ECO21 –
2016 será lembrado como um ano devastador.
Editorial da revista ECO21, que trás uma boa
cobertura da COP 13, de Cancún, e uma abordagem bastante ampla dos dilemas não
resolvidos de 2016.
Capa: Instalação feita com alimentos orgânicos para
a COP-13 sobre Biodiversidade, realizada em Cancún Arte: Silas e Adam
Birtwistle. Foto: IISD.
Tanto na política nacional como internacional o ano
2016 foi pródigo em surpresas. No Brasil tivemos a queda de Cunha, derrocada de
Dilma, as revelações da Justiça sobre os desmandos dos políticos e empresários,
a ascensão do evangélico Crivella para a Prefeitura do Rio e do empresário João
Dória para a de São Paulo, o desmantelamento do PT e da Rede de Marina Silva.
No exterior a saída do Reino Unido da União Europeia, além da maior surpresa de
todas: a eleição do negacionista Donald Trump. Paralelamente, a natureza mais
uma vez mandou seu recado: os polos estão derretendo, inúmeras espécies de
animais estão na Lista Vermelha da IUCN . No último quinquênio foram mortos 145
mil elefantes e só no ano passado quase 1500 rinocerontes. Os ursos brancos, as
morsas e as girafas também entraram para a Lista dos animais em extinção.
Outra grande tragédia é a dos polinizadores: as abelhas e outros insetos benéficos para a vida estão desaparecendo por causa dos agrotóxicos utilizados em grande escala pelo agronegócio. O desmatamento das florestas no Brasil e na Indonésia atingiu níveis nunca vistos.
Diante desse panorama, os ambientalistas reagem,
lutam nas Conferências da ONU sobre o clima, a desertificação, a biodiversidade
e os recursos hídricos e denunciam os atropelos dos grandes interesses
econômicos.
O Papa Francisco entrou no coro das vozes que protestam. No mês passado, na Pontifícia Academia das Ciências, perante 60 cientistas de todo o mundo afirmou que “a comunidade científica que demonstrou a crise do nosso planeta, hoje está convocada para constituir uma liderança que indique soluções sobre a água, as energias renováveis e a segurança alimentar. É indispensável criar um sistema normativo que inclua limites invioláveis e garanta a proteção dos ecossistemas antes que se produzam danos irreversíveis não só ao meio ambiente, mas também à convivência, à justiça e à liberdade”. Felizmente, o homem, que como disse Fidel Castro na RIO-92 é uma espécie a caminho da extinção, reage. Líderes, como Obama, conseguiram preservar imensas áreas marinhas (no Pacífico) e terrestres (no Alasca e Norte dos EUA) as quais ficaram livres da sobre-exploração da pesca e das empresas dos combustíveis fósseis.
Se não foi possível acabar com a caça das baleias,
pelo menos houve a sensatez de preservar o Mar de Ross, na Antártida. Que
tempos são esses em que se destrói o Cerrado para plantar soja irrigada com
glifosato?! O Cerrado, que guarda a cura de inúmeras doenças e armazena as
águas do Brasil, virará em poucos anos um deserto sem vida pior do que o Saara,
o qual, paradoxalmente, mantém latentes vidas únicas nesse ecossistema tão
hostil. Mas, não é só a destruição da natureza que nos espanta. A tragédia de
Alepo vai além da imaginação. Kosovo foi quase um treinamento. Treblinka foi o
ensaio geral. Quando explodiu a bomba atômica em Hiroshima, a apoteose da
destruição, como escreveu Albert Camus, “a guerra, calamidade que se tornou
definitiva somente por causa da inteligência humana, não dependerá mais dos
apetites ou das doutrinas de tal ou qual Estado.
Em face às terrificantes perspectivas que se abrem
perante a humanidade, nós percebemos mais ainda que a paz é o único combate que
vale a pena ser livrado”. É uma perspectiva aberta pela eleição de Trump, mas
ela se contrapõe às palavras do Papa Francisco que nos lembra: “a submissão da
política à tecnologia e às finanças que buscam a ganância, se revela pelo
atraso na aplicação de acordos mundiais sobre o ambiente, além das contínuas
guerras de predomínio que, mascaradas por nobres reivindicações, causam danos
cada vez mais graves ao ambiente e à riqueza moral de todos os povos”.
Os Jogos Olímpicos foram um sucesso, mas 2016
também foi um ano devastador entre os esportistas pelo desastre do time Chapecoense.
A morte de todos esses jovens deslanchou uma corrente universal de
solidariedade jamais vista. O mundo inteiro foi chapecoense e nós também somos
chapecoenses.
A ECO•21 agradece aos nossos colaboradores que
sempre nos prestigiaram com seus textos, fotos e todo tipo de incentivo
permitindo que a revista prossiga na saga dos seus 27 anos de vida.
Felizes festas e um sustentável 2017 para todos!
Gaia Vivera!
Lúcia Chayb e René Capriles
SUMÁRIO
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Eliana Lucena
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Emilio Godoy
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Silvia Ribeiro
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Dal Marcondes
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Nathalia Clark
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Carlos Nobre e Rachel Biderman
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Tasso Azevedo
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Virgílio Viana
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Reinaldo Dias
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Carolina A Freire e Flávia D.
F. Sampaio
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Júlio Ottoboni
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Samyra Crespo
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Patricia Fachin e Ricardo
Machado
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Mario Mantovani
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Camila Faria
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Stephen Hawking
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Rubens Sergio dos Santos Vaz
Junior
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Alberto Teixeira da Silva
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Fidel Castro
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David E. Guggenheim
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Daniela Stefano
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Luana Lourenço
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George Monbiot
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José Monserrat Filho
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Letícia Verdi
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Fonte: ENVOLVERDE
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