Discussão sobre avanços e
desafios da educação Amazônica deve continuar.
O Seminário de Educação do Campo abordou em seus
dois dias vários aspectos relacionados à educação no campo, passando por temas
como a formação dos professores e a pedagogia utilizada no processo de
aprendizagem das crianças do interior do Estado. A iniciativa foi uma parceria
da Fundação Amazonas Sustentável (FAS) com o Fundo das Nações Unidas para a
Criança (Unicef), e apoio da Secretaria de Estado e Qualidade de Ensino
(Seduc-AM).
No primeiro dia, foi promovido um olhar
panorâmico sobre a realidade atual na educação no campo na Amazônia, passando
pelo tipo ideal identificado no Projeto Caboclo, de Darcy Ribeiro, quase
implementado no país em meados de 1997, e a situação atual da educação indígena
e ribeirinha nos planos de educação municipais da Amazônia.
“Se o projeto tivesse sido implementado, o que
não ocorreu pela fatalidade do falecimento de Darcy, certamente estaríamos em
um patamar a frente na educação no Brasil. O que importa é que com ele muito
pode ser aprendido, muito pode ser realizado, para vencermos a utopia de termos
uma educação de qualidade na Amazônia”, avaliou o superintendente geral da FAS,
Virgílio Viana.
As políticas públicas atuais foram avaliadas,
quando analisadas seu potencial para o enfrentamento da realidade existente.
Segundo pesquisa promovida pelo Programa de Educação e Saúde da FAS, a grande
maioria dos 671 alunos avaliados em oito municípios do interior do Estado não
apresentavam, aos 13 anos de idade, as habilidades requeridas para serem
considerados alfabetizados, o que deveria ter sido consolidado aos oito anos. A
pesquisa foi aplicada nas Reservas de Desenvolvimento Sustentável (RDSs) Rio
Negro, Mamirauá, Cujubim, Juma, Uatumã e na Floresta Estadual (Florest) Maués.
“Está claro que é necessária ação voltada para
educação em todas as esferas. Esse debate é muito importante porque reúne
instituições de vários eixos, para discutirem um desafio que só pode ser
vencido de forma conjunta: levar educação de qualidade para as comunidades
ribeirinhas da Amazônia”, explicou Marcelo Mazzoli, coordenador nacional de
educação do Unicef.
O seminário também serviu para exposição com a
apresentação de experiências exitosas de educação na Amazônia. Atualmente,
existem experiências positivas de promoção da educação em regiões ribeirinhas,
como os sete Núcleos de Conservação e Sustentabilidade (NCSs) da FAS, que levam
educação, saúde e empreendedorismo em unidades de conservação (UCs) atendidas
pelo PBF.
No último dia de atividades do seminário, foi
promovida uma visita técnica na comunidade do Tumbira, na Reserva de
Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Rio Negro. O roteiro incluiu uma visita ao
Núcleo de Conservação e Sustentabilidade (NCS) Agnello Uchoa Bittencourt, um espaço
de educação que conta com salas de aula, biblioteca, laboratório de
informática, posto de saúde e laboratório de inovação tecnológica.
“Essas reflexões foram todas guardadas, e
comporão uma publicação que servirá de orientação para dezenas de prefeitos
espalhados pela Amazônia. Estamos criando uma própria agenda para a Amazônia,
queremos aproveitar esse espaço para que todos os atores se fortaleçam,
queremos que essa utopia se torne uma realidade”, comentou Unai Sacona,
representante da Unicef para a Amazônia.
Em dezembro próximo, a ideia é a realizar uma
nova edição do seminário, que envolverá lideranças de vários segmentos,
incluindo indígenas, extrativistas e quilombolas. O evento deve elaborar
propostas para serem apresentadas aos novos governos, que tomam posse em
janeiro de 2015.
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