Multinacionais
brasileiras avançam no exterior, revela Ranking elaborado pela Fundação Dom
Cabral.
A Fundação Dom Cabral (FDC) divulga nesta
terça-feira (10/10) os resultados do Ranking FDC das Multinacionais Brasileiras
2017 e do Ranking de Internacionalização de Franquias Brasileiras – pesquisa
que elenca as empresas brasileiras mais internacionalizadas e explora aspectos
da gestão do conhecimento destas empresas, que estão presentes em 87 países do
mundo. O estudo, que chega ao seu 12º ano, detalha o desempenho e expectativas
futuras das multinacionais e franquias brasileiras, e aponta tendências quanto
à expansão, estabilidade ou retração das operações nos próximos anos.
O estudo consultou 65 empresas, sendo 54
multinacionais brasileiras e 11 empresas que atuam no exterior por meio de
franquias. Entre as multinacionais, os dados apontam que o processo de expansão
internacional registrado nos últimos anos segue em curso. Em 2016, o índice
médio de internacionalização das empresas foi de 27,3%, um salto de 0,9 ponto
percentual em relação a 2015 e de 4,1 pontos percentuais em relação a 2014. No
caso das franquias, o movimento de internacionalização se manteve praticamente
estável em 2016, passando de 8,5% para 8,1%. Em 2014, o índice era de 5,5%.
Em 2016, 63% das empresas analisadas avançaram no
exterior – ou 34 do total analisado. Outras 18 empresas (33%) recuaram e 2
permaneceram estáveis (4%). No caso das franquias, 5 avançaram (45%), 5
recuaram (45%) e 1 se manteve estável (10%).
Gráfico 1 – Evolução do índice médio de
internacionalização das multinacionais brasileiras
O Ranking das multinacionais brasileiras
Na edição 2017 do Ranking FDC das Multinacionais
Brasileiras, a Fitesa empresa líder na indústria de nãotecidos para
descartáveis higiênicos e médicos, conquistou pelo terceiro ano consecutivo a
primeira posição, com um índice de internacionalização próximo aos 74%. Em
seguida, aparecem a Odebrecht (73%) e a Intercement (65%). A Iochpe-Maxion
(62%) e a Stefanini (62%) completam as primeiras posições do ranking.
O relatório destaca que aquisições recentes ajudam
a justificar a permanência da Fitesa no topo do Ranking. Em 2016, foram
instaladas novas máquinas no México e esse ano a capacidade de produção será
expandida na Alemanha e nos Estados Unidos. Em 2017, a Fitesa anunciou também a
aquisição da Pantex International, uma empresa que produz especialidades para o
mercado de higiênicos.
Confira abaixo a lista com as 15 empresas mais
internacionalizadas do Brasil, dentre as 54 participantes:
Tabela 1 – Ranking FDC das Multinacionais
Brasileiras 2017
O índice de internacionalização das multinacionais
brasileiras é calculado a partir dos ativos, receitas e funcionários no
exterior em relação ao total.
O Ranking de Internacionalização de Franquias
Brasileiras
A FDC também elencou as franquias brasileiras mais
internacionalizas, com base em dados sobre unidades franqueadas, receita de
royalties e taxas e receita de vendas de produtos para franqueados no exterior
em relação ao total. A locadora de carros Localiza ocupa pela segunda vez o
topo do ranking, com índice de internacionalização de 20%. A empresa é umas das
maiores redes de aluguel de carros da América Latina e, por meio da aquisição
da empresa Hertz Brasil, tem o potencial de ampliar sua presença nos mercados
norte-americano e europeu.
Em seguida aparecem a Fabrica di Chocolate (9%) e a
Vivenda do Camarão (8,5%). Confira abaixo o ranking completo com as 11 empresas
avaliadas no Ranking de Internacionalização das Franquias Brasileiras:
Tabela 2 – Ranking de Internacionalização das
Franquias Brasileiras
Satisfação e otimismo
O relatório mostra ainda que, em um cenário de
crise econômica no País, as multinacionais estão mais otimistas em relação ao
desempenho financeiro no mercado externo do que no interno – mesmo diante de uma
queda de 35% nas margens de lucro das subsidiárias em 2016.
Em edições anteriores da pesquisa, como 2010, 2011
e 2012, o quadro observado era completamente diferente do atual, pois as
empresas brasileiras estavam mais satisfeitas com seu desempenho no mercado
doméstico do que no internacional, em todos os indicadores. Isso mostra como o
cenário econômico afeta o desempenho das companhias, já que nessa época o
mercado internacional sentia os efeitos da crise mundial, enquanto o Brasil
vivia um momento de crescimento. No entanto, desde 2014, com a conjuntura
negativa da economia brasileira, esse panorama se reverteu com as empresas mais
satisfeitas com o mercado internacional, principalmente em relação às vendas.
Para os próximos anos, 42,3% das empresas
consultadas esperam entrar em novos mercados enquanto 67,3% planejam expandir
em mercados em que já atuam.
Ao contrário do observado para as multinacionais, a
maioria das franquias percebe melhor desempenho no mercado doméstico se
comparado ao internacional. Esse resultado reflete a alta competição que as
franquias enfrentam ao atuarem no exterior, reforçando os desafios de concorrer
com empresas e marcas já conhecidas, em especial no mercado B2C. “Esta situação
reflete o estágio de internacionalização das franquias brasileiras, que é mais
incipiente. Isso faz com que o cenário nacional seja mais satisfatório para
este grupo”, analisa Lívia.
Do Brasil para ao mundo
As empresas participantes do Ranking FDC das
Multinacionais Brasileiras e do Ranking FDC de Internacionalização das
Franquias Brasileiras 2017 estão presentes em 87 países. Mais uma vez, o país
que concentra maior número de empresas brasileiras são os Estados Unidos, com
44 empresas. A América Latina também é um alvo frequente no processo de
internacionalização de empresas brasileiras pela proximidade geográfica e
cultural. Dos 10 países com maior presença de empresas brasileiras, 7 são
latino americanos (6 países da América do Sul + México). O maior destaque nesse
continente é a vizinha Argentina, onde 31 empresas possuem subsidiárias e
franquias.
Tabela 3 – Concentração geográfica mundial das
empresas brasileiras
Posição
|
País
|
Número de empresas
|
1
|
Estados Unidos
|
44
|
2
|
Argentina
|
31
|
3
|
México
|
24
|
4
|
Chile
|
21
|
5
|
Colômbia
|
21
|
6
|
Peru
|
21
|
7
|
Uruguai
|
20
|
8
|
Uruguai
|
20
|
9
|
China
|
18
|
10
|
Reino Unido
|
15
|
Foi investigado também um aspecto mais dinâmico da atuação internacional das empresas brasileiras: o movimento de abertura ou fechamento de operações no exterior. Das empresas pesquisadas, 27,2% iniciaram operações em novos mercados no ano de 2016 e 21,2% fecharam operações nesse mesmo ano (subsidiárias próprias ou franquias).
Impacto do contexto político-econômico mundial
Com episódios de grande impacto internacional, como
a eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos e a saída do
Reino Unido da União Europeia (Brexit), a FDC investigou como o cenário
político-econômico afeta os planos das multinacionais brasileiras.
Grande parte das empresas, 74,2%, afirma que suas
estratégias internacionais foram impactadas de alguma forma pelo contexto
mundial, sendo que apenas 15,6% alega um impacto considerável. Entretanto, como
muitas empresas participantes da pesquisa estão presentes em diversos países,
com diversificação de riscos, e nem todas estão presentes no mercado
norte-americano ou inglês, o impacto relativo das políticas Trump e Brexit é
percebido como pequeno, muito pequeno ou inexistente para a grande maioria
(84,4%).
“Este dado surpreende, principalmente no cenário
político internacional que estamos vivendo. Apesar de os empresários relatarem
preocupação, esperávamos que o impacto fosse mais negativo”, diz Lívia Barakat,
da FDC.
Gráfico 2 – Impacto do contexto político-econômico
mundial na estratégia de internacionalização
Gestão do conhecimento
O Ranking FDC das Multinacionais Brasileiras aponta
que as subsidiárias internacionais das multinacionais brasileiras apresentam um
grau médio de geração de novas ideias, sugestões de melhoria e inovações em
suas subsidiárias. No entanto, parte desse conhecimento se perde e não volta às
matrizes brasileiras “Em parte porque o conhecimento gerado lá fora é muito
específico, e em alguns casos por que as empresas não investem nesta
transferência de conhecimento”, analisa Lívia Barakat, da FDC. “Internamente,
as empresas estão conversando pouco sobre novas ideias para agregar valor ao
negócio.” Além disso, Lívia comenta que “o conhecimento gerado nas subsidiárias
internacionais é mais aproveitado em empresas mais internacionalizadas,
portanto, os resultados sugerem o processo de internacionalização crescente
contribui para o aprendizado e as inovações”.
Sobre o Ranking – Realizado anualmente desde 2006, o Ranking
FDC das Multinacionais Brasileiras vem explorando temas relevantes relacionados
ao processo de internacionalização das empresas. Além do levantamento anual
sobre o grau de internacionalização, a pesquisa traz reflexões sobre a
trajetória das multinacionais brasileiras, suas estratégias internacionais e os
resultados alcançados.
Sobre a Fundação Dom Cabral – A Fundação Dom Cabral é
uma escola de negócios que há 41 anos tem a missão de contribuir para o
desenvolvimento sustentável da sociedade, por meio da educação, capacitação e
desenvolvimento de executivos, empresários e gestores públicos. Circulam
anualmente pelos seus programas cerca de 40 mil executivos de empresas e
organizações de pequeno, médio e grande porte. No campo social, a FDC
desenvolve iniciativas de desenvolvimento, capacitação e consolidação de projetos,
líderes e organizações sociais, contribuindo para o fortalecimento e o alcance
dos resultados pretendidos por essas entidades. A FDC é a melhor escola de
negócios da América Latina segundo o Ranking da Educação Executiva 2017 do
Financial Times.
Fonte: ENVOLVERDE
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