Publicado Relatório global sobre líderes de Sustentabilidade.
Recentemente foi lançado o quinto
relatório anual “State of the Profession” do grupo GreenBiz que
analisa a evolução do papel do líder de sustentabilidade no mundo
empresarial atual. Como nos anos anteriores, o grupo realizou uma
pesquisa detalhada para descobrir quanto eles ganham, onde trabalham
e o que fazem no decorrer de seu trabalho. Aqui estão alguns dos
destaques do relatório deste ano.
Em 2017, 85% das empresas do índice
S&P 500 publicaram relatórios de sustentabilidade
ou de responsabilidade corporativa. Essa é uma mudança
significativa em relação a 2011, quando o Governance &
Accountability Institute levantou que apenas 20% das empresas do
S&P 500 estavam publicando esses relatórios. Em termos
qualitativos, os pesquisadores observaram que os relatórios
estão se tornando mais baseados em contexto e que os investidores
estão buscando nestas ferramentas informações úteis para as suas
tomadas de decisão. O que sinaliza um olhar mais crítico e
uma mudança muito importante na forma de se produzir e se relacionar
com esta ferramenta. Mas, infelizmente, as decisões baseadas em
fatores ambientais, sociais e de governança, para investir ou
desinvestir, se estiverem ocorrendo, ainda não estão sendo
amplamente divulgadas.
Além disso, os pesquisadores
observaram que a profissão evoluiu de suas origens táticas de
relato e engajamento de partes interessadas para a estratégia
de negócios e gerenciamento de mudanças. Neste sentido, o
GreenBiz acredita que haverá um papel de liderança para um
executivo de sustentabilidade centralizado,
supervisionando um cenário em constante mudança de desafios e
oportunidades ambientais e sociais. Este é um modelo que faz sentido
nos tempos atuais em que as organizações ainda não estão maduras
o suficiente para ter o tema completamente descentralizado entre suas
diversas funções e negócios. Para não fugir do tema central deste
artigo, se você quiser saber do porquê desta visão, eu discorro
mais sobre esta questão no artigo “Devemos
extinguir o departamento de sustentabilidade?”.
Já a maior mudança na profissão
desde que começaram a conduzir esta pesquisa foi a evolução do
papel inicial dos generalistas em sustentabilidade para uma crescente
demanda por especialistas em sustentabilidade. Ao mesmo
tempo, foi confirmado um aumento significativo nas empresas com
receita superior a US$ 1 bilhão, no número de profissionais
de Sustentabilidade incorporados em diferentes departamentos,
como Facilities (de 7% em 2014 para 22% em 2018) e Supply
Chain (de 10% para 31%), para além das já clássicas áreas de
Saúde, Segurança & Meio Ambiente e Responsabilidade Social
Corporativa. No Brasil esta tendência pode ser observada, por
exemplo, dentro da própria Abraps (Associação Brasileira dos
Profissionais pelo Desenvolvimento Sustentável), que trabalha com
profissionais de áreas muito diversas, de medicina à direito,
passando por educação, engenharia, tecnologia da informação,
economia, administração, estatística, psicologia, entre tantas
outras. Dada a complexidade do tema, esta diversidade de olhares,
perspectivas e conhecimentos é extremamente necessária para uma
atuação bem sucedida.
E por falar em Diversidade, a
pesquisa apontou que as mulheres de empresas com receita superior a
US $ 1 bilhão constituem a maioria dos gerentes e diretores (57% e
52%, respectivamente) enquanto 48% dos vice-presidentes são
mulheres. Gerentes e diretores do sexo feminino também ganham mais
do que seus colegas do sexo masculino, ainda que por uma pequena
quantia. O salário médio de uma vice-presidente feminina ainda é
5% menor do que o de um homem, mas isso é uma melhora significativa
em relação aos anos anteriores da pesquisa.
O GreenBiz também investigou pela
primeira vez se os programas continuariam em sua trajetória atual se
o líder de sustentabilidade de uma organização e o CEO saíssem. É
surpreendente notar que enquanto 17% dos entrevistados afirmaram que
o programa não continuaria, 25% não souberam informar e 58%
disseram que continuaria. Será interessante notar a
tendência desta informação ao longo das futuras pesquisas para daí
sim termos mais elementos que possam sinalizar uma possível evolução
da maturidade do tema dentro das organizações, mostrando se
Sustentabilidade foi efetivamente incorporada pela organização e
não apenas por uma liderança específica.
E, de acordo com o Greenbiz, qual
seria o maior desafio das lideranças de sustentabilidade
globalmente? Nas sábias palavras de John Davies, VP do GreenBiz, “o
maior desafio para muitos executivos de sustentabilidade é: como
mudar um sistema quando você é o sistema? Quando as
empresas incorporam recursos de sustentabilidade dentro da
organização, isso tornará as equipes mais complacentes e menos uma
força de ativismo interno?”. Ou, em outras palavras, estamos
efetuando as mudanças sistêmicas necessárias ou apenas mantendo o
status quo, focando erroneamente em tratar apenas alguns
sintomas e não a doença propriamente dita?
Fonte: ENVOLVERDE
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