Papa
Francisco: fim da fome exige compromisso contra as mudanças climáticas e contra
as guerras.
Nações Unidas –
Combater a fome exige lutar contra as mudanças
climáticas e prevenir conflitos, defendeu o papa Francisco neste 16 de outubro,
Dia Mundial da Alimentação. Em cerimônia na sede da Organização das Nações
Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), em Roma, o líder da Igreja
Católica descreveu como “infeliz” a decisão de alguns países de se retirar do
Acordo de Paris
Visita do
papa Francisco à sede da FAO no dia 16 de outubro de 2017, Dia Mundial da
Alimentação. Foto: FAO/Giuseppe Carotenuto
Combater
a fome exige lutar contra as mudanças climáticas e prevenir conflitos, defendeu
o papa Francisco neste 16 de outubro, Dia
Mundial da Alimentação. Em cerimônia na sede da Organização das Nações
Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO),
em Roma, o líder da Igreja Católica descreveu como “infeliz” a decisão de
alguns países de se retirar do Acordo de Paris.
Em 2017, a data está sendo observada pela ONU com
um alerta — a fome voltou a aumentar, afetando 815 milhões de pessoas em 2016.
O número representa uma alta de mais de 38 milhões de indivíduos na comparação
com 2015. O crescimento, segundo as Nações Unidas, foi causado pela
proliferação de conflitos e de eventos climáticos extremos — ambos os tipos de
fenômenos associados também a deslocamentos populacionais.
“Está claro que as guerras e as mudanças climáticas
são algumas das causas da fome. Logo, não apresentemos a fome como se se
tratasse de uma doença incurável”, afirmou Francisco em pronunciamento na FAO.
O chefe do Vaticano fez ainda um apelo a líderes
mundiais, para que garantam a segurança dos migrantes, se comprometam com o desarmamento
e protejam o planeta conforme utilizem os recursos naturais para a produção e
consumo de alimentos. O papa descreveu como “infeliz” a decisão de alguns
Estados-membros da ONU de abandonar o Acordo de Paris. “O que está em jogo é a
credibilidade de todo o sistema internacional”, disse o pontífice.
Lembrando as negociações do Pacto Global para a
Migração Segura, Regular e Ordenada, Francisco defendeu que o gerenciamento da
mobilidade humana “requer ações coordenadas, sistemáticas e
intergovernamentais, em acordo com as normas internacionais (já) existentes, e
plenas de amor e de inteligência”.
Para marcar o dia mundial, a FAO escolheu o tema
“Mudar o futuro da migração. Investir em segurança alimentar e desenvolvimento
rural”. “É nossa meta abordar as causas da migração, como pobreza, insegurança
alimentar, desigualdade, desemprego e falta de proteção social”, explicou o
diretor-geral da agência da ONU, José Graziano da Silva, durante o evento.
“Acreditamos firmemente que aumentar investimentos
em segurança alimentar, no desenvolvimento rural sustentável e em esforços para
adaptar a agricultura às mudanças climáticas ajudará a criar as condições por
meio das quais as pessoas, especialmente os jovens, não mais terão de ser
forçadas a abandonar suas terras para buscar uma vida melhor em outro lugar”,
acrescentou o dirigente.
ambém presente no encontro na capital italiana,
David Beasley, diretor-executivo do Programa Mundial de Alimentos (PMA),
disse que o maior problema do mundo é “o conflito produzido pelo homem”.
Segundo o chefe da agência humanitária, situações de confronto armado consomem
80% do orçamento do organismo internacional — o que equivale a mais de 6 bilhões
de dólares.
“Eu chamo aqueles no poder, as pessoas com as
armas, a pararem com o conflito agora”, afirmou Beasley, lembrando suas
recentes viagens ao Iêmen, Sudão do Sul e Bangladesh. “Eu vi os ferimentos
deles (da população afetada) com os meus próprios olhos e ouvi suas histórias
com as minhas próprias lágrimas. Eles estavam apavorados, com fome e
malnutridos após suportarem um pesadelo que a maioria das pessoas mal pode
imaginar.”
O chefe do PMA acrescentou que, “se vamos
verdadeiramente erradicar a fome, temos que parar esse tipo de desumanidade”.
O diretor-geral da Organização Internacional para
as Migrações (OIM), William Lacy Swing, também se pronunciou para a data,
descrevendo a ação contra as mudanças climáticas como “primordial”. Segundo o dirigente,
as mudanças climáticas estão entre as “principais razões para os números
recordes de pessoas obrigadas a migrar de zonas rurais para cidades em todo o
mundo”.
Em 2018, a OIM e a FAO copresidirão o Grupo de
Migração Global da ONU e defenderão a máxima de que “a migração deve ser uma
escolha e não uma necessidade”. As duas agências da ONU trabalharão juntas para
fortalecer a resiliência de comunidades do campo que estão mais suscetíveis aos
fenômenos naturais extremos.
“É uma cooperação que eu acho que continuará
crescendo e se fortalecendo, uma vez que a migração continuará a ser uma
mega-tendência no mundo, tornando-se (um fenômeno) ainda maior com os efeitos
cada vez piores das mudanças climáticas.”
Fonte: ONUBR
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