Manguezais da Amazônia armazenam duas vezes mais carbono por hectare que a floresta tropical da região.
Os cientistas determinaram, pela primeira vez que, os mangues costeiros da Amazônia, crescentemente desmatados para pastos de gado e produção de de camarões, armazenam significativamente mais carbono por hectare do que a famosa floresta tropical da região.
Por Chris Branam*
Manguezal.
Foto: Oregon State University
O estudo de longo prazo, publicado
recentemente na revista Biology Letters, fornece uma melhor
compreensão de como o desmatamento de manguezais contribui para o
efeito estufa, uma das principais causas do aquecimento global, diz
J. Boone Kauffman, ecologista da Oregon State University. quem
liderou a pesquisa.
O manguezal brasileiro permeia toda
a costa do Atlântico na foz do Amazonas, o maior rio do mundo com a
maior floresta de mangue. Embora a preservação da floresta
amazônica tenha sido objeto de intensos esforços de conscientização
nas últimas décadas, menos atenção tem sido dada aos manguezais
da Amazônia.
Os manguezais representam 0,6% de
todas as florestas tropicais do mundo, mas seu desmatamento é
responsável por até 12% das emissões de gases de efeito estufa
provenientes de todo o desmatamento tropical.
Os manguezais são um grupo de
árvores e arbustos que vivem em zonas costeiras intertidais
tropicais. Existem cerca de 80 espécies diferentes de árvores de
mangue. Todas essas árvores crescem em áreas de solos encharcados,
onde águas lentas permitem que sedimentos finos se acumulem. Nesses
ambientes, os manguezais sequestram quantidades significativas de
carbono, armazenadas por séculos.
Para o estudo, os pesquisadores
visitaram nove mangues e três restingas dentro da Amazônia
brasileira. A costa do Oregon, como grande parte dos Estados Unidos,
possui salinas ao longo de sua costa e estuários. Os pântanos
salgados, os mangues e as comunidades de ervas marinhas são
coletivamente referidos como “carbono azul” porque possuem vastos
reservatórios de carbono e sua conservação é valiosa no que diz
respeito à mitigação das mudanças climáticas.
As florestas de mangue também são
importantes para a biodiversidade. Eles são conhecidos como “jardim
de infância dos mares”. É aqui que os peixes jovens desovam, se
reproduzem e passam as primeiras partes de suas vidas.
Manguezais de corte raso apresentam
outra ameaça: as pessoas que vivem ao longo da costa se tornam mais
vulneráveis a tempestades quando são derrubadas, disse Kauffman.
“Os mangues são importantes para
proteção contra impactos de tempestades”, disse ele. “Quando
destruímos os mangues, tornamos as populações muito mais
vulneráveis a danos e mortes durante tempestades. Mais
frequentemente, estas são algumas das pessoas mais pobres do
planeta. ”
Os coautores de Kauffman foram Leila
Giovannoni, aluna do Departamento de Pesca e Vida Selvagem da OSU na
Faculdade de Ciências Agrícolas; Angelo Bernardino e Luiz Eduardo
de O. Gomes da Universidade Federal do Espírito Santo em Vitória,
Brasil; e Tiago Ferreira, Danilo Jefferson Romero, La Coutinho Zayas
Jimenez e Francisco Ruiz da Universidade de São Paulo em Piracicaba,
Brasil.
Financiamento parcial para o estudo
foi fornecido pela Agência dos EUA para o Desenvolvimento
Internacional, Programa Sustentável de Mitigação e Adaptação de
Zonas Úmidas.
Referência:
Carbon stocks of mangroves and salt marshes of the Amazon region, Brazil
J. Boone Kauffman, Angelo F. Bernardino, Tiago O. Ferreira, Leila R. Giovannoni, Luiz Eduardo de O. Gomes, Danilo Jefferson Romero, Laís Coutinho Zayas Jimenez, Francisco Ruiz.
Published 5 September 2018. DOI: 10.1098/rsbl.2018.0208.
Por Chris Branam, com tradução e
edição de Henrique Cortez, EcoDebate.
Fonte: EcoDebate
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