O primeiro mel de abelhas sem ferrão legalizado do Brasil.
O selo de inspeção federal e a
autorização de manejo são conquistas de um processo de
consolidação da cadeia de valor desenvolvido pelo Peabiru desde
2006.
Sem abelhas não existe floresta. A
afirmação contundente é seguida a risca pelo Instituto Peabiru em
seus mais de 12 anos de pesquisas e desenvolvimento tecnológico no
manejo de abelhas sem ferrão junto a agricultores familiares da
Amazônia.As abelhas sem ferrão são um conjunto de espécies de
abelhas originárias do Brasil ainda pouco compreendidas e
valorizadas. Além da produção de mel, o principal trabalho das
abelhas melíponas é polinizar, isto é, prover o serviço ambiental
de garantir que haja a reprodução entre as espécies vegetais, que
permite que estas frutifiquem e gerem sementes. A floresta e os
ambientes naturais dependem destas abelhas para sua sobrevivência e
muitas espécies comerciais, como açaí, cacau, cupuaçú e castanha
do Pará também dependem delas como polinizadores.
Colmeia de criação de abelhas sem
ferrão. Foto: Rafael Araújo.
A meliponicultura (criação de
abelhas sem ferrão) pela agricultura familiar gera renda
complementar, de forma simples e eficaz, especialmente a indígenas,
quilombolas e povos e comunidades tradicionais, geralmente com
poucas oportunidades de manter negócios sustentáveis para prover
renda. Para João Meirelles Filho, diretor do Instituto Peabiru,
“temos todo o conhecimento para que cada agricultor familiar da
Amazônia possua, além de pequenos animais, como galinhas, também
colmeias de abelhas sem ferrão. O ideal seria atender às mais de
um milhão de famílias presentes na Amazônia brasileira”. O
desafio é grande, mas possível, na medida em que, com a venda do
primeiro lote de mel de abelhas sem ferrão legalizado do Brasil, o
Peabiru mostra o caminho para os mais de cinquenta mil criadores do
país.
Atuando desde 2006 na cadeia de
valor das melíponas, este mês o Instituto Peabiru recebe o primeiro
lote de mel produzido por abelhas sem ferrão (processo conhecido por
meliponicultura), fruto da única cadeia certificada com selo de
inspeção federal (SIF) e autorização de manejo pelo IBAMA
(Instituto Brasileiro de Meio Ambiente). Nos últimos anos o Peabiru
tem se dedicado à atuação em temáticas que envolvem o
beneficiamento da produção para comercialização, especialmente de
produtos e serviços quem têm relação com a conservação da
floresta e componentes ligados à origem, social e/ou territorial.
“Nos territórios nos quais trabalhamos já há processos
produtivos relativamente resolvidos e produtos com qualidade
diferenciada. Ao mesmo tempo, existem mercados consumidores para tais
produtos. O que falta é o link entre a produção
e a comercialização”, diz Hermógenes de Sá, diretor-executivo
do Instituto Peabiru.
Além da produção de mel as
abelhas melíponas fazem o trabalho de polinização e garantem a
reprodução entre as espécies vegetais. Foto: Rafael Araújo.
Apesar da qualidade reconhecida, os
produtos da biodiversidade da Amazônia em geral enfrentam uma série
de limitantes de ordem estrutural, como a ausência de regularização
fundiária, que impossibilita o acesso ao crédito e ao
licenciamento dos projetos; a deficiência da infraestrutura de
transporte para o escoamento e de energia para a produção de
caráter comunitário; além da significativa falta de assistência
técnica para os produtores rurais desenvolverem sua produção de
forma sustentável.
Produto da Floresta bem
perto do consumidor
Entre inúmeros exemplos de produtos
típicos da região, como as frutas, farinhas e condimentos da
Amazônia, o mel de abelhas sem ferrão se destaca por ser um produto
de manejo simples, que é produzido em harmonia com a floresta e com
grande potencial de comercialização. Fruto de longo trabalho e da
atuação constante na assistência técnica e capacitação, de
forma inédita no país, os produtores associados ao Peabiru
conquistaram a autorização de manejo, necessária por serem as
abelhas animais silvestres e também a certificação do mel com o
Selo de Inspeção Federal (SIF). Este selo, um dos primeiros
concedidos a produtos dessa natureza no Brasil, permite comercializar
o mel de abelhas sem ferrão no mercado formal em todo o Brasil.
Primeiro lote de mel de abelhas sem
ferrão com Selo de Inspeção Federal (SIF). Foto: Comunicação
Instituto Peabiru.
Sob a marca da Peabiru Produtos da
Floresta, junto
a diversos outros produtos da biodiversidade, o mel cultivado
por mais de 120 famílias em 20 territórios em toda a Amazônia
está agora disponível ao consumidor, que pode encontrar o primeiro
lote à venda em Belém, na Loja do Instituto Peabiru e, em breve,
também na loja virtual. Logo mais, o produto estará também
disponível em São Paulo, na loja do Instituto ATA e do Instituto
Socioambiental (ISA), no Mercado Municipal de Pinheiros.
Todo este trabalho foi possível
graças ao apoio de diferentes financiadores, em destaque BNDES/Fundo
Amazônia, Fundação Banco do Brasil, Instituto GPA/Assaí,
Bauducco, Programa Petrobras Socioambiental, Embaixada dos Países
Baixos, Conservação Internacional, ABN AMRO Foundation e Sambazon.
Entre os parceiros técnicos participam instituições como EMBRAPA
Amazônia Oriental e Universidade Federal do Amapá (UFAP).
Fonte: ENVOLVERDE
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