segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Normas que concedem incentivo fiscal a produção e comercialização de agrotóxicos são inconstitucionais, sustenta PGR.
Para ela, a prática contraria os ditames constitucionais de proteção ao meio ambiente e à saúde, sobretudo dos trabalhadores

Imagem ilustrativa: Pixabay

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, defende a inconstitucionalidade de normas que concedem isenção fiscal a produção e comercialização de agrotóxicos. Em parecer enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) nº 5553, ela sustenta que a prática favorece o uso e a disseminação desse tipo de substância, colocando em risco o meio ambiente e a saúde dos cidadãos. Segundo Dodge, as normas contrariam os direitos constitucionais ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, à saúde coletiva e à proteção social do trabalhador.

Na ADI, o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) questiona cláusulas do Convênio do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), que reduz a base de cálculo do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) nas saídas dos insumos agropecuários. Também requer a inconstitucionalidade do Decreto 7.660/2011, que concede isenção total do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) a substâncias relacionadas a agrotóxicos.

Para a PGR, ao conceder benefícios fiscais ao produto, as normas fomentam o uso intensivo de agrotóxicos. Dessa forma, além de contrariarem os direitos ao meio ambiente equilibrado (artigo 225 da Constituição Federal), e à saúde (artigo 196), violam o princípio constitucional da seletividade tributária (artigos 153, parágrafo 3º, inciso I, e 155, parágrafo 2º, inciso III). “Os agrotóxicos, a despeito de permitirem, na maioria das situações de uso, a elevação da produção agrícola, não se afiguram essenciais para fins de seletividade tributária; mormente considerando a sua intrínseca nocividade à vida saudável e o seu elevado potencial para a eclosão de danos ambientais.”, sustenta Raquel Dodge no parecer.

Além disso, o incentivo ao uso da substância contraria o Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica, instituído pelo Decreto nº 7.794/2012. O plano busca promover o desenvolvimento sustentável e a qualidade de vida da população, por meio do uso adequado dos recursos naturais e da oferta e consumo de alimentos saudáveis. “Não se está a estabelecer libelo contra o uso de agrotóxicos, tampouco contra o agronegócio. Deseja-se, apenas, que o meio ambiente ecologicamente equilibrado, a saúde coletiva e a proteção social do trabalhador sejam esteio de toda a atividade produtiva”, conclui.

Para Raquel Dodge, caso o STF declare as normas inconstitucionais, a decisão não pode ter efeito retroativo. Eventual interpretação que resulte no corte do benefício fiscal deve ser aplicada a partir do trânsito em julgado da ação, para garantir os princípios da segurança jurídica e da boa fé.

Estudos – No parecer, a PGR alerta que diversos estudos apontam para os perigos do uso intensivo de agrotóxicos. A Agência Internacional de Pesquisa do Câncer (IARC, em inglês), braço especializado da Organização Mundial da Saúde (OMS), definiu algumas dessas substâncias como cancerígenas aos humanos.

Apesar disso, dados do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional da Presidência da República (Consea) revelam que o Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo, com 19% do mercado mundial. Além disso, a taxa de crescimento desse mercado no Brasil foi de 190%, entre 2000 e 2010, enquanto no mundo a média atingiu 93%. Também subiu o número de acidentes de trabalho na agropecuária nacional por intoxicações pela substância, conforme dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan).

No Brasil, a Lei 7.802/1989, que regula a produção e comercialização de agrotóxicos, reconhece a periculosidade de tais produtos, ao determinar que a propaganda comercial contenha, obrigatoriamente, clara advertência sobre os riscos que o uso da substância pode causar ao meio ambiente e à saúde dos homens e dos animais A legislação brasileira também impõe severas restrições à produção, registro, comercialização e manejo do agrotóxico, o que reflete a nítida preocupação do ordenamento jurídico com a nocividade e periculosidade da substância.


PIB + PIV, será que temos um novo foco de luz no final do túnel?
por Fabiano Rangel, presidente da ABRAPS – 

Agora além do PIB (Produto Interno Bruto), indicador da macroeconomia que mede o nível da atividade econômica de uma determinada região, o Brasil passará a ter o PIV (Produto Interno Verde), que baseado em um Projeto de Lei do Otávio Leite (PSDB-RJ) de 2011, o Presidente da República Michel Temer, promulgou em 17 de outubro de 2017 a Lei 13.493, que instituição o novo indicador, tendo apenas um veto.

O PIV será utilizado para calcular o patrimônio ecológico e natural do nosso Brasil, que segundo o artigo 1º da Lei que o promulga, a responsabilidade pelo cálculo e publicação será do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), órgão subordinado ao Ministério do Planejamento, que também é responsável pelo cálculo e publicação do PIB.

Em princípio, o PIV deverá mensurar temas relevantes ao processo de desenvolvimento sustentável do país, como estoques e níveis de utilização dos recursos hídricos, florestas, biodiversidade, energia, emissões entre outros fatores fundamentais a esta agenda.

Diante deste contexto, para nós profissionais que trabalham pelo desenvolvimento sustentável a criação de um índice desta natureza, certamente é vista com bons olhos e muitas expectativas. Há anos, muitos acadêmicos, profissionais da área e até economistas tecem críticas construtivas sobre as limitações a capacidade real do PIB de medir sozinho o nível de progresso.

Contudo, a criação da Lei que estabelece o PIV, deve ser vista com atenção por todos e arrisco dizer, com algumas ressalvas. Isso porque, existem pontos importantes que ficaram em aberto ou pouco esclarecidos no curto texto da lei com somente de três artigos.

Um deles é sobre a periodicidade da publicação do PIV, que segundo a Lei, será calculado anualmente, sempre que possível. Sem dúvidas este é um ponto de atenção, porque se estamos avançando a ponto de mensurar fatores ambientais, que são essenciais a verificação das condições do nível de progresso e desenvolvimento de uma sociedade, ter uma definição de periodicidade flexível como estas é no mínimo estranho, ou em uma segunda leitura, passa uma mensagem que este será um indicador de importância secundária, ou seja, sendo possível, faremos.

Outro ponto de atenção está no como de fato o indicador será medido, assim como seu processo de mensuração. Neste quesito, a Lei se limita a informar que o cálculo deverá levar em consideração critérios e dados tradicionalmente utilizados sobre o patrimônio ecológico nacional e ainda, deverá ser feito com base em iniciativas nacionais e internacionais semelhantes. A lei ainda traz um complemento em aberto com a seguinte diretriz: O PIV deverá possibilitar a convergência com sistemas de contas econômicas ambientais adotadas em outros países, permitindo assim, sua comparabilidade.

Indo um pouco mais além, o texto da Lei ainda informa que a metodologia para o cálculo do PIV deverá ser amplamente discutida com a sociedade e as instituições públicas, incluindo o Congresso Nacional, antes que seja instituído um sistema de contas econômicas ambientais oficiais no Brasil.

Desta forma, temos aqui um dos principais pontos de atenção e diria de atuação dos profissionais que atuam sobre a agenda do desenvolvimento sustentável, seja na iniciativa privada, instituições públicas, universidades e organizações não governamentais. Isso porque, da forma como a Lei foi promulgada, temos apenas um texto de intenções sobre o que poderá ser o PIV. Sua efetivação deverá vir por meio de decreto regulamentador e neste caso, como profissionais que militam na área, temos o dever e a responsabilidade de acompanhar de perto a evolução deste processo e debate. Acredito que que há um nível de consenso sobre a importância e relevância de termos um indicador oficial entre os profissionais que trabalham pelo desenvolvimento sustentável, dada sua relevância uma vez que será possível medir e entender a relação do progresso das atividades econômicas, associadas ao nível de impactos sobre os recursos e serviços ambientais de uma determinada região.

Além disso, não podemos nos furtar da lembrança que a promulgação da Lei que institui o PIV, acontece em meio a turbulências recentes sobre decisões e direcionamentos considerados equivocados na agenda do desenvolvimento sustentável pelo Governo Federal, a exemplo do Decreto Governamental 9.159 de 29 de agosto de 2017, que destituí de forma unilateral a Reserva Nacional do Cobre e Associados (Renca), parte do território amazônico do tamanho do Espírito Santo, sob a argumentação de que área já haviam pequenos garimpos irregulares, uma lógica estranha de resolver o problema legitimando o mesmo.

Recentemente, tivemos também a portaria 1.129/2017 publicada em 13 de outubro de 2017, pelo Ministro do Trabalho e Emprego Ronaldo Nogueira, revendo critérios de enquadramento do trabalho forçado e análogo a escravo, assim como os critérios de publicação das pessoas físicas e jurídicas na chamada “Lista Suja” do Ministério. Ato que gerou clamores públicos e rejeição na própria pasta, com a publicação da nota técnica da SIT (Secretaria de Inspeção do Trabalho), afirmando que a portaria do Ministro traz dispositivos “manifestamente ilegais” e solicitando a imediata revogação da mesma. Infelizmente é notório que a exploração do trabalho análogo a escravo ou degradante, em muitas situações está diretamente associada a práticas exploratórias e irresponsáveis dos recursos naturais.

Longe de ter um olhar pessimista, mas talvez cético e por isso, ficam algumas dúvidas, sobre a promulgação da Lei que institui o PIV. Será que estamos mesmo diante de uma iniciativa que nos permitirá avistar um novo foco de luz no fim do túnel? Será mais um texto legal, dos quais vamos nos orgulhar por compor o “hall” de um dos melhores arcabouços legais na área ambiental?


Somos um pais reconhecido internacionalmente por ter um conjunto de Leis ambientais bem desenvolvidas, mas internamente, sabemos que muito ainda está no papel e muitos são os desafios de efetivação deste arcabouço. Portanto, vamos trabalhar para que o PIV seja mais que uma Lei e isto, certamente dependerá do envolvimento de todos os profissionais e pessoas que de alguma forma trabalham em pró de um processo de desenvolvimento mais sustentável da nossa sociedade.

Fabiano Rangel é presidente da ABRAPs (Associação Brasileira dos Profissionais pelo Desenvolvimento Sustentável).


Fonte: ENVOLVERDE
CEO com Propósito: Startups brasileiras aceleram a agenda de Sustentabilidade.
por Juliana Zellauy, especial para a parceria Ideia Sustentável/Envolverde – 

Nesta terça-feira (24/10) foi realizado em São Paulo o evento CEO com Propósito promovido pela Plataforma Liderança Sustentável que trouxe algumas iniciativas inspiradoras de organizações que vêm construindo soluções para o cumprimento dos ODS – Objetivos do Desenvolvimento Sustentável.

No evento foram apresentados um total de 10 casos de sucesso, sendo que ao longo das apresentações o papel das startups para a promoção do desenvolvimento sustentável ficou ainda mais nítido para mim, que tenho estado mergulhada e fascinada pelo tema.

Veja, os desafios socioambientais têm se tornado cada vez maiores e mais urgentes demandando soluções rápidas e inovadoras, no entanto, grande parte dos modelos de negócios tradicionais não tem sido capazes de atender a esta demanda na velocidade necessária. Neste cenário, começaram a surgir as startups, que além de estarem redefinindo a forma de fazer negócios, têm se mostrado uma importante ferramenta no desenvolvimento de soluções para problemas socioambientais complexos da atualidade.

Por definição startups são um grupo de pessoas que se reúne em busca de um novo modelo de negócios, repetível e escalável que soluciona um problema ou dificuldade enfrentada por seu público-alvo. Se observarmos a definição de Valor Compartilhado dos economistas Michael Porter e Mark Kramer, considerando o cenário de mudanças e desafios que vivemos hoje, as empresas deveriam atuar trabalhando para a geração de valor econômico de forma a criar também valor para a sociedade por meio do enfrentamento de suas necessidades e desafios. Em outras palavras, trata-se da necessidade de trazer a perspectiva social para a estratégia central do negócio.

Neste sentido, as startups têm largado na frente no atendimento a estes desafios e na geração de valor para a sociedade por, entre outros temas, buscarem soluções para questões atuais como de mobilidade, conectividade, saúde e bem-estar, ascensão social, inclusão tecnológica, educação e escassez de recursos. Além disso, estas organizações possuem maior liberdade de atuação, já que operando em um novo modelo de negócios não têm um market share para defender, nem precisam se preocupar com ativos, processos ou regulações pré-existentes como as organizações tradicionais. Como resultado positivo, esta liberdade de criação potencializa a criatividade e possibilita o desenvolvimento de caminhos nunca antes trilhados, potencializando soluções inclusive na área socioambiental.

Ademais, devido a sua característica essencial de promover soluções que atinjam um grande número de pessoas a baixo custo, elas tem contribuído enormemente para lidar com esta agenda de forma rápida e escalável, elementos essenciais para atacar grande parte das problemas socioambientais que atingem bilhões ao redor do mundo, sendo a maioria de baixa renda.

Finalmente, startups fazem do clichê “transformar desafios em oportunidades” uma realidade. Assim, problemas ambientais e sociais importantes que aguardam há anos vontade política para serem solucionados, nas mãos das startups se transformam em alavancas de negócios garantindo não só a solução que a sociedade necessita, mas também a sustentabilidade financeira destas organizações.

Exemplos desta atuação felizmente são muitos e alguns deles foram apresentados durante o evento. A Boomera, por exemplo, atua com os conceitos de economia circular e engenharia reversa transformando resíduos em matérias-primas de novos processos produtivos. Para citar apenas duas entre várias outras iniciativas interessantes é deles o projeto de reciclagem das cápsulas de café Dolce Gusto além da solução inédita de reciclagem de fraldas pós-consumo. Isso mesmo, pós-consumo.

Na área de agricultura, a CEO Mariana Vasconcelos da Agrosmart apresentou as soluções promovidas pela startup que utiliza tecnologias de monitoramento inteligente para o cultivo mais eficiente das lavouras. Como consequência o produtor ganha em produtividade, na redução de custos com energia elétrica, com o combustível e no tempo em campo, além de economizar em até 60% no consumo de água. Lembrando que 70% da água utilizada em nosso país é destinada à agricultura, e que metade deste volume é perdido pela ineficiência dos processos. Fundada em 2014 e tendo obtido apoio de instituições como a Singularity University (USA), Google e NASA a empresa apresenta crescimento exponencial e já opera em 9 países.

Já a Newat apresenta uma solução que utiliza sensores baseados em tecnologia das coisas para detalhar o consumo de energia em instalações residenciais, comerciais ou industriais. Assim, você consegue identificar exatamente qual aparelho, equipamento ou setor consome mais energia para que então seja feita uma atuação precisa sobre o consumo excessivo. Tudo isso por meio de um dispositivo sem fio, sem bateria (já que utiliza a própria energia da rede), que cabe no bolso e é conectado diretamente no quadro de distribuição.

Como pode-se ver, por serem um espaço de liberdade criativa, agilidade e rapidez e por trabalharem com foco nas dificuldades enfrentadas pela sociedade com baixo custo e escalabilidade, as startups são um terreno fértil para o desenvolvimento de ideias disruptivas que tratem questões tão urgentes da maneira necessária, ou seja, com a abrangência, a inovação e a velocidade necessárias para garantir a qualidade de vida para a presente e as futuras gerações.

Nas palavras de Muhammad Yunus, citadas durante o evento por Luciano Gurgel (CEO da organização Yunus Brasil): “os negócios são uma ferramenta poderosa para combater os problemas sociais”. Querido Yunus, os ambientais também. (Ideia Sustentável/Envolverde).

*Juliana Zellauy Feres é executiva da área de sustentabilidade, com passagens por diversas organizações e empresas.


Fonte: ENVOLVERDE
O mundo precisa de CEOs com propósito.
por Liliane Rocha, especial para a parceria Ideia Sustentável/Envolverde – 

“Empreender é devolver para a sociedade aquilo que lhe foi tirado” está foi certamente uma das melhores frases que escutei nos últimos tempos, e também uma das mais conscientes que foi dita em um evento de Sustentabilidade. O evento “CEO com propósito” realizado hoje em São Paulo, foi onde essa frase foi dita. Mas vejamos o que o Chief Executive Officer, ou em outras palavras e em tradução livre, o presidente ou fundador de uma empresa tem a ver com a reflexão deste tema tão em voga ultimamente que é o propósito?

Lembremos que propósito em linhas gerais é a uma força motora que nos move em direção a algo, uma realização ou um designo. A palavra propósito vem do latim proposĭtum, intenção, intento. Pois bem, historicamente desde que as corporações vieram ao mundo certamente elas têm um propósito. A questão aqui latente é que historicamente o grande propósito das empresas tradicionais é gerar lucro aos acionistas.  No entanto, o evento nos fez lembrar que quando pensamos nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável e em Sustentabilidade faz com que readequemos a lente do capitalismo.

É uma nova, velha lente para enxergar os negócios. Explico-me, velha porque a Sustentabilidade da forma como discutimos hoje, vem sendo globalmente discutida desde a Comissão Brundtland do relatório “Nosso Futuro Comum” em 1987, assim o tema definitivamente é antigo. No entanto nova lente, porque como diria Aldoux Huxley em tempos difíceis “o óbvio deve ser reforçado”. E eu diria reforçado, revisto, revisitado, para que as pessoas lembrem o que precisa ser feito, como é possível ser feito e, principalmente, se empoderem de que é preciso ser feito.

Como bem disse Denise Hills, há dois grandes momentos em nossa vida “o dia em que nascemos e o dia que descobrimos para que nascemos”, ou seja, qual o nosso propósito na vida. Assim, o evento apresentou histórias de grandes empresas que em algum momento se vincularam a pequenas startups da nova era que já nascem com o propósito, o objetivo maior, de gerar lucro a partir de uma causa social ou ambiental que possa mudar o mundo para melhor.

E que somente pelo propósito deste nosso bem comum, deste nosso futuro comum, se tornaram os grandes empreendedores e realizadores que são hoje. O evento nos mostra portanto, não o futuro, mas o presente, dos negócios de sucesso, que nascidos do propósito de fazer a diferença no planeta e na sociedade, se tornam também economicamente viáveis e exitosos aos olhos de todos.

Liliane Rocha – É CEO da Gestão Kairós – consultoria especializada em Sustentabilidade e Diversidade. Autora do livro “Como ser um líder inclusivo”. Mestre em Políticas Públicas pela FGV, MBA Executivo em Gestão da Sustentabilidade na FGV, Especialização em Gestão Responsável para Sustentabilidade pela Fundação Dom Cabral, MBA em Coaching pela Sociedade Brasileira de Coaching, graduada em Relações Públicas na Cásper Líbero.

Mais informações sobre Liliane no site:www.gestaokairos.com.br


Fonte: ENVOLVERDE

América do Sul perdeu 30% de suas áreas selvagens desde 1990.

por Alceu Castilho, do De Olho nos Ruralistas – 

Estudo australiano publicado pela revista Current Biology recomenda limite à expansão rodoviária, extração de madeira, mineração e “operações agrícolas de larga escala”.

Um estudo publicado ontem na revista Current Biology mostra que a América do Sul foi a região que mais perdeu áreas selvagens desde 1990: 30%. Seguida pela África, com 14%. A porcentagem mundial foi de 9,6%. Seis pesquisadores australianos, um estadunidense e um canadense pesquisaram os dados e fizeram recomendações para políticas globais e locais. O nome da pesquisa é significativo: 

“Declínio Catastrófico em Áreas Selvagens Soterra Metas Ambientais Globais”.

Os pesquisadores não posam de isentos. Recomendam que as políticas públicas foquem nas “atividades ameaçadoras que têm levado à erosão recente das áreas selvagens”: a expansão rodoviária, a silvicultura, a mineração industrial e as operações agrícolas de larga escala. “Metade do desmatamento de florestas tropicais entre 2000 e 2012 foi ilegal”, constatam.Os autores não consideram áreas selvagens aquelas que não são habitadas por humanos. E sim as que são mais preservadas – com a presença de indígenas, por exemplo. Coordenados por James Watson, da Universidade de Queensland, eles constataram a perda de 3,3 milhões de quilômetros quadrados em 26 anos. Em 1990, o total de áreas selvagens era de 30, 1 milhões de quilômetros quadrados.

Eles consideram que as ações de conservação deveriam incluir a criação de amplas áreas protegidas, o estabelecimento de corredores de megaconservação entre as áreas protegidas e a autorização para comunidades indígenas estabelecerem suas reservas.
Em vermelho, áreas selvagens destruídas desde 1990; em verde, as remanescentes.

Eles concluem o estudo dizendo que os exemplos positivos, inclusive no Brasil, são poucos. E defendendo ação imediata em larga escala, o que inclui plataformas políticas globais. “A contínua perda de áreas selvagens é um problema global com consequências amplas e irreversíveis para o homem e para a natureza. Se essas tendências continuarem, não haverá áreas selvagens significativas em menos de um século”.  (Alceu Luís Castilho)


Fonte: ENVOLVERDE

terça-feira, 24 de outubro de 2017

Ministro anuncia conversão de multas.

Pagamento devido ao Ibama e ao ICMBio poderá ser convertido em serviços ambientais, adianta Sarney Filho em audiência na Câmara.

WALESKA BARBOSA*

O ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, anunciou que o governo federal vai editar, nos próximos dias, decreto que permitirá a conversão de multas por crimes ambientais em serviços como, por exemplo, recuperação de áreas degradadas e reflorestamento. O anúncio foi feito durante audiência na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira (16/08), em Brasília.

De acordo com o ministro, os recursos arrecadados não estarão sujeitos a contingenciamento orçamentário, já que os devedores vão aplicar o valor das multas diretamente nos projetos.

Presente na audiência, a presidente do Ibama, Suely Araújo, esclareceu que “os recursos do autuado serão aplicados diretamente em projetos ambientais de áreas estruturantes”. Para ela, a mudança vai representar “uma verdadeira revolução na política ambiental brasileira” pelo volume de recursos em questão.

Por ano, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) aplicam R$ 3 bilhões em multas por crimes ambientais.

SÃO FRANSCISCO

Suely Araújo explicou que a conversão de multas em serviços ambientais será usada, no primeiro momento, para a recuperação de afluentes do rio São Francisco e para a regularização fundiária.

 “Queremos plantar árvores para colher água. Isso vai ser atividade permanente no Ibama e no ICMBio”, disse.

A situação do rio São Francisco, que enfrenta a redução do volume de água, sofrendo com assoreamento e poluição, foi mencionada pelo ministro como um dos principais problemas ambientais brasileiros, assim como o desmatamento e os desastres causados pelos efeitos da mudança do clima. “Precisamos garantir que as futuras gerações usufruam do mesmo clima que temos hoje”, disse.

DIÁLOGO ABERTO

Sarney Filho foi convocado para comparecer à comissão a partir de requerimento do deputado Valdir Colatto. Durante a audiência, o ministro destacou o caráter participativo com que conduz as decisões relativas às políticas ambientais brasileiras. “Reabrimos o diálogo com os diversos setores da sociedade. Atuamos conjuntamente com os demais órgãos do governo federal, estados, municípios, parlamento e com a sociedade civil”, afirmou.

O ministro enfatizou que o Meio Ambiente “atua em parceria e não contra” a agenda do agronegócio, desde que a legislação ambiental seja observada. "Nunca a nossa pasta esteve com portas tão abertas para a discussão de questões de interesse do setor produtivo", afirmou, reforçando que as atividades produtivas e a defesa do meio ambiente devem caminhar juntas. “Eu respeito os pareceres técnicos. Caso contrário, estaria cometendo improbidade administrativa”, disse.

FLORESTA EM PÉ

Sarney Filho defendeu o desenvolvimento com sustentabilidade e o valor da floresta em pé, do bem ambiental e da atividade florestal com inclusão social. “Assim, estaremos não criando áreas de confronto, mas fomentando vetores do desenvolvimento. É preciso que as pessoas deixem de interpretar o desenvolvimento sustentável como empecilho ao crescimento do país”, afirmou.

Para tanto, o ministro defendeu investimentos em políticas ambientais bem-sucedidas, como as concessões e manejo florestais, o aprimoramento de reservas extrativistas e as unidades de conservação de desenvolvimento sustentável.

CADASTRO AMBIENTAL

Em relação ao Cadastro Ambiental Rural (CAR), o ministro defendeu tratar-se de um instrumento fundamental para resgatar os passivos ambientais e planejar um novo modelo de ocupação da terra.

Nos primeiros seis meses de sua gestão, o CAR foi povoado e chega hoje a 98% de preenchimento, de acordo com dados do Serviço Florestal Brasileiro. “É algo dinâmico. As propriedades são vendidas, compradas, fundidas e o quadro atual pode mudar. Mas estamos com o cadastramento das propriedades, pequenas e grandes, do nosso país praticamente completo”, explicou.

Já o Programa de Regularização Ambiental (PRA) é uma etapa sob responsabilidade dos estados.

Sarney Filho esclareceu que o ministério está analisando uma proposta feita pelo presidente do Serviço Florestal Brasileiro, Raimundo Deusdará, segundo a qual o preenchimento do PRA teria caráter declaratório. “Porém, acompanhada e fiscalizada com o ajuda dos instrumentos disponíveis hoje, como o monitoramento por satélite”.

LICENCIAMENTO E PARQUES

O ministro também destacou o empenho da pasta em aprovar uma nova legislação para o licenciamento ambiental. “Precisamos de uma lei geral. Fizemos uma ampla negociação em torno das propostas apresentadas, mas elas foram alteradas na Câmara. A aprovação de alguns itens trará insegurança jurídica e falta de clareza”, lamentou.

O presidente do ICMBio, Ricardo Soavinski, afirmou que a criação e ampliação de unidades de conservação e a política de uso dos parques nacionais vêm sendo aperfeiçoadas com vistas ao desenvolvimento socioambiental e com observância à legislação.

*Com informações da Agência Câmara.

Assessoria de Comunicação Social (Ascom/MMA): (61) 2028-1227

Fonte: MMA
A força das experiências e dos conhecimentos indígenas.

DOCUMENTO FINAL DO ENCONTRO REGIONAL DE FORMAÇÃO E TROCA DE EXPERIÊNCIAS COM AS LIDERANÇAS DAS ORGANIZAÇÕES E COMUNIDADES INDÍGENAS DO MÉDIO RIO SOLIMÕES E AFLUENTES.

TEMA: A FORÇA DAS EXPERIÊNCIAS E DOS CONHECIMENTOS INDÍGENAS.

Nós, lideranças dos povos Kokama, Kambeba, Tikuna, Miranha, Madija Kulina, Kanamari, Deni, Mayoruna, Maku Nadëb e Kaixana, representantes das comunidades indígenas Porto Praia de Baixo, Pavão, Boará, Boarazinho, Boará de Cima, Projeto Mapi, Nossa Senhora de Fatima do Catuá, Nova Esperança do Monte Sinai, Patauá de Tefé, Patauá de Maraã, Kanata Ayetu, Nova São Joaquim, Nova Canaã, Ramal do Tucano, São Francisco, São Pedro, Jutaí, Jeremias, Cauaçu de Baixo, Barreira de Cima, Barreira do Meio, Barreira de Baixo, Boiador, Flexal, Matatibem, Taquara e Bauana, localizadas nos municípios de Tefé, Uarini, Carauari, Itamarati, Alvarães, Maraã e Japurá no Amazonas, e as organizações indígenas UNIPI-MSA, CIJA, ASPODEX E ASPOTAX, nos reunimos na cidade de Tefé nos dias 29 e 30 de setembro 2017 por ocasião do Encontro Regional de Formação e Troca de Experiências com Lideranças e Representantes das Organizações Indígenas, promovido pelo Conselho Indigenista Missionário – Cimi, equipe Tefé e Cáritas da Prelazia de Tefé, com apoio de CAFOD e União Europeia, para ampliar os nossos conhecimentos sobre os direitos indígenas, partilhar nossas realidades e experiências a partir das lutas e conquistas históricas, e refletir sobre os desafios postos pelo contexto político atual. A partir destas partilhas e reflexões buscamos caminhos para fortalecer o movimento indígena, pensando coletivamente ações para o enfrentamento dos desafios e dos problemas existentes nas comunidades em relação à terra, os processos organizacionais, e as políticas de saúde e educação, entre outros. Formulamos demandas e propostas de soluções que queremos socializar para apreciação do movimento indígena em geral, as instituições governamentais e não governamentais e o Ministério Público Federal.

A socialização feita durante o nosso encontro deixou evidente a omissão do Governo Federal no que diz respeito à demarcação das terras indígenas da região, conforme determina a Constituição Federal e a Convenção 169 da OIT, assim como os inúmeros problemas existentes em nossas comunidades pela falta de Implementação de uma política de educação escolar indígena de qualidade, bilíngue, específica e diferenciada, que garanta condições para o ensino fundamental e médio completo nas nossas comunidades; falta de recursos financeiros, estruturas adequadas, saneamento básico, insumos que dificultam a execução da política de saúde em nossas comunidades, principalmente as que se encontram em processo de reconhecimento, colocando nossas comunidades numa situação de extrema insegurança e vulnerabilidade.

A falta de demarcação de nossas terras nos deixa expostos a atos de violência praticados por invasores de todo tipo: madeireiros, peixeiros, caçadores e extratores de areia; invasores estes que afrontam as nossas lideranças e desrespeitam nossas formas de vida e os nossos direitos. A não demarcação, além disto, tem dificultado nosso acesso ao atendimento prestado pelos órgãos responsáveis pela saúde indígena e pelas secretarias de educação em nossas aldeias.

Somos sabedores dos nossos direitos e sabemos que a Constituição Federal reconhece o caráter multiétnico e pluricultural do Estado brasileiro, e portanto, o nosso direito enquanto povos indígenas ao tratamento diferenciado, na perspectiva de nossa autonomia e autodeterminação.

Diante das violações, violências e a negação de nossos direitos civis e políticos exigimos respeito aos nossos direitos, à autonomia e autodeterminação dos povos e comunidades indígenas e o direito de participar da criação, implementação e fiscalização das políticas publicas desenvolvidas em nossas comunidades pelos governos municipal, estadual e Federal, bem como em sermos consultados em relação às medidas administrativas e legislativas dos governos que nos afetem diretamente.

Queremos que de forma imediata os procedimentos de demarcação das nossas terras sejam retomados, com a criação, pela FUNAI, dos Grupos de Trabalho (GTs) responsáveis pela a identificação dos limites, e a execução dos demais atos oficiais necessários para garantir a regularização fundiária das 12 terras indígenas ainda não demarcadas no município de Tefé (Boara/ Boarazinho, Nossa Senhora de Fatima do Catuá, Bom Fim, Barreirinha, Porto Praia de Baixo, Nova Jerusalém, Bom Futuro, Projeto Mapi, Genipaúa, Patauá, Monte Sinai e Sivirino), das 6 terras indígenas ainda não demarcadas localizadas no município de Maraã (Arauaca, Nossa Senhora de Fátima, Caruara, Putiri, Ebenezer, Betânia), das 6 terras ainda não demarcadas localizadas no município de Uarini (Cauaçu de Baixo, Santa Domicia, Ramal do Tucano, Tucumanzal, Aiucá e Horizonte), e das 3 terras ainda não demarcadas localizadas no município de Carauari (Taquara, Bauana e Matatibem).

Solicitamos apoio do Cimi, das instituições Funai, SESAI, Prefeituras e Ministério Publico Federal para pensar estratégias e ações conjuntas com as comunidades e organizações indígenas que agilizem estes processos de regularização fundiária.

Diante das demandas de terra e a falta de recursos financeiros para que os funcionários realizem as ações nas áreas de abrangência da CTL da FUNAI em Tefé, que atende nove municípios, é urgente a criação de uma CR estruturada na região do médio rio Solimões e afluentes.

Solicitamos dos prefeitos e vereadores dos municípios de Tefé, Alvarães, Maraã, Japurá, Uarini, Carauari e Itamarati que garantam mais autonomia, poder de decisão e recursos financeiros para as coordenações de assuntos indígenas nos municípios, para que estas possam desenvolver suas ações nas comunidades indígenas em parceria com o movimento indígena. Também solicitamos que concedam às coordenações de educação escolar indígena autonomia financeira e poderes necessários para executar a política de educação nas aldeias de forma articulada com lideranças, comunidades e organizações indígenas.

Exigimos ainda que as prefeituras e câmaras de vereadores desses 7 municípios destinem os recursos financeiros necessários e pessoas qualificadas para a criação dos conselhos de educação escolar indígena em cada um dos municípios, para que esses conselhos possam garantir o reconhecimento das escolas indígenas, sendo que atualmente a maioria das escolas nesses município não estão cadastradas como escolas indígenas. É importante que nesse processo de articulação e criação haja atuação conjunta das coordenações indígenas, SEMED, FUNAI, organizações indígenas e indigenistas, lideranças, tuxauas, professores, pais e alunos das aldeias.

Solicitamos também que as prefeituras realizem concursos públicos específicos e diferenciados para os professores indígenas.

Solicitamos dos prefeitos e vereadores dos municípios de Tefé, Alvarães, Maraã, Japurá, Uarini, Carauari e Itamarati a criação de um fórum de discussão de política indigenista nos municípios, como um espaço em que o movimento indígena possa discutir e propor para os governos municipais ações que contribuam com a resolução dos problemas enfrentados pelas comunidades nas áreas de terra, saúde e educação.

Solicitamos também que a SESAI crie, no âmbito do Distrito Sanitário Especial Indígena do Médio Solimões e Afluentes, projetos para o fortalecimento dos conselhos locais e distrital de saúde, prevendo ações de capacitação para os conselheiros e de formação continuada para os AIS e AISAN.
Solicitamos das prefeituras que realizem os atendimentos de saúde nas aldeias novas que ainda não estão cadastradas no Sistema da SESAI, e que mantenham um diálogo permanente com o coordenador do DSEI/MSA para planejarem ações conjuntas visando melhorias no atendimento à saúde e no saneamento básico nas aldeias.

Comunicamos aos políticos que têm pretensões dentro das comunidades que passaremos a discutir de forma autônoma dentro das comunidades a eleição de vereadores e deputados para que possamos eleger pessoas indígenas comprometidas e conhecedoras das necessidades das populações indígenas, as quais possam defender e garantir nossos direitos.

Comunicamos que estaremos discutindo nas nossas reuniões e assembléias indígenas a criação de um calendário de encontros de lideranças dos municípios do Médio Rio Solimões e Afluentes para discutir as políticas públicas, ameaças e desafios enfrentados pelas populações indígenas.

Solicitamos aos parceiros Cimi, as instituições Funai, SESAI, Prefeituras e o Ministério Público Federal que contribuam com o fortalecimento das organizações e associações indígenas, favorecendo o protagonismo dos povos, para juntos pensar estratégias para agilizar a demarcação das terras que estão sendo reivindicadas na região, garantir os direitos e viabilizar melhorias na implementação de políticas de saúde e educação destinadas para os povos indígenas.

Por fim reafirmamos nossa existência enquanto povos fortes e resistentes frente a tantos retrocessos, descaso e omissão do poder público, e afirmamos que frente aos ataques, descaso e omissão contra nós povos indígenas, nossas organizações, associações, comunidades e lideranças do Médio Solimões e afluentes coletivamente continuaremos lutando e exigindo respeito aos nossos direitos.


Fonte: EcoDebate
Incêndio que atinge o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros continua ‘crítico e fora de controle’.

Incêndio na Chapada dos Veadeiros ainda fora de controle, diz diretor do parque



Condições climáticas são desfavoráveis ao combate ao fogo na Chapada dos Veadeiros. Foto: FernandoTatagiba/ICMBio.


O Incêndio que atinge o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros continua “crítico e fora de controle”, informou o chefe da unidade, Fernando Tatagiba. O fogo atinge a Chapada dos Veadeiros, em Goiás, desde a última terça-feira (17). O Parque Nacional continua fechado à visitação. O incêndio chegou também a propriedades privadas.

Segundo Tatagiba, brigadistas do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) tentam impedir que o fogo atinja estruturas administrativas e alojamentos do parque.  O incêndio chegou também a propriedades privadas, cujos donos procuraram o ICMBio para pedir ajuda. De acordo com o ICMBio, nem todos esses focos tiveram origem do incêndio no parque.

De acordo com o boletim do ICMBio de ontem (22), as principais frentes de combate ao incêndio se localizam perto do Córrego dos Ingleses, onde, se não tivesse combate, o incêndio teria ameaçado estruturas administrativas do parque e no Jardim de Maytreia, importante ponto turístico da região. O fogo atravessou a rodovia GO-239, que liga Alto Paraíso a São Jorge, provocando problemas de visibilidade e colocando a vida dos motoristas em risco.

O ICMBio diz que, até agora, 35 mil hectares (14,6%) foram atingidos. Na semana passada, outro foco de incêndio, logo controlado, destruiu cerca de 3 mil hectares.

Ao todo, mais de 200 pessoas estão envolvidas na operação, que é conduzida pela Coordenação de Combate e Prevenção de Incêndios do ICMBio. Neste fim de semana, o combate foi reforçado com a chegada de mais brigadistas do Parque Nacional do Itatiaia (RJ), do Grupo Ambiental do Torto (GAT), da Estação Ecológica da Serra Geral (TO), bombeiros de Goiás e do Distrito Federal e por mais uma aeronave.

Sem sinal de chuva, as condições climáticas estão desfavoráveis para o combate, com vento forte, temperatura de 37 graus Celsius e sensação térmica de 41 graus, o que contribui ainda mais para a expansão das chamas.

O Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros foi criado em 1961 e, em 2001, declarado Patrimônio Natural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). O limite de visitação diária do parque é de 500 pessoas.


Fonte: EBC
Produto Interno Verde (PIV): País ganha indicador para medir seu patrimônio natural.
Cachoeira no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, em Goiás. Foto:s Marcelo Camargo/Arquivo/Agência Brasil.

Em meio a índices para medir o crescimento econômico, taxas de emprego, desemprego e inflação, o Brasil terá também um sistema para mensurar o patrimônio natural. Será o Produto Interno Verde (PIV) que levará em conta recursos naturais como florestas, águas e fontes de energia.

Na última quarta-feira (18), o presidente Michel Temer sancionou um projeto de lei aprovado no Congresso Nacional e tornou lei o cálculo do PIV.

Segundo o presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Roberto Olindo, o PIV fará parte de um extenso sistema macroeconômico de contas do país. Para obtê-lo, será necessária uma descrição detalhada dos recursos naturais como florestas, água e fontes de energia de forma a tornar possível mensurar o impacto das atividades produtivas e do crescimento econômico do país sobre esse patrimônio ecológico. Com base em tais informações, serão traçadas estratégias de desenvolvimento sustentável.

Olinto informou que o levantamento das riquezas naturais será feito em parceria entre o IBGE e órgãos de cada setor como a Agência Nacional de Águas (ANA) e o Serviço Florestal Brasileiro e a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), entre outros.

“O PIV vai refletir a economia, o que é gerado no ano, porém, considerando o quanto se consumiu não só de máquinas e de equipamentos, mas o quanto se consumiu de recursos naturais, o que é uma informação-chave para o planejamento”, explicou.

Ele disse que hoje não se conhecem bem os impactos ambientais no país. “Esse sistema é para prover o país de uma descrição bastante extensa dos recursos naturais, de que maneira eles são afetados pelo desenvolvimento econômico, ou seja, permitindo uma visão melhor do desenvolvimento sustentável.”

Como exemplo prático, o presidente do IBGE citou a água. Para Olinto, é fundamental saber o estoque de água disponível no país, como ela é consumida pela atividade econômica e pelas famílias e de que forma o impacto do crescimento se dará sobre o esgotamento ou a ampliação desse ativo natural. Segundo Olinto, a conta da água é o item para entrar na composição do PIV que está em estágio mais avançado.

A Lei 13.493, que criou o PIV, determina que o cálculo do índice seja formatado em ampla discussão com a sociedade e órgãos públicos. Prevê também que seja calculado pelo IBGE e divulgado anualmente, se possível. Por envolver aspectos tão abrangentes e complexos, não é possível definir uma data para o início da divulgação do PIV, ressaltou Olinto.
Necessidade de preservar biodiversidade está na lei que criou o PIV . Foto: Marcelo Camargo/Arquivo/Agência Brasil .

O ministro Sarney Filho destacou a importância do índice para fortalecer as ações de desenvolvimento sustentável no país. “O Brasil só tem a ganhar com essa lei, porque nos dá um norte visível de que estamos caminhando para essa economia de valorização do bem ambiental”. E completou “Estamos lutando para que essa política que valoriza o bem ambiental seja uma política adotada globalmente”.

A lei que criou o PIV detalha que é importante formatar um modelo de cálculo que torne possível a comparação com iniciativas semelhantes desenvolvidas por outros países.

O projeto de lei do PIV foi apresentado em 2011 pelo deputado Otávio Leite (PSDB-RJ) que, na justificativa, fundamenta que para calcular as riquezas do país como, ocorre no Produto Interno Bruto (PIB), não pode ser deixada de fora a biodiversidade, visando sua valorização e preservação. 

Inicialmente, o projeto usava a nomenclatura PIB Verde para o novo dado a ser produzido.


Fonte: EBC
Relatório indica que a poluição é responsável por 16% das mortes em todo o mundo.
O professor de Ciências da Saúde da Universidade Simon Fraser, Bruce Lanphear, é Comissário e autor da The Lancet, Comissão de Poluição e Saúde, divulgou relatório detalhando os efeitos adversos da poluição na saúde global.

“Esta é a primeira análise global dos impactos da poluição – ar, água, solo, ocupacional – juntos, além de explorar os custos econômicos e a injustiça social da poluição”, diz Lanphear. “A poluição, que está na raiz de muitas doenças e distúrbios que afligem a humanidade, é totalmente evitável”.

O relatório apresenta soluções e recomenda como o problema pode ser resolvido. Inclui exemplos e estudos de casos de sucesso no controle da poluição. Os resultados da Comissão incluem:
A poluição causa 16% de todas as mortes em todo o mundo.

As doenças causadas pela poluição foram responsáveis em 2015 por um número estimado de 9 milhões de mortes prematuras – 16% de todas as mortes em todo o mundo – três vezes mais mortes do que a AIDS, a tuberculose e a malária combinadas; e quinze vezes mais do que todas as guerras e outras formas de violência. Isso mata mais pessoas que o tabagismo, a fome e os desastres naturais. Em alguns países, é responsável por uma das mortes em quatro.

A poluição mata desproporcionalmente os pobres e os vulneráveis. Quase 92% das mortes relacionadas à poluição ocorrem em países de baixa e média renda. Nos países de alta renda, o número de vítimas da poluição é maior nas comunidades pobres e marginalizadas. As crianças enfrentam os maiores riscos, porque pequenas exposições a substâncias químicas no útero e na primeira infância podem resultar em doença e incapacidade vitalícia, morte prematura, bem como a redução da aprendizagem e do potencial de ganho.

A poluição está intimamente ligada à mudança climática e à biodiversidade. A combustão de combustíveis fósseis em países de maior renda e a queima de biomassa em países de baixa renda representam 85% da poluição por partículas no ar. Os principais emissores de dióxido de carbono são as usinas de energia a carvão, os produtores de produtos químicos, as operações de mineração e os veículos. Acelerar a mudança para fontes de energia mais limpas reduzirá a poluição do ar e melhorará a saúde humana e planetária.

The Lancet Commission on pollution and health.




Executive Summary

For decades, pollution and its harmful effects on people’s health, the environment, and the planet have been neglected both by Governments and the international development agenda. Yet, pollution is the largest environmental cause of disease and death in the world today, responsible for an estimated 9 million premature deaths.

The Lancet Commission on pollution and health addresses the full health and economic costs of air, water, and soil pollution. Through analyses of existing and emerging data, the Commission reveals pollution’s severe and underreported contribution to the Global Burden of Disease. It uncovers the economic costs of pollution to low-income and middle-income countries. The Commission will inform key decision makers around the world about the burden that pollution places on health and economic development, and about available cost-effective pollution control solutions and strategies.

Commission

·         The Lancet Commission on pollution and health

Philip J Landrigan, Richard Fuller, Nereus J R Acosta, Olusoji Adeyi, Robert Arnold, Niladri (Nil) Basu, Abdoulaye Bibi Baldé, Roberto Bertollini, Stephan Bose-O’Reilly, Jo Ivey Boufford, Patrick N Breysse, Thomas Chiles, Chulabhorn Mahidol, Awa M Coll-Seck, Maureen L Cropper, Julius Fobil, Valentin Fuster, Michael Greenstone, Andy Haines, David Hanrahan, David Hunter, Mukesh Khare, Alan Krupnick, Bruce Lanphear, Bindu Lohani, Keith Martin, Karen V Mathiasen, Maureen A McTeer, Christopher J L Murray, Johanita D Ndahimananjara, Frederica Perera, Janez Potočnik, Alexander S Preker, Jairam Ramesh, Johan Rockström, Carlos Salinas, Leona D Samson, Karti Sandilya, Peter D Sly, Kirk R Smith, Achim Steiner, Richard B Stewart, William A Suk, Onno C P van Schayck, Gautam N Yadama, Kandeh Yumkella, Ma Zhong The Lancet

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