IPEA divulga o Atlas da Violência dos municípios brasileiros.
Levantamento
mostra crescimento da violência nas regiões Norte e Nordeste
O
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) analisou 310
municípios brasileiros com mais de 100 mil habitantes em 2017 e fez
um recorte regionalizado da violência no país. O Atlas da Violência
– Retrato dos Municípios Brasileiros 2019, elaborado em parceria
com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, mostra que houve um
crescimento das mortes nas regiões Norte e Nordeste influenciado,
principalmente, pela guerra do narcotráfico, a rota do fluxo das
drogas e o mercado ilícito de madeira e mogno nas zonas rurais. O
estudo identifica uma heterogeneidade na prevalência da violência
letal nos municípios e revela que há diferenças enormes entre as
condições de desenvolvimento humano nos municípios mais e menos
violentos.
O
município mais violento do Brasil, com mais de 100 mil habitantes, é
Maracanaú, no Ceará. Em segundo lugar está Altamira, no Pará,
seguida de São Gonçalo do Amarante, no Rio Grande do Norte. Dos 20
mais violentos, 18 estão no Norte e Nordeste do país. De
acordo com o coordenador do estudo, o pesquisador Daniel Cerqueira,
os municípios mais violentos têm 15 vezes mais homicídios
relativamente que os menos violentos. “Em termos proporcionais, a
diferença entre os municípios mais e menos violentes corresponde à
diferença entre taxas do Brasil e da Europa”, compara. Nos
municípios mais violentos, o perfil socioeconômico é mais parecido
com os países latino-americanos ou africanos: as pessoas, em geral,
não têm acesso à educação, desenvolvimento infantil e mercado de
trabalho.
Apesar
do aumento da violência em algumas regiões, o estudo do Ipea
identificou também que 15 unidades federativas tiveram redução no
índice de criminalidade entre 2016 e 2017. O levantamento apontou
que, entre os municípios com mais de 100 mil habitantes, Jaú é
cidade menos violenta, seguida de Indaiatuba e Valinhos, todas em São
Paulo. No ranking dos 20 municípios menos violentos, 14 são
paulistas. Nas cidades menos violentas, os indicadores de
desenvolvimento humano são mais parecidos com os países
desenvolvidos.
Alguns
dados surpreenderam os pesquisadores. Apesar de Santa Catarina ser um
dos estados mais pacíficos, a taxa de homicídios em Florianópolis
aumentou 70%, de 2016 para 2017. Por outro lado, houve diminuição
das mortes em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, onde há uma boa
organização policial e a solução de homicídios é maior do que
no resto do país.
Os
desafios no campo da segurança pública no Brasil são enormes, na
avaliação do coordenador do estudo. “Há luz no final do túnel
para dias com mais paz no Brasil e a luz passa por políticas
focalizadas em territórios vulneráveis”, acredita Cerqueira.
“Quando essas políticas são feitas e concatenadas com a política
de qualificação do trabalho policial, com inteligência e boa
investigação, se consegue, a curto prazo, diminuir os homicídios
no país”, afirma. A solução, sugerida pelo estudo conjugaria
três pilares fundamentais. Em primeiro lugar, o planejamento de
ações intersetoriais, voltadas para a prevenção social e para o
desenvolvimento infanto-juvenil, em famílias de situação de
vulnerabilidade. Em segundo lugar, a qualificação do trabalho
policial, com mais inteligência e investigação efetiva. Por fim, o
reordenamento da política criminal e o saneamento do sistema de
execução penal, de modo a garantir o controle dos cárceres pelo
Estado.
Fonte:
ENVOLVERDE
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