Quatro agências confirmam: 2018 foi o 4º ano mais quente da história.
Por Observatório do Clima
Temperatura média global
ultrapassou 1ºC em relação à era pré-industrial, de acordo com
cinco bases de dados globais independentes.
O ministro do Meio Ambiente do
Brasil disse na segunda-feira que tem coisas mais tangíveis com que
se preocupar do que a mudança climática, que segundo ele é uma
discussão “acadêmica” sobre como estará a Terra “daqui a 500
anos”. Dois dias depois, nesta quarta-feira (6), quatro
organizações independentes publicaram dados mostrando que o
aquecimento global já é bastante tangível: o ano de 2018 foi o
quarto mais quente da história desde o início das medições, em
1880.
Segundo a Nasa
(Agência Espacial Americana), a Noaa
(Agência Nacional de Oceano e Atmosfera dos EUA), o Met
Office britânico e a OMM
(Organização Meteorológica Mundial), o ano passado perde apenas de
2016, 2015 e 2017 no ranking dos anos mais quentes. Os cinco recordes
globais de calor foram batidos todos nos últimos cinco anos.
Recuando um pouco mais no tempo, nove dos dez anos mais quentes
aconteceram desde 2005.
“Nós não estamos mais falando de
uma situação na qual o aquecimento global é algo no futuro. Ele
está aqui, agora”, disse à imprensa o climatólogo neozelandês
Gavin Schmidt, diretor do Instituto Goddard de Estudos Espaciais, da
Nasa, que analisa mês a mês as temperaturas da superfície da terra
e dos oceanos coletadas em 6.300 pontos ao redor do mundo.
O calor excepcional de 2018 e a
tendência de longo prazo de aquecimento da Terra são confirmados
por seis bases de dados distintas, que usam metodologias diversas
para produzir um compilado das médias globais. A OMM, em sua
análise, considera cinco delas. Todas mostram que a temperatura
global em 2018 ultrapassou 1oC em relação à era
pré-industrial. Em 2016, o ano mais quente da história, um El Niño
excepcionalmente forte fez com que a temperatura atingisse 1,2oC
acima da era pré-industrial.
O Acordo de Paris, de 2015,
estabeleceu como sua meta mais ambiciosa que o mundo faria esforços
para limitar o aquecimento global a 1,5oC. Em outubro do
ano passado, o IPCC, o painel de climatologistas das Nações Unidas,
publicou um relatório indicando que esse meio grau que falta poderia
ser atingido já em 2040. Para evitar que isso ocorra, será preciso
cortar 45% das emissões de gases de efeito estufa do mundo até 2030
– e a chance de que isso ocorra hoje é praticamente nula.
Animação da Nasa mostra como seis
séries de dados concordam em relação à temperatura.
Segundo a Nasa, a temperatura média
global em 2018 foi 0,83oC superior à média registrada
entre 1951 e 1980, que por sua vez já é maior que a pré-industrial.
A Noaa põe o aquecimento médio em 0,79oC acima da média
do século 20. Esta agência, porém, não contabiliza o Ártico,
região que esquenta duas vezes mais rápido que o resto do mundo.
Segundo os dados da Noaa, 2018 é o
42o ano consecutivo em que as temperaturas médias
globais ultrapassam a média do século 20. Ou seja, na última vez
que o clima da Terra teve temperaturas na média, o ministro do Meio
Ambiente – aquele que diz que aquecimento global é uma preocupação
para daqui a cinco séculos – ainda usava fraldas.
“A tendência de longo prazo das
temperaturas é muito mais importante do que o ranking de anos
individuais, e a tendência é de alta”, disse o secretário-geral
da OMM, o finlandês Petteri Taalas em comunicado da organização.
As temperaturas, prosseguiu, contam
apenas parte da história. “Eventos meteorológicos extremos e de
alto impacto afetaram muitos países e milhões de pessoas, com
repercussões devastadoras sobre economias e ecossistemas em 2018.”
Que o digam os EUA, cujo presidente,
Donald Trump, nega o aquecimento global. Segundo a Noaa, uma agência
do próprio governo, o país teme 14 desastres climáticos que
causaram prejuízos na escala dos bilhões de dólares em 2018. A
conta total foi de US$ 91 bilhões e 247 mortes.
Fonte: ENVOLVERDE
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