Mas o problema não está apenas nos
chamados “macroplásticos”, que são facilmente visíveis por
pessoas e animais. As partículas de plástico com menos de cinco
milímetros, denominadas de “microplásticos”, podem ser
ingeridas indiretamente por peixes, aves, tartarugas e mamíferos
marinhos, levando seis vezes mais tempo para serem eliminados do
organismo do que o macroplástico, que é ingerido diretamente. Em
muitos casos, estes microplásticos entram na cadeia alimentar do
homem, quando ele se alimenta de frutos do mar.
Além de impactar as espécies
marinhas, os resíduos descartados nas praias também interferem na
vida dos banhistas, que podem se ferir com determinados objetos. A
sujeira também reduz a balneabilidade, que é o índice usado para
verificar a qualidade da água destinada à recreação. Desse modo,
ela se torna imprópria para o banho, podendo gerar contaminação
por doenças de pele.
Os prejuízos afetam ainda a
economia dos municípios, que precisam aumentar as despesas com a
limpeza das praias e perdem a receita com o turismo. No setor da
navegação e nas atividades pesqueiras, a produtividade tende a
diminuir devido à morte dos peixes e à poluição dos oceanos.
Fonte: EcoDebate
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