O Brasil
foi o primeiro país no mundo a proibir o uso dos aditivos em cigarros.
O Supremo Tribunal Federal (STF) do Brasil
manteve a validade da resolução 14/2012, da Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (ANVISA), que impede o uso de aditivos em produtos derivados do
tabaco. Com isso, volta a ficar proibido o uso desses agentes para, por
exemplo, modificar o sabor e o cheiro de cigarros, tornando-os mais atrativos,
principalmente para os jovens. A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS),
escritório regional da Organização Mundial da Saúde (OPAS), comemorou a
sentença.
“O Brasil dá um importante passo em direção ao
cumprimento da Convenção-Quadro da OMS para o Controle do Tabaco (CQCT) e se
junta ao Uruguai, Panamá e Costa Rica, que já proibiram aditivos na região das
Américas”, destaca o consultor de Tabaco do escritório da OPAS/OMS no Brasil,
Diogo Alves.
Em seus votos contra a Ação Direta de
Inconstitucionalidade (ADI) 4874, os ministros do STF Celso de Mello, Edson
Fachin, Ricardo Lewandowski e Rosa Weber se ampararam em evidências da OPAS/OMS
sobre a epidemia do tabagismo e seus custos econômicos.
O uso do tabaco é a principal causa evitável de
mortes em todo o mundo, tirando a vida de mais de 7 milhões de pessoas por ano.
Além disso, é um dos principais fatores de risco comuns para as doenças
crônicas não transmissíveis (como câncer e diabetes), que levam à morte de 40
milhões de pessoas por ano – o equivalente a 70% de todas as mortes em todo o
mundo.
Os custos econômicos do consumo do tabaco também
são enormes, totalizando mais de 1,4 trilhão de dólares — cerca de 4,43
trilhões de reais — em despesas de saúde e perdas de produtividade.
A maioria dos fumantes começa a consumir esses
produtos antes dos 18 anos de idade, o que torna os jovens estrategicamente
importantes para a indústria do tabaco. Um estudo realizado em 2014 nos Estados
Unidos demonstrou que 73% dos estudantes do high school —
equivalente no Brasil ao ensino médio — e 53% dos alunos da middle
school — equivalente ao ensino fundamental — que haviam consumido
derivados de tabaco nos últimos 30 dias usaram produtos com sabor.
Segundo as diretrizes parciais da OMS para a
implementação da CQCT, aprovadas por consenso durante a 4ª Conferência das
Partes da Convenção-Quadro em 2010, a regulamentação dos ingredientes
destina-se a reduzir a atratividade dos produtos de tabaco, podendo, assim, contribuir
para diminuir a prevalência do seu uso e a dependência entre usuários novos e
contínuos.
A OMS recomenda aos países que regulamentem,
proíbam ou restrinjam colorantes e ingredientes que possam ser usados para
melhorar o gosto ou criar a impressão de que sejam positivos para a saúde. O
mesmo vale para ingredientes que estejam associados a energia e vitalidade.
O Brasil foi o primeiro país no mundo a proibir,
em 2012, o uso dos aditivos. Posteriormente, pelo menos 33 outros países
baniram produtos de tabaco com os chamados flavorizantes (aditivos de sabor),
como Austrália, Canadá, Estados Unidos, França, Cingapura e Tailândia.
Fonte ONUBR
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