Estudo
mostra realidade das Unidades de Conservação em biomas brasileiros.
No recente trabalho publicado na revista Acta
Oecologica, pesquisadores do Laboratório de Ecologia Espacial e Conservação
(LEEC) da UNESP-Rio Claro e um pesquisador da Universidade Federal de Goiás
(UFG) testaram a eficiência da rede das Unidades de Conservação nos biomas da
Amazônia e da Mata Atlântica. Para isso o grupo utilizou uma abordagem pouco
usual: eles avaliaram como as áreas de proteção (Protected Areas – PAs), como
são conhecidas no termo técnico da área, eram eficientes em manter áreas
climáticas estáveis ??(Climate Stable Areas – CSAs).
“Áreas climáticas estáveis são áreas que se
mantiveram como bioma florestal em diferentes cenários de mudanças climáticas
passadas (21 mil, 6 mil anos atrás e atualmente). No passado, esses biomas se
moveram geograficamente devido às mudanças climáticas do Holoceno e do
Pleistoceno, mas algumas áreas se mantiveram geograficamente e climaticamente
estáveis”, segundo o pós-doutorando Thadeu Sobral-Souza, que liderou o grupo.
Ele continua, “nossos modelos encontraram justamente quais são essas áreas (ver
mapa à esquerda na figura). Em seguida, nós classificamos as CSAs quanto à sua
estabilidade temporal, quais delas estavam situadas em áreas protegidas e
possuíam remanescentes florestais intactos”.
Os pesquisadores então criaram três classes de
prioridade: 1) Área prioritária muito alta [CSAs (21 mil anos), fora das PAs e
com floresta intacta], 2) Área prioritária alta [ CSAs (21 mil anos), fora das
PAs e com floresta fragmentada]; e 3) Área prioritária média [CSAs (6 mil
anos), fora das PAs e com floresta intacta].
“Nossos resultados indicaram que a rede de PAs da
Amazônia é quatro vezes mais eficiente que a rede de PAs da Mata Atlântica.
Dessa forma, nós propomos que novos esforços de conservação nesses biomas
florestais requerem diferentes abordagens para assegurar e aumentar a
eficiência das PAs” comenta o Prof. Matheus Lima-Ribeiro da UFG de Jataí.
Por fim, os autores dão um remate final ao
trabalho, deixando claras as diferenças nas propostas de conservação. Segundo o
Prof. Milton Ribeiro, da UNESP de Rio Claro, “na Mata Atlântica, onde há poucas
CSAs e sua distribuição é disjunta, propomos que programas de restauração
deveria ser o foco”. Segundo ele, na Amazônia o cenário é totalmente diferente.
Ele continua, “no oeste da Amazônia, onde há grandes áreas climaticamente
estáveis e com vastas áreas florestais intactas, propomos que as ações devem
incentivar a criação de novas PAs e/ou a expansão das mesmas. Já no leste da
Amazônia, onde há grandes CSAs com pouco fragmento florestal intacto, comparado
ao oeste da Amazônia, sugerimos que programas de restauração passiva, aliada à
criação de PAs seja uma medida eficiente de conservação”.
Os autores ainda disponibilizaram as CSAs em
arquivos no formato shapefile para download no link permanente:
https://github.com/mauriciovancine/CSAs-Amazon-Atlantic-Forest.
Fonte: ENVOLVERDE
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