Entenda a
saída dos EUA e Israel da Unesco.
por Ana Luiza Basilio, para a Carta Educação –
Na última semana, os Estados Unidos e Israel
anunciaram a saída da Unesco, agência das Nações Unidas voltada para a
Educação, Ciência e Cultura.
O país norte-americano foi o primeiro a anunciar a
saída, alegando um viés anti-Israel por parte da agência e a necessidade de
reformas. Demorou pouco para que Israel seguisse a decisão. Para entender os
possíveis impactos do episódio, o Carta educação levou algumas questões ao
professor do Instituto de Relações Internacionais da USP, Carlos Eduardo Lins
da Silva. Confira!
- Carlos
Eduardo Lins e Silva
Como o senhor avalia a
contribuição da Unesco?
A Unesco, a exemplo de todas as entidades do
sistema das Nações Unidas, tem sido importantíssima para melhorar a condição de
vida de pessoas em todo mundo, ao promover, no seu caso específico, valores da
educação, da ciência e da cultura. A ideia das Nações Unidas e suas
realizações, entre elas a Unesco, sem a menor sombra de dúvida, são uma das
grandes realizações humanas do século 20 e continuam a ser fundamentais para o
mundo neste século.
- A
que atribui as saídas dos EUA e Israel da organização?
A justificativa para a saída dos EUA e de Israel
são sucessivas decisões tomada pela organização consideradas por americanos e
israelenses como indícios de preconceito contra Israel.
- Como
as avalia?
Sem entrar no mérito das decisões que serviram de
pretexto para a saída dos EUA, ela é lamentável e confirma a tendência do
governo Trump de distanciar seu país da comunidade multilateral, o que está
sendo e será ruim para o mundo, mas especialmente para os próprios EUA. Trump
tem adotado posições e tomado iniciativas que isolam seu país e o isolam da maneira
mais nefasta possível. Ao retirar-se do acordo de mudanças climáticas, de
tratados de livre comércio, do histórico entendimento multilateral sobre o
programa nuclear iraniano, entre outras medidas equivocadas, Trump coloca os
EUA na condição mais reacionária e chauvinista de sua história recente.
- Há
impactos negativos para a comunidade internacional e os países membros?
Sem dúvida. A ausência na UNESCO de uma nação de
tamanha importância cultural, econômica e política como são os EUA certamente
vai prejudicar a organização e seus muitos projetos beneméritos. Mas a UNESCO
sobreviverá. Não custa lembrar que os EUA já estiveram fora da UNESCO por quase
20 anos (de 1984 a 2003), por decisão de outro presidente ultraconservador,
Ronald Reagan, e já não vinham pagando suas devidas contribuições financeiras
desde 2011. Nem por isso a UNESCO se acabou.
Fonte: ENVOLVERDE
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