Desmatamento no Cerrado mato-grossense é 95% ilegal.
Autor
Assessoria de
Comunicação - 02/08/2019
Mato Grosso perdeu quase mil
quilômetros quadrados de Cerrado em 2018. Estudo do ICV mostra que
apenas uma pequena fração desse desmatamento foi feita com
autorização do órgão ambiental, obedecendo a legislação
vigente. A taxa de ilegalidade inaceitável e persistente, 95% neste
ano, é uma das maiores ameaças à conservação do bioma.
Baixe o estudo Características do desmatamento no Cerrado mato-grossense em 2018 completo em pdf
De agosto de 2017 a julho de 2018, o
desmatamento mapeado no Cerrado brasileiro pelo Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais (Inpe) foi de 6.657 km², uma área equivalente a
quatro vezes a cidade de São Paulo. Mato Grosso foi o terceiro
estado que mais desmatou o bioma, foram 998 km², respondendo por 15%
de todo o Cerrado perdido no Brasil em um ano.
De acordo com a análise das
características do desmatamento realizada pelo Instituto Centro de
Vida, cerca de um terço de todo desmatamento no Cerrado
mato-grossense ocorreu em imóveis rurais cadastrados e em áreas
contínuas de mais de 50 hectares, ou seja, facilmente detectáveis
via imagens de satélite. “É urgente que o Poder Público tome
medidas sérias para conter a ilegalidade. Há medidas possíveis,
aliando tecnologia e inteligência para focar a fiscalização nas
áreas críticas”, diz Alice Thuault, diretora adjunta do ICV.
Ilegal, privado e de grande porte
Além do alto índice de
ilegalidade, a análise realizada pelo ICV mostra que os polígonos
de desmatamento com mais de 50 hectares respondem por 71% do total. A
comparação com o período anterior indica uma tendência de aumento
das grandes derrubadas – foram 10% a mais de ocorrências em
grandes polígonos.
O cruzamento com os dados do CAR
mostra uma predominância do desmatamento em imóveis rurais
cadastrados, quase 63%, sendo que mais da metade ocorreu em grandes
imóveis, com mais de 1.500 hectares. Os projetos de assentamentos da
reforma agrária concentraram 12% do total desmatado. Nas áreas
protegidas, que englobam unidades de conservação e terras
indígenas, apenas 2%.
“Em comparação com a Amazônia,
o Cerrado tem um nível de proteção menor pela lei. Se os acordos
setoriais das cadeias que compram commodities não incluírem esse
bioma, as taxas de desmatamentos continuarão sendo elevadas”,
reflete Ana Paula Valdiones, uma das autoras do estudo.
O estudo também aponta para uma
tendência de concentração nas regiões do Araguaia e no Centro Sul
do estado. Metade do Cerrado que desapareceu em 2018 estava em apenas
15 municípios, sendo Paranatinga o primeiro do ranking.
As análises foram feitas cruzando
os dados de desmatamento no Cerrado fornecidos pelo Inpe (PRODES) com
informações disponíveis no Portal da Transparência Ambiental da
SEMA, de Mato Grosso e do Cadastro Ambiental Rural.
Fonte: ENVOLVERDE
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