Jornalismo de Dados: Jovens se
afastam de páginas engajadas e interagem com imprensa tradicional.
Texto: Natalia
Viana, Gpopai, Alunos
da ESPM – Rio | Infográficos: Bruno
Fonseca –
Levantamento
inédito revela que polarização no Facebook atrai perfis mais
velhos do que páginas que usam linguagem mais neutra.
Um
levantamento inédito com base em interações entre 1.822 perfis
de Facebook e páginas de notícias revelou que há diferenças
significativas entre os leitores de páginas engajadas, que lideram a
polarização do debate político, e páginas da imprensa
tradicional, que costumam adotar um tom mais neutro nas reportagens.
Em especial, a idade dos seguidores
é bem diversa: enquanto o maior grupo de leitores de páginas de
esquerda tem mais de 50 anos (26,1%), os de direita são um pouco
mais jovens: 30% têm entre 41 e 50 anos. Já o maior grupo de
leitores de páginas da imprensa tradicional têm de 20 a 30 anos
(33,3%). O Facebook não permite usuários com menos de 13 anos.
O
estudo foi feito pela Pública em parceria com
alunos da ESPM-Rio e o Grupo de Pesquisa em Políticas Públicas
para o Acesso à Informação (Gpopai), da Universidade de São
Paulo, faz parte do LAB – Laboratório de Inovação em
Jornalismo, realizado na Casa Pública, no Rio de Janeiro. O
pressuposto é que o ato de “curtir” um post comprova não
apenas a leitura da página, mas também concordância com as
notícias.
“Os dados são tão
contraintuitivos que hesitamos em publicá-los, sobretudo em face
das dificuldades metodológicas”, diz o relatório do Gpopai. “No
entanto, quando comparamos nossos números com os dados internos de
dois grandes sites, um da grande imprensa e outro da esquerda, nos
convencemos de que os resultados são consistentes.”
Outra constatação que chama
atenção é a quantidade de leitores com educação superior: são
75,8% dos que interagiram com páginas da imprensa tradicional,
67,7% dos que interagiram com páginas de direita e 74,1% dos que
interagiram com páginas de esquerda. Do total de usuários de
internet no Brasil, apenas 13,1% têm ensino superior, segundo o
Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da
Informação (Cetic.br).
Além
disso, os leitores de páginas engajadas estão longe da maioria dos
usuários da internet. Segundo o Cetic, 54,2% dos usuários têm
menos de 30 anos.
Por outro lado, o estudo reforça
levantamentos anteriores realizados pelo Gpopai, que tem se
debruçado há dez anos sobre o debate político no Brasil.
“Se pegarmos as principais
páginas que discutem política no Facebook, elas alcançam 12
milhões de perfis, dentre os 100 milhões de usuários do Facebook
no Brasil”, diz o professor Pablo Ortellado, coordenador do grupo.
Todos os dias, sua equipe monitora cerca de 5 mil
matérias sobre política nacional, dentro do projeto de
pesquisa Monitor do Debate Político no Meio Digital.
Trata-se de uma parcela dos
usuários, mas que faz bastante barulho. “Não é exatamente
uma novidade que tenhamos ‘jornalismo de combate’. O que temos
de novo é a combinação de uso de mídias sociais com polarização
da sociedade. O problema não é que tenhamos sites engajados, mas
que tenhamos uma sociedade tão polarizada que ela só difunde
informação de combate. Com isso, temos um rebaixamento muito
acentuado da qualidade da informação que circula, já que as
mídias sociais já são a segunda fonte de informação dos
brasileiros, depois da TV”, analisa Ortellado.
A partir de questionários
aplicados durante passeatas em 2016 e 2017, os pesquisadores do
Gpopai haviam constatado que a crença em boatos crescia com a
idade, assim como a identificação dos manifestantes como o
“petistas” e “antipetistas”.
“Isso significa que os mais
velhos estão mais polarizados”, explica Ortellado. Para ele, a
polarização nas redes está estruturada em torno de um tema: o
ódio ou o amor ao PT.
“Se a gente olhar para a
realidade brasileira, parece que a polarização tem a ver com o PT.
Para quem tem mais de 40 anos e viu o PT nascer, é bem provável
que ele tenha sido uma fonte de esperança. Neste grupo, há os que
estão satisfeitos com as conquistas e os que estão extremamente
frustrados com a sua degeneração e limitações. Essa me parece a
explicação mais razoável, já que o PT estrutura a polarização.”
Os dados são relevantes porque o
ambiente das notícias falsas é bastante amplo – e há diversos
graus de informações enganosas. Segundo classificação da
organização First Draft News, da Universidade Harvard, o ambiente
online sofre de “poluição informacional”, e há sete tipos de
enganos se espalhando na rede: desde manchetes caça-cliques, que
não condizem com a reportagem, até republicação de notícias
velhas e fora do contexto. Em um ambiente polarizado, esse tipo de
informação se prolifera mais rápido.
“As notícias falsas são um dos
efeitos de um problema maior que é a polarização política da
sociedade. Com uma sociedade polarizada, todo ecossistema de
informação é pressionado a atender esse sentimento beligerante da
sociedade, rebaixando o padrão editorial, já que matérias que se
prestam mais à guerra de informação têm um desempenho melhor.
Por isso, vemos essa profusão não apenas de notícias falsas, mas
também de outras formas de desinformação.”
Tradução:
Projeto Credibilidade (Projor)
Em especial, a idade dos seguidores
é bem diversa: enquanto o maior grupo de leitores de páginas de
esquerda tem mais de 50 anos (26,1%), os de direita são um pouco
mais jovens: 30% têm entre 41 e 50 anos. Já o maior grupo de
leitores de páginas da imprensa tradicional têm de 20 a 30 anos
(33,3%). O Facebook não permite usuários com menos de 13 anos.
O
estudo foi feito pela Pública em parceria com
alunos da ESPM-Rio e o Grupo de Pesquisa em Políticas Públicas
para o Acesso à Informação (Gpopai), da Universidade de São
Paulo, faz parte do LAB – Laboratório de Inovação em
Jornalismo, realizado na Casa Pública, no Rio de Janeiro. O
pressuposto é que o ato de “curtir” um post comprova não
apenas a leitura da página, mas também concordância com as
notícias.
“Os dados são tão
contraintuitivos que hesitamos em publicá-los, sobretudo em face
das dificuldades metodológicas”, diz o relatório do Gpopai. “No
entanto, quando comparamos nossos números com os dados internos de
dois grandes sites, um da grande imprensa e outro da esquerda, nos
convencemos de que os resultados são consistentes.”
Outra constatação que chama
atenção é a quantidade de leitores com educação superior: são
75,8% dos que interagiram com páginas da imprensa tradicional,
67,7% dos que interagiram com páginas de direita e 74,1% dos que
interagiram com páginas de esquerda. Do total de usuários de
internet no Brasil, apenas 13,1% têm ensino superior, segundo o
Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da
Informação (Cetic.br).
Além
disso, os leitores de páginas engajadas estão longe da maioria dos
usuários da internet. Segundo o Cetic, 54,2% dos usuários têm
menos de 30 anos.
Por outro lado, o estudo reforça
levantamentos anteriores realizados pelo Gpopai, que tem se
debruçado há dez anos sobre o debate político no Brasil.
“Se pegarmos as principais
páginas que discutem política no Facebook, elas alcançam 12
milhões de perfis, dentre os 100 milhões de usuários do Facebook
no Brasil”, diz o professor Pablo Ortellado, coordenador do grupo.
Todos os dias, sua equipe monitora cerca de 5 mil
matérias sobre política nacional, dentro do projeto de
pesquisa Monitor do Debate Político no Meio Digital.
Trata-se de uma parcela dos
usuários, mas que faz bastante barulho. “Não é exatamente
uma novidade que tenhamos ‘jornalismo de combate’. O que temos
de novo é a combinação de uso de mídias sociais com polarização
da sociedade. O problema não é que tenhamos sites engajados, mas
que tenhamos uma sociedade tão polarizada que ela só difunde
informação de combate. Com isso, temos um rebaixamento muito
acentuado da qualidade da informação que circula, já que as
mídias sociais já são a segunda fonte de informação dos
brasileiros, depois da TV”, analisa Ortellado.
A partir de questionários
aplicados durante passeatas em 2016 e 2017, os pesquisadores do
Gpopai haviam constatado que a crença em boatos crescia com a
idade, assim como a identificação dos manifestantes como o
“petistas” e “antipetistas”.
“Isso significa que os mais
velhos estão mais polarizados”, explica Ortellado. Para ele, a
polarização nas redes está estruturada em torno de um tema: o
ódio ou o amor ao PT.
“Se a gente olhar para a
realidade brasileira, parece que a polarização tem a ver com o PT.
Para quem tem mais de 40 anos e viu o PT nascer, é bem provável
que ele tenha sido uma fonte de esperança. Neste grupo, há os que
estão satisfeitos com as conquistas e os que estão extremamente
frustrados com a sua degeneração e limitações. Essa me parece a
explicação mais razoável, já que o PT estrutura a polarização.”
Os dados são relevantes porque o
ambiente das notícias falsas é bastante amplo – e há diversos
graus de informações enganosas. Segundo classificação da
organização First Draft News, da Universidade Harvard, o ambiente
online sofre de “poluição informacional”, e há sete tipos de
enganos se espalhando na rede: desde manchetes caça-cliques, que
não condizem com a reportagem, até republicação de notícias
velhas e fora do contexto. Em um ambiente polarizado, esse tipo de
informação se prolifera mais rápido.
“As notícias falsas são um dos
efeitos de um problema maior que é a polarização política da
sociedade. Com uma sociedade polarizada, todo ecossistema de
informação é pressionado a atender esse sentimento beligerante da
sociedade, rebaixando o padrão editorial, já que matérias que se
prestam mais à guerra de informação têm um desempenho melhor.
Por isso, vemos essa profusão não apenas de notícias falsas, mas
também de outras formas de desinformação.”
Tradução:
Projeto Credibilidade (Projor)
Como foi feita a pesquisa
A equipe do Gpopai recolheu, por
meio da API do Facebook, identificações de usuários que
“curtiram” publicações de páginas de sites relevantes de
notícias.
De acordo com a classificação do
Monitor, as páginas se dividem em três grandes grupos: imprensa
tradicional (páginas de Veja, Folha de S.Paulo,
G1, UOL Notícias, O Globo, Estadão,
revista IstoÉ, Exame, Época, Carta
Capital), sites engajados de esquerda (Jornal GGN, Diário do
Centro do Mundo, Revista Fórum, Falando Verdades, O Cafezinho,
Brasil 247, Mídia Ninja) e sites engajados de direita (Jornalivre,
Papo TV, Folha Política, Partido Anti-PT e Anti-PT).
São três “clusters” bem
distintos e polarizados, conforme mostra o grafo abaixo:
Os
dados foram recolhidos no dia 10 de maio de 2017, quando houve cerca
de 2,2 milhões de curtidas por cerca de 880 mil usuários em
publicações dessas 22 páginas. Foram sorteados aleatoriamente
cerca de 600 usuários de cada um dos grupos. Então, 20
alunos de jornalismo da universidade ESPM-Rio, sob coordenação da
professora Mônica Mourão, visitaram esses perfis para anotar
informações demográficas sobre cada um dos perfis, como idade,
sexo, estado e escolaridade.
Nathalia Bracaglia/ESPM
O
estudo foi feito pela Pública em parceria com alunos da ESPM-Rio e
o Grupo de Pesquisa em Políticas Públicas para o Acesso à
Informação (Gpopai).
“Optamos por uma abordagem um
pouco heterodoxa, mas ainda assim útil: quando havia declaração
pública de idade, usamos essa informação; quando o perfil não
revelava a idade, mas disponibilizava o ano de formação no ensino
médio, estimamos o nascimento pelo ano de conclusão do ensino
médio menos 18 anos; por fim, quando não tínhamos nenhuma dessas
informações, estimamos a idade em faixas de dez anos avaliando a
foto do perfil. O método é um pouco impreciso, mas, dado o forte
contraste dos resultados nos três grupos investigados, achamos que
indicam uma tendência real”, explica o documento do Gpopai.
As interações analisadas foram
extraídas antes da mudança de algoritmos que o Facebook realizou
em janeiro de 2018 e que teve como consequência a diminuição de
alcance de todas as páginas na plataforma.
A equipe do Gpopai recolheu, por
meio da API do Facebook, identificações de usuários que
“curtiram” publicações de páginas de sites relevantes de
notícias.
De acordo com a classificação do
Monitor, as páginas se dividem em três grandes grupos: imprensa
tradicional (páginas de Veja, Folha de S.Paulo,
G1, UOL Notícias, O Globo, Estadão,
revista IstoÉ, Exame, Época, Carta
Capital), sites engajados de esquerda (Jornal GGN, Diário do
Centro do Mundo, Revista Fórum, Falando Verdades, O Cafezinho,
Brasil 247, Mídia Ninja) e sites engajados de direita (Jornalivre,
Papo TV, Folha Política, Partido Anti-PT e Anti-PT).
São três “clusters” bem
distintos e polarizados, conforme mostra o grafo abaixo:
Nathalia Bracaglia/ESPM
O
estudo foi feito pela Pública em parceria com alunos da ESPM-Rio e
o Grupo de Pesquisa em Políticas Públicas para o Acesso à
Informação (Gpopai).
“Optamos por uma abordagem um
pouco heterodoxa, mas ainda assim útil: quando havia declaração
pública de idade, usamos essa informação; quando o perfil não
revelava a idade, mas disponibilizava o ano de formação no ensino
médio, estimamos o nascimento pelo ano de conclusão do ensino
médio menos 18 anos; por fim, quando não tínhamos nenhuma dessas
informações, estimamos a idade em faixas de dez anos avaliando a
foto do perfil. O método é um pouco impreciso, mas, dado o forte
contraste dos resultados nos três grupos investigados, achamos que
indicam uma tendência real”, explica o documento do Gpopai.
As interações analisadas foram
extraídas antes da mudança de algoritmos que o Facebook realizou
em janeiro de 2018 e que teve como consequência a diminuição de
alcance de todas as páginas na plataforma.
Jovens desconfiam de imprensa e se preocupam em espalhar fake news
Entrevistados por estudantes da
ESPM, quatro jovens que interagiram com páginas de imprensa
tradicional explicaram que leem as notícias de maneira crítica.
“Temos sempre que questionar o
que estamos vendo e ouvindo e ter cuidado até com a nossa própria
opinião”, diz Rafaela dos Santos Gomes, 22 anos. Estudante
de mestrado em ciências climáticas na Universidade Federal do Rio
Grande do Norte (UFRN), ela diz que, quando se trata de política,
há grande probabilidade de se deparar com notícias falsas. “A
melhor forma de se certificar de que aquela informação é
verdadeira é comparar em sites de busca com outros sites
jornalísticos”, explica a estudante, que diz seguir jornais
“oficiais” locais, nacionais e internacionais para se informar.
Outro entrevistado, Abner
Samuel, 20 anos, de Belo Horizonte, garante que busca informações
em meios “seguros e de credibilidade”. Para ele, “notícias
têm de ser feitas por meios de comunicações formais”. Porém
sempre busca entender vários lados da história e chegar à própria
conclusão. “É possível concordar com coisas que são explícitas
[na grande imprensa], porém sei que muitas delas possuem seu lado
tendencioso.”
O desenvolvedor de software Paulo
Bordignon, de 21 anos, concorda. “Desconfio, pois ocorre com muita
frequência de aparecer matérias com títulos tendenciosos com a
única finalidade de ganhar visitas.” Seu método é ler os
comentários para entender o que o público diz a respeito de uma
notícia.
Ele segue páginas da Infomoney, Exame, BBC
Brasil, Instituto Mises Brasil e Students for Liberty – além de
outras páginas sobre liberalismo econômico, com o qual se
identifica.
A gaúcha Gabriela, por sua vez,
segue a Mídia Ninja – página diametralmente oposta na
polarização política. Mas, assim como Paulo, é cuidadosa em
acreditar em tudo o que lê. Compartilha poucas coisas, porque acha
que alguns conteúdos da página engajada de esquerda são muito
“extremistas”.
De fato, todo cuidado é pouco –
e não só com as páginas engajadas, avalia Rafaela. “Na
grande maioria, eu procuro ler a notícia completa, pois existem
certos sites de notícias (G1) que coloca na chamada uma notícia
e, quando abro para ver a matéria, o título é completamente
diferente, uma forma de jornalismo barato para chamar atenção do
leitor”, diz. O mineiro Abner Samuel mostra a mesma
preocupação. “Compartilhar notícia na internet é coisa séria,
você tem responsabilidade nessa notícia mesmo que de forma
parcial”, diz.
Alunos da
ESPM-Rio:
Gabriel
Barros Gonçalves, Henrique Figueiredo Ferreira, Eliza Cunha
Ranieri, Victoria Mancino Correia, João Ricardo Cunha Barbedo,
Gabriel Morais, Karoline Mayumi Simões Kina, Caio Garritano Amador,
Matheus Barbosa, Melanie Adelaide Fernandes Martins, Letícia Rivoli
Menegatti, Raquel Silva Prazeres, Cecília Santos Velihovetche,
Bruna Lima Guimarães, Eduarda Pinheiro, Luisa Lins, Leonardo
Castelo, Isabelle Rodrigues, Juliana Ramos Lois, João Eduardo
Gurgel.
Professores:
Mônica Mourão, Vinicius Carvalho e José Brito.
Gpopai
(USP).
Marcio
Moretto e Pablo Ortellado.
Esta reportagem faz parte do LAB
Fake News, o quinto laboratório de experimentação em jornalismo
desenvolvido na Casa Pública, no Rio.
Ao longo de 2018, a Pública vai
produzir reportagens e levantamentos sobre a guerra de desinformação
nas redes sociais em parceria com pesquisadores, desenvolvedores e
estudantes de jornalismo, unindo tecnologia, dados e apuração em
campo.
Atualização 12/03/2018 às
11h: Os valores referentes à esquerda e direita estavam invertidos
nos infográficos.
Fonte: Agência
Pública
Entrevistados por estudantes da
ESPM, quatro jovens que interagiram com páginas de imprensa
tradicional explicaram que leem as notícias de maneira crítica.
“Temos sempre que questionar o
que estamos vendo e ouvindo e ter cuidado até com a nossa própria
opinião”, diz Rafaela dos Santos Gomes, 22 anos. Estudante
de mestrado em ciências climáticas na Universidade Federal do Rio
Grande do Norte (UFRN), ela diz que, quando se trata de política,
há grande probabilidade de se deparar com notícias falsas. “A
melhor forma de se certificar de que aquela informação é
verdadeira é comparar em sites de busca com outros sites
jornalísticos”, explica a estudante, que diz seguir jornais
“oficiais” locais, nacionais e internacionais para se informar.
Outro entrevistado, Abner
Samuel, 20 anos, de Belo Horizonte, garante que busca informações
em meios “seguros e de credibilidade”. Para ele, “notícias
têm de ser feitas por meios de comunicações formais”. Porém
sempre busca entender vários lados da história e chegar à própria
conclusão. “É possível concordar com coisas que são explícitas
[na grande imprensa], porém sei que muitas delas possuem seu lado
tendencioso.”
O desenvolvedor de software Paulo
Bordignon, de 21 anos, concorda. “Desconfio, pois ocorre com muita
frequência de aparecer matérias com títulos tendenciosos com a
única finalidade de ganhar visitas.” Seu método é ler os
comentários para entender o que o público diz a respeito de uma
notícia.
Ele segue páginas da Infomoney, Exame, BBC
Brasil, Instituto Mises Brasil e Students for Liberty – além de
outras páginas sobre liberalismo econômico, com o qual se
identifica.
A gaúcha Gabriela, por sua vez,
segue a Mídia Ninja – página diametralmente oposta na
polarização política. Mas, assim como Paulo, é cuidadosa em
acreditar em tudo o que lê. Compartilha poucas coisas, porque acha
que alguns conteúdos da página engajada de esquerda são muito
“extremistas”.
De fato, todo cuidado é pouco –
e não só com as páginas engajadas, avalia Rafaela. “Na
grande maioria, eu procuro ler a notícia completa, pois existem
certos sites de notícias (G1) que coloca na chamada uma notícia
e, quando abro para ver a matéria, o título é completamente
diferente, uma forma de jornalismo barato para chamar atenção do
leitor”, diz. O mineiro Abner Samuel mostra a mesma
preocupação. “Compartilhar notícia na internet é coisa séria,
você tem responsabilidade nessa notícia mesmo que de forma
parcial”, diz.
Alunos da ESPM-Rio:
Gabriel Barros Gonçalves, Henrique Figueiredo Ferreira, Eliza Cunha Ranieri, Victoria Mancino Correia, João Ricardo Cunha Barbedo, Gabriel Morais, Karoline Mayumi Simões Kina, Caio Garritano Amador, Matheus Barbosa, Melanie Adelaide Fernandes Martins, Letícia Rivoli Menegatti, Raquel Silva Prazeres, Cecília Santos Velihovetche, Bruna Lima Guimarães, Eduarda Pinheiro, Luisa Lins, Leonardo Castelo, Isabelle Rodrigues, Juliana Ramos Lois, João Eduardo Gurgel.
Professores: Mônica Mourão, Vinicius Carvalho e José Brito.
Gpopai (USP).
Marcio Moretto e Pablo Ortellado.
Esta reportagem faz parte do LAB
Fake News, o quinto laboratório de experimentação em jornalismo
desenvolvido na Casa Pública, no Rio.
Ao longo de 2018, a Pública vai
produzir reportagens e levantamentos sobre a guerra de desinformação
nas redes sociais em parceria com pesquisadores, desenvolvedores e
estudantes de jornalismo, unindo tecnologia, dados e apuração em
campo.
Atualização 12/03/2018 às
11h: Os valores referentes à esquerda e direita estavam invertidos
nos infográficos.
Fonte: Agência
Pública
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