Se o Índio é um ser humano, porque pessoas e instituições insistem em condená-lo a viver nas florestas?
quarta-feira, 30 de janeiro de 2019
sexta-feira, 25 de janeiro de 2019
Nova Rodoviária de Nova Iguaçu / RJ
Após denúncia, são retirados os TAPUMES que ocupavam as calçadas ao redor da construção da nova rodoviária no Município de Nova Iguaçu/RJ.
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quinta-feira, 24 de janeiro de 2019
ÁRVORE - OXIGÊNIO - VIDA
Vídeo que mostra a importância de se plantar árvores, para a sobrevivência do ser humano, e das demais espécies terrestres viventes no PLANETA TERRA!
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quinta-feira, 17 de janeiro de 2019
Talvez - Ricardo Amorim
Porque, tantas pessoas falam mau do sistema político americano, mais o primeiro país que elas gostariam de morar e trabalhar, é justamente os Estados Unidos? Talvez porque lá as coisas funcionem.
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quarta-feira, 16 de janeiro de 2019
2019 terá mais de 30 chuvas de meteoros visíveis da Terra.
2019 terá chuvas de meteoros em
todos os meses. É o que garante o pesquisador do Observatório
Nacional Marcelo De Cicco, que acompanhou o levantamento do fenômeno
que acontecerá até o final deste ano. No mês de janeiro não há
atividades de chuvas relevantes para o Hemisfério Sul, com exceção
de Ursae Minorids, para os moradores do Norte de nosso país, dia 18.
A partir de fevereiro, a Centaurids terá seu auge no dia 8. Já em
março, dia 15, será a vez da Normids riscar o céu, em 23 de abril
a Lyrids e 24, a Puppids.
Em maio, o pico da chuva
eta-Aquariids será no dia 06, quando a Terra estará atravessando
detritos de passagens antigas do cometa Halley – a proximidade da
Lua Nova favorecerá bastante a observação desta chuva. June
Bootids, no dia 27, também merece atenção, onde será visível
para latitudes mais ao Norte do país. No mês de julho ocorrerão a
Piscis Austrinids e a Southern delta Aquariids, com atividade máxima
centrada nos dias 28 e 30, respectivamente.
As Perseids, talvez a chuva mais
renomada de nossa era, embora privilegiando os habitantes do
hemisfério Norte, terá seu pico dia 13 de agosto. As Aurigids terá
sua atividade máxima dia 1º de setembro, embora um pouco baixa para
as latitudes do Sul, vale a pena a conferida, aproveitando a fase da
Lua Nova.
E o período que vai de outubro a
dezembro apresentam o maior concentração de chuvas com intensidade
relevante, oito ao total, com destaque para as Orionids, Leonids e
Geminds, respectivamente. Marcelo De Cicco, pesquisador do
Observatório Nacional e coordenador do projeto Exoss, explica o
motivo: “Ocorre que, no último quarto do ano, o denominado
complexo das Taurids – um aglomerado de detritos de muitas
passagens antigas de cometas divide-se em dois ramos, e é
atravessado pelo nosso planeta”.
Em 2018 a Exoss computou o total
de 280 EVENTOS de meteoros, um aumento expressivo em relação ao ano
de 2017 (202 eventos). Foram 615 relatos individuais de testemunhas
pelo Brasil e outros países.
Sobre a Exoss
A EXOSS é uma rede colaborativa,
que busca conhecer as origens, natureza e caracterização de órbitas
dos meteoros. Para isso, integra as estações de monitoramento
montadas por seus associados, obtendo imagens em diversos locais –
entre os quais, na sede do Observatório Nacional, no Rio de Janeiro,
e no Observatório Astronômico do Sertão de Itaparica, também do
ON, em Itacuruba, Pernambuco. Essa rede reúne e analisa, ainda, os
relatos e imagens enviadas pelo público.
Na página
da EXOSS na Internet é possível obter mais informações sobre
a rede e ver maneiras de colaborar. A EXOSS também dá dicas de como
fotografar meteoros, explica os fenômenos, oferece estatísticas de
meteoros e meteoritos e orienta os interessados para fazer observação
visual, além de mostrar imagens em tempo real das estações
instaladas.
Fonte: EcoDebate
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Estudo do Imazon revela falta de transparência fundiária na Amazônia.
Transparência fundiária na Amazônia – A falta de informações facilita a prática de crimes como grilagem e desmatamento ilegal, além de acirrar conflitos locais pela posse da terra.
Por Suzana Lakatos e Solange A.
Barreira
Baseados nos preceitos da Lei de
Acesso a Informações Públicas (LAI), de 2011, pesquisadores do
Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), sediado em
Belém (PA), avaliaram a disponibilidade de dados dos órgãos
fundiários de oito estados amazônicos: Acre, Amapá, Amazonas,
Maranhão, Mato Grosso, Pará, Roraima e Tocantins. Em nenhum deles,
foi encontrada uma situação 100% satisfatória. Rondônia ficou de
fora do estudo por ter uma regularização fundiária
predominantemente federal.
Ter esses dados claros e com fácil
acesso é fundamental, porque mais de 20% das terras públicas
amazônicas são geridas pelos estados. Porém, hoje, nenhum
indivíduo ou organização consegue saber quanto dessa terra está
em processo legítimo de titulação nem quanto já foi titulado. “Há
um vácuo que contraria a LAI e impede a criação de políticas
públicas efetivas de gestão do território.
Consequentemente, o
controle e o acompanhamento pela sociedade e por órgãos como
Ministério Público e tribunais de contas ficam prejudicados”,
alerta a advogada Brenda Brito, pesquisadora do Imazon e coautora do
estudo Transparência de Órgãos Fundiários Estaduais na Amazônia
Legal, recém-publicado. “Os novos governadores da região, que
iniciarão seus mandatos em 1º de janeiro próximo, devem incluir
entre seus desafios a transparência sobre as terras públicas.
Trata-se de um grande patrimônio da população, ameaçado por
práticas de grilagem, desmatamento ilegal e conflitos fundiários”,
afirma Brenda.
A pesquisa foi conduzida em duas
frentes: transparência ativa e passiva. Em média, 56% dos
indicadores de transparência ativa avaliados estiveram ausentes;
outros 22% figuraram de maneira parcial; e apenas 22% foram
considerados satisfatórios. Tocantins teve o pior desempenho (com
79% de indicadores ausentes) e Pará, o melhor (com 37% de
indicadores ausentes). Entende-se por transparência ativa a
disponibilização obrigatória pela LAI sem necessidade de
solicitação. Assim, os órgãos deveriam divulgar ativamente dados
como localização das terras públicas, listas e mapas de pedidos de
titulação de imóveis e de títulos já emitidos.
Já na transparência passiva, os
pesquisadores solicitaram informações de maneira padronizada, que
deveriam retornar no prazo de 20 dias. Eles enviaram mensagens pelas
plataformas eletrônicas de Serviço de Informação ao Cidadão
(e-SIC) e cartas pelos Correios. Na primeira opção, a maioria
atendeu aos pedidos dentro do prazo, com exceção de Acre e Roraima,
e de Mato Grosso, que respondeu apenas uma das três perguntas no
prazo. Nos pedidos efetuados por carta, porém, a maioria não
cumpriu o prazo legal para resposta.
Cenário de incertezas
À sombra dessas lacunas, crescem
dúvidas sobre a posse e a propriedade de imóveis rurais, a correta
aplicação da legislação fundiária e a gestão realizada nas
chamadas áreas não destinadas, ou seja, aquelas que não foram
tituladas nem pertencem a Unidades de Conservação ou a territórios
de populações tradicionais e indígenas.
Quem mora na zona rural e quer
regularizar sua terra precisa saber se o imóvel se enquadra nas
hipóteses legais de titulação; se mais alguém pleiteia ou obteve,
no passado, titulação da área; se há conflitos judiciais
envolvendo o terreno. “Hoje, com os poucos dados disponíveis, isso
é impossível, o que só aumenta a insegurança no campo. Além
disso, o estado perde o apoio de uma função de fiscalização das
terras públicas que poderia ser exercida pela sociedade”, explica
Brenda.
Em termos práticos, um dos
requisitos para obter titulação é morar no imóvel. Ninguém
melhor do que os próprios moradores da região e as organizações
da sociedade civil atuantes no território para identificar a
legitimidade de um pedido de posse. “Quando divulga os dados de
quem solicita um título e da área correspondente, o órgão
fundiário possibilita que a sociedade local ajude a fiscalizar se os
requisitos legais para a titulação foram cumpridos. Permite, por
exemplo, denúncias de pessoas que apenas querem se apropriar das
terras públicas, mas não moram ali e, com frequência, usam o
desmatamento ilegal como único sinal de ocupação”, completa a
pesquisadora.
A atual falta de transparência é
resultado de uma combinação de fatores, segundo o também advogado
e coautor do estudo Dário Cardoso Jr.: “Há um entendimento
equivocado pelos órgãos fundiários de que quem ocupa terra pública
tem direito à posse e ao sigilo. Mas não. Justamente por se tratar
de um bem público, a sociedade tem direito ao amplo conhecimento de
tudo o que ocorre, como os pedidos de emissão de títulos, com dados
completos dos solicitantes e da localização dos imóveis. A falta
de transparência, além de propiciar conflitos, pode gerar suspeitas
de favorecimento indevido de grupos e indivíduos”.
Para que esse controle social
exista, o Imazon considera indispensável a divulgação do CPF ou
CNPJ de quem pleiteia uma regularização fundiária, assim como
arquivos shapes (com informações georreferenciais, incluindo
polígono) das áreas envolvidas. “Não há nada de sigiloso nisso.
O próprio Ibama, por exemplo, publica a lista de áreas embargadas
por desmatamento ilegal, com nome e CPF do responsável pelo imóvel,
mapa de localização e status do processo administrativo. Até o
Bolsa Família tem os nomes, CPFs e valores dos beneficiários
publicados pelo governo federal. A transparência nas informações
envolvendo bens e recursos públicos é a melhor defesa contra
fraudes”, destaca Cardoso.
Os pesquisadores reconhecem que há
algumas iniciativas em andamento para mudar essa realidade. Mas a
superação das dificuldades apontadas pelo estudo deveria ocupar
lugar de destaque na agenda dos próximos governadores amazônicos.
Em especial, informações sobre os processos de titulação, que,
afinal, são um bom indicador sobre o quanto os órgãos fundiários
estaduais estão cumprindo sua missão.
Resultados estado a estado
Acre – O
Instituto de Terras do Acre (Iteracre) obteve a terceira pior
colocação na avaliação de transparência ativa, com 62% dos
indicadores ausentes, e não respondeu os pedidos de informação no
prazo. Destaque: divulgou mapa de títulos emitidos no estado de 2011
até 2018. Ponto fraco: nenhuma informação sobre ações e
resultados do Instituto são divulgadas de forma satisfatória.
Amapá – O
Instituto do Meio Ambiente e de Ordenamento Territorial do Amapá
(Imap) obteve a segunda pior colocação em transparência ativa (70%
de indicadores ausentes) e respondeu a apenas um de dois pedidos de
informação no prazo. Destaque: é o único que disponibiliza no
site para download os arquivos shapes de glebas estaduais e de terras
federais em transferência para o estado. Ponto fraco: a falta de
divulgação de ações e resultados fez com que o Imap fosse
acionado pelos ministérios públicos Estadual e Federal, em
investigação sobre ações envolvendo terras públicas em
transferência da União para a esfera estadual. Hoje, qualquer
emissão de títulos envolvendo essas terras está impedida, assim
como a concessão de licenciamento ambiental em imóveis acima de 500
hectares.
Amazonas – A
Secretaria de Política Fundiária do Estado do Amazonas (SPF) teve o
terceiro melhor desempenho em transparência ativa (52% de
indicadores ausentes) e respondeu apenas um de dois pedidos de
informação no prazo. Destaque: possui um portal próprio para
transparência de informações, que facilita a busca de dados. Ponto
fraco: 73% de ausência de indicadores de ação e resultados da SPF.
Maranhão – O
Instituto de Colonização e Terras do Maranhão (Iterma) ocupou o
quarto posto em transparência ativa (54% de indicadores ausentes) e
respondeu a apenas um de dois pedidos de informação no prazo.
Destaque: divulga no site uma lista de documentos necessários para
alguns procedimentos realizados pelo órgão e para download de
formulários. Ponto fraco: não há indicadores satisfatórios sobre
ações e resultados do Iterma.
Mato Grosso – O
Instituto de Terras de Mato Grosso (Intermat) está na segunda melhor
posição em transparência ativa (39% dos indicadores ausentes) e
respondeu a apenas um de dois pedidos de informação, ainda assim
parcialmente. Destaque: divulga de forma satisfatória mais da metade
das informações administrativas obrigatórias. Ponto fraco:
contrariando a própria lei federal de transparência, o governo
estadual baixou em 2013 um decreto que tornou sigilosa, por tempo
indeterminado, a base de dados fundiários do Intermat. Para ter
acesso a informações sobre terras públicas estaduais, é preciso
que o Intermat aceite a justificativa do pedido. O sigilo por prazo
indeterminado e a exigência de justificativa ferem a LAI e eximem o
Instituto de mostrar para a sociedade como está administrando o
patrimônio público de terras estaduais.
Pará – O
Instituto de Terras do Pará (Iterpa) obteve a melhor classificação
em transparência ativa (37% dos indicadores ausentes) e respondeu a
apenas um de dois pedidos de informação. Destaque: Em 2013, o grau
de transparência do Iterpa já fora avaliado por um estudo anterior
do próprio Imazon, além de ter sido alvo de um inquérito do
Ministério Público Estadual. De lá para cá, o órgão criou um
grupo de trabalho específico, nomeou um funcionário como autoridade
de monitoramento para acompanhar a implementação e incorporou
melhorias, que já se refletem em um avanço de 12% nos indicadores
considerados satisfatórios (total de 29%). Ponto fraco: apesar dos
esforços desde 2013, ainda não divulga informações detalhadas
sobre títulos emitidos e áreas em processo de titulação,
incluindo identificação dos titulados e arquivos shapes com a
localização dos imóveis.
Roraima – O
Instituto de Terras e Colonização do Estado de Roraima (Iteraima)
ocupou a quinta colocação em transparência ativa (57% de
indicadores ausentes) e respondeu apenas um de dois pedidos de
informação. Destaque: após o fechamento do estudo, o Iteraima
divulgou uma lista de documentos de terras expedidos em 2017. Com
isso, é o único órgão estadual que passou a divulgar dados
individuais de imóveis titulados, incluindo nome e CPF do
beneficiário, número do processo, número do título, gleba e
município de localização do imóvel, nome do imóvel, área e data
de expedição. Ponto fraco: a categoria de informações de ações
e resultados do Iteraima é a segunda pior entre os estados
avaliados.
Tocantins – O
Instituto de Terras do Tocantins (Itertins) ficou com o pior
resultado em transparência ativa (79% de informações ausentes) e
respondeu apenas um de dois pedidos de informação.
Destaque: o site
do Itertins apresenta uma seção de acesso a informação dedicada a
diversas informações do órgão, na qual encontram-se subseções
como: dados institucionais sobre despesas, servidores, ações e
programas do instituto e convênios realizados. Ponto fraco: ausência
total de indicadores sobre ações e resultados e de informação
sobre procedimentos da LAI, como lista de dados considerados
sigilosos e perguntas frequentes sobre o órgão.
Para conhecer a íntegra do estudo,
acesse:
Fonte: EcoDebate
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Ministro do Meio Ambiente diz que há ‘consenso’ para Brasil permanecer no Acordo de Paris.
O ministro do Meio Ambiente, Ricardo
Salles, disse ontem (14) que há um consenso no governo para que o
Brasil permaneça no Acordo
de Paris, que estabelece metas entre os signatários
para redução da emissão de gases causadores do efeito estufa.
Durante a campanha e depois de
eleito, o presidente Jair Bolsonaro criticou por diversas vezes o
acordo e sinalizou que o Brasil poderia abandoná-lo.
Ministro do Meio Ambiente,
Ricardo Salles. Foto de Valter Campanato/Agência Brasil
ABr
Salles disse que, “por ora”, o
Brasil permanece comprometido com a agenda. Entretanto, segundo o
ministro, a implementação ocorrerá de forma a evitar prejuízos
aos empresários brasileiros. “Há pontos importantes no acordo que
a gente quer valorizar, como aqueles que podem trazer recursos
financeiros para o país”, disse após participar de um almoço
promovido pelo Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP).
Segundo o ministro, há pontos mais
sensíveis que dizem respeito a transformação de princípios,
valores ou ideias na legislação nacional. “Restrição a
gerenciamento do território, políticas públicas, nós vamos olhar
com muito cuidado, porque o Brasil tem autonomia, como todo país, e
deve conseguir tomar conta do território de acordo com seus
interesses e prioridades”, disse.
Parques nacionais
Salles disse ainda que pretende
acelerar a concessão dos parques nacionais para a iniciativa
privada.
“Quanto mais concedidos estiverem os parques, melhores
eles estarão: para a sua conservação, para o turismo, para a
população brasileira. Então, nós vamos acelerar bastante a
concessão dos parques nacionais para exploração pela iniciativa
privada, feitas todas as garantias para que haja preservação
ambiental”.
Segundo o ministro, até o momento
não foi estabelecido um cronograma de trabalho para fazer as
concessões. Salles disse, no entanto, que tem como modelo o Parque
Nacional do Iguaçu, no Paraná.
Desburocratização
O ministro defendeu também a
desburocratização dos processos de licenciamento ambiental. De
acordo com ele, o ministério deverá ajudar a subsidiar as
discussões sobre a Lei Geral do Licenciamento, em tramitação no
Congresso Nacional.
“Quando você tem o licenciamento
mais objetivo, mas específico nos pontos sensíveis, você está
preservando e cuidando mais do meio ambiente. Hoje, se perde muito
tempo, de maneira geral em temas que não são a maior preocupação
do licenciamento e, aquilo que era realmente o mais importante, acaba
sendo tratado, se não em segundo plano, em pé de igualdade com
questões mais simples”, disse.
Fonte: EcoDebate
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ONU adverte sobre o aumento dos níveis de salmoura tóxica na medida em que cresce o número de usinas de dessalinização.
As 16.000 usinas de dessalinização do mundo descarregam 142 milhões de metros cúbicos de salmoura por dia – 50% a mais que o estimado anteriormente; Chega em um ano para cobrir a Flórida sob 30,5 cm de salmoura UNU Institute for Water, Environment and Health.
O número crescente de usinas de dessalinização em todo o mundo – agora quase 16.000, com capacidade concentrada no Oriente Médio e Norte da África – sacia uma sede crescente por água doce, mas também cria um dilema salgado: como lidar com toda a salmoura remanescente de produtos químicos .
Em um documento apoiado pela ONU
(The state of desalination and brine production: A global outlook),
especialistas estimam a capacidade de produção de água doce das
usinas de dessalinização em 95 milhões de metros cúbicos por dia
– igual a quase metade do fluxo médio sobre as Cataratas do
Niágara.
Para cada litro de produção de
água doce, no entanto, as plantas de dessalinização produzem em
média 1,5 litros de salmoura (embora os valores variem
drasticamente, dependendo da tecnologia de salinidade e
dessalinização da água de alimentação utilizada e das condições
locais). Globalmente, as usinas agora descarregam 142 milhões de
metros cúbicos de salmoura hipersalina todos os dias (um aumento de
50% em avaliações anteriores).
Isso é suficiente em um ano (51,8
bilhões de metros cúbicos) para cobrir a Flórida com menos de 30,5
cm (1 pé) de salmoura.
Os autores, do Instituto Canadense
de Água, Meio Ambiente e Saúde da Universidade de Wageningen, na
Holanda, e do Instituto de Ciência e Tecnologia de Gwangju,
República da Coréia, analisaram um conjunto de dados
recém-atualizado – o mais completo já compilado – para rever as
estatísticas do mundo sobre plantas de dessalinização.
E eles pedem por melhores
estratégias de gestão de salmoura para enfrentar um desafio de
rápido crescimento, observando previsões de um aumento dramático
no número de usinas de dessalinização e, portanto, o volume de
salmoura produzido em todo o mundo.
O documento constatou que 55% da
salmoura global é produzida em apenas quatro países: Arábia
Saudita (22%), Emirados Árabes Unidos (20,2%), Kuwait (6,6%) e Catar
(5,8%). As plantas do Oriente Médio, que operam em grande parte
usando a água do mar e as tecnologias de dessalinização térmica,
normalmente produzem quatro vezes mais salmoura por metro cúbico de
água limpa do que as plantas dominantes nos processos de membranas
de água do rio, como nos EUA.
O documento diz que os métodos de
descarte de salmoura são em grande parte ditados pela geografia, mas
tradicionalmente incluem a descarga direta nos oceanos, águas
superficiais ou esgotos, injeção em poços profundos e tanques de
evaporação de salmoura.
As instalações de dessalinização
perto do oceano (quase 80% da salmoura é produzida dentro de 10 km
de um litoral) na maioria das vezes descarregam a salmoura não
tratada diretamente de volta ao ambiente marinho.
Os autores citam grandes riscos para
a vida oceânica e ecossistemas marinhos colocados pela salmoura
elevando consideravelmente a salinidade da água do mar receptora e
poluindo os oceanos com produtos químicos tóxicos usados como
anti-incrustantes e anti-incrustantes no processo de dessalinização
(cobre e cloro são de principal preocupação).
Enquanto isso, o documento destaca
as oportunidades econômicas para usar salmoura na aquicultura,
irrigar espécies tolerantes ao sal, gerar eletricidade e recuperar o
sal e os metais contidos na salmoura – incluindo magnésio, gesso,
cloreto de sódio, cálcio, potássio, cloro, bromo e lítio.
Com uma tecnologia melhor, um grande
número de metais e sais no efluente da usina de dessalinização
poderia ser extraído. Estes incluem sódio, magnésio, cálcio,
potássio, bromo, boro, estrôncio, lítio, rubídio e urânio, todos
usados pela indústria, em produtos e na agricultura. As tecnologias
necessárias são imaturas, no entanto; a recuperação desses
recursos é economicamente pouco competitiva hoje.
O crescimento da dessalinização –
A partir de algumas instalações, em sua maioria, do Oriente Médio,
na década de 1970, hoje, 15.906 usinas de dessalinização
operacionais são encontradas em 177 países. Dois terços dessas
fábricas estão em países de alta renda.
Referência:
“The state of desalination and brine production: A global outlook“Edward Jones,Manzoor Qadir,Michelle T.H. van Vliet,Vladimir Smakhtin,Seong-mu Kang Science of The Total Environment Volume 657, 20 March 2019, Pages 1343-1356https://doi.org/10.1016/j.scitotenv.2018.12.076
Tradução e edição de Henrique
Cortez, EcoDebate
Fonte: EcoDebate
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Com a Funai, problemas; mas como será sem ela?
Por Washington Novaes
Demarcação de terras na
Agricultura seria ‘declaração virtual de guerra’ aos indígenas.
Mais uma vez os indígenas
brasileiros e seus defensores estão às voltas com uma batalha: a
Articulação dos Povos Indígenas do Brasil ingressou agora em
janeiro com representação na Procuradoria-Geral da República
pedindo que a procuradora-geral, Raquel Dodge, entre com ação
judicial na tentativa de suspender dispositivo da Medida Provisória
870, de 1.º/1/2019, que transfere da Fundação Nacional do Índio
(Funai) para o Ministério da Agricultura a competência na área de
demarcação de terras indígenas. Têm motivos de sobejo os índios:
no Ministério da Agricultura estão muitos dos mais encarniçados
adversários da demarcação, que, a seu ver, reduziriam as terras
para cultivo. Ignoram eles os numerosos pareceres jurídicos –
entre eles do professor José Afonso da Silva – que reconheceram na
Justiça os direitos dos índios à demarcação de terras que ocupam
imemorialmente . A tese foi referendada pela Justiça.
A iniciativa dos índios é mais do
que justificada: os defensores de causas indígenas consideram a
decisão do presidente da República sobre essa transferência de
competências uma “declaração virtual de guerra”, uma vez que,
no seu entender, estão na agricultura os seus maiores opositores. A
começar pela ministra Tereza Cristina, que teria uma longa história
de oposição aos direitos territoriais dos indígenas, que
impediriam a expansão da agropecuária (Survival International,
4/1). A Articulação dos Povos Indígenas já declarou : “Temos o
direito de existir. Não vamos recuar. Não vamos hesitar em
denunciar esse governo e o agronegócio nos quatro cantos do mundo”.
E tem o apoio da Survival.
O texto da medida provisória
proposta impõe restrições à demarcação e muda as atribuições
dos Estados e municípios nessa área. Os defensores dos indígenas
apontam como exemplos de violações de seus direitos, entre outros
casos, o conjunto de quatro barragens de hidrelétricas no rio Teles
Pires, na fronteira entre Mato Grosso e o Pará. Desde 2011 os povos
Kayabi, Apiaka e Munduruku, assim como pescadores e agricultores
familiares, têm denunciado sucessivos casos de desrespeito a seus
direitos e à legislação no licenciamento de quatro barragens no
rio Teles Pires, onde o Ministério Público ajuizou sete ações
civis públicas que citam falta de consulta e consentimento dos povos
indígenas e o desrespeito a condições das licenças ambientais.
Neste começo de ano, sobreveio
também (Estado, 3/1) a notícia de que o governo federal prepara
nova regulamentação para liberar a exploração de terras indígenas
pelo agronegócio. Cogita-se de autorizar parcerias entre índios e
produtores rurais para cultivo e criação de gado em terras já
demarcadas. Segundo este jornal, embora ilegal, a exploração já
existe em várias regiões, onde indígenas arrendam terras a
produtores rurais. As primeiras informações são de que a liberação
agora poderá vir por decreto presidencial. Outra cogitação é de
exploração mineral em áreas indígenas, que precisaria passar por
aprovação do Congresso. Reportagem do Estado relata que já há 22
terras indígenas com áreas arrendadas ilegalmente a ruralistas.
Um dos argumentos em favor de nova
regulamentação na área está em dados divulgados pela Funai de que
há hoje 129 processos em andamento em vários lugares, onde vivem
cerca de 120 mil indígenas; as áreas envolvidas somam 11,3 milhões
de hectares (mais que Pernambuco). Caso todos os processos sejam
aprovados, as terras indígenas regularizadas somariam 15% dos 851,6
milhões de hectares do Brasil. O presidente Bolsonaro prometeu,
antes da eleição, que “não vai ter mais um centímetro demarcado
para reserva indígena ou quilombola” (Estado, 24/10/2018).
No ano passado entrou em cena mais
um complicador. O Conselho Indigenista Missionário entregou ao papa
Francisco o Relatório da Violência contra os Povos Indígenas no
Brasil, ao mesmo tempo que manifestou preocupação com a retirada de
direitos imposta pelo então governo nas demarcações de terra (IHU,
14/4/2018), em que os mais prejudicados seriam indígenas. Dizia o
relatório que a violência contra indígenas levou a 118
assassinatos em 2016; 106 indígenas se suicidaram nesse mesmo ano;
113 crianças indígenas morreram por causas diversas, como a
desnutrição; em 2015 foram 137 assassinatos; em 2014, um pouco
mais, 138. Este ano haverá um sínodo especial sobre a Amazônia,
anunciado pelo próprio papa. E a Corte Interamericana de Direitos
Humanos condenou o Estado brasileiro pela violação dos direitos dos
índios xucurus, por levar 16 anos para demarcar as terras indígenas.
Enquanto isso, levantamento do
Instituto Socioambiental (ISA) aponta que 57 povos indígenas
isolados da Amazônia e seus territórios correm o risco de ser
impactados por 123 empreendimentos previstos para os próximos anos
na região. O processo de demarcação de terras desses índios levou
16 anos e afetou 2.300 famílias em 24 comunidades (Uma gota no
oceano, 13/3/2018). No início de 2018 o Ministério Público Federal
e outros órgãos ajuizaram ação civil pública para obrigar a
implementação de política destinada à população da reserva
indígena de Dourados, com o mais alto índice de suicídios no
Brasil: 89,2, enquanto a taxa nacional foi de 9,6; a taxa média
nacional de homicídios entre 2012 e 2014, foi de 29,2 por 100 mil
habitantes, enquanto na reserva indígena foi de 101,16/100 mil
(Abrasco, 19/1/2018).
Enfim, para completar, nos primeiros
dias deste ano o presidente Bolsonaro tirou da Fundação Nacional do
Índio a missão de demarcar terras indígenas, que, como dito acima,
ficará com o Ministério da Agricultura, onde estão alguns dos mais
acirrados adversários dessa demarcação.
Será preciso esperar para ver no
que dará. Ou alguém será capaz de antecipar as muitas hipóteses?
JORNALISTA. E-MAIL:
WLRNOVAES@UOL.COM.BR
- Publicado originalmente no jornal O Estado de S. Paulo
Fonte: ENVOLVERDE
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Uma agenda ambiental para Brasil e China.
Por Izabella Teixeira
Em um mundo multipolar, China e
Brasil podem buscar um caminho que traga prosperidade e
sustentabilidade.
A harmoniosa relação
sino-brasileira deve ir além do contexto econômico, comercial,
tecnológico e cultural. Países detentores de extensos territórios
e sociedades plurais e diversas, Brasil e China são nações
emergentes num mundo contemporâneo e multicultural.A superação das
barreiras geográficas entre Brasil e China foi determinante na
construção de parcerias estratégicas e de novos caminhos de
diálogo na arena internacional. O momento atual anuncia tendências
de mudanças nas relações internacionais contemporâneas.
“Para avançarmos no arranjo entre meio ambiente e desenvolvimento, é fundamental instituir coalizões ou parcerias de composições variadas com outros países e instituições”
Reflexões sugerem a emergência de uma nova ordem internacional multipolar. Numa perspectiva mais estratégica sobre o mundo que se insinua, como uma parceria ou aliança entre o Brasil e a China estaria inserida? Seria desejável e viável para esses países a promoção de ações em temas comuns de interesses globais?
“Para avançarmos no arranjo entre meio ambiente e desenvolvimento, é fundamental instituir coalizões ou parcerias de composições variadas com outros países e instituições”
Reflexões sugerem a emergência de uma nova ordem internacional multipolar. Numa perspectiva mais estratégica sobre o mundo que se insinua, como uma parceria ou aliança entre o Brasil e a China estaria inserida? Seria desejável e viável para esses países a promoção de ações em temas comuns de interesses globais?
Há várias possibilidades de
abordar essas perspectivas e de definir inovadoras rotas de
cooperação sino-brasileira no contexto de um mundo contemporâneo
multicultural. Uma dessas rotas envolve uma ousada leitura política
da agenda ambiental, orientada por uma abordagem do meio ambiente
como ativo econômico e social.
Ex-ministra do Meio Ambiente,
Izabella Teixeira (Elza Fiúza/Agência Brasil).
A cooperação em meio ambiente
entre os dois países é recente e motivada por temas globais, como
sustentabilidade, mudança do clima, biodiversidade
e recursos hídricos. Certamente, a agenda de mudança do clima tem
sido determinante para o estreitamento do diálogo politico e
econômico entre os dois países. Um exemplo central disso foi o
esforço empreendido no âmbito do BASIC – grupo constituído por
Brasil, África do Sul, Índia e China para viabilizar o Acordo
de Paris, em 2015.
Para avançarmos no arranjo entre
meio ambiente e desenvolvimento, é fundamental instituir coalizões
ou parcerias de composições variadas com outros países e
instituições, considerando os interesses comuns entre China e
Brasil, que levem à conexão real e efetiva da temática ambiental
como parte da equação doméstica e internacional de desenvolvimento
e de liderança.
Isso exige comprometimento politico
e econômico e uma visão inovadora de cooperação bilateral, que
também são determinantes para o fortalecimento da agenda
multilateral global. Requer, ainda, coordenação entre as políticas
interna e externa, e um debate mais aprofundado sobre temas globais,
suas soluções e do seu impacto na qualidade e nos estilos de vida
das nossas sociedades.
Nesse contexto, é relevante buscar
a construção de uma visão, ou pelo menos, de um entendimento
comum, sobre uma linha de base de temas e pontos estruturantes para
uma plataforma de cooperação em meio ambiente. As parcerias
advindas deste entendimento poderiam levar à conquista de resultados
em três perspectivas estratégicas orientadas por uma leitura do
Meio Ambiente como tema de Estado:
uma percepção de longo prazo de cada país baseada em interesses concretos;
uma ação coordenada para a conquista de resultados e de fortalecimento de ações bilaterais;
a facilitação da construção de posições conjuntas no contexto multilateral.
Esses caminhos devem ser orientados
pela necessária complementariedade que a agenda ambiental encerra
aos processos
de desenvolvimento, e não guiados pela timidez política. Ambos
os países têm muito a avançar na neutralização de impactos
ambientais negativos, com os desafios de restauração florestal, e
em descarbonização.
Há diversas possibilidades de ampliar os interesses comuns, já estabelecidos pela parceria política nas agendas de segurança climática e hídrica e na conservação da biodiversidade.
Esta última pode ser alcançada, por exemplo, na contenção de emissões de carbono com a transição energética das fontes fosseis para as renováveis, ou com a inserção ampliada da agricultura tropical brasileira de baixo carbono no mercado chinês de alimentos.
Há diversas possibilidades de ampliar os interesses comuns, já estabelecidos pela parceria política nas agendas de segurança climática e hídrica e na conservação da biodiversidade.
Esta última pode ser alcançada, por exemplo, na contenção de emissões de carbono com a transição energética das fontes fosseis para as renováveis, ou com a inserção ampliada da agricultura tropical brasileira de baixo carbono no mercado chinês de alimentos.
As agendas de segurança alimentar e
energética, de qualidade de vida nas cidades, de infraestrutura
sustentável, no controle da poluição nos setores industriais,
saneamento e de transporte, além da bioeconomia, têm papel
emergente e estruturante na cooperação sino-brasileira.
Os interesses são concretos e devem
estar orientados à construção de soluções permanentes de
desenvolvimento em ambos os países. Há também diversas
possibilidades de ampliar os interesses comuns, já estabelecidos
pela parceria política nas agendas de segurança climática e
hídrica e na conservação da biodiversidade. A maior eficiência
hídrica na produção sustentável de alimentos seria uma
contribuição sem precedentes para a segurança alimentar e a
erradicação de fome no mundo.
Os sistemas de compliance das
legislações nacionais de meio ambiente e o acesso a novos
mercados consumidores de alimentos e de bioenergia são outros bons
exemplos. Ou ainda, ações inovadoras para a produção de proteína
animal com baixo impacto ambiental e renovação/preservação de
recursos biológicos, como no caso dos recursos pesqueiros e na
proteção de oceanos.
Na conservação da
biodiversidade, há a oportunidade anunciada pelos desafios
comuns na conservação de espécies raras e ameaçadas de extinção.
Uma plataforma de cooperação sino-brasileira em temas ambientais
baseada em interesses comuns concretos como os listados acima poderia
oferecer uma contribuição única e engenhosa de atuação dos dois
países no âmbito do multilateralismo, com a construção de novos
valores, novos instrumentos de cooperação públicos e privados e
com (relativa) influência no contemporâneo mundo global
multilateral.
O desenvolvimento sustentável
agrega valor no Brasil e na China? Parece que sim, mas o conceito
precisa ser entendido mais amplamente. É necessário obter feedback
dos setores econômicos, e, assim, ir além do tripé
da sustentabilidade estabelecido em 1992, de
sustentabilidade ambiental, desenvolvimento econômico e
sustentabilidade social.
Para isso, é determinante, lidar
com os obstáculos que ainda separam Brasil e China, como as formas
distintas de organização social e de interação entre indivíduos,
as poucas oportunidades de alto retorno a curto prazo nas bases já
existentes. Ainda há pouca interdependência, para além do comércio
de produtos de base. Por outro lado, cabe observar que as transições
importantes no mundo de hoje já impactam a priorização dos temas
ambientais por parte das sociedades dos dois países.
Por isso, faz-se necessário que
tais temas deixem de ser percebidos como acessórios ou obstáculos
ao desenvolvimento e passem a ser parte das nossas escolhas políticas
de países mais justos e inclusivos.
É essencial a busca de sinergias
entre as agendas ambientais e os interesses de sociedades nacionais e
globais nas escolhas das rotas de desenvolvimento. Em 2020, a China
vai sediar a Conferencia
das Partes da Convenção da Diversidade Biológica. Será uma
ocasião ideal para que Brasil e China ofereçam ao mundo um novo
olhar político de vínculos entre biodiversidade, mudança do clima
e bem-estar individual e coletivo. Certamente, uma oportunidade única
para a cooperação sino-brasileira e a compreensão política de uma
nova agenda ambiental.
Brasil e China podem buscar novos
objetivos político, econômico e tecnológico e formar “um G2
Brasil – China em meio ambiente”, que promova uma nova e
mais harmoniosa agenda ambiental. Izabella Teixeira foi ministra do
Meio Ambiente do Brasil entre 2010 e 2016.
Fonte: ENVOLVERDE
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Temas “Refugiados” e “Migrantes”: não existe geopolítica baseada em visões unilaterais.
Por Sucena Shkrada Resk
Em um mundo em que a maioria das
pessoas e “nações” aspiram pela manutenção da democracia e da
paz mundial, as relações diplomáticas internacionais exigem como
alicerce o constante diálogo e o princípio de que as decisões
sejam o mais consistentes e equilibradas para a manutenção deste
objetivo que inclui o bem-estar dos cidadãos, envolto pelos direitos
humanos, comércio justo, e o processo colaborativo entre as nações
visando a concepção global e interativa que envolve o conceito de
justiça internacional. Portanto, a diplomacia internacional tem como
um dos princípios a “solidariedade” e a cooperação
multilateral e tem papel estratégico para a implementação dos
Objetivos
do Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelecidos no âmbito da
Organização das Nações Unidas (ONU).
Os processos são complexos, nos
quais, na maioria das vezes, os vários lados envolvidos cedem em
limites praticáveis – que incorporam desde questões sanitárias à
empregabilidade. Isto faz parte da rodada de negociações, que são
absolutamente necessárias nesta convivência de governanças
transfronteiriças. O resultado são acordos, tratados e pactos que
constroem cenários de curto, médio e longo prazos. Neste universo
geopolítico, portanto, optar por unilateralismos pode gerar cisões
como desfecho. Os argumentos para tanto têm de ser robustos. É
preciso ficar muito claro quem se beneficia com estas decisões e
que, de fato, as decisões conjuntas afetam a soberania para o bem
coletivo.
Extra o conturbado e segregador
processo de colonização por séculos, hoje ainda são tão
presentes e imensuráveis os efeitos de fluxos migratórios “em
massa” das Primeira e Segunda Guerras mundiais e de tantas outras
guerras e conflitos regionalizados e locais por diferentes
continentes em andamento ao longo de décadas, como também dos
decorrentes de crises climáticas e de insegurança alimentar. É
impossível se alienar destes episódios, como se vivêssemos em
outros planetas. Um dos efeitos dessas catástrofes humanitárias tem
sido o aumento contínuo do fluxo de refugiados. São mais de 25,4
milhões de pessoas nesta situação pelo planeta, de acordo com a
Agência da ONU para Refugiados (ACNUR). Muitas morrem nestes
percursos. Em 2018, se estima que quase 4 mil não sobreviveram.
Desde 2000, foram mais de 60 mil mortos em deslocamentos.
O Brasil é um país formado por
povos originários (indígenas), afrodescendentes e descendentes de
inúmeros povos/nações ao longo dos séculos. Somos um país
multicultural. Basta recorrermos às nossas árvores genealógicas.
Nesta composição, estão refugiados, migrantes legais e ilegais.
Atualmente a Polícia Federal estima que há cerca de 750 mil
estrangeiros no país, que representam 0,4% da população. Em 1920,
o percentual era de 5,1%.
Refugiados e migrantes
Para compreender as terminologias
‘oficiais’, refugiados são pessoas que estão fora de seu
país de origem devido a fundados temores de perseguição
relacionados a questões de raça, religião, nacionalidade,
pertencimento a um determinado grupo social ou opinião política,
como também devido à grave e generalizada violação de direitos
humanos e conflitos armados. São contemplados pelo Direito
Internacional pela “proteção internacional dos refugiados”, e
no artigo 14 da Declaração Universal dos Direitos Humanos. O
propósito dos organismos internacionais é que estes cidadãos
possam voltar aos seus países de origem, quando os mesmos estiverem
em regimes ou situações de mitigação e adaptação climáticas
estabilizadas.
Na contemporaneidade, globalmente a
Síria é a nação de onde vem o maior número de refugiados, além
do Afeganistão, Burundi, Eritreia, Iraque, Nigéria, República
Democrática do Congo e Ruanda e Somália, Sudão e Sudão do Sul.
Aqui, nas Américas, têm sido registrados com maior intensidade os
fluxos provenientes da própria Síria, da Venezuela (mais de 4
milhões de pessoas já saíram do país), como do Haiti, entre
outros países. São sinais de instabilidades governamentais e de
extremos climáticos de grandes proporções.
Atualmente somente 10 países
recebem 60% dos refugiados no planeta, com destaque à Turquia, que
recebeu mais de 3,5 milhões de pessoas.
No conjunto de fluxo migratório, há
o chamado “migrante legal”. Neste caso, as pessoas que entram ou
permanecem em um país no qual não são nacionais por meio de canais
legais, e cuja posição naquele país é obviamente conhecida pelo
governo e em conformidade com todas as leis e regulamentos. Outra
situação é da migração irregular, quando não obedece aos
requisitos nacionais.
Um dos exemplos é de a pessoa ter visto
temporário de turista ou estudante e permanecer no país após este
período.
Pactos Globais para Migração
Segura, Ordenada e Regular, e sobre os Refugiados
Na ciranda das negociações
internacionais sobre estes temas, em 10 dezembro de 2018, 152 nações
votaram a favor do Pacto
Global para Migração Segura, Ordenada e Regular, documento
juridicamente não-vinculante, que se fundamenta em valores de
soberania do Estado, compartilhamento de responsabilidade
e não-discriminação de direitos humanos. O
texto contém 23 pontos. Entre eles, como assegurar que todos os
migrantes tenham prova de identidade legal e documentação adequada;
e prevenir e combater e erradicar o tráfico de pessoas no contexto
internacional da migração.
De acordo com secretário geral da
Organização das Nações Unidas (ONU) António Guterres, o
documento aponta o caminho para uma ação humana e sensata que
beneficie os países de origem, de trânsito e de destino, assim como
os próprios migrantes. Atualmente mais de 258 milhões de pessoas se
encontram neste processo ou 3,4% da população mundial.
Como o Brasil se encontra neste
contexto? O atual ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo
confirmou a desassociação do Brasil do pacto, após a adesão ter
sido feita durante o governo de Michel Temer. Seu principal argumento
– “…a imigração deve ser tratada de acordo com a realidade e
a soberania de cada país”, destacou em notícias veiculadas pela
grande imprensa. Também foram contrários ao pacto, os EUA, Austria,
Austrália, Israel, Hungria, República Tcheca, Polônia, Eslováquia,
Suiça, Bulgária, Bélgica, Itália, Letônia e República
Dominicana.
Pacto Global sobre
Refugiados
Mais um acordo internacional foi
aprovado, na sequência, no dia 17 de dezembro – o Pacto Global
sobre Refugiados, com adesão de 181 estados-membros e tem 4
principais objetivos: aliviar a pressa nos países que abrigam um
grande número de refugiados; construir a autoconfiança dos
refugiados; expandir o acesso a países terceiros ou a refugiados
através do reassentamento e de outras vias de admissão e condições
de apoio que permitam aos refugiados regressarem aos seus países de
origem.
EUA e Hungria foram contrários e
República Dominicana, Eritreia e Líbia se abstiveram. As bases do
documento são a Convenção de 1951 sobre Refugiados e a legislação
humanitária e de direitos humanos. Neste caso, como o Brasil
‘diplomaticamente” se comportará a respeito, tendo em vista ter
declinado do relacionado à Migração?
Ambos os processos dos pactos
globais sobre migração, e sobre os refugiados estão sob
coordenação dos braços na área de Refugiados e Migrações da
ONU, desde 2016, quando foi assinado o documento “Declaração de
Nova York”. De lá para cá, houve uma extensa agenda de diálogos
entre os países, incluindo o Brasil.
Brasil no cenário da
Migração e refúgio internacionais
Quais as consequências deste
posicionamento do governo brasileiro daqui por diante nesta relação
internacional, que não se restringe a esta pauta, mas atinge outros
campos das negociações diplomáticas, como comércio, ciência e
tecnologia e segurança, entre outros?
Vale lembrar também que são pelo
menos 1,6 milhão de cidadãos (ãs) brasileiros que vivem fora do
país, segundo o Relatório Internacional de Migração do
Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais da Secretaria das
Nações Unidas (Desa). Este número sobe para 3 milhões de
emigrantes, de acordo com dados do Itamaraty, residentes
principalmente nos EUA (metade), no Paraguai, Japão e Portugal,
entre outros países. Quais serão os possíveis impactos sobre estas
pessoas? Ficam estas questões para serem objeto de reflexão.
*Sucena Shkrada Resk é jornalista,
formada há 27 anos, pela PUC-SP, com especializações lato sensu em
Meio Ambiente e Sociedade e em Política Internacional, pela FESPSP,
e autora do Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada
Resk (https://www.cidadaosdomundo.webnode.com),
desde 2007, voltado às áreas de cidadania, socioambientalismo e
sustentabilidade.
Fonte: ENVOLVERDE
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Ministério do Meio Ambiente suspende por 90 dias convênios com ONGs.
O ministro Ricardo Salles
ordenou que todos os órgãos sob sua responsabilidade realizem
auditorias em todos os projetos que estão sendo bancados por fundos
ligados ao seu ministério.
Pelo ofício divulgado hoje todos os
desembolsos devidos a organizações parceiras do MMA estão
suspensos até que sejam realizadas auditorias, mesmo convênios e
acordos de cooperação. Nenhum recurso pode ser liberado para
organizações sociais sem a anuência do gabinete do ministro.
Nas redes sociais o ato está sendo
visto como um golpe sobre para organizações que atuam em projetos
nas pontas, ou seja, em regiões distantes, porque elas não terão
como se manter e possivelmente terão de abandonar os trabalhos.
Mesmo financiamentos de projetos com
recursos do Fundo Amazônia, que é gerido belo BNDES correm riscos,
porque o MMA é parte do conselho do fundo, segundo alguns
ambientalistas.
O ato está sendo visto como uma
retaliação contra organizações sociais dentro da ótica de que
vivem às custa de verbas governamentais.
Veja a íntegra do ofício do MMA:
Fonte: ENVOLVERDE
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sexta-feira, 11 de janeiro de 2019
Declaração universal dos direitos humanos (70 anos): um sonho acordado.
Por Clodoaldo Meneguello
Cardoso*, Jornal Unesp
Os direitos humanos não são leis
naturais ou sagradas; nem princípios metafísicos escritos nas
estrelas. Os direitos humanos são humanos! São conquistas
históricas com muito esforço e sangue na luta pelo respeito à
dignidade individual e coletiva em uma sociedade mais livre e
igualitária. Inserem-se, portanto, no campo das lutas políticas por
melhores condições da vida humana, com suas diversidades de visões,
até mesmo conflitantes.
Tudo que é humano está em processo
contínuo de transformação no espaço e no tempo. Os direitos
humanos, enquanto conjunto de valores ético-políticos ocidentais,
vêm sendo construídos principalmente nos últimos 250 anos a partir
de movimentos revolucionários e mais recentemente no diálogo, até
mesmo conflitivo, com outras culturas. A história dos direitos
humanos, portanto, não é um processo evolutivo linear
institucional: há contradições ideológicas, avanços, conquistas,
retrocessos e mutilações aqui e ali no espaço-mundo.
Às conquistas das revoluções
burguesas do século XVIII, centradas nos direitos civis e políticos,
foram agregadas dialeticamente, nos séculos XIX e XX, as conquistas
dos movimentos operários e revoluções socialistas com os direitos
sociais, econômicos e culturais. A história social revela fatos
ocultados por essa ou aquela ideologia. Todos conhecemos a
emblemática Declaração dos direitos do homem e do cidadão, de
1789, mas quase não ouvimos falar da Declaração dos direitos do
povo trabalhador e explorado, proclamada na Rússia em 1918.
Finalmente, em 1948, com a
Declaração universal dos direitos humanos surge o primeiro acordo
internacional, em favor da paz mundial, entre nações de diferentes
ideologias. Mas isso somente depois dos horrores sem fim da Segunda
Grande Guerra, em que nações “civilizadas” – Alemanha, EUA e
Rússia – mostraram sua face mais cruel contra as populações
civis desarmadas em Auschwitz, em Hiroshima e Nagasaki e em Berlim já
rendida.
Os direitos humanos nasceram da dor.
Houve avanços significativos após
a declaração de 1948 com as conferências internacionais dos
direitos humanos, das quais brotaram declarações específicas,
documentos, diretrizes, planos de ação e sistemas jurídicos
internacionais de proteção aos direitos humanos. Houve processos
concretos de humanização e emancipação, a partir da consciência
de direitos, com o fim dos regimes autoritários na Europa, dos
apartheids nos Estados Unidos e na África do Sul e com movimentos
civis das mulheres, dos negros, das populações LGBT, dos imigrantes
e outras minorias excluídas do acesso aos direitos fundamentais.
Por outro lado, o século XX
continuou também a mostrar – agora ao vivo e a cores pela telinha
– um circo de horrores. Assistimos a novos holocaustos em
genocídios étnicos, religiosos e culturais; em movimentos
(anti)revolucionários; em ditaduras militares; em refugiados de
guerra; em ataques terroristas; em migrações forçadas, no tráfico
de pessoas; nas novas faces de trabalho escravo; na violência
urbana… Se não bastasse tudo isso, nos tempos mais próximos um
tsunami neoliberal conservador invadiu o mundo, arrasando políticas
sociais, destruindo direitos conquistados e sequestrando a própria
subjetividade humana pela lógica perversa do lucro.
Assim são os avanços e retrocessos
dos direitos humanos na história concreta da humanidade.
Hoje perguntamos perplexos: onde
ficam os direitos humanos nesse nosso mundo tão diverso, onde
sofismas e falsas imagens compõem discursos de ódio, sustentados
por visão dualista simplista e simplória da realidade?
Vivemos em um mundo com sinais de
esgotamento do modelo civilizatório ocidental moderno na esfera
ambiental, no tecido social e na subjetividade humana. É uma crise
paradigmática que coloca em xeque o universalismo cultural, o
racionalismo cientificista, o autoritarismo político e qualquer
forma de exclusão. Vivemos em um mundo que aponta para a necessidade
de construção de um novo paradigma que não sabemos bem como será,
mas temos certeza do que não mais queremos. As incertezas nos tempos
de mudança paradigmática fazem com que muitos escolham os caminhos
fáceis e seguros de volta ao passado; um passado que não volta
mais.
E a luta pelos direitos humanos
nesse tempo de transição?
Com todas as contradições humanas
e as leituras distintas do que sejam os direitos humanos e de como
lutar por eles, podemos – mesmo em tempos de crise – nos guiar
pelo bom senso. Um deles é a luta pela democracia; uma democracia
social participativa como regime político e cultura social, capaz
comportar interesses conflitivos e promover tanto os direitos de
liberdade como os de igualdade nas condições de vida social com
dignidade. A democracia não é um ponto de chegada, um porto seguro;
a democracia é um caminho, é ponte.
Na discordância no campo da disputa
política, a luta pelos direitos humanos tem outro guia concreto e
vivo, inquestionável na diversidade ideológica e cultural: o outro
que está em minha frente. O fundamento último da ética é o outro.
Este, tão humano, tão igual e tão diferente de mim. Esse outro que
pensa, sente, sonha o futuro, tem alegrias e tristezas e,
principalmente, o outro que sofre o sofrimento injusto da opressão,
da exclusão, do preconceito, da humilhação e da morte antecipada.
Nestes setenta anos da Declaração
de 1948 muitos estudos, pesquisas, documentos, declarações
contribuíram para melhor entender, ampliar e ressignificar os
direitos humanos. Hoje, porém, vivemos no Brasil uma contradição
surrealista. De um lado temos acesso fácil a todo esse conhecimento
acumulado sobre o assunto, a memória das dores da ditadura e as
imagens dos novos holocaustos; de outro, uma parcela da população,
capaz de decidir os rumos do país, insiste em distorcer e desdenhar
os direitos humanos.
Se perguntarem: “O que são os
direitos humanos?”, há uma resposta simples para iniciar a
conversa: “São valores que falam do sofrimento e da felicidade do
outro”.
*Clodoaldo Meneguello
Cardoso é professor da Faculdade de Arquitetura, Artes e
Comunicação (FAAC) do câmpus de Bauru da Unesp; coordenador do
Observatório de Educação em Direitos Humanos (OEDH) e coeditor da
Revista interdisciplinar de direitos humanos (RIDH). É autor, entre
outros, do livro Tolerância e seus limites, Editora Unesp. É membro
da equipe coordenadora da Rede Latino-americana e Caribenha de
Educação em Direitos Humanos (RedLaCEDH) e da Associação Nacional
de Direitos Humanos, Pesquisa e Pós-Graduação (Andhep).
Fonte: ENVOLVERDE
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Brasil terá primeira usina a esgoto e resíduos orgânicos.
A usina tem capacidade para produzir
2,8 megawatts de eletricidade por meio de lixo, que abastecerá cerca
de duas mil residências.
O estado do Paraná será o primeiro
do Brasil a colocar em funcionamento uma usina de biogás que
transformará lodo de esgoto e resíduos orgânicos em eletricidade
para abastecer as casas da região.
A companhia de geração de energia
CS Bioenergia já possui a Licença de Operação do Instituto
Ambiental do Paraná para operar. Segundo a empresa, a usina tem
capacidade para produzir 2,8 megawatts de eletricidade por meio de
lixo, que abastecerá cerca de duas mil residências do Estado.
Matéria-prima
A matéria-prima para geração de
energia virá de estações de tratamento de esgoto e de
concessionárias de coleta de resíduos e produzirá biogás e também
biofertilizante para a região.
Estima-se que com a iniciativa o
Estado do Paraná deixe de descartar, todos os dias, mil m³ de lodo
de esgoto e 300 toneladas de lixo orgânico em aterros.
A inspiração veio da Europa, onde
já existem mais de 14 mil plantas de geração de eletricidade por
meio de resíduos orgânicos. Esta será a primeira usina do tipo no
Brasil, mas a expectativa é que o modelo se espalhe pelo Brasil.
Fonte: Biomassa
e Energia.
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O princípio da precaução tão urgente e ao mesmo tempo, tão esquecido.
Por Sucena Shkrada Resk
Memória, ah, essa memória
histórica, que dá sentido e é importante para começos e
recomeços. Nesse recuperar do tempo, o Princípio 15 – da
Precaução (precautio-onis, em latim), instituído da
Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e
Desenvolvimento (Rio 92), que se tornou essencial no Direito
Ambiental, é tão emergente hoje e ao mesmo tempo tão esquecido no
tabuleiro da governança pública local e global… Trata-se, no
fundo, da chamada “ética do cuidado” e do gerenciamento de risco
que cabe aos agentes econômicos, que em sua atividade, provocam ou
têm potencial de provocar passivos.
O objetivo não tem sentido dúbio:
“Para que o ambiente seja protegido, serão aplicadas pelos
Estados, de acordo com as suas capacidades, medidas preventivas. Onde
existam ameaças de riscos sérios ou irreversíveis, não será
utilizada a falta de certeza científica total como razão para o
adiamento de medidas eficazes, em termos de custo, para evitar a
degradação ambiental”.
No mesmo ano da Rio-92, o princípio
foi introduzido no Tratado de Maastricht, conhecido como Tratado da
União Europeia. Os governantes já tinham clareza da relação de
causas e consequências.
Ao retornar mais na linha dos
séculos, a trajetória desde princípio tem sua gênese na Grécia
antiga, que incorpora o cuidado e a ciência da necessidade do mesmo.
Quando ingressamos no século XX, na Alemanha, por volta dos anos 70,
foi adotado o chamado Vorsorgeprinzip diante dos efeitos deletérios
da poluição industrial (das chuvas ácidas) e se expandiu nos anos
seguintes pela Europa e demais continentes. Dessa forma, a saúde
ambiental também entra na agenda, como um alerta de causa e efeito
no período Antropoceno. Em 1973, a Suécia expôs a preocupação em
sua Lei sobre Produtos Perigosos para o Homem e para o Meio Ambiente.
No Brasil, o Princípio da Precaução
está claro na Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938/81),
quando cita que a PNMC e as ações dela decorrentes, executadas sob
a responsabilidade dos entes políticos e dos órgãos da
administração pública, observarão os princípios da precaução,
da prevenção, da participação cidadã, do desenvolvimento
sustentável e o das responsabilidades comuns, porém diferenciadas,
este último no âmbito internacional.
Especialmente no seu artigo 4°, I e
IV, que expressa a necessidade de haver um equilíbrio entre o
desenvolvimento econômico e a utilização dos recursos naturais, e
também introduz a avaliação do impacto ambiental como requisito
para a instalação da atividade industrial. E, sem dúvida, no
artigo 225 da Constituição Federal de 1988.
A Lei dos Crimes Ambientais
(9.605/1998) também adota o princípio da precaução, em seu artigo
54, § 3º, que “incorre nas mesmas penas
previstas no parágrafo anterior quem deixar de adotar, quando assim
o exigir a autoridade competente, medidas de precaução em caso de
risco de dano ambiental grave ou irreversível”.
Na esfera das negociações
internacionais, no ano de 1985 se firmou o primeiro acordo
multilateral sobre o tema – a
Convenção de Viena para a Proteção da Camada de Ozônio e em 1987
foi instituído o Protocolo de Montreal. A Convenção “Quadro
sobre a Mudança do Clima” expressa que “as políticas e medidas
adotadas para enfrentar a mudança do clima devem ser eficazes em
função dos custos, de modo a assegurar os benefícios mundiais ao
menor custo possível.”, como destaca o jurista Paulo Leme Machado.
Outros acordos, como Convenção
sobre Diversidade Biológica – CDB e o Protocolo
de Cartagena sobre Biossegurança também tratam da precaução.
As Cortes Internacionais têm usado
o princípio. Entre elas, a de Justiça, o Tribunal Internacional do
Direito do Mar e o Tribunal de Justiça da União Europeia, e aqui no
Brasil, os próprios Superiores Tribunais Federal e de Justiça.
O que é notório ao analisar
inúmeros acidentes ambientais que ocorrem e podem ‘potencialmente’
ocorrer no país e no mundo, é que se o princípio de precaução
fosse realmente usado na prática de forma constante, evitaria uma
série de ocorrências de pequeno a grande porte que afetam todo o
ecossistema, muitas vezes, extinguindo espécies, vidas humanas, como
também causando sequelas que seguem anos a fio. Ainda há um longo
percurso a percorrer do alinhamento do direito ambiental com as
práticas de governança: mas será que teremos tempo para remediar
os efeitos da ausência de precaução?
*Sucena Shkrada Resk é jornalista,
formada há 27 anos, pela PUC-SP, com especializações lato sensu em
Meio Ambiente e Sociedade e em Política Internacional, pela FESPSP,
e autora do Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada
Resk (https://www.cidadaosdomundo.webnode.com),
desde 2007, voltado às áreas de cidadania, socioambientalismo e
sustentabilidade.
Fonte: ENVOLVERDE
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Rede Ambiente TV
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O que muda (ou resta) no Meio Ambiente com a reforma de Bolsonaro?
Por redação Instituto
Socioambiental
Raio-x da reestruturação
ministerial feito pelo ISA revela asfixia da influência e da
autonomia da pasta ambiental. Confira como ficam principais áreas e
políticas.
Uma das frases famosas de Jair
Bolsonaro é a de que o objetivo de seu governo seria fazer o Brasil
voltar a ser como “40, 50 anos atrás”. Apenas oito dias depois
da posse, não é possível saber se a promessa será cumprida. Mas
há sinais de que o caminho foi aberto na área ambiental.
O ISA passou
um pente-fino na redação da Medida Provisória (MP) e dos decretos
que produziram, nos primeiros dias da nova gestão, a mais drástica
reforma ministerial desde o governo Collor (1990-1992). A conclusão
é de que as políticas socioambientais brasileiras, construídas em
40 anos de avanços e reconhecidas internacionalmente, foram
colocadas em xeque. O Ministério do Meio Ambiente (MMA) não apenas
perdeu poder político, mas está agora subordinado a interesses
econômicos e a outras áreas da administração (leia
o editorial do ISA).
“Isso sinaliza que esses assuntos
não são prioridade para o governo. É quase como se tivessem
decidido acabar com o MMA sem ter o ônus de fazer isso”, resume
Nurit Bensusan, especialista em Biodiversidade associada ao ISA.
Assessores e o próprio Bolsonaro
chegaram a dizer que o ministério seria extinto e que suas funções
seriam incorporadas à Agricultura. A ideia foi abandonada, após
vários recuos, por pressão dos próprios ruralistas, preocupados
com o desgaste no comércio internacional.
“Essa pode ser uma primeira
sinalização de que essas políticas estão ameaçadas e podem
desaparecer; ou de que elas vão ficar relegadas e não haverá quem
as implemente”, aposta Bensusan.“É curioso porque uma parte
desses instrumentos o governo precisa e terá de usar”, comenta.
Esvaziamento de funções
Em geral, MP e decreto de
reestruturação do MMA escancaram o esvaziamento da capacidade de
formular e conduzir políticas, inclusive de fixar as normas
orientadoras de suas diretrizes. Sumiu a competência de combate ao
desmatamento, núcleo da área ambiental federal desde os anos 1980.
O mesmo acontece com programas para populações indígenas e
tradicionais.
O ministério também não tem mais
entre suas atribuições o combate à desertificação. Desapareceu o
departamento de educação ambiental. A temática tem agora menções
genéricas na própria pasta e no Ministério da Educação. Também
desapareceu do MMA os temas de responsabilidade socioambiental,
produção e consumo sustentáveis (diminuição ou extinção do uso
de sacolas plásticas, códigos de conduta empresarial; crédito para
conservação etc).
O novo Departamento de
Desenvolvimento Sustentável também foi desidratado, não tendo mais
função executiva, mas apenas a de produzir estudos, dados e
indicadores. Já a gestão da política de recursos hídricos,
incluindo a Agência Nacional de Águas (ANA), foi para o Ministério
de Desenvolvimento Regional.
A assessoria do MMA respondeu à
reportagem do ISA que não havia agenda para uma
entrevista com o ministro Ricardo Salles ou outro porta-voz.
Mudanças climáticas
O tema-guarda-chuva mais estratégico
para o futuro imediato do país, mudanças climáticas, praticamente
desapareceu do ministério, restando menções esparsas nas
atribuições dos ministérios da Agricultura, Economia e Ciência e
Tecnologia. No detalhamento da estrutura do MMA, há referência
apenas ao Fundo Nacional sobre Mudança do Clima e outras menções
genéricas no Departamento de Conservação de Ecossistemas da
Secretaria de Biodiversidade.
Não se sabe quem vai conduzir a
política nacional e as negociações internacionais sobre mudanças
climáticas, antiga atribuição do MMA. Na prática, o órgão tem
agora papel diplomático secundário. O outro ministério responsável
por essas tratativas é o Itamaraty. A questão é que o atual
chanceler, Ernesto Araújo, coloca em dúvida as mudanças do clima.
Entre
2004 e 2012, o desmatamento na Amazônia brasileira despencou 83%
(veja gráfico). O feito foi resultado da implementação do
Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na
Amazônia Legal (PPCDAm), reconhecido mundialmente como umas das
principais ações para proteger as florestas tropicais e combater as
mudanças climáticas (o desmatamento e as queimadas são a maior
fonte do aquecimento global no Brasil).
Pesquisadores e técnicos ouvidos
peloISA concordam que parte desse sucesso é fruto
da consolidação de um ministério com abordagem integrada de temas
diferentes, capaz de fixar a pauta ambiental e coordenar ações
entre ministérios, governos federal, estaduais e municipais. O
PPCDAM é o melhor exemplo desse tipo articulação.
Daí a impressão de que a política
ambiental está sendo esfacelada pelo governo Bolsonaro. Uma das
medidas mais simbólicas nesse sentido foi a retirada de parte das
atribuições da Secretaria de Mudanças do Clima e Florestas do MMA,
inclusive a agenda climática. Uma das principais questões
levantadas pelos especialistas é: quem vai articular as políticas
cuja atribuição formal sumiu do MMA ou foi espalhada em outras
pastas?
Combate ao desmatamento
O pesquisador sênior do Instituto
de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) Paulo Moutinho diz que o
novo desenho administrativo é equivocado e ineficaz, em especial por
causa da separação entre os temas desmatamento e mudanças
climáticas. “O desmatamento é gerado por um processo
multifacetado e multisetorial complexo. Se você trata do assunto de
modo compartimentalizado, como parece ser a intenção do governo,
perde-se a visão geral”, aponta.
A transferência do Cadastro
Ambiental Rural (CAR) do MMA para o Ministério da Agricultura (MAPA)
é considerado outro obstáculo ao combate aos crimes ambientais. O
CAR foi criado pelo novo Código Florestal para registrar as áreas
que podem ou não ser desmatadas e que precisam se recuperadas em
cada propriedade e posse rural.
O professor da Universidade Federal
de Minas Gerais Raoni Rajão ressalta que MMA e MAPA têm missões
diferentes e que o trabalho de monitorar e punir os desmatamentos,
permitido pelo CAR, exige uma autonomia que a Agricultura não tem.
Ele lembra que os ruralistas, que agora controlam as duas pastas,
historicamente defenderam o relaxamento da fiscalização e foram
contra a publicidade dos dados do cadastro, considerada fundamental
para conter o desmatamento.
“[A ministra da Agricultura] foi
indicada pela bancada ruralista, que não ficará feliz se, por
exemplo, o CAR for usado para fazer algum tipo de punição mais
dura”, salienta. “Por que ela vai assumir o custo político de
punir 100% daqueles que agem ilegalmente e que não estão regulares,
se o benefício disso estará em outro ministério ou agenda?”
Diante da fragmentação e possível
retrocesso na política de combate ao desmatamento, Nurit Bensusan
projeta três cenários possíveis: a criação de uma espécie de
força-tarefa ministerial que tente coordenar a agenda; a
transferência de funções para os Estados; o isolamento do tema no
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama). A especialista do ISA
reconhece que a perspectiva é pouco animadora.
A apreensão entre os ambientalistas
é ainda maior porque o enfraquecimento do MMA acontece ao mesmo
tempo que as taxas de desmatamento voltam a subir. Entre agosto de
2017 e julho de 2018, foram derrubados 7.900 km² de floresta na
Amazônia, um aumento de 13,7%. Entre
agosto e outubro, a devastação teria aumentado 48%, de acordo com o
programa Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter-B), do
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
A situação pode se agravar porque
o orçamento da área ambiental federal vem caindo de forma
consistente, enquanto a a execução orçamentária está mais ou
menos estagnada. O orçamento aprovado para todo o MMA, incluindo
órgãos vinculados, sofreu uma redução de R$ 480,5 milhões (12%),
entre 2017 e 2018 (veja
análise do Inesce gráfico abaixo).
A assessoria do Mapa não respondeu
aos pedidos de entrevista até o fechamento desta reportagem.
Prejuízos diplomáticos e
comerciais
Outro consenso entre os
entrevistados é que o desmantelamento da agenda climática e de
desmatamento trará prejuízos diplomáticos e comerciais para o
país. “Se o Brasil retroceder nesses aspectos, isso vai ameaçar a
reputação não apenas do país, como de suas commodities e empresas
exportadoras”, alerta Carlos Rittl, secretário-executivo do
Observatório do Clima.
O
presidente francês Emmanuel Macron e a chanceler alemã Angela
Merkel já sugeriram que as posições sobre meio ambiente do novo
governo brasileiro ameaçam o acordo comercial entre União Europeia
e Mercosul.Editorial
do Washington Post da semana passada defendeu boicote aos produtos
brasileiros pelo mesmo motivo.
Rittl informa que o Brasil negocia
hoje pelo menos US$ 1 bilhão de dólares de investimentos
internacionais para o combate ao desmatamento e as mudanças
climáticas. Cerca de US$ 500 milhões com o Fundo Verde de Clima da
ONU e outros US$ 500 milhões como empréstimos do banco de
desenvolvimento dos Brics. “Esses recursos ficam em xeque, em
virtude da dúvida sobre o compromisso do país com essas agendas”,
conclui.
“Acompanho há mais de 20 anos as
negociações internacionais sobre clima e é impossível fazer
qualquer negociação ou mesmo contestação na diplomacia se não se
souber quem é ‘o dono da bola’ em cada país, o ministro que vai
dar as diretrizes”, comenta Moutinho. “A desagregação de poder
ou liderança enfraquece o país de forma cruel. Ninguém dá mais
bola ou ele é isolado”, conclui.
Comunidades indígenas e tradicionais no MMA
Também causa preocupação a
extinção da Secretaria de Extrativismo, Desenvolvimento Rural e
Combate à Desertificação do MMA e a transferência da agenda
econômica sobre o primeiro tema (castanha, açaí, látex, óleos,
essências etc) para a Agricultura.
O problema é que na política agora
incorporada do Mapa não há mais referências às populações
indígenas e tradicionais. Um setor específico sobre a produção
econômica dessas comunidades existia no MMA há 20 anos. A pauta
vinha sendo apoiada pela Política de Garantia de Preços Mínimos
para os Produtos da Sociobiodiversidade (PGPM-Bio), que também fica
sem paradeiro com a extinção da Secretaria de Extrativismo.
Somente a comercialização de
produtos da sociobiodiversidade movimentou, em média, R$ 1,43 bilhão
ao ano no Brasil, entre 2013 e 2016, de acordo com o IBGE. O total é
ainda maior porque não estão contabilizados produtos beneficiados,
a comercialização de madeira e seus derivados e produtos oriundos
das roças e rios. Parte importante dessa produção vinha sendo
viabilizada pela PGPM-Bio.
Com o fim da Secretaria de
Extrativismo, não se sabe também qual será o futuro da Política
Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas
(PNGATI), reconhecida hoje como uma das políticas ambientais mais
importantes do Brasil – quase 14% do território nacional está em
Terras Indígenas, as áreas mais preservados do país. Com apoio da
iniciativa, pelo menos 104 Planos de Gestão Ambiental e Territorial
foram finalizados ou estão em elaboração, segundo a Fundação
Nacional do Índio (Funai).
Também não há na nova estrutura
do MMA uma instância para ancorar o Plano Nacional de Fortalecimento
das Comunidades Extrativistas e Ribeirinhas (Planafe), criado em
abril.
Joaquim Belo, presidente do Conselho
Nacional das Populações Extrativistas (CNS), está preocupado
sobretudo com iniciativas para garantia de água tratada e energia
nas comunidades promovidas pelo Planafe. Ele conta que, com o apoio
da antiga secretaria, a legislação foi alterada para permitir a
implantação na Amazônia de cisternas, política já consolidada no
Nordeste. Mais de três mil famílias já foram atendidas e um edital
do BNDES para atender outras 25 mil está pronto.
“Para nós a mudança é terrível,
um balde de água fria. Estamos falando de segmentos muito
marginalizados no processo histórico. No momento em que conseguimos
algum espaço para essa agenda, vem uma medida como essa e voltamos
para a estaca zero”, critica .
Participação e articulação com organizações e movimentos sociais
A extinção da Secretaria de
Articulação Institucional e Cidadania Ambiental do MMA indica ainda
dificuldade em lidar com a sociedade civil. “Os órgãos ambientais
sozinhos não têm condições de fazer valer a legislação. A
medida sinaliza um fechamento do diálogo com a sociedade, que é um
prejuízo para todos”, critica Adriana Ramos, sócia do ISA.
Ela lembra que a política ambiental brasileira foi pioneira na
adoção de instrumentos de articulação e participação direta, a
exemplo da criação do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama),
em 1981.
Fonte: ENVOLVERDE
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