Neste vídeo, analisaremos a covardia dos representantes do Brasil para com o ambiente natural, que assinam acordos, criam leis que de nada serve em proteger e manter os recursos naturais do Brasil. ONGs covardes, aliadas aos destruidores ambientais, enganam a população, criando uma cortina de fumaça, para que os destruidores ambientais, continuem a destruir, e surripiar o ambiente natural no Brasil.
terça-feira, 30 de julho de 2019
domingo, 28 de julho de 2019
Entrevista – Endocrinologista brasileira alerta sobre os riscos da obesidade na infância e adolescência.
Por Sucena Shkrada Resk
FAO avalia a obesidade como uma pandemia mundial e constatação é um dos desafios para o cumprimento de alguns Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, da ONU.
A roupagem da malnutrição se dá de diferentes formas: não só pela fome/subnutrição, mas também pela obesidade, e um contingente expressivo de pessoas não faz esta associação. O relatório anual “O Estado da Segurança Alimentar e Nutricional no Mundo – 2019”, lançado pela FAO (braço na área de segurança alimentar da Organização das Nações Unidas (ONU) e outras agências, neste mês de julho, revela o que já vem sendo constatado nos últimos anos. Hoje são cerca de 830 milhões de obesos no mundo e este número supera o de famintos, sendo que no Brasil, chega a quase 25% da população, sem contar o sobrepeso. Neste cenário, aumenta a preocupação na infância e adolescência. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), são mais de 41 milhões de crianças até cinco anos de idade acima do peso. Esta é uma questão que permeia os desafios de cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU até 2030, nas áreas de saúde e agricultura, consumo e produção sustentáveis…
Desprezar todas as implicações que estão associadas a este alerta é desconsiderar o consumo consciente, a nossa relação com o meio ambiente e cultivos e dietas mais ricas em nutrientes e livre de agrotóxicos, no contexto da segurança alimentar. Os riscos de morte por complicações de saúde decorrentes do excesso de peso são reais. São quatro milhões de mortes anualmente. Vivemos na contemporaneidade a imposição da geração “fast food”, dos alimentos ultra-processados x alimentação saudável, do combate ao sedentarismo, além da carga dos componentes genéticos. A obesidade está associada a quatro tipos de cânceres (intestino, rim, figado e ovário) ultrapassando a causa pelo tabagismo, segundo o Cancer Research UK.
O que mais preocupa é que o perigo vem desde a infância, algo que ficou evidenciado no estudo Global Burden of Disease (GBD), feito em quase 200 países, entre outros levantamentos mundiais. Em junho deste ano, o Ministério da Saúde brasileiro também informou que está realizando o Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (ENANI), em 15 mil domicílios de 123 municípios que abrigam crianças menores de 5 anos. A meta é buscar mapear a situação de saúde e nutrição de crianças em todo o país, com informações detalhadas sobre hábitos alimentares, crescimento e desenvolvimento, tendo como um dos focos o combate à obesidade. A adesão das famílias é voluntária.
Em alguns países, como nos EUA, Espanha, Canadá, Escócia e Inglaterra, a obesidade infantil já é considerada, inclusive, um ato de maus tratos e negligência e que isso pode gerar até a perda da guarda do filho, como destaca o professor de direito Thiago Felipe Avanci, no trabalho “Obesidade, Saúde e Direitos Fundamentais da Criança e Adolescente”.
Foto: Maria Angela Zaccarelli Marino/divulgação
Devido ao tamanho da relevância deste tema, a Doutora em Endocrinologia Maria Angela Zaccarelli Marino, professora e pesquisadora da Faculdade de Medicina do ABC e neuroendocrinologista do Instituto Neurológico de São Paulo, fala a respeito da obesidade especialmente na infância e adolescência, contribuindo com constatações em pesquisas feitas sob sua coordenação, nos últimos anos, em entrevista especial ao Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk.
Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk – Quais os principais riscos da obesidade infantil?
Maria Angela Zaccarelli Marino – A obesidade pode estar associada a outras doenças, como às cardiovasculares, à hipertensão arterial, ao diabetes melito tipo 2, além de doenças respiratórias, apneia noturna, doenças ortopédicas, osteoartrose, doenças dermatológicas, cálculos biliares (aumento da incidência), esteatose hepática e hiperlipemia. As doenças cardiovasculares se configuram como a principal causa de morte no mundo, e o excesso de peso, tanto o sobrepeso como a obesidade, são fatores relevantes. De forma lenta e gradual, as doenças cardiovasculares se desenvolvem ao longo da vida, e a infância é um ponto de partida, e assim é recomendável que a prevenção aconteça neste período da vida, justificando a preocupação com o excesso de peso em crianças e adolescentes.
Blog Cidadãos do Mundo – Quais constatações pode exemplificar por meio de pesquisas que tem coordenado?
Maria Angela Zaccarelli Marino – A distribuição de gordura corporal é considerada o mais importante fator de risco para o desenvolvimento de doença cardíaca, mesmo nos indivíduos com peso normal. Sabendo-se que a resistência à insulina está relacionada com a obesidade de distribuição central, e a intolerância à glicose considerada fator de risco para o diabetes melito tipo 2, a avaliação da circunferência da cintura (CC) foi verificada em um trabalho realizado por nós, na FMABC , e mesmo crianças e adolescentes com peso normal apresentaram excesso de gordura abdominal com aumento dos fatores de risco cardiovascular.
Assim recomendamos não somente a verificação do Índice de Massa corporal ( IMC) e também a medida da CC, para além das complicações do sobrepeso e obesidade, evitarmos o importante fator de risco para as doenças cardíacas.
Também realizamos um trabalho no tempo de permanência dos estudantes nas Escolas Públicas Estaduais do Município de Santo André, estado de São Paulo, e concluímos que os hábitos alimentares saudáveis orientados e realizados durante o período escolar integral, podem diminuir a incidência da obesidade, prevenindo as co-morbidades associadas, e a reeducação alimentar deve ser compartilhada com todos os integrantes da família. De acordo com os resultados deste trabalho, verificamos diferenças significativas entre os estudantes com obesidade das escolas de período integral e meio período.
Blog Cidadãos do Mundo – Como os ambientes escolar e familiar podem contribuir para inibir o aumento progressivo da obesidade em crianças e adolescentes?
Maria Angela Zaccarelli Marino – A obesidade é caracterizada como multifatorial, sendo que interações entre fatores ambientais, comportamentais, culturais, genéticos, fisiológicos e psicológicos são a principal causa e acredita-se que estes fatores são mais relevantes em sua incidência do que os fatores genéticos. Estas considerações vêm ao encontro com os resultados deste trabalho, pois os hábitos alimentares orientados pelas nutricionistas dentro das escolas tiveram influência, possivelmente, no menor número de estudantes com obesidade nas escolas em período integral. A qualidade de vida reflete diretamente na saúde das pessoas, e pode ser promovida pela alimentação e estilo de vida adequados, revelando a grande importância da nutrição na saúde.
Nas escolas onde os estudantes permaneciam apenas meio período, observamos um maior número de estudantes com obesidade. A permanência destes alunos em ambiente domiciliar, sem orientação alimentar, pode ter contribuído para este aumento. Pais com obesidade geralmente refletem seu estado nutricional nos filhos, os quais podem desenvolver algum grau de excesso de peso.
Blog Cidadãos do Mundo – Pode-se dizer que a obesidade é tão perigosa quanto à subnutrição relacionada à fome? Qual é o panorama do Brasil hoje, tendo em vista que ambas são consideradas os dois grandes males que atingem a América Latina e Caribe, de acordo com informe publicado recentemente pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e pela FAO, afetando um quarto da população regional?
Maria Angela Zaccarelli Marino – O consumo alimentar, tanto nos adolescentes como nas crianças, é estabelecido por valores socioculturais, alimentos consumidos com influência da mídia, sedentarismo, imagem corporal e conveniências sociais. No Brasil, a prevalência de obesidade nos adolescentes aumentou de 4,1% para 13,9% e a prevalência de desnutrição infantil diminuiu de 19,8% para 7,6%.
Quanto ao câncer, os estudos estão sendo realizados, e atualmente sabemos que o maior órgão endócrino é o tecido adiposo, com a secreção de hormônios e suas consequências, como a puberdade adiantada em meninas.
Blog Cidadãos do Mundo – Quais são as orientações alimentares e de mudanças de hábitos para se evitar o risco da obesidade em uma sociedade de consumo imediatista?
Maria Angela Zaccarelli Marino – O estímulo à vida sedentária, com os avanços tecnológicos nos dias de hoje, como DVDs, computadores, vídeo-games, televisão, internet, automóveis, não orienta a população adulta e infantil para o hábito de caminhadas, corridas e outras formas de exercícios. Em conjunto com os erros alimentares, o ambiente vem se tornando obesogênico.
Algumas ações de promoção da saúde, estimulando implementação de programas de educação alimentar e atividade física nas escolas e incentivo para mudanças na qualidade dos alimentos oferecidos nas cantinas escolares, são estratégias para a profilaxia dos maus hábitos alimentares, já iniciados na infância.
Também é de extrema importância a orientação alimentar compartilhada com todos os membros da família, mesmo com os que não são portadores de sobrepeso ou obesidade. Os hábitos alimentares saudáveis, ensinados nas escolas, podem e devem corrigir os erros alimentares dos adultos que foram mal informados a respeito da alimentação em geral, e assim são os filhos que vão ensinar aos pais, os corretos novos hábitos.
*Sucena Shkrada Resk – jornalista, formada há 27 anos, pela PUC-SP, com especializações lato sensu em Meio Ambiente e Sociedade e em Política Internacional, pela FESPSP, e autora do Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk (https://www.cidadaosdomundo.webnode.com), desde 2007, voltado às áreas de cidadania, socioambientalismo e sustentabilidade.
Fonte: ENVOLVERDE
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Terra entra no cheque especial a partir de 29 de julho.
Essa data nunca aconteceu tão cedo desde que o planeta entrou em déficit ecológico no início dos anos 1970. Desse dia em diante, a natureza não consegue mais regenerar ainda este ano tudo o que a humanidade consumir até o final do ano.
A conta da humanidade com a Terra entra no vermelho a partir de 29 de julho. Desse dia em diante, passaremos a consumir mais recursos do que o planeta consegue regenerar. Neste ano, o limite bateu um recorde: nunca havia acontecido tão cedo desde que o planeta entrou em déficit ecológico no início dos anos 1970. Há 20 anos, essa data caiu em 29 de setembro; dez anos atrás, em 18 de agosto.
O motivo pelo qual isso acontece é nosso atual padrão de consumo, que exige uma quantidade maior de recursos do que a natureza consegue oferecer. Projeções moderadas das Nações Unidas para o aumento da população e do consumo indicam que em 2030 precisaríamos da capacidade de duas Terras para acompanhar nosso nível de demanda por recursos naturais. O cálculo também é feito para os países: é quando o Dia da Sobrecarga da Terra cairia se toda a humanidade consumisse como as pessoas daquela nação. No caso do Brasil, a data cai dois dias depois, em 31 de julho.
Os dados são da Global Footprint Network, organização internacional de pesquisa responsável pelo cálculo do Dia da Sobrecarga da Terra e da Pegada Ecológica, da qual a rede WWF (Fundo Mundial pela Natureza) é parceira. Para se chegar a essa data, a Global Footprint Network calcula o número de dias exigidos da biocapacidade da Terra (a quantidade de recursos ecológicos que o planeta é capaz de gerar naquele ano) para atender à Pegada Ecológica da humanidade. O restante do ano corresponde à sobrecarga, que é causada por quatro fatores principais: 1) o quanto nós consumimos; 2) com que eficiência os produtos são feitos; 3) quantas pessoas existem no planeta; e 4) quanto os ecossistemas da natureza são capazes de produzir.
Em vários países, o principal fator de pressão para a exploração desenfreada dos recursos naturais é o crescente nível de consumo, mas no caso do Brasil o problema é a acentuada queda na biocapacidade, como mostra o gráfico abaixo. A biocapacidade de uma cidade, estado ou nação representa o quanto seus ativos ecológicos (incluindo terras agrícolas, pastagens, terras florestais, áreas de pesca e terras construídas) conseguem produzir.
Quando entramos no cheque especial do planeta, os juros são altos e vêm na forma de escassez de água potável, erosão do solo, perda de biodiversidade e acúmulo de dióxido de carbono na atmosfera, com as consequências que já conhecemos: secas severas, inundações, aumento na quantidade e intensidade dos incêndios florestais ou furacões. “Para a economia, isso significa grandes prejuízos e maiores riscos aos investimentos. Para as pessoas, significa preços mais altos dos alimentos, maiores chances de contrair doenças e perda de bens e de vidas. Na prática, estamos deixando o mundo mais poluído, mais inóspito e mais pobre em biodiversidade”, sintetiza Renata Camargo, especialista em Conservação do WWF-Brasil.
“Há uma percepção equivocada, compartilhada por alguns, de que o Brasil é país que mais preserva o ambiente no Planeta e que não teríamos qualquer problema nesse aspecto. No entanto, vamos entrar no cheque especial dos recursos naturais praticamente junto com o restante do Planeta. Temos muito o que fazer, a começar por implementar com mais rigor as regras de proteção ambiental que construímos ao longo das últimas décadas, as quais ainda são muito frequentemente deixadas de lado”, alerta Raul do Valle, do WWF-Brasil.
O que é a Pegada Ecológica
Do lado da demanda, a Pegada Ecológica mede a quantidade de área terrestre e marinha necessária para produzir todos os recursos consumidos por uma população e para absorver seus resíduos. “O uso de combustíveis fósseis no sistema de transporte e o desperdício de alimentos estão entre os principais vetores de pressão da demanda por recursos naturais no Brasil”, explica Camargo.
Um componente importante da Pegada Ecológica é a Pegada de Carbono, que representa a área de terra necessária para sequestrar as emissões de dióxido de carbono geradas pela queima de combustíveis fósseis, desmatamento e outras fontes, como produção de cimento e fermentação entérica de bovinos, por exemplo. Atualmente, a pegada de carbono representa 60% da Pegada Ecológica total da humanidade e é também a parte de crescimento mais rápido. Porque estamos emitindo dióxido de carbono no ar a uma taxa muito mais rápida do que pode ser absorvido, ele está se acumulando na atmosfera e no oceano. Ou seja, o aumento em nossa Pegada de Carbono é o principal impulsionador da crise climática, que é o resultado mais conhecido – junto com a perda de biodiversidade – de nosso gasto ecológico excessivo. Portanto, reduzir significativamente a pegada de carbono é um passo essencial tanto para reduzir nossa pegada ecológica como também para mitigar a crise climática.
O conceito de Dia de Sobrecarga da Terra foi concebido pela primeira vez por Andrew Simms, da New Economics Foundation, entidade britânica de consultoria, que se associou à Global Footprint Network em 2006 para lançar a primeira campanha global sobre o tema. O WWF participa desde 2007.
A Pegada Ecológica Global e as métricas de biocapacidade são calculadas anualmente nas Contas da Pegada Nacional e Biocapacidade. Utilizando as estatísticas da ONU, essas contas incorporam os dados mais recentes e a metodologia contábil mais atualizada. Para manter a consistência com os dados e a ciência relatados mais recentes, as métricas da Pegada Ecológica de todos os anos desde 1961 são recalculadas a cada ano, de modo que as métricas de cada ano compartilham um conjunto de dados comum e exatamente o mesmo método contábil.
Dicas para reduzir a pegada ecológica
Se conseguirmos postergar o Dia de Sobrecarga da Terra em cinco dias a cada ano, em menos de três décadas estaremos dentro dos limites do planeta antes. Todo mundo pode ajudar:
Em Casa: Desligue sempre as luzes e os eletrodomésticos que não estão em uso; limite o tempo do banho; prefira iluminação e ventilação naturais; recicle seu lixo; faça uma composteira doméstica, diminuindo o lixo orgânico; sempre que possível, deixe o carro na garagem e saia a pé, de bicicleta ou transporte público; aproveite a cidade e peça menos delivery (diminuindo o uso de embalagens), opte por um filtro ou beba água da torneira, diminua o uso do ar condicionado.
Ao fazer compras: Evite fazer compras por impulso ou desnecessárias, opte por produtos não-descartáveis e maior durabilidade; evite trocas periódicas de equipamentos (celular, por exemplo), escolha produtos naturais, frescos e com menos embalagens. Sempre que possível, compre do produtor local, o que evita gastos de energia para transporte e armazenamento. Prefira frutas da época e evite peixes na lista vermelha de extinção. Não compre produtos que tenham microesferas de plástico, como algumas pastas de dente ou esfoliantes.
No trabalho: Faça grupos de carona; desligue luzes e monitores sempre que não estiverem sendo usados; traga sua caneca de casa e diminua/ elimine o uso de copos descartáveis; desligue o ar condicionado quando não for necessário; vá de bicicleta, a pé ou transporte público; quando for viável opte por reuniões pela internet (em vez de atravessar a cidade ou viajar); imprima somente o necessário, optando por diminuir os processos que necessitam de papel.
Sobre o WWF-Brasil
O WWF-Brasil é uma organização da sociedade civil brasileira, apartidária e sem fins lucrativos, que trabalha em defesa da vida com o propósito de mudar a atual trajetória de degradação ambiental e promover um futuro no qual sociedade e natureza vivam em harmonia.
Criado em 1996, o WWF-Brasil integra a Rede WWF (Fundo Mundial para a Natureza), presente em mais de 100 países. O objetivo da rede é alterar a trajetória das curvas de perda de biodiversidade e do aumento das emissões de gases de efeito estufa (GEE) – ou seja, conter a extinção de espécies e o desaparecimento de ecossistemas, assim como mitigar os principais causadores das mudanças climáticas. Soma-se a esses desafios a crescente demanda por alimentos e por recursos naturais em todo o planeta, acarretando na necessidade de promover o uso racional de tais recursos e uma produção sustentável de alimentos.
Fonte: ENVOVERDE
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Um corredor de vida para a Mata Atlântica e o Rio Paraíba.
Há 10 anos, Corredor Ecológico promove ações voltadas ao desenvolvimento sustentável, social e econômico da região do Vale do Rio Paraíba do Sul; foco é o engajamento da sociedade no reflorestamento da mata nativa.
Já pensou em quantas ações cabem dentro do verbo reflorestar? Antes mesmo de plantar a primeira muda, é necessário refletir sobre o tipo de relação que queremos ter com as florestas. Afinal, fazemos parte do mesmo bioma.
Pois foi este caminho, de reflexão sobre a floresta, o escolhido pelo Corredor Ecológico Ecológico Vale do Paraíba, organização da sociedade civil que completa 10 anos de atividades em 2019.
O projeto nasceu com o objetivo de criar – como o nome já sugere – um corredor ecológico para interligar diferentes fragmentos de Mata Atlântica na região do Vale do Rio Paraíba do Sul, conectando 150 mil hectares de floresta.
Para tanto, foi desenvolvida uma metodologia chamada “Linhas de Conectividade”, em parceria com a Empresa Júnior da Faculdade de Engenharia da Unesp Guaratinguetá, para investir de forma estratégica em linhas de conectividade, criando um corredor de 6.000 hectares de área reflorestada.
As linhas de conectividade são como fios condutores, que unem os fragmentos da mata nativa na região. Desta forma, o que se pretende é interligar o que antes estava isolado, permitindo o fluxo biológico de animais e sementes, além de conciliar conservação da biodiversidade, proteção dos recursos hídricos e desenvolvimento ambiental e socioeconômico da região.
Diálogo com o produtor rural
Só um bom projeto, no entanto, é insuficiente para garantir o sucesso das ações. A equipe acredita que é fundamental promover o protagonismo dos produtores rurais nos contatos com o Corredor Ecológico.
De acordo com o presidente do Conselho Deliberativo do Corredor, Sergio Esteves, o reflorestamento é um processo que se constrói em conjunto com o homem do campo.
“É fundamental que a sociedade esteja integrada às decisões envolvendo restaurações ambientais, arranjo produtivo e organizações econômicas locais. Não posso querer que as pessoas vivam uma realidade que o projeto pensou para elas, como um mecanismo da sociedade civil; devemos estar a serviço da comunidade”, diz.
Esse diálogo é determinante nas ações de reflorestamento e educação ambiental. O método assegura que as demandas da população local sejam supridas – sempre, é claro, considerando práticas sustentáveis.
Mais florestas, mais água
Restaurar paisagens e florestas é fundamental para conservar os solos e promover a segurança hídrica. O reflorestamento ajuda a proteger as áreas de mananciais e nascentes dos rios e é um aliado contra a crise hídrica – que, de acordo com o Fórum Econômico Mundial, está no topo da lista de impactos mais temidos em escala global.
Com 39 cidades, a região do Vale do Rio Paraíba do Sul carrega a nascente do rio – que percorre aproximadamente 180 cidades. A bacia abastece cerca de 15 milhões de pessoas de três estados diferentes: São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. No estado fluminense, suas águas são responsáveis por 90% do abastecimento da região metropolitana da capital.
O Corredor Ecológico incentiva proprietários de terra a preservar e recuperar nascentes, garantindo que os mananciais que nascem no Vale do Paraíba continuem oferecendo água em abundância e qualidade.
Mais informações sobre o Corredor Ecológico:
A atuação do Corredor Ecológico, nos três eixos da sustentabilidade.
Social:
O processo de restauração florestal começa com o protagonismo local, a partir da mobilização da comunidade. O reflorestamento inicia com ações de educação ambiental, seja com o público diretamente envolvido, seja com a população dos arredores.
Ambiental:
O Corredor Ecológico desenvolve e aplica metodologias específicas, conforme a necessidade: conexão dos fragmentos isolados da Mata Atlântica; restauração convencional; agroflorestas. O foco é sempre na ampliação da oferta de serviços ecossistêmicos relacionados à água e à biodiversidade.
Econômico:
A colaboração do Corredor Ecológico tem um olhar especial para o futuro, associando a iniciativa ambiental ao desenvolvimento econômico. Estudam-se manejos inteligente para a propriedade rural, auxiliando o proprietário na geração de renda, sempre com respeito à cultura da região.
Números
O Corredor Ecológico já promoveu a recuperação de 430 hectares (o equivalente a 430 campos de futebol), com 717 mil árvores plantadas.
Mais de 90 propriedades privadas participaram desse processo, mobilizando 7.000 pessoas, entre produtores, agentes públicos, escolas e comunidade.
As toneladas de carbono sequestradas pelo Corredor Ecológico, ao longo desses 10 anos, correspondem às emissões geradas por 1.622 voltas ao mundo de caminhão ou 73 mil viagens, considerando ida e volta, de São Paulo ao Rio de Janeiro.
Os ODS da ONU
O trabalho do Corredor Ecológico também está baseado na Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, que contém o conjunto de 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) – uma lista de tarefas para todas as pessoas com o objetivo de colocar o mundo em um caminho sustentável.
Responsável pela área de articulação e mobilização do Corredor Ecológico, Tatiana Motta afirma que a vocação do Corredor Ecológico ao diálogo com diferentes setores da comunidade, a fim de trocar experiências para promover ações sustentáveis, está intimamente ligada aos ODS.
“Preservamos essa característica em todos os lugares onde atuamos. Na prática do reflorestamento, não há uma fórmula pronta para que as coisas aconteçam. É nessa troca de experiências que conseguimos um trabalho mais efetivo”, afirma Tatiana. “Inclusive, um dos ODS que trabalhamos nesta ação é o de fortalecer parcerias para buscar o desenvolvimento sustentável”, completa.
Os outros ODS ligados à atividade são: saúde e bem-estar; educação de qualidade; água potável e saneamento; ação contra a mudança global do clima; reflorestamento e uso sustentável dos ecossistemas.
Fonte: ENVOLVERDE
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Ecologismo de Raiz: Conheça uma turma que faz uma revolução subterrânea.
por Samyra Crespo
Está circulando na internet uma matéria que reúne 12 mulheres que fizeram e ainda fazem diferença no ambientalismo global. Mulheres do naipe de Vandana Shiva, ecofeminista indiana e de Wangari Mattai (prêmio Nobel) queniana, que criou o mundialmente famoso Greenbelt, liderando outras mulheres e comunidades no plantio do maior número de árvores que se tem notícia – por mãos do povo pobre de áreas rurais. Sem falar em Rachel Carson que sendo cientista e ativista, mudou para sempre nossa compreensão sobre os danos causados pelos pesticidas no ambiente natural e na saúde humana.
Fiquei pensando no time de mulheres brasileiras, ou identificadas com o Brasil, país que escolheram para viver e labutar.
São muitas e valorosas, e têm trajetórias dignas de admiração. Lembro assim rapidamente, sem querer exaurir uma lista que começou há pelo menos há cinco décadas com pioneiras incríveis, de Magda Henner, Rute Christie e Judith Cortesão (uma dezena naqueles anos de desbravamento) – e para nomear queridas companheiras de luta do presente: Miriam Prochnow (Movimento Ambientalista de SC), Maria Dalce Ricas (MG), Márcia Hirota (SOS Mata Atlântica) Adriana Ramos (ISA), Thaís Corral (Redeh/RJ), Raquel Biddermann (FGV/WRI), Denise Hamu (no seu tempo de WWF) e tantas outras que fazem jus ao título de líderes.
Mas hoje quero falar de uma turma diferente.
Pois nem só de políticas públicas e ativismo político estrito – no sentido do embate – vive o ambientalismo, especialmente aquele que eu denomino “de raiz”, que surgiu como um movimento contracultural, espanando a poeira do século passado e propondo uma nova ética. Uma nova forma de viver.
O substrato dessa nova ética é simples: reconexão com a natureza da qual fazemos parte.
Compreender as relações sistêmicas e de causa e efeito de nossas ações em relação ao ambiente natural. Reconhecer a beleza e a inteligência que subjaz à teia complexa da vida.
No ambientalismo brasileiro temos representantes de peso da corrente mundialmente chamada de Deep Ecology. Aqui se usa vários termos para denominar esta corrente: ecologia profunda (literal demais), ecologismo ético, ecologia integral (Encíclica Laudato Si’- do Papa Francisco) e também de fundamentalismo ecológico (em geral usado pejorativamente pelos adversários).
Nosso mais conhecido expoente – porque publica e tem mídia é o ex-Frei Leonardo Boff. Famoso teólogo da Igreja da Libertação, ao deixar o sacerdócio (por pressão do Vaticano) tornou-se um consistente pensador ecologista. Percorre o país defendendo a Carta da Terra, documento alternativo à Declaração do Rio (documento oficial da Rio 92). Prega a Ética do Cuidado. Cuidado com a Mãe Terra e cuidado com a natureza generosa, fonte vida.
Grosso modo né? Pois não dá para resumir num texto do FB toda a obra filosófica do profeta BOFF.
A Carta da Terra e outros documentos semelhantes emulam e animam uma centena de movimentos espiritualistas dessa corrente que nominei há pouco.
Um enorme corolário de comunidades, templos budistas, seitas como Bhrama Kumaris, Hare Krishna, União do Vegetal, Ananda Marga e uma miríade de movimentos neo rurais – que pregam a volta ao campo numa perspectiva de conservação de áreas naturais e de vida saudável.
Tivemos um aperitivo desse coquetel de tendências culturais e religiosas na própria ECO-92, como preferem chamar a Conferência do Rio: a emocionante Vigília dos Líderes Religiosos no Aterro do Flamengo.
Ali esteve presente o Dalai Lama, Mãe Beata, liderança do candomblé, nosso rabino-escritor Nilton Bonder e todo o ecumenismo possível dos anos 90′. O mundo e o Brasil diversos e irmanados num só canto e numa bela esperança. Quem foi ou viu pela TV – não resistiu à emoção.
Pois é, tire os curiosos e os peregrinos de ocasião e você vai encontrar um vigoroso grupo de ecologistas diferentes dos que estamos acostumados a acompanhar pela imprensa.
Além do nosso querido Boff pontifica na Deep Ecology um outro autor, menos conhecido: Arthur Sofiatti. Mora no interior do Estado do Rio, escreve em jornais provincianos mas não dá para falar de ecologismo ético sem mencionar seu nome. Eu o conheci quando tinha um centro de recolhimento de animais feridos por caçadores ou abandonados. Numa época em que o Ibama não prestava esse serviço.
Assim como não dá para deixar de mencionar Susan Andrews, americana que se converteu ao hinduísmo e que vive no Brasil há quase 30 anos. Mais especificamente, Susan vive no interior de São Paulo onde mantém o centro Visão do Futuro.
É um centro de formação em biopsicologia, em medicina ayurvedica aplicada ao bem estar e de treinamento de Yoga. Trabalha com crianças, jovens e profissionais de saúde.
Desenvolve uma linha de trabalho rara que une a ciência de ponta (evolucionistas /neurocientistas) para mostrar que é possível melhorar a humanidade.
Mantem um sítio ecológico e pratica a economia circular. Seu trabalho tem um enorme impacto nos vizinhos – fazendas e prefeituras.
E nas turmas que vão e vêm de seus cursos. Frequentei alguns.
Ela é uma das vibrantes difusoras da metodologia do FIB – Felicidade Interna Bruta – que veio até nós via Butão (país budista – vizinho do Tibete).
O Butão criou um Ministério da Felicidade e um Plano Nacional de Desenvolvimento Sustentável que merece ser conhecido. Lá estive em 2010 e pude ver pessoalmente o discurso na prática. Fiquei impressionada. Algo como a Costa Rica na versão budista.
O fato é que Susan Andrews, mulher pequena, de olhos azuis e de sorrisos de Monalisa, faz uma revolução no seu entorno. Fala lindamente para banqueiros, prefeitos, médicos e forma dezenas de líderes ecologistas. Tem carisma. Encanta.
Na última vez que a visitei no Centro lá havia uma turma de 80 pessoas praticando a alimentação saudável e se envolvendo em centenas de projetos socioambientais pelo Brasil afora.
Escolhi a dedo falar de Susan porque tanto ela quanto Thais Corral estão promovendo o que chamam de “comunidades regenerativas” . É um repertório que vem do micro, que tem grande impacto local e que pressupõe uma prática coerente com a vida e a missão de cada pessoa. E que contempla a dimensão espiritual ou metafísica, sem exigir conversão à aquela ou a esta religião.
Existem muitos, mas muitos lugares desse tipo. Atuando para mudar o mundo. Para mudar a cultura.
Regenerar o Planeta.
Samyra Crespo é cientista social, ambientalista e pesquisadora sênior do Museu de Astronomia e Ciências Afins e coordenou durante 20 anos o estudo “O que os Brasileiros pensam do Meio Ambiente”.
Fonte: ENVOLVERDE
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Mananciais – Billings exemplifica um dos maiores desafios nas regiões metropolitanas: planejamento urbano.
Por Sucena Shkrada Resk
As leis de proteção dos mananciais existem desde os anos 1970 (com atualização em 1997) e o problema da poluição das águas formadoras do reservatório já é discutido desde aquela época.
Aos 94 anos, a Represa Billings, na Bacia Hidrográfica do Alto-Tietê, é considerada como “a maior caixa d´água” da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), além de ser um destino ecoturístico em certos trechos, utilizada para controle de cheias no rio Pinheiros e fonte para a geração de energia na Usina Hidroelétrica Henry Borden, em Cubatão. Com 1,2 bilhão de metros cúbicos de água, este reservatório de usos múltiplos retrata, no entanto, em anos consecutivos, os desafios e ônus impostos pelo crescimento desordenado das cidades.
O mais recente levantamento da série do Projeto de Índice de Poluentes Hídricos (IPH) da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS) acentua um alerta recorrente sobre a qualidade das águas em 164 pontos de pesquisa. O levantamento tem sido feito desde 2015 no reservatório, que abastece mais de 1,6 milhão de pessoas principalmente na zona Sul da capital e municípios do Grande ABC (Santo André, São Bernardo do Campo e Diadema), pelo Sistema Rio Grande. Atualmente as análises estão sendo aprimoradas com o sequenciamento genético dos microorganismos e levantamento da composição do que está no fundo do reservatório.
A apuração expressa o quanto o saneamento ambiental ainda é deficiente na região, acarretando impactos em diferentes trechos do reservatório. Neste ano, no braço do Rio Grande, foi apurado que a qualidade da água está regular; no dos rios Pequeno, Capivari e Pedra Branca, boa; no de Taquacetuba, regular próximo de ruim; no de Bororé, ruim; nos de Grota Funda, Alvarenga, Cocaia (Corpo Central), péssima. O resultado do levantamento foi apresentado pela professora e pesquisadora Marta Angela Marcondes, coordenadora do projeto, durante o I Fórum sobre Proteção de Mananciais – 10 Anos da Lei Específica do Reservatório da Billings, neste mês, na USCS.
Outro aspecto relevante nesta problemática é a compreensão da ocupação e uso do solo. Na sub-região Billings – Tamanduateí, o município de Santo André tem 54% de sua área total inseridos em Área de Proteção de Mananciais (APM); São Bernardo do Campo (53%); Diadema (22%), Mauá (19%) e Ribeirão Pires (64%) e Rio Grande da Serra (100%), além de parte de São Paulo (11%).
São inúmeros fatores que levam a esta poluição hídrica. A deficiência da coleta e de tratamento de esgoto doméstico e de efluentes industriais na maioria dos municípios; a lentidão de décadas para a despoluição dos rios Tietê, Pinheiros e Tamanduateí e afluentes, o aumento irregular de imóveis e desmatamento no entorno da represa, como também o despejo irregular de efluentes agrícolas e de resíduos sólidos. Um risco à saúde ambiental, com bactérias de todos os tipos, causadoras de problemas gastrointestinais e de pele, além dos resíduos tóxicos provenientes de metais pesados.
Soma-se a isso, a interferência dos períodos de chuva e estiagem que acentuam os problemas.
Onde a situação é avaliada como melhor, a exemplo do braço Capivari, a justificativa é de que a região é ainda bem isolada, pouco urbanizada e mantém matas preservadas e relevo acidentado.
Análise do fundo do reservatório
O Projeto IDH/USCS, desde o ano passado, está aprimorando a análise das águas do reservatório e novos alertas surgem. “Também estamos estudando o fundo do reservatório, que são acúmulos de profundidade de oito a 20 metros. A situação é de ruim a péssima, nos trechos de Bororé e Grota Funda”, diz a bióloga. É um universo de lodo e de uma diversidade de elementos, como microplásticos e metais pesados.
Em abril deste ano, moradores de municípios do Grande ABC se depararam com uma água de tom amarelo e marrom e odor desagradável, que saia das torneiras. Segundo a Sabesp, a cor era proveniente da quantidade superior de ferro e manganês, que emergiu do fundo da represa, com o fluxo de água provocado pelo excesso de chuva da represa do Rio Grande para a Billings. Algo que não ocorria desde 2013.
Nas águas da Billings, ainda são encontrados fármacos, hormônios, antibióticos, agrotóxicos e microcistina (toxina por pequenos organismos), que não passam por tratamento, segundo Marta. “Acabam indo para nossas torneiras”, afirma. Nem tudo é passível de solução nas estações de tratamento de água.
No ano passado, também foram encontrados 12 novos grupos bactérias que até então não haviam sido detectadas. De certa forma, representa uma “caixa-preta” de sedimentos que podem causar mais comprometimentos à saúde. A Billings também sofre periodicamente com a eutrofização, quando o excesso de esgoto e insolação tropical contribuem para a proliferação de algas.
A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), em seu Relatório da Qualidade das Águas Interiores no Estado de São Paulo 2018, informou que os pontos localizados no Complexo da Billings e em um ponto no reservatório do Rio Grande, no município de Ribeirão Pires, apresentaram a classificação anual ruim para o Índice da Comunidade Fitoplantônica, principalmente em razão da grande presença de organismos e cianobactérias.
Atualmente são mantidos na bacia da Billings, pela Cetesb, as Estações de monitoramento automático on line da qualidade da água Ribeirão Pires, no braço do Rio Grande junto à captação da SABESP, para onde afluem as águas do ribeirão Pires; no braço do Taquacetuba; e na barragem reguladora Billings-Pedras (Summit Control).
Somado a estes problemas, recentemente houve a constatação de mortandade de peixes em casos isolados. “Caiu um tipo de óleo, no Braço Central, perto da Imigrantes, que impediu a entrada de luz e baixou o oxigênio na água”, explica a pesquisadora.
Segundo Marta, os estudos do IPH/USCS têm sido encaminhados aos órgãos públicos gestores competentes, para o auxílio de políticas públicas mais eficientes, e ao Ministério Público Estadual.
Riqueza ambiental
Para melhor compreensão da importância da despoluição, mais um argumento é quanto ao patrimônio ambiental da Sub-bacia da Billings ser de extrema relevância. Em levantamento de fauna e flora, algumas espécies de flora reféns da pressão no entorno na região são a bromélia Tillandsia linnearis, considerada extinta antes destes estudos, as orquídea-de-Loddigess Catleya loddigessi e a orquídea-de-samambaiuçu Zygopetalum maxillarie, o bambú Merostachys neesii e a palmeira prateada Lytocaryum hoehnei. A ictiofauna da Billings tem diferentes espécies, como o lambari – Astyanax fasciatus, a traíra – Hoplias malabaricus, o cará – Geophagus brasiliensis e a coridora – Corydoras aeneus.
A região da sub-bacia também é refúgio para diferentes aves, como o tucano-debico-verde – Ramphastos dicolorus -, a marreca caneleira – Dendrocygna bicolor – e a fragata comum – Fragata magnificens. Estas e outras características da Billings, são descritas no Caderno de Educação Ambiental, na edição especial Mananciais: Billings, um trabalho de 300 páginas com vasta informação, da Secretaria de Estado do Meio Ambiente, em 2010.
Ao se conhecer melhor esta região de mananciais, o que fica claro é a importância da valorização ambiental da região, com o que ainda resta de Mata Atlântica no entorno e o quanto pode ser recuperado.
Importância das unidades de conservação
Na Sub-bacia Billings existem três áreas tombadas: a Área Natural Tombada da Serra do Mar; a Área Tombada da Vila de Paranapiacaba (Santo André) e a Área Tombada da Cratera da Colônia (São Paulo). Unidades de conservação servem como meio de inibir e conscientizar sobre o perigo do desmatamento e poluição.
Na região da Billings, estão o Parque Estadual da Serra do Mar – Núcleo Itutinga-Pilões, e o Parque Municipal Estoril, em São Bernardo do Campo; o Parque Municipal Milton Marinho de Moraes, em Ribeirão Pires; o Parque Natural Nascentes de Paranapiacaba e Parque Natural Municipal do Pedroso, em Santo André; o Parque Fernando Vitor de Araújo Alves, em Diadema, e as Áreas de Proteção Ambiental municipais (APAs) Capivari-Monos e Bororé-Colônia, na zona Sul de São Paulo. Somados a estas UCs, estão terras indígenas guarani.
Mas apesar de estarmos no século XXI, grande parte do reservatório ainda recebe bilhões de litros de esgoto in natura. Historicamente o problema vem de longa data. As leis de proteção dos mananciais existem desde 1976 e a discussão sobre o enfrentamento e necessidade de solução para o problema da poluição das águas do reservatório já eram discutidos desde aquela época.
Soluções esperadas há décadas
Diferentes governos (estaduais, municipais), por décadas, se comprometeram com soluções para a despoluição, mas o problema continua. Nos últimos anos, novos anúncios do poder público têm sido feitos quanto a obras milionárias de saneamento, e com metas ambiciosas. Um deles é do Programa Pró-Billings, em São Bernardo do Campo, que tem o objetivo de garantir 100% de coleta e tratamento de esgoto de todo o “Grande Alvarenga” até o ano que vem. A fase anterior foi na região do Batistini. Uma parceria da prefeitura municipal com a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), com recursos nacionais e internacionais.
O Governo do Estado também divulgou que até 2022 o rio Pinheiros estará limpo. Por outro lado, a população, por meio de organizações socioambientais, movimentos, academia e ministério público têm cobrado as realizações, que têm como princípio um planejamento urbano com visão de longo prazo.
Externalidades afetam comunidades
O aspecto humano é mais um elemento importante no Projeto IPH/USCS, que não pode ser menosprezado pela gestão pública, segundo a bióloga. Marta Marcondes alerta que há também uma quantidade significativa de externalidades que atingem quem vive bem próximo da represa, devido à baixa qualidade apresentada na maior parte dos trechos do reservatório. “São casos de depressão, ansiedade, transtorno de estresse pós-traumático. Muitos sofrem o estigma de viverem lá. Dessa forma, o Sistema Único de Saúde (SUS) também é onerado. Quatro aldeias indígenas guarani e cerca de 300 pescadores artesanais já foram afetados”, afirma.
No Plano Municipal de Saneamento Básico de São Bernardo do Campo, em 2017, foi detectado que a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Riacho Grande, que fica próxima à Billings, atendeu em 2016 índice 55% superior de pacientes com doenças transmitidas pela água do que a média do município. A unidade atingiu a taxa de 100 casos a cada mil moradores na análise de incidência do problema, a maior delas medida no município.
Leis descumpridas
O que causa apreensão é o fato de o arcabouço legal não estar sendo suficiente para alterar este cenário ao longo dos anos, que infere também a relação de comando e controle. A existência da Lei da Billings, que completou 10 anos em 2019, apesar de ser importante, não consegue frear todos estes problemas. A gestão é composta pelos órgãos das administrações públicas estadual e municipais, um órgão colegiado (Comitê de Bacia Hidrográfica do Alto Tietê – Subcomitê de Bacia Hidrográfica Billings-Tamanduateí – SCBH-BT) e um órgão técnico. Segundo Marta, outras legislações também deveriam ser respeitadas, como a Lei da Mata Atlântica, o Código Florestal e da Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São Paulo.
Segundo o advogado Virgílio Alcides de Farias, especialista em Direito Ambiental, é preciso ressaltar que a Constituição brasileira define que o Estado, o poder público com a cobrança da coletividade, que já faz o seu papel têm o dever de manter o equilíbrio ambiental para que o meio ambiente seja salubre, entretanto, o poder público não tem cumprido seu papel quanto à represa que está degradada.
Mais um descumprimento, de acordo com Farias, é quanto ao artigo 46 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição do Estado de São Paulo. O texto determina, no prazo de três anos, a contar do dia 5 de outubro de 1989, os Poderes Públicos Estadual e Municipal ficariam obrigados a tomar medidas eficazes para impedir o bombeamento de águas servidas, dejetos e de outras substâncias poluentes para a represa Billings.
O planejamento urbano é um ponto estratégico nesta análise, reitera o engenheiro Renato Tagnin, especialista no tema mananciais e expansão urbana. “Quem bebe a água da Billings e da Guarapiranga, parte é de reuso. Os tratamentos não alcançam os parâmetros adequados. Ainda temos a vulnerabilidade dos aquíferos, com a superexploração das águas subterrâneas. O mercado não atribui o valor à vegetação. Outras pressões são viárias, como os projetos de novos acessos do Rodoanel…”, explica.
Mais uma análise feita por Tagnin se refere à projeção da expansão urbana para 2030 na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP). “Praticamente a bacia toda deverá ser ocupada. É um cenário dantesco. Até fundos de vale, acabando com a reserva da biosfera… E o plano de abastecimento da macrometrópole prevê a busca da água cada vez mais longe”.
Com o histórico de mobilizações que se estende há décadas, o que fica notório é que a despoluição da Billings é uma questão muito maior, que envolve a RMSP, quanto ao modelo de desenvolvimento.
Basta dizer que o relatório sobre a Vulnerabilidade Hídrica da RMSP, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental (PROAM), em 2017, sinaliza esta questão apresentada pela Campanha Billings, eu te quero viva!, que existe desde os anos 90. Este reservatório que foi construído com o propósito de geração de energia, acabou se tornando uma fonte imprescindível para o abastecimento de água.
*Sucena Shkrada Resk é jornalista, formada há 27 anos, pela PUC-SP, com especializações lato sensu em Meio Ambiente e Sociedade e em Política Internacional, pela FESPSP, e autora do Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk (https://www.cidadaosdomundo.webnode.com), desde 2007, voltado às áreas de cidadania, socioambientalismo e sustentabilidade.
Fonte: ENVOLVERDE
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quinta-feira, 25 de julho de 2019
Futuro ROUBADO.
Futuro ROUBADO, matéria que aborda a transformação na composição química humana, que vem feminilizando homens, e masculinizando mulheres a décadas, por conta de produtos químicos presentes nos plástico.
A baixo; links de matéria do JC, Documentário Nosso Futuro Roubado BBC e do livro Nosso Futuro Roubado em PDF.
JC Debate sobre os Desreguladores Endócrinos.
O Futuro Roubado BBC - Plástico um mal para a saúde.
O Futuro Roubado LIVRO PDF.
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terça-feira, 23 de julho de 2019
Poluição que MATA.
Neste vídeo, abordaremos a POLUIÇÃO AÉREA, que vem tirando a vida de milhares de brasileiros todo os ano.
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08:45
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domingo, 21 de julho de 2019
Nova Iguaçu ocupadíssima com a segurança alimentar!
Nesse vídeo, veremos a COVARDIA do Município de Nova Iguaçu, que possui Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional no Município, mais adquire alimentos infestados de RATOS, alimentos que serão consumidos por alunos nas escolas municipais.
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16:30
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terça-feira, 16 de julho de 2019
Sacolas plásticas, e a LEI COVARDE nº 8006 de Carlos Minc.
Nessa matéria, veremos a COVARDE LEI nº 8006 de Carlos Minc, que torna as sacolas plásticas vilãs, e condena a população menos favorecida, além de beneficiar o capital especulativo, e de nada ajudar na preservação do ambiente.
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15:46
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sábado, 13 de julho de 2019
Nova Iguaçu e seu AMBIENTE DE PAPEL.
Nova Iguaçu e seu AMBIENTE DE PAPEL. Matéria que expõe a realidade ambiental do município de Nova Iguaçu/RJ, onde a gestão arrecada recursos com o ambiente natural, sem fazer nada, e utiliza os recursos arrecadados em outras ações, onde o ambiente natural se degrada a cada ano.
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14:49
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sábado, 6 de julho de 2019
Estudo mostra grau de implementação do Código Florestal no Brasil.
Autor
Assessoria de
Comunicação - 01/07/2019
Mais de
dois terços dos Estados brasileiros captaram recursos
extraorçamentários para implementação do Cadastro Ambiental Rural
– a maior parte deles do Fundo Amazônia. Ainda assim, públicos
vulneráveis, como agricultores familiares e Povos e Comunidades
Tradicionais, seguem como os maiores desafios da agenda. Estes são
alguns dos resultados do estudo sobre o status de implementação das
principais ferramentas de proteção da vegetação nativa no Brasil
criadas pelo Código Florestal em 2012.
O estudo
Do
papel à prática: a implementação do Código Florestal pelos
Estados brasileiros, elaborado pelo ICV e Observatório
do Código Florestal (OCF), avalia a aplicação de dois
instrumentos, o Cadastro Ambiental Rural (CAR) e os Programas de
Regularização Ambiental (PRA). Os Estados e o Distrito Federal têm
papel crucial na implementação de ambos, mas encontram dificuldades
financeiras e carência de técnicos para executar a política.
Baixe o estudo na íntegra, em pdf
“Esse
levantamento contribui para a definição de políticas e ações
para a efetiva implantação do CAR e PRA, com informações úteis
para a sociedade civil e também para o setor público,
possibilitando a visualização dos gargalos a serem enfrentados para
a implantação do Código Florestal em todo o país”, avalia
Roberta del Giudice, secretária-executiva do OCF.
Todos os Estados e o Distrito
Federal declararam possuir uma equipe, ainda que mínima, destacada
para a agenda de CAR e PRA, mas dizem que o número de servidores é
insuficiente. Em muitos casos, além de reduzida, a equipe não é
exclusiva para atender as demandas de implementação do Código
Florestal.
O estudo levantou que das 27
unidades da federação, 19 captaram recursos extraorçamentários
para implementação do CAR. A principal fonte foi o Fundo Amazônia,
que aprovou cerca de R$ 359 milhões em projetos para apoiar 12
Estados. Esse valor inclui uma pequena contrapartida dos Estados e
ainda não foi totalmente desembolsado. Outras fontes de recursos
acessadas foram o Banco Mundial e os fundos estaduais de meio
ambiente e de recursos hídricos.
“Esses recursos foram importantes,
sobretudo, no cadastramento dos pequenos produtores e na estruturação
dos órgãos estaduais. As definições normativas e o custo das
etapas seguintes do processo de adequação ambiental, porém,
continuam a desafiar os Estados de forma geral” aponta Ana Paula
Valdiones, do ICV.
Ferramenta de planejamento
O estudo também avaliou se o CAR
está servindo como base de dados para controle, monitoramento,
planejamento e combate ao desmatamento, tal como previsto no Código
Florestal. A maioria das unidades federativas afirmam que o CAR é
requisitado para a liberação de financiamento público e nos
processos de emissão de licenças e autorizações no órgão
ambiental. Mas poucos usam para subsidiar ações de fiscalização e
gestão territorial.
Para Paula Bernasconi, do ICV,
ampliar o uso do CAR como instrumento de gestão ambiental pelos
diferentes órgãos públicos, assim como pelo o setor privado, é
fundamental para o sucesso da implementação do Código Florestal.
“O setor financeiro e indústria podem explorar o CAR e PRA tanto
para controlar sua exposição a riscos socioambientais e ilegalidade
quanto para fomentar e incentivar a regularização ambiental de seus
fornecedores”, afirma Paula.
Etapas pós-cadastro precisam de reforço
Uma das etapas importantes do
processo de regularização ambiental dos imóveis rurais é a
análise dos cadastros pelo órgão ambiental dos Estados. Nessa
etapa, são detectados eventuais problemas como sobreposições com
áreas protegidas e entre os imóveis, além de apontados os passivos
e excedentes de vegetação.
Desde outubro de 2015, o Serviço
Florestal Brasileiro (SFB) disponibilizou aos órgãos estaduais um
módulo do sistema desenvolvido para análise dos cadastros.
Entretanto, menos da metade dos Estados iniciaram essa etapa. Os que
já iniciaram a análise e validação dos cadastros, apontam a
necessidade de obter imagens de satélite e bases vetoriais
adicionais às disponibilizadas no módulo de análise do Sicar, para
melhor resolução espacial e temporal.
A regulamentação dos Programas de
Regularização Ambiental também carece de reforço. Após quase 7
anos de Código Florestal, 18 Estados já fizeram suas
regulamentações próprias. Mas algumas não trazem definições
relevantes, como parâmetros técnicos para elaboração dos planos
de recuperação e opções para adequação de imóveis com passivos
gerados antes e após 22 de julho de 2008. Para completar, há casos
suspensos por divergências com a legislação federal.
Os imóveis da agricultura familiar
e de povos e comunidades tradicionais são os mais prejudicados com o
atraso na implementação. A maioria dos Estados não tem ainda uma
solução definitiva para o cadastramento destes diferentes segmentos
e apenas seis fizeram algum tipo de parceria ou ação para apoiar
assentamentos rurais, povos e comunidades tradicionais no PRA.
Para os produtores rurais em débito
com o Código Florestal, as penalizações relacionadas a supressão
de vegetação natural irregulares antes de 22 de julho de 2008 ficam
suspensas em todos os estados que não regulamentaram o PRA. Nos 18
Estados que já regulamentaram o PRA, os produtores rurais que
precisam se adequar à Lei precisam fazer a adesão imediatamente.
Com a adesão eletrônica ao PRA, a penalização fica suspensa até
a notificação pelo Estado para assinatura do Termo de Compromisso e
início das atividades de adequação.
Código em risco
Fruto de mais de uma década de
discussões no Congresso Nacional e resultado de uma grande
negociação entre todos os setores envolvidos, a Lei nº 12.651, de
2012, é a norma que dispõe sobre a regularidade ambiental no setor
rural do país, viabilizando a implantação de políticas de
sustentabilidade e agregação de valor às commodities agrícolas
brasileiras.
Na história do país, este é o
terceiro Código Florestal – os anteriores são 1934 e 1965.
Contudo, é a primeira vez que a legislação florestal brasileira
dispõe de um processo de implantação e instrumentos de
monitoramento dessa implantação – o Programa de Regularização
Ambiental e o Cadastro Ambiental Rural que, como o estudo mostra,
apresentam desafios, mas estão em andamento.
Porém, mesmo antes de consolidar a
aplicação integral de todos os dispositivos previstos no Código,
setores retrógrados representados na Câmara dos Deputados e no
Senado querem desconfigurar a legislação.
É
o caso da MP 867, que foi criada com o único objetivo de ampliar
o prazo para que os produtores rurais pudessem aderir ao PRA. Na
Câmara, no entanto, foi alterada na Comissão Mista, a qual foi
submetida, e propunha 30 modificações no Código Florestal, caso
sua versão aprovada na Câmara dos Deputados fosse aprovada pelo
Senado, onde não foi votada e caducou em 3 de junho.
As propostas de alterações, porém,
foram resgatadas e consolidadas no Projeto de Lei n° 3511, de 2019,
do Senador Luis Carlos Heinze (PP/RS), todas com o objetivo de
ampliar a anistia ao desmatamento já concedida pela lei hoje em
vigor e inviabilizar o início e o monitoramento dos planos de
recuperação.
Logo depois, no dia 14 de junho, foi
editada uma nova Medida Provisória para a alteração do Código
Florestal, a MP 884, acabando com o prazo para adesão ao CAR e
eliminando o prazo para a adesão ao Programa de Regularização
Ambiental, com o mesmo objetivo da primeira MP citada.
“A questão é que o prazo para
registro no CAR também está relacionado ao prazo para adesão ao
PRA, que é a etapa seguinte para regularização. Ou seja, essa nova
MP traz uma grande insegurança jurídica para o produtor rural e
deixa grandes chances de nova judicialização que pode atrasar a
implementação do Código Florestal” alerta Roberta.
Outra ameaça ainda maior é o PL
2.362, em tramitação no Senado, que visa revogar todo o capítulo
que trata da reserva legal no Código Florestal e elimina a
obrigatoriedade de proteção à reserva legal nas propriedades
rurais, colocando em risco de desmatamento legal cerca de 167 milhões
de hectares.
Você também pode se interessar por estes estudos:
Fonte:
ICV
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ARTIGO PUBLICADO DA UNIVERSIDADE
ESTADUAL DO AMAZONAS- LÁBREA.
Artigo Científico – Estudo da
cadeia produtiva da farinha com utilização dos biodigestores.
Estudo
da cadeia produtiva da farinha em uma comunidade na Reserva
Extrativista do Médio Rio Purus no município de Lábrea, Amazonas e
o impacto socioeconômico para os produtores e comércio local e
proposta do análise da utilização dos biodigestores em
substituição ao gás de cozinha nas comunidades ribeirinhas da
Amazônia com o uso de biomassas regionais.
Por Raimundo Nonato Duarte
Amâncio* – Carlos Victor Bessa Correa – Johnson Pontes de Moura.
Este
estudo analisa a dinâmica sócio produtiva em torno da cadeia
produtiva da mandioca na comunidade rural José Gonçalves que fica
dentro da área da Reserva Extrativista do Médio Purus na cidade de
Lábrea-AM. No intuito de analisar o processo produtivo, bem como,
desenvolver a partir deste contexto, uma cartilha contendo boas
práticas a serem empregadas pelos produtores na comunidade, como
contribuição no processo produtivo e melhoria na qualidade do
produto final. Para concretização desta pesquisa foi necessário
utilizar subsídios essenciais para coleta e análise dos dados.
Dentre os métodos empregados na pesquisa pode-se introduzir na
pesquisa o uso bibliográfico de autores que defendem este tema
abordado, pesquisa de campo, observação e aplicação de
questionários semi-estruturados. Tais metodologias foram necessárias
para comprovação dos dados e conhecimento da realidade na qual se
encontram as pessoas investigadas. Pode-se ressaltar com base nos
resultados obtidos, que a cadeia produtiva da mandioca na comunidade
José Gonçalves tem grande importância para a geração de renda
para os moradores, fonte de distribuição para população local e
circunvizinha, como Canutama, Tapaúa, Pauiní, Manaus e Porto Velho.
O produto final da mandioca, a farinha é um alimento muito utilizado
diariamente por todas as famílias que gostam do produto, este é
fundamental para o consumo. Portanto, como mostrado nos resultados à
farinha é fundamental para os produtores e a espécie mais cultivada
é a flexa amarela, por apresentar um produto final de maior
qualidade e viabilidade econômica. Diante do exposto, apresenta-se
uma Cartilha com boas práticas para o cultivo e fabricação da
farinha, com intuito de contribuir para melhoria na cadeia produtiva
do produto.
Baixe o
estudo:
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Educação Ambiental: todo mundo simpatiza, mas não dá bola e o governo simplesmente ignora.
por Samyra Crespo –
No
Brasil há todo um arcabouço legal que institui e define o que é
EDUCAÇÃO AMBIENTAL.
Desde a Constituição de 1988 até 1999 levou
quase uma década para que fosse aprovada uma Lei Nacional (9.795 de
27 de abril de 1999) na gestão do presidente FHC. Depois levou mais
de uma década para que a Política Nacional de Educação Ambiental
tomasse a forma que tem, ou tinha até hoje quando o novo governo
extinguiu tanto esta área no Ministério da Educação quanto no
Ministério do Meio Ambiente, ambos definidos legalmente como
gestores da Política e do Plano Nacional de Educação Ambiental.
Assim,
sem mais, a um golpe de caneta autoritária (foi discutido com quem?)
Deletou as duas áreas como já tinha sido deletada no Ibama pela
Marina, assim como virou uma diretoria sem real importância na pasta
que ocupei no MMA de 2008 a 2013, tendo que defender a todo momento
sua equipe e seu desempenho perante ministro (no caso ministra) e
secretário executivo. Nilo
Diniz, um dos ultimos diretores do período em que lá estive e
Renata
Rozendo Maranhão que o sucedeu, podem confirmar o que digo. O
Instituto Chico Mendes preferiu criar uma universidade corporativa
onde a educação ambiental entrou como um dos conteúdos.
A ANA –
Agência Nacional de Águas criou um programa de Educação Ambiental
bastante exitoso mas com a desvinculação do Ministério do Meio
Ambiente, sabe-se lá que destino terá. Nos Estados praticamente
inexistem programas institucionais de educação ambiental de peso.
Nos municípios idem. Quando existem, são direcionados a
professores, escolas e concorrem com outras pautas. Ou então atendem
a momentos específicos de projetos de caráter público: limpar
praias no verão, plantar árvores nas datas celebrativas, etc. Verba
pouca, duração curta.
Em
grossas e curtas palavras, a questão é: por que um conteúdo, forma
e função – aparentemente tão necessários conhecidos como
educação ambiental – tiveram tanta dificuldade para se
institucionalizar nestes anos todos e por que agora é simplesmente
deletada pelo governo federal?
Este
novelo, ou novela, não é fácil de ser deslindado, e corro o risco
de sem a permissão de alguns decanos da área – Marcos Sorrentino,
Moema Viezzer, Marcos
Reigota e Mônica
Pilz Borba, entre outros – ser desautorizada. Porque se há um
grupo que defende seu território e seus membros com argumentos e
barulho é a Rede Brasileira de Educação Ambiental, espalhada em
sub redes pelo Brasil afora. Essa rede e suas subs têm uma
comunicação intensa e sempre estão chateadas com alguma coisa.
Agora com razão eu penso.
São em
geral grupos militantes sim, gastam sandálias e vão a onde o povo
está – igual na música do Milton Nascimento. Não têm medo de
pegar voadora nos rios, de ir às comunidades rurais mais afastadas,
de percorrer estradas poeirentas nem de dormir em barracas ou ao
relento. Muitos tem origem proletária, indígena e nas etnias e
cores do nosso caldeirão chamado Brasil. Também estão nas escolas
de classe média e nos programas de empresas. Alguns núcleos
universitários se fortaleceram e a produção acadêmica da área é
abundante. Muita tinta, muito papel e teclado. Muita prática. Mas
cadê os frutos?
Definem
-se como socioambientalistas. Escrevem tratados internacionais e
nacionais e são em geral tratados (sem trocadilho) como o Brasil
trata todos os seus professores e a educação de um modo geral: bem
mal.
Minha
proposta aqui não é futucar vespeiro, mas entender o desprestígio
da área (até no MEC e no MMA) e por que a coisa desandou quando os
relatórios mundiais – e nacionais – mostram que os problemas
ambientais se agravaram, que há risco de colapso e que é necessária
a mobilização de agentes públicos e da sociedade – para
modificar este quadro?
Não
teriam aí os educadores ambientais um papel chave?
Segundo
a Lei e a Política Nacional cabe à educação ambiental promover a
compreensão integrada dos problemas numa chave de leitura
transversal, holística, democrática, plural e tudo o mais. Todos os
chavões da Política do Bem estão lá com vírgula e ponto e
vírgula. Por que falhou? Por que empacou?
Por que
não cumpre tão nobre papel?
Óbvio
que não posso aqui esmiuçar todas as possíveis respostas, mas vou
abrir umas gavetinhas incômodas e contar um pouco do bastidor.
No
próximo post.
Com a melhor das intenções.
Este texto
faz parte da série sobre o ambientalismo brasileiro que venho
publicando, desde abril, no site Envolverde/Carta Capital.
Samyra Crespo é cientista social,
ambientalista e pesquisadora sênior do Museu de Astronomia e
Ciências Afins e coordenou durante 20 anos o estudo “O que os
Brasileiros pensam do Meio Ambiente”.
Fonte:
ENVOLVERDE
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