Oceanos
pedem socorro!
Por Katherine Rivas, da Envolverde*
Pesca irregular coloca 475 espécies marinhas
em perigo de extinção no Brasil. Campanha clama por ações dos ministros José
Sarney e Blairo Maggi.
A vida marinha do Brasil está em risco pela pesca
predatória. Desde 2011, o governo brasileiro não faz acompanhamentos nem
divulga dados oficiais sobre a pesca gerando prejuízo as espécies marítimas.
Entre os impactos mais comuns estão a pesca
excessiva onde pesqueiras usam técnicas pouco sustentáveis e irregulares, a
captura de fauna acompanhante onde cada ano 7 milhões de toneladas de
organismos marinhos são capturados acidentalmente por estarem nas áreas de
pesca sendo jogados mortos de volta ao mar e a destruição de habitats entre
estes corais e outros provocados pela poluição de plásticos, mercúrios,
antibióticos e vazamento de óleo.
Para desenvolver políticas públicas no setor é
preciso que o governo incentive atividades, regule preços e estoque, uma ação
hoje inexistente no país. Para os especialistas da ONG Oceana, organização
internacional dedicada a proteger a biodiversidade dos oceanos, no Brasil não é
possível saber quantos barcos ou pescadores existem, nem quanto é capturado de
cada espécie ou desembarcado e descartado no mar.
Neste sentido o governo e a sociedade não
conseguem ter referencias da sobrepesca de uma espécie.
“Precisamos coletar
dados e monitorar dados, isso é importante para garantir a continuidade da
atividade, evitando o colapso das pescarias e garantir que os estoques não
ficarão ameaçados” explica Monica Peres, diretora-geral da Oceana.
Com o objetivo de sensibilizar os ministros com a
atividade pesqueira e a coleção de dados sérios a Oceana criou a campanha
#Oceanospedemajuda que iniciou no mês de dezembro e se prolongará ao longo de
2017 até alcançar os objetivos planejados. Um destes objetivos é garantir o
compromisso dos ministros Blairo Maggi, da Agricultura, e Jose Sarney Filho do
Meio Ambiente de divulgar em 2017 dados da pesca e desembarque. Até o momento,
só o ministro Blairo Maggi cedeu a campanha.
O projeto mostra a urgência dos ecossistemas
marítimos, nos quais é necessário evitar pescar acima da capacidade de
reposição ou dos estoques para manter o equilíbrio ecológico.
No Brasil existem entre as espécies aquáticas 475
em perigo de extinção, sendo 100 espécies de peixes marinhos ameaçados pela
pesca excessiva. Dentro deste grupo encontra-se também raias, tubarões,
garoupas, entre outras.
As espécies não estão inclusas na Lista Nacional
de Espécies de Peixes e Invertebrados Aquáticos Ameaçados de Extinção da
portaria 445/2014 do Ministério do Meio Ambiente, no entanto o Tribunal
Regional Federal reverteu o julgamento e a lista passa a vigorar com nova
publicação ano que vem proibindo a captura das espécies com exceção de 14 delas
que podem ser capturadas até 1 de março de 2017. Esta situação além de levar ao
colapso das pescarias pode gerar fortes prejuízos econômicos e sociais.
Segundo dados do IBAMA os estudos consolidados da
pesca brasileira vão até 2007, monitoramento que foi interrompido com a criação
do Ministério da Pesca. Atualmente só o Estado de São Paulo realiza estes
levantamentos, insuficientes para desenvolver políticas públicas no setor.
Para participar da campanha os interessados podem
mandar um e-mail, ou marcar os ministros Sarney e Maggi no Facebook ou no
Twitter. Está disponível também um vídeo no portal www.oceanopedeajuda.com.
Os internautas podem também usar os próprios
perfis para criar novos posts e tuites sobre a temáticas. Para os organizadores
o projeto já é de extrema importância para a conservação dos recursos
pesqueiros no Brasil e pretendem manter a campanha até que as informações sejam
coletadas e divulgadas adequadamente, independentemente dos esforços e tempo de
duração.
Fonte: ENVOLVERDE
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